BCE facilita acesso a crédito de emergência a infraestruturas críticas do euro

O Banco Central Europeu reforça o escudo das contrapartes centrais (CCP) ao garantir liquidez instantânea em crises, reforçando a preparação do sistema europeu a eventuais tempestades financeiras.

O Banco Central Europeu (BCE) acaba de anunciar uma mudança de fundo no funcionamento do seu mecanismo de emergência para as contrapartes centrais (CCP) da área do euro.

A decisão, tomada pelo Conselho do BCE liderado por Christine Lagarde, elimina a necessidade de aprovação discricionária para ativar a facilidade de crédito overnight dedicada às CCP, tornando este instrumento de apoio de liquidez imediatamente acessível em situações de crise. Ao mesmo tempo, são introduzidas novas salvaguardas para garantir a robustez financeira e a boa gestão de risco das entidades elegíveis.

“A ativação discricionária pelo Conselho do BCE deixa de ser necessária para garantir uma operacionalização célere, o que significa que a facilidade de crédito das CCP ficará imediatamente disponível para as CCP elegíveis da área do euro, caso seja necessário”, refere o BCE em comunicado.

Até agora, a utilização deste mecanismo de apoio – que serve de rede de segurança de liquidez para as CCP em momentos de stress financeiro – dependia de uma decisão específica do Conselho do BCE. Com as alterações agora anunciadas, essa barreira é removida, permitindo que as CCP possam aceder ao financiamento de emergência de forma automática, desde que cumpram os critérios estabelecidos.

O BCE procura reforçar a resiliência do sistema financeiro da área do euro, assegurando que as infraestruturas críticas dispõem de mecanismos de apoio eficazes em cenários de crise.

As CCP, como a Eurex Clearing, a LCH SA ou a BME Clearing, desempenham um papel central na estabilidade dos mercados financeiros, funcionando como intermediárias nas transações de derivados e outros instrumentos financeiros. Em condições normais, “os seus fluxos de liquidez estão equilibrados no final do dia, não enfrentando, em geral, desequilíbrios de liquidez”.

Contudo, em cenários de “stress financeiro severo, pode não ser viável para uma CCP gerir necessidades de liquidez potencialmente avultadas através de soluções de mercado em tempo útil”, lê-se no comunicado do BCE. É nestas situações que o banco central pretende garantir uma resposta rápida e eficaz.

Novas salvaguardas e novos requisitos

A facilidade de crédito continuará a ser regulada pela TARGET Guideline, mantendo-se “fora do quadro de implementação da política monetária”. Para aceder ao mecanismo, as CCP terão de cumprir requisitos mais exigentes, nomeadamente em matéria de solidez financeira e de gestão de risco de liquidez.

“Estão a ser introduzidas novas salvaguardas para garantir que apenas as CCP da área do euro que sejam financeiramente sólidas e tenham uma gestão de risco de liquidez robusta possam aceder à facilidade de crédito das CCP”, destaca o BCE no documento em anexo.

Em caso de incumprimento destas salvaguardas, o Conselho do BCE poderá tomar “medidas discricionárias por razões de prudência”. O financiamento será concedido à taxa da facilidade marginal de cedência do BCE, com maturidade overnight e possibilidade de renovação diária. Mantêm-se igualmente os requisitos de colateralização já previstos na TARGET Guideline.

A decisão agora anunciada resulta de uma revisão aprofundada do mecanismo, conduzida pelos bancos centrais do Eurosistema ao longo dos últimos anos, revela a entidade liderada por Lagarde em comunicado.

As alterações entrarão em vigor através da alteração da TARGET Guideline e da adoção de novos atos jurídicos, dedicados às salvaguardas e respetivas avaliações. “A data de aplicação de todos os atos jurídicos relacionados está prevista para o quarto trimestre de 2025. Uma vez formalmente adotados, os atos jurídicos relevantes serão publicados”, refere o BCE.

Com esta medida, o BCE procura reforçar a resiliência do sistema financeiro da área do euro, assegurando que as infraestruturas críticas dispõem de mecanismos de apoio eficazes em cenários de crise, sem comprometer as exigências de prudência e solidez.

Fica agora a faltar a publicação formal dos novos atos jurídicos e o detalhe das avaliações que irão sustentar as novas salvaguardas. O BCE sublinha que esta facilidade continua a ser um instrumento extraordinário, reservado a situações de crise e sujeito a rigorosos critérios de acesso, numa altura em que a estabilidade financeira se mantém no topo das prioridades da política monetária europeia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo prepara leilão para ter centrais elétricas e armazenamento a ‘emprestarem’ mais resiliência

A ministra do Ambiente quer que, em paralelo com Espanha, o país reúna em concurso centrais elétricas e armazenamento para servirem de 'seguro' em caso de desequilíbrios no sistema elétrico.

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, indica que o Governo está a preparar, em conjunto com Espanha, um leilão para aumentar a capacidade de garantia de potência e armazenamento. A ideia é selecionar as centrais elétricas e sistemas de armazenamento que estejam dispostos a serem chamados a equilibrar o sistema se necessário, em troca de um pagamento fixo.

Ao concurso poderão concorrer baterias e centrais térmicas a gás natural ou hídricas, sendo que estas últimas também podem ter sistemas de armazenamento, designados ‘bombagem’. “Haverá uma seleção técnica daquelas que são mais úteis, eficientes e que oferecem um preço mais razoável para aumentarmos a resiliência” do sistema elétrico, avança a ministra, em declarações ao ECO/Capital Verde.

Questionada sobre se isto significa que a Península Ibérica está aberta à construção de novas centrais a gás, a ministra rejeita, afirmando que o objetivo é receber candidaturas por parte das centrais já existentes.

Este procedimento estava a ser estudado já antes do apagão de segunda-feira, no âmbito de um grupo de trabalho ibérico, do qual fazem parte os secretários de Estado da Energia de Portugal e Espanha e os respetivos diretores gerais da Energia. “Estamos integrados o mercado ibérico mas não podemos deixar de acompanhar Espanha neste sistema”, afirma a ministra.

No entanto, Espanha está mais adiantada nos trabalhos, que deste lado da fronteira foram afetados pela queda do Governo, indica Maria da Graça Carvalho. O país vizinho já avançou com uma consulta pública.

De momento, em Portugal, a central da Tapada do Outeiro é um exemplo de uma unidade com garantia de potência. Maria da Graça Carvalho indica que no conjunto de serviços oferecidos por esta central, que incluem garantia de potência e o sistema blackstart (que permite reiniciar o sistema elétrico quando falha), a Tapada do Outeiro recebe 1,7 milhões de euros mensais.

Ligação a França é prioridade, mas também há interesse de Marrocos

Já várias vezes fomos contactados por Marrocos nesse sentido [de criar uma interligação]“, assume a ministra da tutela, ressalvando que o custo benefício ainda não está estudado, e que a interligação com este país africano seria “dispendiosa”. Contudo, “é uma questão a considerar”, afere.

“Mais racional é a ligação da Península Ibérica com França, pelo que vamos continuar a pressão conjunta”, garante ainda a ministra, assumindo que uma interligação com França poderia ter permitido uma recuperação mais rápida do apagão. Maria da Graça Carvalho espera que este “episódio grave” permita avançar nas negociações, que se arrastam há anos.

REN tem funcionado “como se fosse pública”

Não vejo grande diferença de ter uma REN pública ou privada na resolução destes problemas [do apagão]. Neste caso funcionou bem. Nesta crise, foram essenciais“, balança a ministra, elogiando o “profissionalismo” e “cooperação” da parte da empresa. Ainda assim, entende que uma infraestrutura crítica como são as redes elétricas “do ponto de vista teórico, deva ser pública”, por questões de soberania, e para prevenir casos de eventos como conflitos internacionais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Primeiro-ministro assinala 25 de Abril e 1.º de maio com jardins de São Bento abertos

  • Lusa
  • 30 Abril 2025

Os bilhetes, gratuitos, podem ser levantados presencialmente na Residência Oficial no dia 30 de abril, entre as 13:00 e as 20:00. Cada pessoa poderá levantar até quatro bilhetes.

O primeiro-ministro assinala na quinta-feira o 25 de Abril e o 1.º de Maio com os jardins abertos da sua residência oficial e animação cultural, numa iniciativa intitulada “São Bento em Família”.

O programa cultural inclui um mini concerto de Tony Carreira, além de atuações de um grupo de Pauliteiros de Miranda e outro de Cante Alentejano, e, por razões de segurança, a lotação do espaço está limitada a 2.000 pessoas, pelo que os visitantes devem levantar hoje os bilhetes gratuitos na residência oficial em São Bento (Lisboa).

“Este ano, por respeito ao luto nacional pela morte do Papa Francisco, vamos evocar conjuntamente o 25 de Abril e o 1.º de Maio”, refere Luís Montenegro, num vídeo publicado nas redes sociais. O primeiro-ministro convida os portugueses a juntarem-se nesta celebração conjunta destas duas datas, que classifica como “marcos da liberdade”, das políticas de justiça social e da “garantia de igualdade de oportunidades”.

Vamos evocar estas duas datas e conviver, junte-se a nós”, apela. De acordo com informação disponível nas redes do Governo, as portas abrem às 9:00 e, a partir das 11:00, haverá “atuações representativas da cultura tradicional portuguesa”: primeiro, os Pauliteiros de Miranda – Grupo Frauga-Picote; depois, o Grupo de Cante Os Lagoias de Portalegre.

“Às 12:00, sobe ao palco o artista Tony Carreira. As celebrações encerram às 13:00”, refere o Governo. A lotação dos jardins de São Bento está limitada a cerca de 2.000 pessoas, “de acordo com a avaliação técnica das autoridades competentes, garantindo todas as condições de segurança e bem-estar”.

“Os bilhetes, gratuitos, poderão ser levantados presencialmente na Residência Oficial do primeiro-ministro no dia 30 de abril (hoje), entre as 13:00 e as 20:00. Cada pessoa poderá levantar até quatro bilhetes. Crianças até aos dois anos (inclusive) não necessitam de bilhete”, informa ainda o executivo. Na semana passada, o adiamento das celebrações festivas do 25 de Abril por parte do Governo gerou críticas da oposição à esquerda.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

1.º Maio. Sindicatos convocam greve nos setores da distribuição, hotelaria e turismo

  • Lusa
  • 30 Abril 2025

O Sitese anuncia para o Dia do Trabalhador uma greve “à prestação de trabalho para os trabalhadores dos setores do comércio, escritórios e serviços, nomeadamente nas empresas filiadas na APED".

A Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor dos Serviços (Sitese) convocaram uma greve para quinta-feira nos setores da distribuição, hotelaria e turismo.

Em comunicado, o Sitese anuncia para o 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, uma greve “à prestação de trabalho para os trabalhadores dos setores do comércio, escritórios e serviços, nomeadamente nas empresas filiadas na APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, com início às 00:00 horas e termo às 24:00 horas”.

Na origem do protesto está a defesa do “trabalho digno” e a luta “contra a precariedade, pelo aumento dos salários, pela defesa dos direitos dos trabalhadores e pelo respeito e exigência do cumprimento integral da negociação coletiva”.

Já o pré-aviso de greve emitido pela Fesaht abrange todos os trabalhadores da indústria de agricultura, alimentação, bebidas, tabacos, silvicultura, florestas, hiper e supermercados, empresas de prestação de serviços de limpeza e similares, hotelaria, turismo, restaurantes, cafés e pastelaria e similares, embarcações turísticas, parques de campismo públicos e privados, estabelecimentos de turismo em espaço rural, estabelecimentos de animação turística, spas, casinos, salas de jogo, bingos, clubes de futebol, cantinas e refeitórios e bares concessionados.

Estende-se ainda aos trabalhadores de áreas de serviços de autoestradas, itinerários principais e serviços de restauração em meios de transportes ferroviários, fábricas de refeição e panificação, pastelaria e confeitaria, abastecedores de aeronaves, catering e hospitalização privada, ensino particular e cooperativo, IPSSs, misericórdias, fundação INATEL, Movijovem, SUCH, Turismo de Portugal, lares com e sem fins lucrativos, empresas prestadoras de serviços e outros estabelecimentos similares.

O objetivo é permitir a presença nas manifestações promovidas pela CGTP-IN para assinalar o Dia do Trabalhador e reclamar um aumento geral dos salários e das pensões, a fixação de preços máximos nos bens essenciais, a taxação dos lucros das empresas, a defesa dos direitos dos trabalhadores, o direito à habitação e contra o aumento do custo de vida e da exploração.

Nos termos do pré-aviso de greve emitido pela Fesaht, são exigidos “aumentos salariais de 15%, num mínimo de 150 euros por trabalhador”, o aumento extraordinário do Salário Mínimo Nacional para os 1.000 euros, “com efeitos imediatos”, o trabalho ao fim de semana com acréscimo de 50% e o trabalho prestado em regime de horário repartido e de turnos com acréscimo de 25%.

Ainda reclamada é a atribuição de dois dias de descanso semanal consecutivos para todos os trabalhadores, o aumento extraordinário de todas as pensões e reformas “que reponha o poder de compra e assegure a sua valorização”, o aumento das prestações de apoio social, a revogação das “normas gravosas da legislação laboral” e “a aplicação de um imposto que incida sobre os lucros colossais das grandes empresas”.

Os sindicatos filiados na Fesaht exigem também a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, sem perda de retribuição, a rejeição da adaptabilidade, banco de horas e horários concentrados, o fim da precariedade, “com a passagem imediata aos quadros de efetivos de todos os trabalhadores com vínculo precário que ocupam postos de trabalho permanentes”, 25 dias úteis de férias sem penalizações, o desbloqueamento da contratação coletiva e serviços públicos gratuitos e de qualidade.

O pré-aviso emitido para o dia 1 de maio pela federação sindical abrange “os períodos antecedentes e subsequentes ao período normal de trabalho a que se refere o período principal da greve sempre que o início e fim da prestação de trabalho não coincida com o referido período”.

Durante a greve são assegurados os serviços mínimos estabelecidos nos contratos coletivos de trabalho e os serviços mínimos de refeições, designadamente as geriátricas aos doentes acamados e os serviços mínimos nas lavandarias, designadamente lavagem de roupas para serviços de urgência.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Em dia de debate, Montenegro revela mais oito novos clientes da Spinumviva

Na nova declaração submetida no portal da transparência dos titulares de cargos políticos, Luís Montenegro acrescentou oito novas empresas para as quais trabalhou.

Luís Montenegro entregou uma declaração de substituição no Portal da Transparência em que refere mais oito empresas como clientes da Spinumviva, a empresa familiar.

Segundo avança o Expresso, a informação foi atualizada já quase à meia-noite de segunda-feira e incluiu, além dos cinco clientes da empresa familiar Spinumviva já conhecidos na área da proteção de dados e da empresa de distribuição de combustíveis de Braga, para quem trabalhou na reestruturação do grupo, mais sete novas empresas para as quais prestou serviços.

A notícia surge a poucas horas do debate com nas televisões com Pedro Nuno Santos. A ITAU, a Sogenave, os Portugalenses Transportes, a Beetsteel, a INETUM Portugal e Grupel SA. são algumas das novas empresas que constam da lista da empresa familiar que, agora, está em nome de um dos filhos de Montenegro.

Na nova declaração, o líder do Executivo identificou não só os cargos que já eram conhecidos na primeira declaração, como o facto de ter sido presidente da Assembleia Geral da Rádio Popular – SA, presidente da Assembleia Geral do Grupo Ferpinta, SA e sócio-advogado da SPM, Sousa Pinheiro & Montenegro, como acrescentou no campo “outras situações” – um campo de informação mais genérica – e não no campo “serviços prestados”, outras empresas já conhecidas como tendo feito parte do grupo de clientes permanentes da Spinumviva.

É o caso da empresa Lopes Barata, o Colégio Luso-Internacional do Porto (CLIP), a Solverde e a Cofina (para quem fez um trabalho de proteção de dados e que já tinha revelado no Parlamento).

Outras novidades nesta declaração estão duas empresas do Grupo Joaquim Barros Rodrigues e Filhos, a distribuidora de combustíveis de Braga que foi o principal cliente, em termos de faturação, da empresa que Luís Montenegro. Identificou ainda duas empresas do grupo que gerem áreas de serviço: a Rodáreas (Felgueiras- Lousada) e a Rodáreas (Viseu). Para estas empresas diz ter feito serviço de consultoria de reestruturação de empresa e planeamento estratégico.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Estado com excedente de 1.592 milhões de euros até março. Receita fiscal sobe 12,5%

Melhoria do saldo em 1.715,8 milhões de euros resultou sobretudo de um crescimento da receita (9,6%) superior ao da despesa (2,9%).

O Estado registou um excedente orçamental de 1.592,3 milhões de euros até março, em contabilidade pública, contrariando o défice registado em igual período do ano passado. A melhoria do saldo em 1.715,8 milhões de euros resultou sobretudo de um crescimento da receita (9,6%) superior ao da despesa (2,9%), de acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), que revelam contudo um recuo face aos 2.098,1 milhões de euros até fevereiro.

Na evolução face ao período homólogo destaca-se a evolução do saldo da Administração Central, que cresceu 1.184,4 milhões de euros, seguido do da Segurança Social, que aumentou 412,3 milhões de euros, enquanto o saldo da Administração Regional e Local, no seu conjunto, cresceu 1.19,1 milhões de euros.

Os dados divulgados esta quarta-feira pela DGO são na ótica de compromissos, distinta do saldo em contabilidade nacional, apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e utilizado nas comparações internacionais.

A ajudar as contas públicas esteve o crescimento de 12,5% da receita fiscal, para 1.3562,6 milhões de euros. Nos impostos diretos registou-se um crescimento homólogo de 6,1%, resultado do aumento de 4,8% com o IRS, para 4.620,6 milhões de euros, e de 22,7% com o IRC, para 405 milhões de euros.

Nos impostos indiretos, o crescimento da receita foi ainda superior: 16,6%, representando 81% do aumento da receita fiscal. Para isto contribuiu principalmente o IVA, que rendeu 6.316,8 milhões de euros aos cofres do Estado, mais 18,2% do que em igual período do ano passado, “motivado em grande parte pela diminuição significativa dos reembolsos”.

Ademais, a receita com o ISP subiu 13,6%, para 907,8 milhões de euros. Assinala-se ainda para o aumento de 42,8% da receita arrecadada com o imposto sobre o tabaco, para 343,8 milhões de euros.

Fonte: DGO

Ademais, a receita contributiva cresceu 8,2%, fundamentalmente devido à evolução das contribuições para a Segurança Social (9%), e a não fiscal e não contributiva 5,9%. Do lado da despesa, a consolidada cresceu 2,9%, enquanto a primária 3,7%.

Despesa com pessoal cresce 9%

As despesas com pessoal cresceram 9%, face ao ano anterior, “impulsionadas de forma generalizada pela atualização salarial dos trabalhadores em funções públicas, pela valorização de diferentes carreiras, que tenderá a reduzir-se, dado que algumas dessas valorizações iniciaram os seus efeitos ainda em 2024, pela atualização da remuneração mínima mensal garantida e pela implementação faseada, no período homólogo, da medida especial de aceleração do desenvolvimento das carreiras“.

A contribuir para o aumento da despesa com pessoal esteve ainda o SNS, a Segurança Interna, dada a atualização do
montante da componente fixa do suplemento por serviço e risco nas forças de segurança, a Educação, devido ao processo faseado de recuperação integral do tempo de serviço docente e, a Defesa, com a revisão dos suplementos de condição militar, residência e serviço aéreo e criação de suplementos associados à deteção e anulação de engenho.

O crescimento homólogo da despesa com a aquisição de bens e serviços situou-se em 3,4%, enquanto a despesa com transferências caiu 0,1%, influenciada pelo efeito de base, no período homólogo, da transferência relativa “à compensação pela disrupção dos mercados e subida dos preços dos produtos energéticos, efetuada pelo Fundo Ambiental e pelo pagamento do acordo de transação extrajudicial, no âmbito do processo do Aproveitamento Hidroelétrico do Fridão”.

Expurgando estes dois efeitos, subiu 6,6%, particularmente influenciado pela despesa com pensões. Destaca-se ainda a despesa de investimento, excluindo os encargos com as parcerias público-privadas (PPP), que aumentou 19,1%, devido sobretudo a investimentos relativos à habitação e a outras construções e infraestruturas.

SNS passa de excedente a défice

O SNS registou um défice de 199,6 milhões de euros até março, representando uma deterioração de 212 milhões de euros face ao período homólogo, resultado do crescimento da despesa em 11,4% superior ao crescimento da receita de 5,2%.

A despesa apresenta um crescimento de 11,4%, influenciada pelo acréscimo das despesas com pessoal (13,5%) e dos fornecimentos e serviços externos (9%), enquanto o crescimento de 5,2% da receita resultou, essencialmente, do aumento das transferências do Orçamento do Estado (5,1%).

(Notícia atualizada às 15h56)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Câmara de Lisboa decide prorrogar suspensão de novos registos de alojamento local

  • Lusa
  • 30 Abril 2025

A Câmara de Lisboa decidiu sob proposta do PS, prorrogar a suspensão de novas licenças de alojamento local na cidade, por seis meses.

A Câmara de Lisboa decidiu, nesta quarta-feira, prorrogar a suspensão de novas licenças de alojamento local na cidade, por seis meses, enquanto o município apresentar um rácio entre habitação permanente e aqueles estabelecimentos “igual ou superior a 5%”.

Em reunião privada do executivo municipal, a proposta, apresentada pelo PS, foi aprovada por maioria, com a abstenção da liderança PSD/CDS-PP (que governa sem maioria absoluta), que também apresentou uma iniciativa com o mesmo propósito, mas que acabou por ser descartada pela oposição, informou à Lusa fonte da câmara.

Votaram a favor da proposta do PS, além dos proponentes, os vereadores de PCP, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), passando o processo agora para a Assembleia Municipal.

“Tendo a nossa proposta sido preterida, abstivemo-nos na proposta do PS porque cumpre o mesmo objetivo: suspensão, por mais seis meses, para se concluir a alteração do regulamento”, adiantou a liderança PSD/CDS-PP, em resposta à Lusa, ressalvando que a fundamentação das duas iniciativas é diferente.

A prorrogação da “suspensão imediata” da autorização de novos registos de estabelecimentos de alojamento local (AL), “por um novo prazo de seis meses”, surge na sequência da proposta aprovada em 30 de outubro de 2024, por unanimidade, também sob iniciativa do PS.

Essa suspensão “até à entrada em vigor da alteração ao Regulamento Municipal do Alojamento Local” pretende anular os efeitos do novo regime jurídico do AL decidido pelo Governo de PSD/CDS-PP, indicou a vereação do PS, em comunicado.

“Em Lisboa, a entrada em vigor da nova legislação teria consequências dramáticas, como uma corrida às licenças e subsequente perda de casas no mercado de arrendamento tradicional”, expuseram os socialistas.

Com o prolongamento da suspensão de novas licenças, “Lisboa salvaguarda o levantamento da proibição de novos AL em 20 das suas 24 freguesias, até que entre em vigor o novo Regulamento Municipal do AL”, realçou o PS.

Uma das condições para a aplicação da medida é que o município, no seu todo, apresente um rácio “igual ou superior a 5%”, o que se verifica atualmente, com o concelho a registar um rácio de 7,2%.

Além disso, aplica-se nas freguesias onde se verifique um rácio entre o número de estabelecimentos de AL e o número de fogos habitacionais existentes “igual ou superior a 2,5%”.

A proposta de PSD/CDS-PP sugeria os mesmos critérios na aplicação da suspensão de novas licenças, mas a oposição levantou questões de “segurança jurídica”, tendo aprovado, em alternativa, a do PS.

Em comunicado, o PS destacou a “cambalhota política” do presidente da câmara, Carlos Moedas, lembrando que em outubro de 2024 votou, pela primeira vez, a favor de uma medida para conter o AL, e hoje optou, também, por viabilizar a medida, mas antes, ao longo do seu mandato, foi “sempre consistentemente a favor da liberalização do AL, tendo votado contra a suspensão de novas licenças em 11 freguesias da cidade em 2021”.

Os socialistas referem ainda que Carlos Moedas esteve ao lado dos empresários do AL em manifestações, “fazendo até pressão política junto do Governo para a revogação da legislação mais restritiva do Governo PS”.

Está em curso a alteração do Regulamento Municipal do Alojamento Local, tendo sido já concluído o período de consulta pública, que decorreu entre 5 de março e 15 de abril deste ano, e na qual “foram recebidos 71 contributos escritos”, além das sugestões acolhidas em três sessões públicas.

“Os contributos recebidos estão a ser analisados e ponderados, sendo a proposta de regulamento submetida a reunião de câmara, para aprovação, assim que essa análise e ponderação estejam concluídas”, indicou à Lusa fonte da liderança PSD/CDS-PP, sem adiantar mais informação.

Atualmente, o executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) – que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria absoluta -, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Economia dos EUA contrai pela primeira vez em três anos

A contração da economia dos EUA foi causada por um aumento das importações e uma diminuição das despesas públicas. Nos mercados, a queda do PIB está a provocar uma contração de 2% de Wall Street.

Num arranque de ano que está longe de ser auspicioso para a maior economia do mundo, os EUA registaram uma contração de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, segundo a estimativa avançada esta quarta-feira pelo Bureau of Economic Analysis (BEA) do Departamento do Comércio, justamente no 100.º dia em que Donald Trump está na presidência dos EUA.

“O PIB real diminuiu a uma taxa anual de 0,3% no primeiro trimestre de 2025, após um aumento de 2,4% no quarto trimestre de 2024”, revela o BEA em comunicado, sinalizando uma inversão do ritmo económico norte-americano. Foi a primeira contração trimestral do PIB dos EUA em três anos.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A travagem brusca da economia norte-americana foi particularmente causada por uma vaga de importações sem precedentes, à boleia da antecipação das tarifas impostas pela administração de Donald Trump. Os dados do Departamento do Comércio revelam, por exemplo, que a balança comercial de mercadorias aumenta para um valor recorde de 162 mil milhões de dólares.

Nos mercados, a contração da maior economia do mundo está a ser sentida com uma desvalorização dos principais índices acionistas em Wall Street, com o S&P 500 a cair atualmente 2%, enquanto o Dow Jones e o tecnológico Nasdaq perdem 1,5% e 2,6%, respetivamente.

“Em comparação com o quarto trimestre, o abrandamento do PIB real no primeiro trimestre refletiu um aumento das importações, uma desaceleração das despesas de consumo e um abrandamento das despesas públicas, que foram parcialmente compensados por aumentos do investimento e das exportações”, referem os analistas do BEA em comunicado.

Na sua rede social Truth Social, Donald Trump acusou o seu antecessor pelos resultados apresentados esta quarta-feira, e defendeu a sua política comercial marcada por um aumento cego das tarifas comerciais.

“Este é o mercado de ações do [ex-presidente Joe] Biden, não de Trump. Eu não assumi o controle até 20 de janeiro “, escreveu Trump num post da sua conta no Truth Social. “Isto vai demorar algum tempo, não tem nada a ver com tarifas, apenas que ele [Biden] nos deixou com números maus, mas quando o boom começar, será como nenhum outro. Tenham paciência!!!” escreveu Trump.

A incerteza gerada pelas políticas comerciais da Administração de Trump está a impactar também a confiança dos consumidores e das empresas, com os níveis de confiança dos consumidores a cair para mínimos de cinco anos, enquanto o otimismo entre os empresários também recuou significativamente.

O efeito das tarifas não se limita ao comércio. A inflação também acelerou, com o índice de despesas de consumo pessoal (PCE) a registar uma taxa homóloga de 3,6% no primeiro trimestre, que compara com uma taxa de 2,2% no quarto trimestre de 2024. “Excluindo os preços dos produtos alimentares e da energia, o índice de preços PCE aumentou 3,5% [no primeiro trimestre], em comparação com um aumento de 2,6%” no trimestre anterior, lê-se no comunicado do Departamento do Comércio.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Samsung abre restaurante pop-up onde a IA define o menu. “Queremos reforçar a liderança no campeonato da IA aplicada a dispositivos móveis”

Com este projeto desenvolvido em parceria com a agência Nervo, a Samsung quer "demonstrar de forma prática e direta" o potencial do sistema de IA dos seus dispositivos até nas "rotinas mais simples".

A Samsung abriu o primeiro espaço gastronómico em Portugal onde o chef é a Galaxy AI, sistema de inteligência artificial (IA) dos seus dispositivos Galaxy. No “Sem Igual”, um restaurante pop-up, o utilizador escolhe três ingredientes e é a IA que gera uma receita única e personalizada, criada no momento e diferente para cada um dos clientes. O principal objetivo passa por “demonstrar de forma prática e direta o potencial da Galaxy AI” e a forma como esta pode ser “integrada de maneira natural nas rotinas mais simples”, explica Ana Oliveira, head of marketing and retail da divisão de mobile da Samsung Portugal.

Queremos reforçar a liderança da Samsung no campeonato da inteligência artificial aplicada a dispositivos móveis, numa altura em que o Galaxy S25 estabelece um novo padrão na interação entre pessoas e tecnologia, através de capacidades como a interpretação multimodal de texto, imagem e voz, que combinados resultam num verdadeiro ‘assistente pessoal’ na palma da mão”, diz a responsável ao +M. A iniciativa surge como parte da estratégia de reforço da comunicação do Galaxy S25, modelo lançado no início deste ano.

Este restaurante pop-up nasce assim da necessidade da marca de “materializar até onde vai o poder e a utilidade” da sua Galaxy AI “em tarefas tangíveis como a definição de menus de refeição com os ingredientes que temos na nossa dispensa”. “A inteligência artificial já não é algo complexo e distante, mas sim uma tecnologia que pode inspirar e tornar mais criativo alguns dos processos das nossas rotinas“, acrescenta Ana Oliveira.

Ana Oliveira, head of marketing and retail da divisão de mobile da Samsung Portugal.

O conceito deste projeto “combina gastronomia, tecnologia e experimentação, desafiando o público a confiar numa nova forma de criatividade — onde o toque humano e o toque digital trabalham em conjunto para servir uma necessidade. É uma metáfora para o futuro que queremos construir e temos vindo a desenvolver: tecnologia ao serviço da vida quotidiana de forma útil, intuitiva e enriquecedora“, diz ainda.

A experiência neste restaurante “fora da caixa” vai estar ao alcance dos consumidores entre os dias 9 e 10 de maio, em Lisboa, e 16 e 17 de maio, no Porto, onde os mesmos vão poder recorrer a um Samsung Galaxy S25 (disponibilizado no local) para escolher três ingredientes entre mais de 20. Caberá depois à Galaxy AI criar uma receita exclusiva, em tempo real, que será executada por uma equipa liderada pelo chef João Dourado. Os lugares são limitados e requerem marcação prévia, que pode ser feita aqui.

O “Sem Igual” pretende ainda funcionar como uma “plataforma de experienciação direta” com a marca, permitindo à Samsung “estreitar” a sua ligação com os consumidores, “apresentando a inovação de forma tangível e estimulando a conversa sobre o futuro da IA como uma extensão positiva e facilitadora”, observa a head of marketing and retail da divisão de mobile da Samsung Portugal.

A ação foi desenhada para “gerar visibilidade de forma orgânica“, apostando também nas redes sociais e na dinamização de conteúdos gerados pelos próprios participantes e influenciadores que já fazem parte da estratégia da marca.

O conceito e a mecânica do projeto foram desenvolvidos em parceria com a Nervo, agência responsável pela criatividade da experiência e pela construção do storytelling subjacente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O Custo Estratégico da Perda de Memória Organizacional

  • Conteúdo Patrocinado
  • 30 Abril 2025

Com a rotatividade a aumentar e o trabalho híbrido a alterar a forma como operamos, muitas organizações enfrentam um risco ignorado: o desgaste silencioso da memória organizacional.

Na corrida pela agilidade, transformação e novos modelos de talento, muitas organizações estão a perder algo fundamental: a sua memória organizacional.

A memória organizacional não se resume a manuais ou documentos de processos. Trata-se do conhecimento partilhado, do contexto histórico e do saber-fazer tácito que permite à organização operar com continuidade, aprender com a experiência e tomar melhores decisões. Quando essa memória se dissipa — por via de saídas de colaboradores, reformas, reestruturações ou ausência de práticas de partilha de conhecimento — instala-se uma espécie de amnésia organizacional.

Este risco está a crescer. Segundo a Gartner, apenas 29% dos líderes de Recursos Humanos acreditam que as suas organizações são eficazes na transferência de conhecimento durante as transições de colaboradores. Em paralelo, dados do World Economic Forum indicam que as carreiras estão a tornar-se mais curtas, com os profissionais — especialmente os mais jovens — que tendencialmente mudam de função a cada dois ou três anos. Quando um talento experiente sai, o que fica para trás?

Setores com ciclos longos e dependência de conhecimento especializado — como energia, infraestruturas ou serviços financeiros — estão particularmente expostos. A saída de um líder de projeto pode levar consigo não apenas o conhecimento técnico, mas também o que está por detrás de decisões críticas, dinâmicas informais com stakeholders-chave ou aprendizagens de projetos anteriores. Esse conhecimento raramente está documentado — e menos ainda é transmitido.

Mesmo em setores dinâmicos como a tecnologia ou o retalho, a memória organizacional traz valor estratégico. Sustenta a tomada de decisão, permite a transmissão da cultura e assegura a continuidade em momentos de mudança. Quando essa memória se perde, o custo é frequentemente invisível — mas real: esforços duplicados, erros evitáveis, perda de confiança e maior tempo de integração para novos colaboradores.

A Harvard Business Review tem sublinhado o papel da narrativa e das redes informais na aprendizagem organizacional. Contudo, com a generalização do trabalho híbrido e remoto, esses canais informais — conversas espontâneas, observação entre pares, mentoria natural — estão a desaparecer. A perda dessa aprendizagem espontânea é um dos efeitos mais subestimados do trabalho remoto.

Renata Bobião, Senior Consultant EY, People Consulting

Perante este cenário, os líderes de Recursos Humanos estão a adotar abordagens mais deliberadas, tais como:

  1. Integrar a Retenção de Conhecimento na Estratégia de Talento
    A transferência estruturada de conhecimento — no onboarding, offboarding ou mobilidade interna — deve ser tratada como parte essencial do planeamento de talento. Entrevistas estruturadas, bibliotecas de casos internos e sessões de partilha são ferramentas eficazes.
  2. Criar Arquivos Vivos, Não Apenas Arquivos Estáticos
    As plataformas de gestão de conhecimento devem permitir contribuições colaborativas e pesquisa intuitiva – organizações líderes estão a investir em “ecossistemas de conhecimento” dinâmicos.
  3. Valorizar os Perfis Experientes como “Embaixadores” da Memória Organizacional
    Os colaboradores mais experientes devem ser reconhecidos não só pelo seu desempenho atual, mas também pela capacidade de transmitir conhecimento. Programas de mentoria, shadowing e formatos de storytelling são estratégias eficazes.
  4. Projetar a Mudança com Continuidade em Mente
    Os programas de transformação tendem a focar-se na disrupção — mas a continuidade é igualmente essencial. Incorporar contexto histórico nas iniciativas ajuda a evitar erros passados e a manter o alinhamento cultural.
  5. Promover uma Cultura de Reflexão e Partilha
    A prática regular de debriefings, momentos de reflexão e partilha de experiências constrói memória organizacional ao longo do tempo. O reconhecimento e o espaço para aprender com a experiência são cruciais.

O World Bank, nos seus estudos de setor, afirma que “a perda de conhecimento organizacional diminui a capacidade de uma organização gerar resultados”. No setor privado, o princípio é o mesmo. O talento pode sair — mas o conhecimento não deve ir com ele.

Cabe aos líderes de RH e às lideranças das organizações elevar a memória organizacional de uma preocupação operacional para um ativo estratégico. Isto porque, num ambiente marcado pela mudança constante, lembrar o passado pode ser tão importante quanto definir o futuro.

Renata Bobião, Senior Consultant EY, People Consulting

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Stellantis suspende previsões para 2025 devido às tarifas de Trump. Receitas caíram 14% no primeiro trimestre

  • Lusa
  • 30 Abril 2025

Grupo automóvel atribui redução das receitas "a um menor volume, a uma combinação regional adversa e à normalização dos preços".

O grupo automóvel Stellantis anunciou esta quarta-feira que teve receitas de 35,8 mil milhões de euros no primeiro trimestre, representando uma quebra de 14% em termos homólogos, tendo ainda suspendido as previsões devido às tarifas norte-americanas.

Em comunicado, o grupo, que integra marcas como Citroen, Peugeot ou Fiat, atribuiu esta redução “a um menor volume, a uma combinação regional adversa e à normalização dos preços”.

Já o número de veículos entregues caiu 9%, para 1,335 milhões, que a Stellantis justificou “maioritariamente devido à baixa produção na América do Norte, resultante de um período alargado de feriados”, assim como da redução de alguns produtos, como veículos comerciais ligeiros na Europa.

O grupo soma ainda 1,21 milhões de veículos em inventário — entre fabricante e concessionários — no final de março deste ano, “em linha com 31 de dezembro de 2024”.

Para recuperar o desempenho comercial, a Stellantis lançou três novos veículos nos primeiros meses do ano.

No documento, a Stellantis disse ainda que vão suspender as suas previsões para 2025 “devido a incertezas relacionadas com as tarifas” comerciais aplicadas pelos Estados Unidos da América sobre as importações automóveis.

“Apesar de os resultados principais do primeiro trimestre estarem abaixo dos níveis de outros anos, outros indicadores-chave refletem um progresso inicial nos nossos esforços de recuperação comercial”, referiu o diretor financeiro da Stellantis, Doug Ostermann, no comunicado.

A Stellantis, que agrupa 14 marcas na Europa e na América, como Fiat, Citroen, Peugeot, Opel, Chrysler e Jeep, obteve lucros de 5.520 milhões de euros em 2024, que comparam com 18.625 milhões de euros no ano anterior.

Os Estados Unidos impuseram direitos aduaneiros de 10% a todos os produtos que entram no país. Antes disso, o Presidente, Donald Trump, já tinha aplicado taxas de 25% sobre o aço, o alumínio e os automóveis.

Na terça-feira, Trump assinou uma ordem executiva com o objetivo de impedir que os fabricantes de automóveis que produzem nos Estados Unidos tenham de pagar tarifas múltiplas sobre veículos e peças importadas. Os fabricantes ficarão, assim, isentos do pagamento de outros impostos aduaneiros, como os que incidem sobre o aço ou o alumínio.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Há mais de 53% de candidaturas de agricultores por submeter ao Pedido Único de 2025

Novos prazos permitem a entrega do Pedido Único até 26 de maio sem penalização. É possível a apresentação tardia, durante mais cinco dias (1 de junho) com penalização de 1% por dia útil.

Há mais de 53% de candidaturas por submeter ao Pedido Único de 2025, tendo em conta o número de candidaturas de 2024, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) que pede, por isso, uma prorrogação do prazo até ao dia 6 de junho.

O prazo para a submissão de candidaturas terminava a 15 de maio, mas o IFAP revela que o prazo já foi prorrogado até 26 de maio. Ainda assim, a CNA, num comunicado enviado às redações, pede a extensão até 6 de junho porque estão “mais de 53% de candidaturas por submeter. Tendo em conta o número de candidaturas de 2024, são 93.054 agricultores que ainda não conseguiram submeter o seu Pedido Único”, revela.

Segundo a confederação, são várias as razões são pelas quais se verifica este atraso: instabilidade na aplicação de submissão das candidaturas criou estrangulamentos; indefinição das regras das ajudas, o que que “gera desconfiança nos agricultores que, assim, vão adiando a deslocação à sua organização para formalizar o PU”, “complexidade de todo o sistema de ajudas, introduzida no Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), aumentou de forma significativa (mais do que triplicou) o tempo necessário para concluir o processo de candidatura”, mas também as “condições climatéricas adversas que se registaram condicionaram as opções de sementeira para os agricultores”.

A estes constrangimentos acrescem, segundo a CNA, “graves problemas ao nível do controlo das ajudas de 2024”. A confederação diz que os agricultores reportam que “ainda existem controlos a serem marcados, quando toda essa informação já devia estar carregada no sistema pelo menos antes do início da campanha”, que arrancou a 17 de fevereiro. “Este constrangimento implica que muitos agricultores tenham de repetir a sua candidatura”, explica a CNA.

Neste contexto, a confederação agrícola enviou um ofício ao Ministério da Agricultura propondo a prorrogação do prazo até 6 de junho, sem penalização, seguido de mais um período para submissão de Pedido Único com penalização. Caso contrário, alerta a CNA, “seria necessário submeter 7.754 candidaturas por cada dia útil, o que é impossível de concretizar”.

Os novos prazos em vigor permitem a entrega do Pedido Único até 26 de maio sem penalização, sendo possível a apresentação tardia, durante mais cinco dias (1 de junho) com penalização de 1% por dia útil.

O Pedido Único é um pedido de pagamento direto das ajudas que fazem parte dos regimes sujeitos ao SIGC – Sistema Integrado de Gestão e Controlo. Este pedido abrange os pagamentos diretos, os apoios associados, ecorregimes, desenvolvimento rural, pagamentos da rede natura, a manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas e as medidas florestais.

Os beneficiários podem apresentar o Pedido Único na área reservada do portal do IFAP, mas o instituto recomenda que, previamente, cada agricultor verifique se a sua informação de beneficiário (IB) e da sua exploração, nomeadamente as suas parcelas (SIP) e os seus animais (SNIRA), se aplicável, está atualizada nas bases de dados do IFAP.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.