Petróleo: OPEP e Rússia acordam corte de produção histórico
A OPEP e outros países produtores acordaram um corte combinado de produção de petróleo. A Rússia e outros países fora da OPEP vão baixar produção em 558 mil barris diários, em 2017.
A Rússia e outros países produtores decidiram unir esforços com a OPEP naquele que será o primeiro corte global de produção de petróleo em 15 anos. A decisão foi tomada na reunião dos dois blocos de países produtores que se realizou este sábado em Viena.
A organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) vai contar com o apoio de outros países produtores que deverão avançar com um corte de produção de 558 mil barris diários, no próximo ano. O anúncio foi feito por Jabbar Al-Luaibi, Ministro do Petróleo do Iraque no fim do encontro de hoje. O objetivo é reequilibrar o mercado de petróleo e reanimar as cotações do “ouro negro”.
O acordo histórico – o primeiro entre os dois blocos de países produtores em 15 anos – acontece duas semanas depois de os países membros da OPEP terem decidido baixar a produção de petróleo do cartel em 1,2 milhões de barris diários. Ou seja, o corte combinado entre a OPEP e os outros países produtores deverá baixar a oferta global de petróleo em 1,8 milhões de barris/dia.
"Esforçamo-nos em comprometer os 25 países da OPEP e de fora da organização com a ideia de estabilizar o mercado de petróleo e defender um preço justo para a nossa ‘commodity’.”
“Esforçamo-nos em comprometer os 25 países da OPEP e de fora da organização com a ideia de estabilizar o mercado de petróleo e defender um preço justo para a nossa ‘commodity‘”, afirmou Eulogio Del Pino, ministro da Energia da Venezuela, antes do início do encontro deste sábado.
A Rússia já tinha anunciado a intenção de baixar a produção em 300 mil barris por dia, no próximo ano, abaixo do recorde de 30 anos atingido no último mês (11,2 milhões de barris/dia).
O acordo que deverá ser anunciado representa o mais forte esforço até agora firmado entre os países mais ricos em petróleo – incluindo gigantes como a Arábia Saudita e a Rússia e produtores como a Bolívia e a Guiné Equatorial -, cujo objetivo é terminar uma guerra por quota de mercado que abalou os investidores, as empresas de energia e as economias.
Petróleo deverá subir com decisão
Desde que a OPEP anunciou há duas semanas ter chegado a acordo para baixar a produção de petróleo por parte dos seus estados-membros, os preços da matéria-prima dispararam mais de 15%. O preço do barril de petróleo chegou a superar a fasquia dos 55 dólares nos últimos dias.
Na última sexta-feira o barril de brent fechou com uma valorização de 0,82%, para os 54,33 dólares, em Londres. Já o barril de crude terminou o dia a subir 1,3%, para os 51,50 dólares.
"Emocionalmente, o mercado provavelmente irá disparar.”
A expectativa dos analistas é no sentido de que a decisão deste fim de semana conduza a subidas na cotação do petróleo. “Emocionalmente, o mercado provavelmente irá disparar”, afirmou Adam Ritchie, fundador da AR Oil Consulting, citado pela Bloomberg. O mesmo especialista alerta, contudo, que “por detrás de um reequilíbrio da oferta e da procura, temos um excesso de reservas astronómico que irão continuar a travar os preços”.
A produção da OPEP atingiu um máximo de sempre próximo dos 34,2 milhões de barris diários, bastante acima da meta de 32,5 milhões de barris diários de janeiro. A Líbia e a Nigéria estão isentas de participar nos cortes de produção, enquanto o Irão tem alguma margem para aumentar o output, segundo o acordado dentro do cartel.
Já a Rússia e Oman irão juntar-se aos membros da OPEP – Argélia, Kowait e Venezuela – na supervisão da implementação do acordo, segundo avançaram delegados presentes na reunião de hoje.
Por sua vez, Riad informou esta semana os seus consumidores na Europa e na América do Norte de que deveria disponibilizar menos petróleo em janeiro e dezembro. Também os Emirados Árabes unidos afirmaram, este sábado, que iriam tomar uma decisão similar.
“Estou certo de que estão a seguir as notícias acerca da notificações aos consumidores por parte de alguns países, nomeadamente a Arábia Saudita”, afirmou o Ministro do Petróleo saudita, Khalid Al-Falih ainda antes do encontro se iniciar. “Deverá ser a continuação do espírito positivo de cooperação e colaboração entre a OPEP e a não-OPEP“, rematou o mesmo responsável.
(Notícia atualizada com mais informação às 17 horas)
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