“O biometano é uma enorme vantagem para a cerâmica e a cristalaria”

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  • 3 Abril 2025

Apesar da vantagem competitiva para a indústria, Paulo Almeida, da Primus Ceramics, avisa que a União Europeia deve apertar as regras para produtores terceiros que não cumprem as mesmas normas.

Paulo Almeida, da Primus Ceramics, não tem dúvidas sobre o potencial transformador do biometano para a indústria energeticamente intensiva. Porém, avisa que é preciso que a União Europeia crie condições para que produtores de países terceiros não representem concorrência desleal para produtores do mercado interno. O especialista falou ao ECO à margem da conferência “Qualificar Portugal para uma Economia do Biometano”, organizada esta semana pela Goldenergy e Axpo Iberia.

Do ponto de vista da indústria, qual é a grande vantagem do biometano e por que razão não é ainda uma solução mais massificada?

O biometano é uma solução viável, pois não exige qualquer tipo de alteração em termos de investimento produtivo. As soluções tecnológicas existentes hoje podem transitar para o biometano naturalmente, o que é uma enorme vantagem para sectores como o da cerâmica e da cristalaria. No entanto, o avanço do biometano foi inicialmente ofuscado pela força dada ao hidrogênio. Agora, está a ganhar algum espaço, mas ainda há desafios burocráticos e falta de informação sobre as garantias de origem, o que deixa a indústria num terreno incerto. Para avançar, seria essencial definir claramente os requisitos formais para a aquisição do biometano e as suas garantias de origem.

Do ponto de vista do preço, o biometano é uma grande vantagem para a indústria nesta fase de descarbonização?

Atualmente, a alternativa energética disponível é o hidrogénio, e nesse contexto, o biometano tem vantagens comparativas. No entanto, as empresas devem estar conscientes de que pagarão mais pela energia descarbonizada. Mesmo o biometano representa um custo superior ao do gás natural.

Existe alguma perspetiva de redução dessa diferença de custo ou é um aumento permanente?

Devemos assumir que a União Europeia se mobilize para que esse custo adicional represente uma vantagem competitiva para as empresas que operam no mercado europeu. Caso contrário, corremos o risco de enfrentar concorrência desleal de países que não cumprem nem pretendem cumprir regulamentações ambientais.

O setor cerâmico tem mantido conversas com o Governo para tentar eliminar alguns dos obstáculos a uma maior adoção?

Sim, temos feito esforços nesse sentido há quatro anos. A cerâmica uniu-se em torno da agenda do PRR, denominada Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, o que fortaleceu nossa posição junto ao Governo. No entanto, as mudanças no Governo dificultam avanços. Algumas promessas feitas há um ano ainda não tiveram resposta, o que atrasa o processo.

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RandTech Computing acelera inovação no setor segurador

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  • 3 Abril 2025

A RandTech Computing lança soluções inovadoras para o setor segurador e aposta na expansão nos mercados de Angola, Portugal e Cabo Verde, com planos de crescer na Europa e além-Atlântico.

A RandTech Computing, um dos principais players no desenvolvimento de soluções tecnológicas para o setor segurador, tem demonstrado uma trajetória de inovação e expansão constante. Em 2024, a empresa deu passos significativos, com o lançamento de novas plataformas que visam revolucionar a forma como as seguradoras operam.

Além disso, a RandTech tem-se destacado pela sua capacidade de adaptação e pela implementação de estratégias voltadas para a digitalização, otimização de processos e expansão para novos mercados.

Em entrevista, Rui Teixeira, CTO da Randtech Computing, partilha as principais inovações e desafios enfrentados, além de destacar o impacto de decisões como a adoção da semana de trabalho de quatro dias e o crescimento sustentável da equipa.

Em 2024, a RandTech Computing destacou-se com o lançamento de novas plataformas tecnológicas para o setor segurador. Quais foram os principais destaques ou avanços obtidos com essas soluções?

A audácia, essencial para qualquer inovação, faz parte do nosso DNA, como um dos nossos valores core. Em 2024, e a partir da experiência positiva que já tínhamos com o nosso software para a mediação e corretagem de seguros, Anybroker, lançamos o Anymod, que permite às seguradoras fornecerem a cada um dos seus canais, de forma segmentada, uma plataforma que apresenta única e exclusivamente funcionalidades e informações relevantes para esse mesmo canal – incluindo o seu contact center, já que inclui as funcionalidades de registo e monitorização de interações. A plataforma é pensada especificamente para a realidade daquele canal, mas é sempre unificada à experiência transversal que a seguradora quer transmitir.

O Anymod é focado em tarefas de visualização, com a possibilidade de serem feitos envios e pedidos de informação e de documentação ao core – mas agora, num ambiente muito mais simplificado (o que também confere uma segurança adicional ao core da seguradora). Ele ainda permite a calendarização de eventos coletivos, como reuniões, ou a gestão de tarefas, essenciais para um trabalho verdadeiramente organizado e profissional. Em paralelo, reforçamos o Anysigner – uma ferramenta digital que permite digitalizar, transferir e assinar/carimbar digitalmente documentos – e o já referido Anybroker, para lá de continuarmos a fazer crescer o nosso ERP para seguradoras, Anywhere+.

Não é de estranhar, por isso mesmo, que tenhamos ficado em 17º lugar no ranking Fast 50, da Deloitte, para as empresas com o crescimento mais acelerado do ano e no top 5% do scoring PME.

A mudança para as novas instalações na Boavista foi um marco para a empresa este ano. Como é que esse espaço tem contribuído para a expansão da equipa e melhorias operacionais?

A falta de espaço começou a tornar as nossas antigas instalações num local complicado para trabalhar. O espaço era pequeno e a proximidade física dos colaboradores facilitava a desconcentração. Isto afetava tudo, desde o facto de termos de ter novos funcionários a partilhar secretárias até termos de estabelecer um horário para almoço, para permitir a toda a gente usar a copa.

Neste novo espaço, além de ser amplo para estarmos todos à vontade no nosso lugar, concentrados no que fazemos, temos ainda tudo o que faltava no outro: uma copa, mais espaçosa, que acomoda todos, salas – plural – de reuniões/formação, e uma área de lazer condigna, que acabou por ser sacrificada, nas instalações anteriores, conforme a equipa expandia. Agora, recuperamos esse espaço. Ainda estamos a pensar em diferentes abordagens para ele, mas por agora, voltamos a tê-lo – e com mais área do que antes.

Quais foram os desafios mais significativos enfrentados em 2024 e como a RandTech lidou com eles, especialmente no que diz respeito à expansão para novos mercados, como Cabo Verde?

Na realidade, em 2024 entramos em dois mercados novos, e não um, já que entramos – como bem disse, em Cabo Verde – mas também em Portugal (finalmente). Apesar de as nossas raízes estarem todas cá, não nos tínhamos ainda estreado na nossa própria terra.

Em relação a Cabo Verde estamos a concluir as configurações finais para a entrada em produção em 2025 de uma nova seguradora no mercado. Ela irá entrar em produção com o nosso ERP Anywhere+ que, na nossa ótica, está bastante avançado face ao paradigma daquele mercado geográfico. Esta entrada neste mercado também salienta a versatilidade do Anywhere+, que é multi-língua, multi-moeda e é flexível (outro dos nossos valores) para poder adaptar-se, por exemplo, à legislação de quaisquer geografias onde seja implantado.

Rui Teixeira, CTO da Randtech Computing
A adoção da semana de trabalho de quatro dias continua a ser um tema de destaque. Quais os impactos dessa iniciativa em termos de produtividade e retenção de talentos?

A semana de quatro dias foi uma decisão simples que o nosso Conselho de Administração tomou no final de janeiro de 2022 – mas que tem tido diversos desdobramentos que só reforçam o nosso compromisso com essa estratégia. A nível de retenção de pessoal o impacto é significativo – é mais difícil à concorrência «pescar» os nossos talentos. E isso, num setor como o do software, não é uma questão menor. Grande parte do sucesso dependeu do facto de termos um sistema – neste caso, uma intranet, o nosso Portal – que nos permite registar, com antecedência, as folgas (o que permite às chefias e às equipas organizarem melhor todo o trabalho).

O absentismo foi reduzido a praticamente zero: os nossos colaboradores podem usufruir do dia, seja para tratar de questões médicas ou burocráticas, sem ter de faltar e sem terem de nos dar explicações, expondo a sua vida pessoal desnecessariamente. Também é usado para formação, lazer, tempo de qualidade com os seus entes queridos ou mesmo voluntariado. Isso traz um maior sentimento de pertença na massa crítica interna e mais criatividade nas soluções porque o pessoal está mais descansado. O cliente não se ressentiu, nem a produtividade – logo, é para manter.

Não podemos, igualmente, ignorar o impacto positivo que isso traz para a empresa, que se reflete, por exemplo, na atenção que, em Dezembro de 2024, tivemos no mercado Brasileiro, já que fomos entrevistados por causa desse mesmo tema, por dois dos maiores órgãos de comunicação social locais (o Globo e a UOL).

Com a duplicação da equipa entre 2023 e 2024, quais são as expectativas de crescimento para 2025? Há planos de ampliar a atuação para outros mercados além de Portugal e Angola?

O nosso objetivo é crescer – sempre de forma sustentada. Não há qualquer interesse em fazer um «brilharete» e depois desaparecer do céu como um cometa que foi bonito, mas passou. Queremos ser uma estrela no firmamento, permanentemente a brilhar. Como referi, temos software extremamente versátil, em termos de configuração, personalização e escalonamento. Portanto, o nosso objetivo é expandir, para lá da CPLP – seja na Europa ou até mesmo do outro lado do Atlântico.

Que novos produtos ou tecnologias estão no pipeline para 2025, especialmente no campo dos ERPs e digitalização de processos no setor segurador?

Uma vez tendo criado um produto central como o Anywhere+, o nosso objetivo foi começar a criar outras aplicações, mas que fossem mais do que meros satélites. A partir das integrações, todos os nossos softwares conseguem ligar-se não só ao resto da constelação de produtos RandTech Computing, mas também a todos os restantes que existem no mercado. O nosso cliente pode usufruir das integrações já criadas ou requisitar novas, tailor-made.

Assim, o plano agora é duplo: por um lado, expandir o ecossistema, seja com novas declinações do Anymod, seja com novas aplicações de direito próprio, para cobrir mais necessidades, ainda não servidas até aqui. E, claro, ligá-las a mais e mais serviços, de modo a torná-las cada vez mais robustas. Ao mesmo tempo, a ideia é continuar a desenvolver e reforçar o que já existe – seja a expandir as funcionalidades do Anybroker ou modernizando alguns aspetos do Anywhere+.

Durante muito tempo, devido ao facto que começamos, de raiz, com uma tecnologia mais moderna do que aquela com que a concorrência se comprometeu, usufruímos das vantagens desses avanços para criar uma plataforma (o Anywhere+) muito mais robusta, sem deixar de ser escalável. O Anybroker, por exemplo, está nessa fase, com alguma da tecnologia mais dinâmica disponível neste momento.

Mas agora que estamos prestes a comemorar 10 anos de história, o Anywhere+ começa a acusar alguma latência. Portanto, temos planos para «modernizar» algumas partes do nosso Anywhere+ durante este ano. Preparem-se para grandes (boas) novidades.

Como é que a RandTech pretende continuar a promover a inovação tecnológica e a personalização para atender às crescentes necessidades do setor segurador?

Neste momento, sentimos que o mercado dos seguros está a tornar-se, tal como a banca há uns anos atrás, cada vez mais digital. Isto salienta a importância do setor se servir de bons parceiros tecnológicos. Mas é importante salientar que não bastam ser software houses. É muito diferente o tipo de apoio que uma software house genérica pode dar face ao de uma insurtech – que nasce e vive para o setor segurador, exclusivamente – como é o nosso caso. Nós compreendemos as seguradoras e falamos a sua linguagem porque esse é o nosso mercado. Isso torna a comunicação muito mais fluida – e os projetos mais rápidos de concretizar.

É por isso que somos capazes de, por exemplo, desenvolver uma plataforma que reduz substancialmente o time-to-market dos produtos dos nossos clientes. Priorizamos esse objetivo porque o cliente prioriza esse objetivo e estamos alinhados: como participamos das conversas, sabemos quais são as principais dores das companhias. Como tal, construímos já, de base, tendo em conta as suas prioridades delas.

Ao mesmo tempo – e desde a nossa génese – investimos na investigação e desenvolvimento de tecnologias, porque é importante desafiar o mercado e abrir-lhe perspetivas. Contudo, somos surpreendidos pelas ideias inesperadas que os nossos clientes nos propõem, quando estes se permitem sonhar alto. E é essa sinergia que torna todo este espaço profundamente aliciante e compensatório: há sempre um projeto, que não estava no nosso radar que, subitamente, nos aparece e somos levados, pela imaginação do nosso cliente, a um novo lugar a que a tecnologia nos permite chegar.

E sim, isto é um convite para quem nos está a ler entrar em contacto connosco, para nos desafiar. Tragam-nos os vossos sonhos. Nós traremos a nossa capacidade de os materializar.

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Risco político e social lidera preocupações das empresas. “Compromisso” dos trabalhadores sobe ao top 5

Mais de metade das empresas identifica a instabilidade política e social como o principal risco em 2025, revela o estudo da Marsh. Questões associadas aos colaboradores são cada vez mais destacadas.

Num momento em que Portugal se prepara para ir (mais uma vez) a eleições legislativas, as empresas portuguesas colocam a instabilidade política e social no topo das suas preocupações para 2025, revela o estudo anual da Marsh. Temas associados aos colaboradores, como a retenção de talento e o compromisso dos colaboradores destacam-se no top 5 dos riscos identificados para este ano.

Mais de metade das empresas inquiridas (54%) aponta a instabilidade política e social como o principal risco em 2025, revela o estudo ‘A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos’, realizado pela Marsh Portugal, empresa do grupo Marsh McLennan, e apresentado esta quinta-feira. Na lista seguem-se os ataques cibernéticos (47%), retenção de talento (45%), eventos climáticos extremos (38%) e compromisso de colaboradores (22%).

“As empresas este ano estão muitíssimo preocupadas com a estabilidade económica e como a instabilidade política e social pode aumentar a incerteza“, explica Fernando Chaves, risk specialist da Marsh Portugal, ao ECO. O especialista destaca que o facto de as empresas apontarem os eventos climáticos extremos como a maior preocupação a nível global mostra que o maior risco interno apontado é “local.

É uma resposta muito associada à instabilidade tanto do ponto de vista político, como do ponto de vista social“, justifica.

Um ano depois de ter eleito um novo governo, Portugal prepara-se para ir novamente às urnas eleger outro Executivo, depois de Luís Montenegro ter visto rejeitada uma moção de confiança no Parlamento, precipitando o país para um cenário de eleições antecipadas.

Os empresários criticam o clima de instabilidade e mostram grande preocupação com as consequências económicas desta crise política. A execução dos fundos europeus, a incerteza de consumidores e investidores e a imagem internacional de Portugal são alguns dos pontos que levantam mais preocupação.

As empresas este ano estão muitíssimo preocupadas com a estabilidade económica e como a instabilidade política e social pode aumentar a incerteza.

Fernando Chaves

Risk Specialist da Marsh Portugal

A instabilidade política e social é, assim, apontada como o principal risco pelo segundo ano, depois de em 2023 terem sido destacados os ataques cibernéticos e em 2022 as empresas terem apontado falha na cadeia de fornecimento. À exceção deste ano e do último é preciso recuar a 2016 e 2017 para ter estas questões no topo dos riscos considerados pelas empresas.

Além da situação política, que resulta num clima de crescente incerteza, Fernando Chaves realça que “estamos numa fase de quase pleno emprego, o que acontece é que a nossa população também tem sofrido alterações e as empresas tiveram que recorrer a mão-de-obra estrangeira”. Uma realidade que está a “alterar a forma de gerir a cultura da organização que é mais diversa“.

O especialista explica que as empresas passam a ter que gerir uma população multilingue, que vem juntar-se aos desafios de gerir várias gerações, com prioridades diferentes. Temas como o trabalho remoto após a pandemia forçaram as organizações a adaptarem-se rapidamente a uma nova realidade. E, no caso dos mais jovens, este tema assume extrema relevância na escolha de um cargo profissional, com alguns a rejeitarem ofertas se não puderem trabalhar num regime à distância ou híbrido.

“Terá que haver uma flexibilidade de ambas as partes”, refere o especialista da Marsh, que afasta um cenário em que se regresse a 100% ao escritório, até pela mudança na vida de muitos trabalhadores, que, perante custos de vida e preços das casas mais elevados, se mudaram para fora dos grandes centros.

Face aos resultados de 2024, a grande mudança na lista de riscos identificados pelas empresas é a entrada do compromisso dos trabalhadores – ou a falta dele – para o top 5. Este risco está relacionado com o envolvimento e a motivação dos colaboradores, que são vistos como fatores críticos para o sucesso organizacional. “A falta de compromisso pode levar a uma diminuição da produtividade e a um aumento da rotatividade”, aponta o estudo. “O compromisso dos colaboradores ganha maior relevância”.

“O compromisso em funções intermédias e em idades mais jovens é mais difícil de assegurar”, justifica o risk specialist da Marsh Portugal. De modo global, o responsável refere que “há maior peso das questões associadas a pessoas. Claramente ganharam maior força”.

PME vs grandes empresas

O estudo revela, porém, uma distinção entre as pequenas e médias empresas (PME) e as grandes empresas. Enquanto as empresas de dimensão inferior elencam os riscos políticos e sociais, para as maiores empresas a retenção de talento é a maior preocupação.

O especialista da Marsh destaca que as empresas maiores sofrem mais com a concorrência e a rotação de colaboradores, enquanto as PME estão mais dependentes da situação política para as suas decisões.

No contexto internacional, as empresas portuguesas apontam os eventos climáticos extremos como a maior preocupação, que são “reconhecidos como uma ameaça significativa, especialmente entre os respondentes dos setores de agricultura, alimentação e bebidas, turismo e instituições financeiras, nos quais as condições ambientais afetam diretamente a atividade de negócio”, refere o estudo.

O crime cibernético e uma estagnação económica prolongada ocupam a segunda e terceira posição, respetivamente.

Para a realização do seu estudo, a Marsh questionou 160 empresas, representativas de vários setores e de diferentes dimensões, sendo que 19% estão cotadas em bolsa.

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ElGranDerbi de Sevilla reduz em 65% a sua taxa de ódio nas redes

  • Servimedia
  • 3 Abril 2025

Mais de 429 000 conversas, nas quais o orgulho foi detectado como emoção predominante, resultaram num MOOD de 4,9.

OGranDerbi entre o Real Betis e o Sevilha FC destacou-se na última jornada da LALIGA EA SPORTS pelo seu baixo índice de ódio, situando-se num MOOD de 4,9, o valor mais baixo dos últimos quatro dérbis (6,4 – 7,5 – 5,9 – 4,9). No total, registaram-se 72 000 conversas relacionadas com o jogo (17% de toda a jornada), com um sentimento marcadamente positivo.

Embora tenha havido mais de 25.000 conversas a criticar a arbitragem do jogo Real Madrid C.F-C.D Leganés, o principal protagonista foi a vitória dos verdes e brancos, impulsionada por 16.000 conversas de alegria e orgulho de adeptos do Betis e de adeptos de outras equipas a felicitar a equipa. Esta componente positiva fez com que o MOOD descesse para um dos níveis mais baixos da época.

Em termos gerais, foram registadas cerca de 429.000 conversas nas redes sociais, geradas por 142.000 utilizadores, sendo a emoção de orgulho a predominante entre os adeptos do Betis.

MOOD

MOOD é uma solução desenvolvida pela LALIGA para rastrear, localizar e quantificar o discurso de ódio em diferentes redes e plataformas digitais. Graças à sua implementação, as autoridades e os organismos responsáveis podem detetar a tempo possíveis episódios de racismo, xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação, ajudando a prevenir estes comportamentos e a promover um ambiente mais seguro e respeitoso, tanto nos estádios como online.

Acordo com o Ministério da Inclusão para um desporto sem ódio

O dia 24 de outubro foi marcado pela assinatura de um acordo de colaboração entre o Ministério da Inclusão e a LALIGA, destinado a combater o discurso do ódio no meio desportivo. Uma das principais iniciativas deste acordo é a transferência da ferramenta MOOD (Monitor para a Observação do Ódio no Desporto) para o Observatório Espanhol do Racismo e da Xenofobia (OBERAXE), com o objetivo de reforçar a deteção e a prevenção de expressões discriminatórias nas redes sociais.

Além disso, o pacto inclui a participação da FUNDAÇÃO LALIGA no projeto Futura Afición, destinado a sensibilizar os jovens para a necessidade de erradicar a violência no futebol e a promover a inclusão e o respeito como valores fundamentais.

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Espanha consolida o seu atrativo para o investimento de gigantes farmacêuticos como a AstraZeneca, diz a Bloomberg

  • Servimedia
  • 3 Abril 2025

Bloomberg destaca a ascensão de Espanha ao topo do ranking europeu em termos de número de ensaios clínicos, ultrapassando mercados tradicionalmente líderes como a Alemanha, a França e o Reino Unido.

Espanha está a consolidar a sua posição como um dos principais destinos de investimento em ciências da vida na Europa, atraindo gigantes da indústria farmacêutica como a AstraZeneca, a Novartis, a Roche e a Sanofi.

Entre as empresas que estão a apostar mais fortemente no país está a AstraZeneca, que escolheu Barcelona para estabelecer um novo centro de investigação internacional em 2023, motivada pelo ecossistema de saúde, pelo talento científico e pela qualidade de vida dos seus empregados.

A empresa farmacêutica anunciou um investimento inicial de 800 milhões de euros e 1 000 novos postos de trabalho até 2027. Este objetivo de contratação foi ultrapassado no ano passado pela empresa, que aumentou os números para 1,3 mil milhões de euros de investimento e 2.000 empregados.

“A Espanha tornou-se um mercado-chave para a AstraZeneca, tanto a nível europeu como global”, afirma Rick R. Suárez, presidente da AstraZeneca Espanha, citado pela Bloomberg. Suárez destaca o papel da “forte colaboração público-privada” como um verdadeiro “fator de mudança”, que facilitou o trabalho conjunto com hospitais públicos, startups e centros de investigação.

Para além do envolvimento do governo central, que promoveu encontros diretos com a indústria – como o que teve lugar em fevereiro deste ano em La Moncloa com o presidente Pedro Sánchez e representantes das principais empresas farmacêuticas -, a Bloomberg destaca também o apoio ativo das administrações locais, como a Câmara Municipal de Barcelona. No caso da AstraZeneca, o governo municipal está a contribuir para a incorporação de novos funcionários no centro de investigação.

Para além da AstraZeneca, outras empresas estão também a reforçar o seu compromisso com o país. No domínio da biotecnologia, a Oxolife, que se dedica à fertilidade, sublinha que o apoio público representa quase 50% do seu financiamento e que a Espanha é um dos países mais rentáveis da Europa para a investigação clínica.

A análise da Bloomberg salienta que Espanha foi o primeiro país da UE a implementar a nova regulamentação europeia sobre ensaios clínicos, o que aumentou a sua competitividade, reduzindo significativamente o processo desde a apresentação da documentação até ao início do tratamento do primeiro doente.

No entanto, a Espanha enfrenta ainda vários desafios se quiser consolidar a sua posição de referência internacional no domínio das ciências da vida: desde acelerar a adoção de novos tratamentos até aumentar o investimento na investigação e manter um ambiente competitivo face a potências como a China e os Estados Unidos. O Governo está a trabalhar para enfrentar estes desafios. O Secretário de Estado da Saúde, Javier Padilla, disse à Bloomberg que o sistema público de saúde é um dos mais integrados da Europa e uma ferramenta fundamental para impulsionar o setor.

Apesar da concorrência global, o modelo espanhol – baseado na colaboração público-privada, num ecossistema científico robusto e num quadro fiscal atrativo – continua a posicionar-se como uma fórmula de sucesso para atrair inovação, investimento e talento no domínio biomédico europeu.

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Vale a pena optar pelo IRS automático? Veja os prós e contras

As vantagens passam pela facilidade de entrega e pelo reembolso mais rápido, mas nem sempre é a solução mais vantajosa. Há deduções que podem não estar pré-preenchidas assim como os dados dos filhos.

Vale ou não a pena entregar o IRS automático? As vantagens passam pela facilidade, entrega imediata, sem esquecimentos nem multas, e pagamento mais rápido do reembolso. Mas nem sempre é a opção mais vantajosa, alertam vários fiscalistas consultados pelo ECO.

Desde logo, todas as despesas dedutíveis no IRS podem não estar pré-inscritas, designadamente com rendas, educação e formação. Frequentemente, não estão registados os filhos, que dão um benefício adicional, mesmo que o contribuinte tenha comunicado o agregado familiar no portal das Finanças, dentro do prazo. Se optar pelo preenchimento manual, em vez do IRS automático, consegue incluir estes dados, e, deste modo, pode obter um reembolso maior.

Regra geral, a Deco Proteste aconselha os contribuintes a “fazer várias simulações”, dispensando assim o IRS automático, “para saber qual a situação mais vantajosa”, indica Soraia Leite, a porta-voz daquele organismo, em declarações ao ECO. “Assim, é possível verificar se é mais benéfico entregar a declaração conjunta ou separada, se é preferível optar pelo englobamento de rendimentos sujeitos a taxas liberatórias como dividendos e também é possível verificar se as deduções à coleta estão corretas”, clarifica.

Por outro lado, “no IRS automático não costumam aparecer os filhos, que dão uma dedução maior, e, muitas vezes, não estão registadas despesas com formação e educação e ainda rendas de habitação própria e permanente, quando, por exemplo, o contribuinte mudou de casa a meio do ano e a nova morada fiscal não foi atualizada no portal das Finanças”, acrescenta Eduardo Silva, diretor de operações da consultora Yunit, especialista em incentivos fiscais.

Neste caso, indica, “é melhor prescindir do IRS automático para conseguir preencher manualmente os dados dos dependentes assim como os encargos com rendas“, que, na declaração deste ano, relativamente aos rendimentos de 2024, permitem abater até 600 euros ao imposto a liquidar. Eduardo Silva aconselha ainda os contribuintes a esperar “10 dias após o arranque da campanha do IRS para submeter a declaração, porque o portal costuma ter alguns erros”.

Na mesma senda, João Espanha, fiscalista e sócio da Broseta, avisa que deve-se ter “em conta que nem todas as situações estão contempladas no IRS automático”, apesar de ser “uma opção cómoda“. “Rendimentos capitais, mais-valias ou de direitos de autor, despesas dedutíveis como rendas da casa ou deduções à coleta com lares” podem não constar da declaração automática, detalha.

Há outras despesas, designadamente “relativas a quotizações sindicais e para ordens profissionais, que também não estão pré-preenchidas na declaração automática”, avisa a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco.

E estes encargos permitem majorar o valor da dedução específica”, isto é, a parcela de rendimento livre de imposto, salienta. Por exemplo, neste momento, trabalhadores e pensionistas estão isentos em 4.350,24 euros dos seus ganhos anuais. Se apresentarem encargos com quotas para os sindicatos, aquela dedução é majorada em 1% do rendimento bruto do contribuinte.

No caso de despesas com ordens profissionais, aquele valor pode ser elevado até 75% de 12 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (IAS), segundo o artigo 25.º do Código do IRS. Por isso, João Espanha considera que “o contribuinte deve verificar os dados pré-preenchidos e aditar o que estiver em falta.”

“Caso aceite a declaração pré-preenchida esta será válida e só poderá ser alterada, após o termo do prazo legal de entrega [30 de junho], por via de reclamação ou procedimento judicial”, sinaliza.

É preciso ainda ter em atenção que quem quiser “aderir ao IRS Jovem não pode preencher o IRS automático, porque essa opção apenas pode ser acionada no preenchimento manual da declaração, no anexo A, no caso de trabalho dependente, ou no anexo B, no caso de trabalho independente”, assinalam os fiscalistas Jaime Esteves e Maria Nunes da Fonseca, da J+Legal.

Neste caso em concreto, a bastonária da OCC, Paula Franco, salienta que os contribuintes com rendimentos por conta de outrem e a recibos verdes “têm de selecionar a opção pelo IRS Jovem nos dois anexos, A e B”.

O prazo de entrega do IRS termina a 30 de junho e quem falhar a data limite fica sujeito a uma multa que começa nos 25 euros. Se o contribuinte optar pelo mecanismo automático, mesmo que se esqueça da submissão do formulário no portal das Finanças, a declaração será aceita, livrando-se de qualquer penalização.

Os casais, com possibilidade de submeter a declaração recorrendo à via automática, se não escolherem a tributação conjunta ou separada, por defeito, será considerada esta última opção, ainda que possa não ser a mais vantajosa para o agregado familiar. Em caso de arrependimento, os contribuintes podem apresentar uma declaração de substituição nos 30 dias seguintes à liquidação, sem serem penalizados, segundo a Deco Proteste.

IRS automático alargado a mais contribuintes

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O número de contribuintes com acesso ao IRS automático é cada vez maior. Este ano, passou a abranger quem comunicou ao Fisco salários pagos a empregados de limpeza doméstica.

Desde 2021, está disponível para trabalhadores independentes. No ano passado, foi alargado aos subscritores de certificados de reforma da Segurança Social. E, na declaração de IRS de 2025, relativamente aos rendimentos do ano passado, o automatismo passou a incluir contribuintes que comunicaram ao Fisco os salários pagos a trabalhadores domésticos, podendo agora beneficiar dessa nova dedução.

Em causa está uma nova dedução à coleta do IRS que permite deduzir um montante equivalente a 5% da remuneração paga por qualquer membro do agregado familiar pela prestação de trabalho doméstico até ao limite global de 200 euros por agregado familiar.

No que diz respeito aos rendimentos da categoria B, nem todos os “recibos verdes” terão acesso ao IRS simplificado. Apenas os que prestam serviços no regime simplificado, e se enquadram na tabela de atividades aprovada pela portaria a que se refere o artigo 151.º Código do IRS terão acesso a esta forma mais fácil de entregar a Modelo 3. Devem também prestar em exclusivo apenas uma dessas atividades.

Os contribuintes abrangidos pelo IRS automático que, durante o respetivo prazo de entrega, de 1 de abril a 30 de junho, não confirmem a declaração automática de IRS nem entreguem a declaração nos termos gerais “verão, no final desse prazo, a declaração automática provisória tornar-se definitiva e ser considerada como a declaração entregue para todos os efeitos legais”, sinaliza a Autoridade Tributária.

Estão excluídos do IRS automático os contribuintes que pagam pensões de alimentos; fizeram deduções relativas a ascendentes; têm de repor valores de benefícios fiscais; fazem deduções referentes a pessoas com deficiência; fazem deduções por dupla tributação internacional; fazem deduções por força do adicional ao imposto municipal sobre imóveis (AIMI); e tinham dívidas fiscais por regularizar a 31 de dezembro de 2024.

Se não estiver abrangido pelo IRS automático, encontra a mensagem “por não reunir todas as condições previstas para ser abrangido pela Declaração Automática de Rendimentos, deve proceder à entrega de uma declaração de IRS, Modelo 3, nos termos gerais”. Neste caso, deve preencher a sua declaração manualmente.

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Solargik traz a Portugal suportes para painéis solares que rendem mais e ‘trepam’ montanhas 

A empresa israelita participou em cinco projetos solares em Portugal, mas espera expandir a presença no país instalando parques em terrenos irregulares, como montanhas.

A Solargik é uma empresa do setor da energia solar que trabalha sobretudo na sombra dos painéis. A empresa israelita desenhou, e agora fabrica e comercializa, a estrutura que sustenta os painéis que permite que se movam melhor para captar os raios solares, em conjugação com um software.

Esta estrutura é mais pequena e leve que as desenvolvidas pelos seus pares, o que permite menores custos, assim como um melhor aproveitamento do terreno e da luz solar, além da instalação em lugares improváveis como montanhas, refere a empresa, que participou em cinco projetos em Portugal e tem nove em desenvolvimento.

Por cá, a capacidade solar está a disparar. Só no ano passado foram instalados 1,77 gigawatts (GW). O objetivo é ascender até aos 20 GW até 2030, segundo o Plano Nacional de Energia e Geologia. “Isso significa que temos de ser capazes de instalar em cada vez mais sítios, e precisamos de ferramentas que nos permitam fazê-lo em lugares que anteriormente eram impossíveis”, defende o responsável comercial da Solargik, Mo Horowitz, em entrevista ao ECO/Capital Verde.

Parque solar com estruturas da Solargik no Estado de Nevada, nos EUA.

O mesmo responsável indica que a empresa consegue instalar painéis em terrenos com declives de até 30%, uma capacidade que a maioria dos operadores concorrentes não possui ao dia de hoje. “A maior parte do interesse e dos projetos em que estamos a trabalhar [em desenvolvimento] com empresas portuguesas são para esses terrenos difíceis”, indica, já que isto permite aos promotores usar terrenos “que mais ninguém quer comprar”, pelo que podem ser “muito mais baratos”.

A Solargik está presente em Portugal desde 2023 e conta, para já, com cinco projetos concluídos — um dos quais ainda não é público e nove em desenvolvimento, num total de capacidade de 390 megawatts.

O objetivo da empresa israelita é ter 10% a 15% da quota de mercado nacional no que diz respeito à capacidade solar instalada até 2030, assumindo que é atingida a meta dos 20 gigawatts.

Contudo, aponta para já uma parceria com a Akuo para um projeto em Alcobaça, que serve de piloto para a introdução de painéis solares em zonas de cultivo de maçã. Também construiu de mãos dadas com a Ecoinside um parque em Évora, no município de Montemor-o-Novo, na barragem de Minutos, que permite à barragem alimentar as necessidades energéticas com autoconsumo.

Trabalha ainda com a Smartwatt, numa central no Roxo que passa sobre o principal canal de distribuição de água, e com a Sotecnisol, em Figueira de Cavaleiros. Um dos projetos cuja localização e parceiro prefere não revelar é agrovoltaico, e será anunciado em breve.

Estamos a fazer projetos-piloto especificamente centrados no agronegócio, em que as nossas estruturas estão a ser instaladas a quatro ou cinco metros do chão, acima de pomares e vinhas ou da agricultura”, afirma Horowitz, referindo-se ao projeto em Alcobaça, sublinhando que são “uma das poucas” empresas que constroem a esta distância do solo. Os agricultores podem obter um rendimento extra, ao mesmo que algumas culturas ganham proteção da exposição solar excessiva.

Em Portugal existe muito terreno plano, sobretudo no sul. Mas existe também o chamado “desafio da rede”, sublinha Mo Horowitz, indicando que nem sempre a rede chega onde está a produção: “Estamos a ajudar a trazer a produção para onde está o consumo”, diz.

A tecnologia da Solargik pode dar taxas de rentabilidade superiores à média do mercado, que gira em torno dos 8% a 10% de taxa de retorno interna (TIR), refere Mo Horowitz, responsável comercial da empresa.

Outra vantagem está num licenciamento mais simples: como os painéis se adaptam ao terreno são necessárias menos alterações que pudessem acarretar um dano ambiental, facilitando este processo, de acordo com o líder comercial da Solargik.

O objetivo da empresa israelita é ter 10% a 15% da quota de mercado nacional no que diz respeito à capacidade solar instalada até 2030, assumindo que é atingida a meta dos 20 gigawatts. “Não achamos que vamos dominar o mercado. Mas cremos que há uma necessidade muito relevante e, portanto, podemos chegar a essa quota”, pontua Horowitz.

Painéis otimizam espaço e movimento

Os painéis fotovoltaicos que são usados nos projetos em que a empresa israelita participa são dos mais comuns na indústria — são geralmente oriundos da China. A diferença e adaptabilidade é dada pelo facto de a Solargik optar por unir os painéis em blocos mais pequenos. “É como um lego. Se pegarmos em peças mais pequenas, podemos construir algo mais sofisticado” e otimizar a utilização do espaço, explica o responsável. Mesmo num terreno plano, esta solução é útil para aproveitar “todos os cantinhos”, onde estruturas maiores teriam dificuldade em caber, ou mesmo para contornar obstáculos, explica.

Num projeto recente, a Solargik explica que conseguiu acrescentar 10% de capacidade para a área disponível, em comparação com o que seria possível num projeto convencional. “Esses 10% podem, por vezes, ser a diferença entre um investidor avançar com o projeto ou não”, argumenta. No entanto, a empresa afirma que já conseguiu aumentar a capacidade de um terreno entre 30% a 40%.

Os blocos mais pequenos também permitem usar entre 20% a 30% de menos aço, face a tecnologias mais convencionais, sendo que este material é o principal custo de uma destas estruturas. O aço usado pela Solargik para os projetos portugueses é produção nacional, acrescenta Horowitz, embora peças mais pequenas, dos controladores aos sensores, ou seja, “o cérebro do sistema”, sejam importadas de Israel.

Em adição, a Solargik desenvolveu um software de controlo que tem capacidade de tomar decisões “contraintuitivas” — uma característica útil, mas não única, já que está a ser aplicada também por concorrentes, assume Horowitz. Em vez de a estrutura fazer mover os painéis para que se limitem a seguir o sol, o software sabe em que alturas não compensa encará-lo completamente, pois esse movimento pode criar sombras no painel adjacente. Os vários blocos trabalham então de forma coordenada para otimizar a produção solar do parque num todo.

Em situações de curtailment, isto é, quando a rede está congestionada e, portanto, não está a aceitar a entrada de mais energia, a solução comum é transformar a energia em calor. A Solargik programa para que os painéis se movam para produzirem menos energia quando esta não é necessária, prolongando a vida útil destes equipamentos.

Tendo em conta os vários “ajustes” e adequações ao terreno que os “legos” da Solargik permitem, Mo Horowitz afirma que esta tecnologia pode dar taxas de rentabilidade superiores à média do mercado, que gira em torno dos 8% a 10% de taxa de retorno interna (TIR). A empresa israelita permite subir essa percentagem para entre 12% a 15%, indica o líder comercial da empresa.

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PME afinal vão ter de pagar IVA para testar produtos. Futuro das test beds em causa

Rede nacional de Test Beds vai enviar uma carta aos ministérios da Coesão e das Finanças a pedir uma reunião presencial para tentar rever decisão de aplicar IVA aos descontos feitos às PME.

As PME afinal vão ter de pagar IVA pelos serviços prestados pelas Test Beds, as infraestruturas que, com apoio do Plano de Recuperação e Resiliência, criam as condições necessárias para o desenvolvimento e teste de novos produtos e serviços. A decisão a Autoridade Tributária caiu como uma bomba entre a rede de Test Beds, que teme pelo seu futuro, mas também junto das PME que usaram este serviço e que se sentem defraudadas. A rede vai enviar esta semana uma carta aos ministérios da Coesão e das Finanças a pedir uma reunião presencial para tentar rever esta decisão.

As Test Beds disponibilizam infraestruturas, equipamentos, e conhecimento a empresas, sobretudo PME e startups, para o teste de produtos e serviços com forte componente digital. Foram criadas com um apoio de 150 milhões de euros do PRR e visam aumentar a maturidade tecnológica e o número de produtos e serviços piloto desenvolvidos pelas empresas. A rede tem 47 Test Beds em áreas como indústria, TIC, saúde, biotecnologia, energia, ambiente, mobilidade, smart cities, comunicações, etc.

Estes serviços de teste e experimentação têm um custo muito elevado – de várias dezenas de euros – mas tendo em conta o apoio do PRR, que pode ir até 7,5 milhões por candidatura, a maior parte das Test Beds opta por não cobrar nada pelos serviços prestados. Ou seja, é concedido um desconto (até 100% em alguns casos) sobre o preço do serviço.

A Agência Nacional de Inovação (ANI) enviou um email às Test Beds, a 13 de fevereiro, no qual comunicou “o entendimento” da Autoridade Tributária de que as PME têm de pagar o IVA que incide sobre os descontos.

Por exemplo, se a testagem de um produto custar dez mil euros e a test bed decidir aplicar um desconto de 100%, o cliente paga zero pelo serviço, mas é chamado a pagar 2.300 euros caso o IVA a aplicar seja de 23%. Já se o desconto fosse de 60% a fatura inicial paga pela PME foi de quatro mil euros, mas agora terá de pagar mais 2.300 euros relativos ao IVA.

O IVA deve, assim, ser aplicado e pago sobre o valor do serviço tendo de haver a regularização tributária no mesmo sentido.

Este entendimento contraria totalmente as indicações que a ANI deu aos promotores sobre a forma como deviam faturar os serviços. “O copromotor deverá emitir uma fatura no qual deverá estar expresso o preço de mercado (s/IVA), o preço total do serviço (s/IVA), o valor de desconto praticado (s/IVA), valor a pagar(s/IVA) e o valor de IVA aplicado ao valor a pagar. Mais se informa, que os descontos estão excluídos de tributação de acordo com a alínea b) do n.º 6 do art.º 16.º do CIVA”, lê-se nas perguntas frequentes publicadas.

“As perguntas frequentes têm vindo a evoluir ao longo do tempo”, reconhece Rita Santos, project manager do FI Group. “Sempre defendemos que bastava o contrato assinado entre as Test Beds e as PME para comprovar que estava a ser cobrado um valor inferior ao preço de mercado e assim ter acesso aos 25% de majoração”, conta ao ECO a responsável. Mas, à medida que os projetos foram sendo implementados, a ANI tornou clara a exigência de haver faturas e que agora culminam nesta nova ordem que, no entanto, ainda não foi comunicada às PME, diz ao ECO Leonel Simões, da Horse Aveiro.

Uma ordem que ambos consideram que vai pôr em risco o futuro das Test Beds e a viabilidade de algumas PME que não têm capacidade de tesouraria para fazer face a pagamentos tão avultados de IVA.

Não é justo rever os acordos de adesão às Test Beds com esta nova regra a seis meses do fim do projeto”, diz Leonel Simões, diretor de produção da Horse Aveiro e diretor da Test Bed Smart Lab. “Muitas empresas não vão conseguir suportar este custo”, acrescenta. As Test Beds tinham como objetivo testar 3.600 produtos piloto, até setembro deste ano. Mas com a reprogramação do PRR, que está a ser analisada por Bruxelas, o prazo deverá ser estendido até junho de 2026, e o nível de ambição de produtos testados também reverá ser reduzido.

Como a ANI não explica que a medida se aplica a partir de agora significa que é retroativa. Isto vai ter um impacto muito grande nas PME em termos de tesouraria e alguma podem mesmo ir à falência e coloca em perigo as Test Beds”, alerta Rita Santos.

Por isso, na última reunião da rede de Test Beds, a 27 de fevereiro, ficou decidido enviar uma carta aos Ministérios das Finanças e da Coesão, que tem a tutela dos fundos europeus, a solicitar uma reunião presencial para debater o problema.

Apesar de a ANI, no email que enviou às Test Beds a 13 de fevereiro, ter dito que iria novamente atualizar as perguntas frequentes, ainda não o fez.

O ECO contactou a ANI, mas esta remeteu todos os esclarecimentos para a Autoridade Tributária.

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Banco de Portugal ganha tempo para analisar venda do banco da Fundação Oriente a chineses

Dois anos depois, venda do BPG aos chineses da VCredit continua nas mãos do regulador. Prazo do acordo terminava em um mês, mas foi prolongado por mais seis meses.

Com o aproximar do prazo de validade a ameaçar o negócio de 20 milhões de euros, a Fundação Oriente e os chineses da VCredit decidiram prolongar por mais seis meses o acordo relativo ao Banco Português de Gestão (BPG), na expectativa de que o regulador venha a aprovar a operação até ao início de novembro.

“Os requisitos formais necessários foram cumpridos pelos interessados e o Banco de Portugal solicitou, para não estar constrangido em relação ao aproximar da Long Stop Date, uma extensão do acordo”, adiantou o presidente do conselho de administração, João Costa Pinto, em declarações ao ECO. “Existe a expectativa de que o processo esteja numa fase final”, acrescentou.

Já depois da publicação do artigo, João Costa Pinto esclareceu que foi “o comprador que solicitou ao vendedor uma extensão do prazo do acordo e o vendedor concordou”.

Contactado pelo ECO, o regulador liderado por Mário Centeno não quis fazer qualquer comentário, nomeadamente sobre o facto de ainda não ter dado uma resposta a um negócio assinado há dois anos e sobre o pedido de extensão do acordo.

Entre outros fatores, a operação está condicionada à emissão de não oposição incondicional da parte do Banco Central Europeu (a condição regulatória) até ou antes do dia 4 de maio de 2025 (Long Stop Date).

Para evitar que o fim do prazo do acordo arruíne o negócio, e “uma vez que é necessário tempo adicional para a satisfação da condição regulatória, a VCredit e os vendedores concordaram em prorrogar a Long Stop Date por seis meses, até 4 de novembro de 2025”, segundo anunciou o grupo financeiro chinês esta semana em comunicado publicado na bolsa de Hong Kong.

A VCredit salientou ainda que “todos os outros termos e condições do contrato de compra e venda permanecem inalterados”, incluindo o preço.

O negócio será feito com base na situação líquida do BPG quando se realizar a transação, sendo que os capitais próprios do banco ascendiam a 17,6 milhões de euros no final do ano passado. Os chineses vão ainda comprar a dívida subordinada (no valor de três milhões). O valor final poderá atingir os 35 milhões, atendendo ao cumprimento de determinadas variáveis, como a venda de imóveis e a recuperação de ativos por impostos diferidos.

"Os requisitos formais necessários foram cumpridos pelos interessados e o Banco de Portugal solicitou, para não estar constrangido em relação ao aproximar da Long Stop Date, uma extensão do acordo.”

João Costa Pinto

Presidente do BPG

Prejuízos de 11 milhões de euros em 2024

Para a VCredit, a aquisição do BPG servirá de porta de entrada para se expandir no mercado europeu, a começar por Espanha. Mas a venda aos chineses também é considerada vital para o futuro do banco português que, depois dos prejuízos de 11 milhões de euros em 2024, já soma resultados negativos de 65 milhões desde 2018.

Na mensagem que acompanha o relatório e contas do ano passado, João Costa Pinto considera que a transação irá criar “as condições de capitalização e tecnológicas que permitirão o reequilíbrio das condições de exploração e o relançamento do negócio, o que se espera que esteja espelhado no plano de negócios” que a VCredit entregou junto do Banco de Portugal.

Já em março passado, a Fundação Oriente injetou mais dois milhões de euros no capital do banco. Costa Pinto explicou que os fundos ajudaram a reforçar os rácios de capital do BPG (erodidos por conta da limpeza do crédito malparado), mas também vão suportar o relançamento da atividade já com os novos acionistas a bordo.

(Notícia atualizada às 17h00 com esclarecimento do presidente do BPG, João Costa Pinto)

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Prejuízo de 19 milhões da Menzies obriga TAP a injetar 5,5 milhões

Companhia aérea fez dois suprimentos através da conversão de créditos em capital. Empresa de serviços de assistência em escala fechou 2024 com elevadas perdas.

A TAP realizou suprimentos de 5,5 milhões de euros para reforçar o capital da Menzies Aviation Portugal, a antiga Groundforce, depois desta ter registado prejuízos elevados em 2024.

A SPdH – designação societária da empresa de serviços de assistência em escala – fechou 2024 com um prejuízo de 19,13 milhões de euros, de acordo com os números publicados no Relatório e Contas da TAP de 2024. O ECO questionou a Menzies sobre a origem deste resultado negativo, mas não obteve resposta até à publicação do artigo.

O impacto negativo nos capitais próprios levou à necessidade de os acionistas realizarem suprimentos. A companhia aérea fez dois, um ainda em 2024, de três milhões de euros, e outro em janeiro de 2025, de 2,5 milhões, segundo informa o Relatório e Contas. Ambos foram realizados através da conversão de dívidas da SPdH à TAP em capital. A transportadora portuguesa é simultaneamente a principal cliente da empresa de handling, sendo responsável por 70% da receita.

A SPdH está em processo de recuperação, depois de ter sido declarada insolvente em agosto de 2021. Em junho do ano passado, foi homologado pelo tribunal o plano de insolvência, que passou pela entrada do novo acionista, a britânica Menzies Aviation, que agora dá a marca à antiga Groundforce e que ficou com 50,1% do capital. Os restantes 49,9% mantiveram-se na TAP.

O plano de insolvência obriga os acionistas a realizar suprimentos caso seja necessário reforçar os capitais próprios ou para investimentos, na proporção da sua participação acionista. No caso da empresa britânica, o reforço é limitado a 10 milhões de euros e no da transportadora a 9,96 milhões, esta última através da conversão de créditos em capital. As dívidas à TAP contabilizadas no âmbito da insolvência somam 15,5 milhões. O ECO já tinha questionado na terça-feira as empresas sobre a possibilidade de novos suprimentos, mas não obteve resposta.

O prejuízo de 2024 soma-se aos números negativos que a empresa vem registando nos últimos anos. Depois de ter fechado o primeiro ano da pandemia com um resultado negativo de 24 milhões, reduziu o prejuízo para 7,7 milhões em 2021 e 1,0 milhão em 2022. Os dados de 2023 não são conhecidos, mas o plano de insolvência projetava um resultado negativo de 2,3 milhões, com as contas a saírem do vermelho nos anos seguintes.

A SPdH tinha capitais próprios negativos de 44 milhões de euros a 31 de dezembro de 2024, segundo os números apresentados pela TAP, muito acima do previsto no plano apresentado pelos administradores de insolvência e aprovado pelos credores.

Além dos suprimentos, a TAP adiantou o pagamento de uma fatura da Menzies Aviation Portugal superior a um milhão de euros, como noticiou esta terça-feira o ECO, para apoiar a tesouraria. Questionada, fonte oficial da companhia aérea respondeu que “o plano de reestruturação da SPdH sofreu um atraso considerável, por condições externas à empresa – tribunais e outros e, naturalmente, tem de se ajustar a prática em conformidade”.

A transportadora acrescentou que a “TAP tem toda a confiança na Menzies para executar o plano que a definiu como compradora da SPdH.

O processo nos tribunais foi, efetivamente, demorado. Os credores aprovaram o plano de insolvência em setembro de 2023, mas o processo dilatou-se ainda vários meses devido aos sucessivos recursos interpostos pela Pasogal, do empresário Alfredo Casimiro, que detinha 50,1% da antiga Groundforce, atrasando o trânsito em julgado da sentença de homologação do plano.

O atraso fez incidir o impacto da reestruturação a partir de 2024. As contas da empresa estão pressionadas pelo calendário de pagamento de dívidas aos credores, o aumento de custos com pessoal, o pagamento de indemnizações por rescisão por mútuo acordo e o desconto comercial atribuído à TAP. Isto apesar de, do ponto de vista operacional, a SPdH beneficiar do crescimento do número de movimentos nos aeroportos nacionais para novos recordes.

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“Pior que o esperado”. Tarifas de Trump alarmam investidores e apontam para o vermelho

O início do discurso de Trump e o anúncio de uma tarifa base de 10% até animou os futuros dos índices, mas a revelação de recíprocas mais elevadas acabou por esfriou o entusiasmo.

Depois de manter o mundo em suspense durante vários dias, Donald Trump anunciou as medidas comerciais esta quarta-feira — dia que apelidou de “libertação” para a economia dos Estados Unidos — e abalou um sistema global comercial que durava desde 1947.

O discurso tipicamente serpenteante entre estados de alma sobre “amigos que em muitos casos são piores que inimigos em termos de comércio” e novidades concretas sobre as tarifas, metendo até algumas piadas pelo meio, obrigou os investidores a mudarem de posição à medida que iam percebendo as decisões do republicano.

“Quando a conferência de imprensa começou, o presidente disse que as tarifas começariam com uma base de 10% em todos os setores”, afirmou Chris Zaccarelli, direto de investimentos na Northlight Asset Management. “Isso foi melhor do que o esperado, e foi por isso que vimos os futuros subirem, mas assim que chegou aos pormenores e começou a dar exemplos que eram significativamente superiores a 10%, foi quando os futuros deram a volta e ficaram negativos, porque era pior do que o esperado.”

Os futuros do índice S&P 500 inverteram os ganhos e caíram 1,7%, sugerindo que os investidores esperam perdas profundas quando Wall Street abrir na quinta-feira. Os futuros do Nasdaq, refletindo empresas de tecnologia como Apple, Nvidia e Microsoft, caíram 2,4% também a reverterem ganhos.

“Pior pesadelo da Europa”

Além da tarifa base, Trump anunciou a entrada em vigor de tarifas recíprocas, com os EUA a cobrarem aos parceiros metade da taxa que estes cobram. No caso da União Europeia, as exportações para os EUA vão passar a pagar uma tarifa de 20%. “A Europa será sujeita a tarifas recíprocas muito elevadas, na ordem dos 20%, o que corresponde ao nível mais elevado do que os participantes no mercado receavam“, alertou Frederique Carrier, diretora de estratégia de investmento no RBC Wealth Management, à Reuters.

“O cálculo das tarifas inclui o imposto sobre as vendas (IVA), um imposto que é aplicado tanto aos produtos nacionais como aos estrangeiros e que não discrimina os produtos americanos”, explicou. “Sendo o IVA uma importante fonte de receitas dos governos, os Estados-Membros europeus podem oferecer pouca flexibilidade. A tomada de lucros no mercado de acções europeu pode muito bem continuar amanhã”.

Para os analistas do banco de investimento neerlandês ING “o pior pesadelo económico da Europa acaba de se tornar realidade”. Numa nota de análise a que o ECO teve acesso, sublinharam que uma tarifa recíproca de 20% “é dolorosa” e “piorou as perspetivas a curto prazo da zona euro”. Agora, muito depende dos governos europeus para levarem por diante os estímulos orçamentais e as reformas planeadas para fortalecer as economias nacionais, vincaram.

No mercado cambial, o euro cedeu ganhos para negociar com uma ligeira apreciação de 0.3% nos 1,083 dólares. Face ao iéne japonês, o dólar recuava 0,2% nos 149,38 iénes.

Para Peter Cardillo, economista-chefe na Spartan Capital Securities, “as tarifas são um pouco pesadas”. “Teremos de esperar para ver se esta guerra comercial termina como a administração gostaria que terminasse… Depende agora dos nossos parceiros comerciais. Eles vão sentar-se à mesa e negociar ou vão retaliar?”, questionou, também citado pela Reuters.

“As consequências da inflação far-se-ão sentir e isso representa um dilema para a Reserva Federal, apesar de Powell ([presidente da Fed] ter afirmado que a inflação resultante das tarifas seria transitória… Os efeitos da inflação poderão agravar-se e poderemos estar a caminhar para uma recessão”, sublinhou.

Ouro rumo aos 3.200 dólares?

Numa altura de elevada volatilidade, a cotação do ouro, ativo de refúgio, manteve-se firme e perto de níveis recorde a subir 0,6% para 3.129 dólares por onça. “As perspetivas do ouro são excelentes, com 3.200 dólares como novo objetivo a curto prazo“, disse, Tai Wong, um trader de metais. “Há muitas perguntas sem resposta e a sensação de que muitas coisas podem ser negociáveis tornará os mercados muito voláteis a curto prazo”, acrescentou.

As yields da dívida soberana dos EUA, as Treasuries, caíram na quarta-feira, apagando os ganhos anteriores, depois de Trump ter revelado as medidas comerciais. Nas obrigações benchmark, a 10 anos, a taxa no mercado secundário caía 2,9 pontos base para 4,127%, depois ter chegado a subir para os 4,236%.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 3 Abril 2025

No dia das reuniões dos acionistas da EDP Renováveis e da Concertação Social, o presidente da Comissão de Comércio do PE discute as tarifas de Trump e o Governo tem na agenda a descarbonização e VCI.

No mesmo dia que os acionistas da EDP Renováveis se reúnem em Madrid, os parceiros da Concertação Social encontram-se para discutir a monitorização da execução do Acordo Tripartido de Valorização Salarial e Crescimento Económico 2025-2028. O presidente da Comissão para o Comércio Internacional do Parlamento Europeu (PE) vai reagir às tarifas anunciadas por Trump. O Governo assina protocolos para a descarbonização de transportes públicos e fala sobre o futuro da Via de Cintura Interna (VCI).

Acionistas da EDP Renováveis reúnem-se

Os acionistas da EDP Renováveis reúnem-se em assembleia-geral esta quinta-feira em Madrid. Entre os pontos de ordem está a aprovação do mecanismo de remuneração dos acionistas através de um scrip dividend a executar através de um aumento de capital social por incorporação de reservas, num montante determinável, através da emissão de novas ações ordinárias com valor nominal de 5 euros.

Reunião das confederações patronais, sindicatos e Governo

O Governo reúne-se esta quinta-feira com as confederações empresariais e com as centrais sindicais. Na ordem de trabalhos está a monitorização da execução do Acordo Tripartido de Valorização Salarial e Crescimento Económico 2025-2028 entre outros assuntos. A reunião plenária da Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) desta quinta-feira vai ser a primeira no Palácio das Laranjeiras, o novo espaço do Conselho Económico e Social após mais de 30 anos em Belém.

Reações da UE às taxas dos EUA

O eurodeputado Bernd Lange, socialista e presidente da Comissão para o Comércio Internacional do Parlamento Europeu (PE), vai reagir às tarifas aduaneiras aplicadas aos produtos importados pelos EUA anunciadas por Donald Trump na noite anterior. Lange vai falar numa conferência de imprensa no PE marcada para as 8h00 (hora de Lisboa) onde vai responder às perguntas dos jornalistas.

Assinatura de protocolos para a descarbonização de transportes públicos

Os ministros do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, presidem esta quinta-feira à cerimónia de assinatura de protocolos para a descarbonização de transportes públicos nacionais que terá lugar na sala O Século no Ministério do Ambiente e Energia pelas 10h.

No Porto vai falar-se da VCI

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, participará na reunião de Municípios da Área Metropolitana do Porto, onde, entre outros temas, será discutido o futuro da Via de Cintura Interna (VCI). O evento ocorrerá no Palácio dos Correios, no Porto, e começa às 14h30. O primeiro-ministro destacou que esta reunião servirá para “avaliar soluções para a VCI e sua correlação com outras vias estruturantes”, com o objetivo de “retirar trânsito” da cidade e do concelho do Porto.

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