Edgar Ferreira demite-se da administração do BPI

Na sequência do voto contra a OPA do CaixaBank ao BPI, esta tarde demitiu-se o administrador da holding Violas Ferreira. Sai em profundo desacordo com a administração do banco.

Edgar Ferreira, da Holding Violas Ferreira (HVF) apresentou hoje a demissão da administração do BPI em “divergência profunda” com a administração.

“Assumindo a minha divergência profunda quanto à deliberação deste Conselho de Administração considerar oportuna a OPA em curso, e, bem assim, com a legitimidade que me advém do facto de ter sido o único administrador que não votou favoravelmente esta alienação de 2% do BFA pelo ridículo valor de 28 milhões de euros e por considerar, inclusive, que estes atos de gestão no decorrer de uma OPA, são suscetíveis de conduzir à apreciação e responsabilização judicial dos membros deste Conselho de Administração, informo que formalizarei hoje mesmo por carta ao Banco BPI a minha renúncia ao cargo de membro deste Conselho de Administração”, pode ler-se na declaração de voto do administrador no relatório do conselho de administração do BPI sobre a OPA obrigatória do CaixaBank.

A declaração de voto de Edgar Ferreira surge depois da HVF ter votado contra o presente relatório. A HVF detém 2,681% do BPI sendo os maiores acionistas portugueses do banco liderado por Fernando Ulrich.

Numa declaração de voto muito dura para a administração do BPI, Edgar Ferreira considera a OPA “inoportuna, com uma contrapartida manifestamente insuficiente e não equitativa”. O administrador do BPI refere ainda que “resulta claro que os únicos acionistas para quem esta OPA é oportuna são o próprio oferente e os acionistas de controlo da Santoro”.

A venda de 2% do BFA à Unitel, detida por Isabel dos Santos, dando assim a controlo do banco à empresária angolana, é também alvo de críticas. Edgar Ferreira considera que resulta evidente que “a alienação de 2% do BFA (e do respetivo controlo) teve como condição a desblindagem de estatutos do banco”.

“Este Conselho de Administração troca o controlo sobre o maior ativo do banco (com uma perda avultadíssima de valor reconhecida pelo próprio Conselho de Administração) pelo sucesso da OPA lançada pelo seu maior acionista”, acusa o administrador.

O administrador, que agora renuncia ao cargo, refere ainda os seus pares de incoerência no que se refere ao preço da oferta. O CaixaBank oferece 1,134 euros por ação, o BPI diz que a contrapartida justa seria de 1,38 euros por ação. O administrador relembra que na primeira OPA do CaixaBank sobre o BPI, lançada em fevereiro de 2015, a gestão do BPI aconselhou os acionistas a não aceitarem a OPA, dizendo que o preço justo seria 2,26 euros por ação.

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