Os grupos familiares têm melhor desempenho, mas porquê?
Às vezes pensamos que as empresas familiares são PMEs e microempresas, mas não podemos esquecer que, cada vez mais, muitos dos maiores grupos globais também são grupos familiares.
Os grupos familiares constituem a coluna vertebral de qualquer economia não só porque pesam mais de 50% do PIB ou do emprego, mas porque têm mais sucesso – maior longevidade e um desempenho superior aos grupos não familiares. Porquê este sucesso tão expressivo dos grupos familiares? A resposta passa por entender os seus atributos distintivos, o que os distingue, as suas vantagens mas também os seus desafios.
Controladas e geridas com a participação e influência ativas de uma Família o longo de várias gerações, um grupo familiar distingue-se por quatro atributos distintivos , comuns e fortemente marcantes. Primeiro, um foco de longo prazo mais vincado, marcado pela preocupação de reforçar o legado para as próximas gerações sustentando os atributos e valores. Segundo, compromisso mais forte com o negócio traduzido na união, no sentido de responsabilidade e na maior dedicação dos membros da família ao seu grupo. Terceiro, maior facilidade e rapidez na tomada de decisão, graças ao envolvimento dos decisores no negócio e à concentração do controlo do capital nas mãos da família, Por último, os valores fundamentais distintivos que geram uma cultura empresarial forte e agressiva refletida em vantagens competitivas concretas.
Em termos de vantagens, há três que se destacam. A retenção de colaboradores devido à presença de acionistas familiares numa lógica de longo prazo e ao espírito de família partilhado com os colaboradores. A flexibilidade e adaptabilidade, já que a união da família acionista se reflete numa maior capacidade de adaptação à mudança e de velocidade de execução. E a reputação de mercado e preservação de relações duradouras com o cliente – que aprecia o toque pessoal, o acesso direto a acionistas decisores, a cultura de compromisso ou a confiança no apelido.
A par dos seus tremendos atributos e vantagens, as empresas familiares não deixam de ter desafios que não raras vezes levam à sua cisão ou destruição. O desafio mais sério é conseguir preservar a unidade acionista através da comunhão de valores, objetivos e visão de negócio e a separação entre o foro pessoal e o foro acionista.
Ao mesmo nível, coloco a gestão do processo de sucessão do líder executivo e o apoio incondicional de todos os acionistas ao familiar escolhido, um desafio tão exigente como o anterior e com tantos exemplos de grupos no cemitério por esta razão. Já a um nível mais operacional temos o desafio da limitação de recursos inerente à preservação do controlo familiar e a dívida a níveis conservadores, podendo dificultar o crescimento e expansão do negócio.
O sucesso dos grupos familiares é tal que a maior parte dos grandes grupos económicos são familiares e têm um sucesso brutal – destaque para os dez maiores em Junho 2023:
- Berkshire Hathaway de Warren Buffett;
- LVMH de Bernard Arnault;
- Walmart da famila Walton;
- Samsung da família coreana Lee;
- Roche das famílias Hoffmann e Oeri;
- Hermés (Família homónima);
- Sandoz (Família homónima);
- Toyota (Família homónima);
- Reliance de Mukesh Ambani;
- Grupo Volkswagen das famílias Porsche e Piëch.
Às vezes pensamos que as empresas familiares são PMEs e microempresas, mas não podemos esquecer que, cada vez mais, muitos dos maiores grupos globais também são grupos familiares.
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