Comissão espera mais crescimento económico que o Governo para 2017
A Comissão Europeia está à espera de um crescimento de 1,6% para o PIB português deste ano, uma décima acima da projeção do Governo. A maior ajuda vem do turismo.
Bruxelas está ligeiramente mais otimista do que o Governo quanto ao crescimento económico de 2017. O Executivo conta com um aumento de 1,5% do PIB, enquanto a Comissão Europeia está a antecipar um crescimento de 1,6%. Os números constam das Previsões de Inverno divulgadas esta segunda-feira. Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, deu nota desse otimismo em Bruxelas.
“Estamos a trabalhar com grande proximidade e de forma construtiva e positiva com as autoridades portuguesas, e quando olho para os resultados gerais de Portugal vejo melhorias muito significativas”, afirmou Pierre Moscovici, na conferência de imprensa em que foram apresentadas as Previsões de Inverno, em Bruxelas.
"Estamos a trabalhar com grande proximidade e de forma construtiva e positiva com as autoridades portuguesas, e quando olho para os resultados gerais de Portugal vejo melhorias muito significativas.”
Salientando a melhoria dos números do desemprego e também o crescimento económico, o comissário aproveitou ainda para referir que “será preciso tomar decisões este ano em relação ao Procedimento por Défice Excessivo”, já que o défice deverá cumprir as metas de Bruxelas tanto em 2016 como em 2017. Portugal conseguiu resultados “fortes e de grande melhoria”, sublinhou Moscovici.
Turismo deu a maior ajuda
No relatório, os peritos explicam que “a forte performance económica na segunda metade de 2016, particularmente do turismo, melhorou o outlook para a economia portuguesa.”
"O país expandiu assim a sua quota de mercado nas exportações em 2016, apesar dos estimados aumentos dos custos unitários do trabalho.”
Os peritos identificaram um crescimento do setor exportador português mais forte do que o registado nos mercados internacionais, o que sugere um aumento da quota de mercado. Este movimento foi “ajudado pela performance muito forte do setor do turismo”, nota a Comissão. E conclui: “O país expandiu assim a sua quota de mercado nas exportações em 2016, apesar dos estimados aumentos dos custos unitários do trabalho”.
Estes ganhos permitiram alcançar um crescimento de 1,3% em 2016, apesar do primeiro semestre fraco que o país tinha registado. Esta previsão para o crescimento do ano passado vai ao encontro das estimativas mais recentes da equipa das Finanças, sabe o ECO. Os dados oficiais deverão ser revelados já esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.
São também estes ganhos no turismo que melhoram o cenário da atividade económica para este ano. “Efeitos de carryover deverão manter a quota de mercado do país a subir em 2017, antes de estabilizar em 2018”, lê-se no relatório.
Investimento continua em risco
Na análise que faz ao país, a Comissão nota ainda que o investimento travou o crescimento em 2016 e frisa como principais motivos a mudança do quadro comunitário de apoio e as dificuldades que ainda se fazem sentir no crédito às empresas. E se a questão da entrada de fundos comunitários se deverá resolver, com a entrada deste financiamento no país à medida que o Portugal 2020 se agiliza, o travão que ainda está a ser imposto pela banca pode demorar mais a ter solução.
“Os riscos são negativos, já que os problemas por resolver no setor bancário podem travar a esperada recuperação do investimento”, alerta Bruxelas.
Ainda assim, o relatório dá conta da manutenção dos indicadores avançados para o investimento em Equipamento em terreno positivo. Já os indicadores para o investimento em Construção continuam bastante contidos. “No global, o investimento deverá ganhar ritmo em 2018 à medida que o novo período de programação do financiamento da União Europeia e as condições de crédito melhoram gradualmente”, dizem os peritos.
Excedente externo vai continuar a melhorar
Apesar de o saldo comercial poder degradar-se ligeiramente, porque as importações deverão recuperar ao longo do horizonte de projeção, o excedente de conta corrente vai continuar a melhorar, projeta Bruxelas. Isto acontecerá devido a “desenvolvimentos positivos no rendimento primário e transferências correntes traduzindo as baixas taxas de juro e o ciclo de financiamento da União Europeia”, diz o relatório.
A Comissão estima que a balança de conta corrente tenha passado a excedentária em 2016 (a evolução foi de um défice de 0,3% o PIB em 2015 para um superavit de 0,3% no ano passado) e reforce este ganho em 2017 e 2018. Este ano deverá ficar em 0,4% do PIB e no próximo em 0,6%.
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