Semana de 4 dias. Estarão as novas ambições e gerações a antecipar uma revolução?
Porque estão os jovens a deixar o trabalho para segundo plano? Os tempos mudaram, mas estarão as empresas preparadas para ir ao encontro das ambições destas novas gerações?
A ambição é um desejo forte e determinado de alcançar metas ou objetivos significativos na vida como poder, riqueza ou glória. Pode variar em significado e representação conforme a pessoa, idade, condições económicas e contextos sociais ou culturais. No entanto, facilmente conseguimos ligar alguns objetivos a diferentes gerações.
Os baby boomers (nascidos em 1946-1964) deram prioridade à segurança no emprego, estabilidade financeira e à mobilidade ascendente. O grande objetivo era, sem dúvida, sustentar a família e ter um bom pé-de-meia para a reforma. A Geração X (nascida entre 1965 e 1980) ficou conhecida pela sua independência e autossuficiência. Valorizando o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, eram menos propensos a seguirem carreiras tradicionais.
Os millennials (nascidos entre 1981 e 1996) foram frequentemente caracterizados como ambiciosos e motivados, com um desejo de fazer a diferença no mundo, por isso, deram prioridade a trabalhos alinhados com os seus valores, mudando facilmente de emprego quando se sentem insatisfeitos ou subvalorizados. A geração Z (nascida entre 1997 e 2012) foi a primeira a crescer num meio completamente tecnológico e está a dar os primeiros passos no mercado de trabalho, com as primeiras tendências a apontar para a preferência pelo empreendedorismo e pela valorização da diversidade e justiça social. São, ainda, motivados pela oportunidade de causar impacto positivo no mundo. Por fim, a geração Alpha (nascida depois de 2013) ainda é uma incógnita.
Mas, se por um lado é relativamente fácil identificar padrões com base nas gerações, a pandemia veio interromper o rumo natural das coisas: trabalhar até atingirmos os nossos objetivos, ir subindo na escada, manter a roda a girar. Quando a certo dia o mundo parou, fomos todos para casa e a montanha que estávamos a escalar desapareceu e ficámos com muito mais tempo livre, parámos para pensar e a conclusão é que podemos trabalhar muito e nunca ser recompensados. Percebemos que não basta ter dinheiro e estatuto, é bom ter família, tempo para fazermos o que gostamos e simplesmente parar e gozar a vida. E a forma como pensamos na ambição muda.
Entretanto, as pessoas voltaram ao escritório, ao excesso de trabalho, à desmotivação e à falta de valorização. Quando se apercebem que os esforços são em vão, não há motivo para querer ir mais além. Agora questionamos o que realmente ambicionamos. O ordenado? Espaços de lazer no escritório? Não ter de ir ao escritório? Horário flexível? Saúde mental?
A pandemia abriu todo um leque enorme de possibilidades e criou tendências por todo o mundo, nomeadamente o quiet quitting –- quando as pessoas não vão para além do suposto, ou seja, fazem o mínimo durante as 8 horas de trabalho –- e o movimento chinês lying flat, onde os jovens, cansados de jornadas de trabalho demasiado longas, estão a desafiar as normas sociais rejeitando a tão conhecida cultura chinesa do trabalho árduo e percecionando cada vez mais o trabalho apenas como fonte de rendimento.
Mas porque estão os jovens a deixar o trabalho para segundo plano? E que impacto estão a ter estes fenómenos nas economias globais? As 40 horas semanais perduram desde o final do século XIX, o que para muitos, principalmente na Europa, é cada vez mais considerado um modelo obsoleto, o que impulsionou o início dos testes da semana dos quatro dias laborais. Estarão as novas ambições a antecipar uma nova revolução? Os tempos mudaram, mas estarão as empresas preparadas para ir ao encontro das ambições destas novas gerações? Mais tarde ou mais cedo, teremos respostas a todas estas perguntas, mas parece-me claro que vencerão aqueles que começarem a escutar os trabalhadores: os seus e os que querem recrutar.
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