De Braga a Sintra, a greve geral ‘dividiu’ um país a meio gás

A paralisação convocada pela CGTP e UGT encerrou muitos estabelecimentos públicos, mas os serviços mínimos foram cumpridos nos transportes e até houve escolas e hospitais a funcionar.

O dia 11 de dezembro de 2025 vai ficar para a história pela greve geral convocada pelas duas centrais sindicais (CGTP e UGT), a primeira desde 27 de junho de 2013. Todos esperavam por uma paralisação do país, mas os tempos são outros. Há 12 anos, Portugal estava mergulhado numa grave crise financeira e sob o resgate da troika. Uma realidade bem diferente da atual, com saldos orçamentais positivos, excedentes e a dívida pública a cair.

A paralisação desta quinta-feira contra o pacote laboral uniu as duas centrais sindicais, mas o país pareceu dividido. Estava a funcionar a meio gás, com serviços mínimos nos transportes, impactos nos hospitais, mas também algumas escolas abertas. Apenas o metro de Lisboa esteve completamente encerrado. É certo que muitos comboios, autocarros e voos foram suprimidos, mas os utentes já estavam precavidos. Muitos ficaram em teletrabalho. Noutros casos, as fábricas deram o dia sem perda de salário aos colaboradores.

Reportagem da greve geral a 11 de dezembro, na zona de Rio de Mouro - 11DEZ25
Hugo Amaral/ECO

Esta manhã, poucas dezenas de passageiros aguardavam pelo comboio na estação de Rio de Mouro, na linha de Sintra, em direção a Lisboa. As composições cumpriram os serviços mínimos e circularam de hora a hora. À volta, o comércio funcionou com normalidade. Pequenos supermercados, uma pastelaria e um restaurante estavam de portas abertas ao público.

Passavam pouco das 9h45 quando se ouviu no altifalante: “O comboio procedente de Sintra e com destino a Lisboa-Oriente vai dar entrada na linha 2”. As carruagens estavam praticamente vazias. “Isto nem parece um dia de greve. Há lugar para estacionar, poucas pessoas na plataforma, já vi passar há pouco um comboio que estava vazio”, relata Sónia Paixão. A funcionária pública de 53 anos apanhou o comboio para Lisboa – Entrecampos.

Isto nem parece um dia de greve. Há lugar para estacionar, poucas pessoas na plataforma, já vi passar há pouco um comboio que estava vazio.

Sónia Paixão

53 anos, funcionária pública

Concorda com a greve geral, mas optou por não aderir a ela por “compromissos profissionais” e “camaradagem” para com a equipa que decidiu ir trabalhar. Não houve a hipótese de ficar em teletrabalho? “Não”, respondeu. Vai chegar atrasada, mas a entidade patronal “compreende os motivos”.

“Os serviços já estão a contar com alguns atrasos das pessoas”, acrescenta.

Reportagem da greve geral a 11 de dezembro, na zona de Rio de Mouro - 11DEZ25

Sónia Dias, de 36 anos, também já sabia que ia chegar um pouco mais tarde à clínica médica onde trabalha, na zona da Expo, mas o patrão não lhe vai descontar no salário. “Era para estar às 10h, mas não vou conseguir, com certeza, porque é muito longe. Só de comboio são para aí uns 40 minutos e depois tenho de apanhar o autocarro para chegar ao meu trabalho”, relata.

E a entidade patronal é compreensível em relação a isso? “Sim, sim, sim. Graças a Deus, o meu patrão não tem problema com isso”, suspira. Mas assinala que não está de acordo com a greve geral pelos constrangimentos que provoca nos transportes para quem quer ir trabalhar: “Já estamos nisso há muito tempo e isto está a ficar cada vez pior”.

Reportagem da greve geral a 11 de dezembro, na zona de Rio de Mouro - 11DEZ25
Sónia Dias, de 36 anos, também vai chegar um pouco mais tarde à clínica médica onde é funcionária.Hugo Amaral/ECO

Mas também há quem esteja de acordo com a paralisação, apesar de não ter aderido. É o caso de Ana Lira, de 45 anos, ilustradora de profissão. Acha que “os trabalhadores precisam do que estão a reivindicar”.

“A questão das novas leis e regras laborais… não estou de acordo. Por isso, apoio esta greve”, acrescenta.

Normalmente trabalha a partir de casa, mas esta quinta-feira teve de se deslocar até à capital para uma reunião. “Até tentei trocar o dia, justamente pela questão da greve, mas não foi possível”, comenta. Ana já estava a “contar com os serviços mínimos”.

“Estou à espera para aí há uns 20 minutos, mas não há problema se chegar atrasada, porque a equipa já estava ciente da greve geral”.

Reportagem da greve geral a 11 de dezembro, na zona de Rio de Mouro - 11DEZ25
Ana Lira, 45 anos, ilustradora.Hugo Amaral/ECO

Para Sofia Pimenta, a greve também não será um transtorno de maior. A assistente dentária, de 56 anos, trabalha perto de casa, no Cacém. “Se não conseguir apanhar o comboio aqui [em Rio de Mouro] vou a pé”, sorri. Por outro lado, diz que “os serviços mínimos funcionam sempre normalmente”.

“Quando há greves, normalmente apanho sempre o comboio, há sempre qualquer coisa para apanhar”, resume.

Reportagem da greve geral a 11 de dezembro, na zona de Rio de Mouro - 11DEZ25
Sofia Pimenta, de 56 anos, assistente dentária.Hugo Amaral/ECO

Na pastelaria ao lado da estação de Rio de Mouro, os clientes escasseiam. “Houve muita gente que não veio. Hoje é um dia que está muito parado. Muita gente deve ter ficado em teletrabalho”, comenta Raquel Duarte, de 24 anos, empregada de balcão. Vive em S. Marcos, concelho de Sintra, e para ir trabalhar apanhou “boleia do patrão”.

Acho injusto que se trabalhe mais e se receba o mesmo. Mas tenho que fazer o meu papel na mesma, tenho de abrir a pastelaria.

Raquel Duarte

24 anos, empregada de balcão

“Por norma, venho de autocarro e comboio, mas desta vez o patrão fui-me buscar a casa, por causa da greve”, diz. Embora não tenha aderido à paralisação, Raquel concorda com a greve: “Porque acho injusto que se trabalhe mais e se receba o mesmo. Mas tenho que fazer o meu papel na mesma, tenho de abrir a pastelaria”. Por isso decidiu não fazer greve.

Reportagem da greve geral a 11 de dezembro, na zona de Rio de Mouro - 11DEZ25
Hugo Amaral/ECO

No restaurante em frente, Ana Paula Crespo, de 68 anos, começa a abrir o estabelecimento e a colocar num quadro de lousa a ementa do dia. Não concorda com a greve? “Não é não concordar, precisava era de dinheiro. Antigamente trabalhava à hora e fui muito prejudicada por causa disso. Não é não concordar. É não poder fazer porque o dinheiro faz muita falta”, justifica.

Para esta funcionária, a greve não provocou constrangimentos na deslocação para o trabalho porque mora perto, e, por isso, desloca-se a pé. “Mas quando trabalhava em Lisboa, como é que eu me deslocava? Boleia, Uber, Bolt. Às vezes lá vinha um comboio apertadinho, ia espremida”, lembra, enquanto repõe as sobremesas na montra.

Reportagem da greve geral a 11 de dezembro, na zona de Rio de Mouro - 11DEZ25
Ana Paula Crespo, de 68 anos, funcionária de um restaurante.Hugo Amaral/ECO

Ana Paula Crespo veio mais cedo para abrir o restaurante porque dois funcionários estão de baixa médica e “o resto vem trabalhar, mas está tudo um bocado atrasado por causa dos transportes”. Não é o caso de Herculano Melo, de 62 anos. O churrasqueiro só entrava ao meio-dia, mas pouco depois das 10h já se encontrava no local de trabalho, vindo de Queluz.

“Estive meia hora à espera do comboio, mas não senti grandes constrangimentos por causa da greve, nem ontem à noite, também não. Está tudo tranquilo”, relata enquanto tira um café.

Mas lá em casa, ninguém foi trabalhar precisamente por causa da greve: “Está tudo em casa. O meu filho trabalha em Torres Vedras, não podia ir, não tinha hipótese nenhuma”. Ficaram em teletrabalho? “Não, não foram trabalhar. É uma empresa, uma fábrica, e não foram trabalhar. Mesmo o patrão avisou-os para eles não irem, porque não ia haver transportes”. E vão perder o salário? “Não, o patrão paga do dia”, garante.

Reportagem da greve geral a 11 de dezembro, na zona de Rio de Mouro - 11DEZ25
Herculano Melo, 62 anos, churrasqueiro.Hugo Amaral/ECO

Depois de apanharmos o comboio em Rio de Mouro, com as carruagens um pouco vazias, seguimos até à estação de Sete Rios, em Lisboa. Com o metro encerrado, sem serviços mínimos decretados, resta-nos esperar pelo autocarro 758 em direção ao Cais do Sodré. Uma fila de pessoas serpenteia pelo passeio, mas nada de alarmante para um dia de greve.

Hugo Amaral/ECO

Ex-Efacec parado no táxi e madrilena de Andante na mão

A Norte, no aeroporto Francisco Carneiro, embora o número de voos cancelados seja menor do que no Humberto Delgado, em Lisboa, o movimento é inferior ao habitual para uma quinta-feira de manhã e torna menor a azáfama nos serviços prestados por quem não alinhou com esta paralisação, como as limpezas, a segurança ou a restauração.

Na zona das partidas, as cabeças vão-se erguendo em direção ao placar com a informação sobre os voos previstos. As letras pintadas a vermelho pecam por defeito porque todos os voos que a TAP desistiu previamente de operar nem sequer aparecem. Surge apenas a rota da companhia portuguesa para São Paulo, contemplada nos serviços mínimos. Como canceladas surgem as ligações da Transavia para Paris ou da Volotea para Bilbau.

Com o voo para Varsóvia previsto para as 13h15, marcado ainda antes de a CGTP e da UGT terem convocado a greve geral, Luís Costa, acompanhado pela mulher e pelo filho, seguiu o conselho da Ryanair e chegou com quase quatro horas de antecedência ao aeroporto. Nem pensou em reagendar a viagem – “é o período de férias que temos e fizemos seguros para o caso de haver cancelamentos” – nem, ele próprio, em aderir à paralisação.

Trabalha no setor da engenharia, até acha “justificada” esta paralisação, desde que sejam assegurados os serviços mínimos no setor público, mas relata que nunca fez greve. “Não sinto necessidade. Mas compreendo que outros o façam. No setor privado não é tão fácil uma pessoa aderir à greve”, comenta, atribuindo esse facto à menor taxa de sindicalização fora do Estado.

Já no andar de baixo, nas chegadas, a diferença mais visível é a fila de táxis que esta quinta-feira se estende até à rotunda de acesso à área de kiss & go. À espera de passageiros, os taxistas vão espreitando para o quadro de voos à espera de ver mais letras verdes do que vermelhas. Francisco Cunha chegou às 7h40 e, duas horas depois, ainda não chegou ao início da fila, quando não costuma esperar nem uma hora.

O que o Governo quer fazer é inadmissível. Só mesmo o Montenegro para achar que aquilo está bem. Eu fazer greve? Não tenho nada a dizer do meu patrão, somos quase amigos.

Francisco Cunha

Taxista

Enquanto vê passar alguns autocarros da Flixbus e da Rede Expressos que fazem as ligações a cidades como Braga ou Guimarães, mas menos do que habitualmente, assinala que só o movimento dos shuttles dos hotéis não fura a normalidade. Encostado à carrinha Mercedes que conduz desde abril, poucos minutos após rasgar um sorriso ao ouvir na rádio a adesão na Autoeuropa comenta que “o que o Governo quer fazer é inadmissível”. “Só mesmo o Montenegro para achar que aquilo está bem”, completa.

Francisco Cunha trabalhou “toda a vida” na indústria e, por isso, diz ser “muito a favor destas greves”. Passou 21 anos na Efacec, na fábrica de transformadores na Arroteia, até ter sido despedido pouco tempo antes da pandemia e “quando ainda estava lá a Isabel dos Santos”, situa. Trabalhou depois em mais “duas ou três fábricas”, teve ofertas do Reino Unido para ganhar quatro vezes mais, mas “a mulher não quis” e acabou por ficar.

Até que na última primavera um primo taxista lhe perguntou: ‘gostas de conduzir?’. Agora ao volante, longe do ambiente fabril e dos movimentos sindicais da Efacec, relata ao ECO que optou por não fazer greve. Não por estar há pouco tempo na profissão, assinala, mas porque “a situação é diferente”.

“Não tenho nada a dizer do meu patrão, somos quase amigos”, justifica Francisco Cunha.

A fila para os táxis foi-se alongando ao longo da manhã apesar de a linha Violeta que faz a ligação de metro ao centro do Porto estar encerrada devido à greve geral. Esta quinta-feira, apenas está a haver operação na linha Amarela, entre o Hospital São João e Santo Ovídio (Gaia) e no tronco comum, entre Campanhã e a Senhora da Hora. Em ambos os casos com uma frequência de dois veículos por hora e por sentido, o que faz antever uma situação complicada também para o jogo desta noite no estádio do Dragão.

Apesar de a Metro do Porto ter antecipado em comunicado este impacto na operação, em todo o percurso desde o aeroporto até à estação de metro, não há qualquer aviso sobre a interrupção no serviço. Os turistas vão-se amontoando junto às máquinas de bilhetes e só depois, quando tentam aceder à plataforma no andar superior, é que reparam que está uma fita a cortar a passagem, com uma mensagem em português e em inglês.

Foi o que aconteceu à madrilena Ana, que chegou esta manhã num voo da capital espanhola para passar dois dias em passeio pela cidade Invicta e que, de título Andante nas mãos, que não vai conseguir utilizar, primeiro arregala aos olhos e depois baixa-os em sinal de desapontamento por ter de arranjar uma alternativa mais cara. Nos altifalantes, só em língua portuguesa, ouve-se com a habitual dificuldade a mensagem: “informamos que está a decorrer uma greve geral no dia de hoje”.

Greve ‘esvaziou’ supermercados, bancos e museus no Porto

Apesar da forte adesão à greve no setor dos transportes, que afetou a circulação de comboios, metros e autocarros, a cidade do Porto acordou esta manhã com o trânsito até menos caótico do que é habitual, com menos carros a circular para levar os filhos às escolas (fechadas), com poucos funcionários públicos a deslocarem-se para os serviços (encerrados) e a ‘beneficiar’ igualmente do teletrabalho decretado por algumas empresas.

Na zona da Boavista, onde os trabalhadores da construção civil não abandonaram as várias obras em curso, uma funcionária do Pingo Doce garante que não houve constrangimentos na loja, mas comenta que o movimento está “anormalmente calmo”. “Muita gente vem para aqui de comboio e não deve ter conseguido chegar ao trabalho por falta de transportes. Ficaram na zona deles”, atira. Nas mesas da cafetaria, a paralisação desta quinta-feira é o ‘prato forte’ da conversa entre quatro reformadas.

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) contabilizou já que “entre ausências provocadas por ocorrências laterais à greve geral e adesões efetivas à greve, os números preliminares indicam que o impacto rondará os 2%”. Tal como neste supermercado do grupo Jerónimo Martins que serve uma área com muitos escritórios e serviços, também a agência bancária vizinha não teve ‘baixas’, mas houve menos clientes a entrar esta manhã pela porta.

Por volta das 9h, esta dependência do Millennium BCP na rua São João de Brito estava totalmente vazia. Os dois funcionários seguiam sentados à secretária, a olhar para o computador, sem um único cliente à espera para ser atendido. “Aqui não fazemos greve”, comenta uma delas. Esta manhã, o Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNTQB) acusou o banco liderado por Miguel Maya de ter imposto unilateralmente um conjunto de serviços mínimos para serem garantidos esta quinta-feira.

As paralisações nos setores da saúde, da educação e dos transportes foram as maiores dores de cabeça para os portuenses em dia de greve geral. Mas outros serviços públicos menos essenciais fecharam igualmente as portas devido à adesão dos trabalhadores à greve geral, deixando à porta os utentes habituais e até alguns turistas.

É o caso da biblioteca municipal Almeida Garrett, que só tem a funcionar um balcão para a entrega e recolha de livros, informa um segurança privado, que vai repetindo a mensagem a quem tenta entrar. No mesmo edifício instalado nos jardins do Palácio de Cristal, a galeria municipal também está encerrada. Uma situação que se repete no Museu Nacional Soares dos Reis, junto ao hospital de Santo António, que colou na enorme porta vermelha um aviso de fecho que termina a “agradecer a compreensão”.

Comboios e autocarros (quase) parados em Braga

Ainda mais a Norte, eram 9h50 e a azáfama que se vive em qualquer outra manhã na estação de caminhos-de-ferro de Braga é substituída pelo silêncio. Dos dois cafés da estação, habitualmente apinhados de gente, apenas um está aberto, com dois ou três clientes, que olham para uma estação vazia.

Nas linhas, veem-se três carruagens paradas e a informação disponibilizada mostra que a maioria dos serviços foi suprimida devido à greve geral. A exceção são dois Intercidades (que se juntam ao primeiro da manhã), com partidas marcadas para as 10h06 e outro com hora de saída às 14h06, ambos com destino a Lisboa, Santa Apolónia, e que asseguram os serviços mínimos.

No sentido oposto, igual cenário. Apenas funcionam os comboios necessários para cumprir os serviços mínimos, com três Intercidades assegurados para ligar a capital a Braga. Tudo o resto não está garantido. Ao contrário do que acontece com outros serviços, no caso dos comboios, a supressão de serviços não surge com surpresa, uma vez que a CP já tinha informado que apenas seriam mantidos os serviços mínimos.

Noutra ponta da cidade, na central de camionagem de Braga, há mais gente a tentar a sua sorte para viajar, mas sem grande sucesso. “Está tudo parado. Saiu um [autocarro] da Rede Expressos para o Porto e agora um para Guimarães”, explica uma das funcionárias da bilheteira. Sem informação concreta sobre os autocarros que vão sair, as pessoas esperam junto às linhas dos autocarros.

“Estou à espera, não sei se vai haver ou não”, refere uma passageira. Uns metros à frente, o cenário é idêntico. “Estou à espera. Disseram que era por causa da greve e era para esperar”, diz outra utilizadora destes serviços de transporte. E a espera já vai longa: “Tinha um às oito, outro às 9h, às 10h e nada”, lamenta.

Escolas só dão ‘folga’ a alguns

As escolas foram outra das atividades onde, como é habitual, se sentiu o impacto da greve dos trabalhadores. Pouco depois da 9h, na Escola Básica 2/3 de Gualtar são muitos os alunos que conversam e riem no intervalo. Muitos até vieram – a escola está aberta – mas não tiveram aulas.

“Depende dos professores. A escola está a funcionar normalmente, só não há serviço de cantina, os pais têm de os vir buscar para almoçar”, explica a porteira. Uns metros abaixo, a EB1, do mesmo agrupamento, não teve a mesma sorte. “Não abriu. Os pais chegaram aí com os miúdos e tiveram de voltar para trás”, conta um morador que vive junto à escola, onde todas as manhãs são deixadas centenas de alunos do ensino do pré-escolar e do 1.º ciclo.

No centro da cidade dos Arcebispos, enquanto a Escola Secundária Carlos Amarante funciona com aparente normalidade (salvo algumas aulas), mais à frente, a Escola Secundária Dona Maria II não abriu portas devido à greve.

Hospital mantém (algumas) consultas, comércio mostra saúde

Os dados da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais apontam para uma adesão à greve na unidade hospitalar de 90%, mas no Hospital de Braga, ainda que o ambiente não seja tão caótico como habitual, há consultas a decorrer. Tudo depende da especialidade. Já as urgências estão a funcionar normalmente.

Ao contrário dos serviços médicos, a mercearia do hospital e o café mantêm o nível de afluência.

No coração da cidade, não há sinal de paralisação. As ruas mostram a sua vivacidade habitual característica da época natalícia, com as muitas lojas de rua abertas, a procurarem vender os seus produtos. Apenas por volta das 11h da manhã, a greve “chega” à cidade, com uma concentração junto ao chafariz na rua Central, mesmo à frente da árvore de Natal.

Munidas com cartazes e vozes de protesto, cerca de 600 pessoas manifestam-se contra as propostas do Governo para mudar a lei laboral. À medida que nos afastamos do palco da manifestação regressa a normalidade e, pela primeira vez, na manhã desta quinta-feira passa um TUB (Transportes Urbanos de Braga). Um pouco mais à frente, a partir da central de camionagem, um Flixbus mostra que afinal ainda há autocarros a circular.

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