Credores da Ongoing aprovaram a liquidação da empresa
A holding Ongoing Strategy Investments deve mais de 1,3 mil milhões de euros. Para os trabalhadores, a liquidação é a oportunidade para tentar recuperar salários e indemnizações devidos.
A holding Ongoing Strategy Investments, principal empresa do grupo Ongoing, vai ser encerrada e liquidada, decidiu esta terça-feira a assembleia de credores do grupo, segundo confirmou ao ECO um dos advogados que representa os trabalhadores da empresa, Dinis Machado.
A Ongoing deve mais de 1,3 mil milhões, já com juros, aos seus credores, de acordo com o relatório do administrador de insolvência, a que o ECO teve acesso. A assembleia da tarde de ontem serviu para aprovar o relatório do administrador de insolvência escolhido pelo tribunal, que recomendava a liquidação da empresa por não haver condições para se manter em funcionamento.
Dinis Machado confirmou ainda ao ECO que foi decidida na assembleia a criação de uma comissão de credores, que inclui a participação do Novo Banco, do Estado e também de um representante dos trabalhadores das empresas da holding, que detém, entre outras, os órgãos de comunicação social Diário Económico e Económico TV. Para os trabalhadores, afirmou o advogado, a liquidação da empresa é a oportunidade de pedir na reclamação de créditos que lhes sejam pagos os salários e as indemnizações devidas, assim como para recorrer ao Fundo de Garantia Salarial. Nas reclamações de créditos no âmbito de insolvências, os trabalhadores são credores privilegiados. Contudo, as dívidas ao Fisco e à Segurança Social são prioritárias sobre os trabalhadores, assim como a dívida garantida dos bancos, um montante que supera o meio milhão de euros.
“Alguns deles têm uma carreira de 20 e tal anos, e ficam sem nada. É ingrato”, disse Dinis Machado. “Contudo, temos de ser realistas: a liquidação destas empresas é a única coisa que se pode fazer. A gestão foi mal feita, em última instância negligente”.
Agora, cabe ao administrador de insolvência fazer a lista de créditos e enviar os documentos para o Fundo de Garantia Salarial. O relatório incluía uma lista provisória de credores com 109 entidades, que reclamam, em conjunto, cerca de 1,3 mil milhões de euros em dívidas — perto de 0,8% do PIB. O administrador de insolvência optou por sublinhar os créditos do Novo Banco e do BCP, que reclamam 812 milhões de euros.
A 31 de dezembro de 2014 a empresa tinha capitais próprios negativos em 18,8 milhões de euros, o que, juntamente com a dívida gigantesca do grupo, levou o administrador a concluir que “não existem (…) condições para a manutenção da empresa e da sua atividade”.
Contactado pelo ECO, o administrador de insolvência Fernando Silva e Sousa não quis prestar declarações.
Editado por Mónica Silvares.
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