Investidores à espera de Clinton

Enorme expectativa em relação aos resultados das eleições americanas. Hillary Clinton surge na frente das sondagens mas, até resultados finais serem apurados, investidores mantiveram-se fora da bolsa.

Foi num ambiente de enorme expectativa em relação às eleições norte-americanas que as bolsas europeias encerraram a sessão de hoje. Há algum otimismo quanto a uma possível vitória de Hillary Clinton contra Donald Trump, um candidato claramente indesejado pelos investidores para ocupar a Casa Branca. As últimas sondagens apontavam para uma vitória da candidata democrata, mas até serem conhecidos os resultados finais ninguém quis arriscar muito nos mercados.

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O guia do Barclays para sobreviver às eleições americanas

Norte, Sul, Este, Oeste. O Barclays tem as coordenadas para sobreviver às eleições desta terça-feira nos EUA. Seja qual for o vencedor.

Seja qual for o vencedor das eleições presidenciais norte-americanas, os estrategas do Barclays têm o mapa e a bússola através dos quais os investidores se devem guiar nos mercados. Trump na Casa Branca? Reduza o risco. Hillary sucede a Obama? Aposte no S&P 500, mas com cuidado porque os ganhos estão limitados a outros fatores externos.

No caso da vitória do candidato republicano, o melhor mesmo é proteger-se no imediato. O índice de referência S&P 500 deverá cair com estrondo para uma fasquia em torno dos 2.000 pontos — atualmente negoceia nos 2.131 pontos –, antes de recuperar até aos 2.100 pontos até final do ano. Mas isto sob a condição de a maior economia do mundo continuar a crescer de forma resistente.

O impacto de Trump como próximo presidente dos EUA não será tanto ao nível do índice no geral. Será antes sentido em determinados setores, dizem os analistas do Barclays. Por exemplo, setores como petrolífero, defesa e armamento e fast-food poderão até beneficiar com o republicano à frente da Casa Branca.

Se Trump vencer, o Barclays aconselha ainda a cortar a exposição aos mercados emergentes e dar prioridade a mercados asiáticos em vez dos europeus, norte-africanos ou do Médio Oriente. Neste particular, economias emergentes com elevados défices, como a África do Sul, devem estar fora dos radares dos investidores.

No caso (mais provável) de Hillary Clinton vencer, os analistas do banco britânico consideram que não são favas contadas. Haverá ganhos nos mercados, mas serão sempre limitados.

Isto porque há dois fatores principais que vão condicionar as estratégias dos investidores nos próximos tempos: a Reserva Federal norte-americana, que já deixou claro que pode subir as taxas de juro em dezembro; e ainda o referendo em Itália, a 4 de dezembro, com vista à reformulação da Constituição italiana, considerado um teste político ao Governo de Matteo Renzi.

Ainda assim, o mercado sinaliza setores como a Saúde, Consumo e Renováveis como áreas onde as empresas terão mais a ganhar com a candidata democrata no poder.

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“Portugal não tenciona renegociar a sua dívida”, diz Santos Silva

  • Lusa
  • 8 Novembro 2016

Portugal "não tenciona renegociar a sua dívida", garantiu hoje o ministro Augusto Santos Silva.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garantiu hoje no parlamento que Portugal “não tenciona renegociar a sua dívida“, pedindo aos seus credores um corte no ‘stock’ da dívida.

“Portugal não tenciona renegociar a sua dívida, no sentido de pedir aos seus credores uma lógica qualquer de um corte do ‘stock’ da dívida devida. Portugal não tenciona suscitar por si qualquer processo de reestruturação sistémica da dívida”, afirmou o ministro.

"Portugal não tenciona renegociar a sua dívida, no sentido de pedir aos seus credores uma lógica qualquer de um corte do ‘stock’ da dívida devida. Portugal não tenciona suscitar por si qualquer processo de reestruturação sistémica da dívida.”

Augusto Santos Silva

Ministro dos Negócios Estrangeiros

Santos Silva falava numa audição conjunta das comissões parlamentares de Assuntos Europeus e de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, a propósito da proposta do Orçamento do Estado para 2017, e respondia a uma questão do CDS-PP.

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Provedor de Justiça sugere mudanças nos recibos verdes

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 8 Novembro 2016

Alterações legislativas não foram "suficientes para colmatar as dificuldades sentidas e vividas" pelos trabalhadores independentes com baixos rendimentos. Governo já está a rever regime.

O Provedor de Justiça alerta para as dificuldades sentidas pelos trabalhadores independentes com menores rendimentos, numa altura em que o Governo está a rever as regras do atual regime contributivo.

De acordo com um comunicado enviado às redações, o Provedor de Justiça voltou a receber queixas sobre o regime em vigor e “formulou novas sugestões de alteração legislativa à Secretária de Estado da Segurança Social e de alteração de procedimentos administrativos ao Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social”.

Os ofícios, com data de 14 de outubro e assinados pelo Provedor-Adjunto, indicam que as últimas alterações à lei “não foram, de modo algum, suficientes para colmatar as dificuldades sentidas e vividas pelos TI [trabalhadores independentes] que auferiram e ou auferem baixos rendimentos da respetiva atividade, conforme o Provedor de Justiça constata nas queixas que tem vindo a receber”.

Em causa estão as alterações concretizadas em 2014 que permitem, nomeadamente, que os trabalhadores independentes possam ficar isentos de descontos, ou possam contribuir sobre uma base reduzida, quando têm baixos rendimentos. Também podem pedir para subir ou descer de escalão, descontando mais ou menos.

“Multiplicam-se as situações como a de um TI que aufere 100,00€ por mês e tem uma obrigação contributiva mensal de 62,04€ por não poder beneficiar da isenção da obrigação contributiva, ou a daquele que no ano de 2014 auferiu um rendimento anual de 1647,50€ e, por ter de escolher entre satisfazer as suas necessidades básicas ou cumprir a obrigação contributiva, optou pela primeira, vendo-se agora com um processo executivo contra si instaurado por uma dívida de contribuições que não pode pagar”, indicam os ofícios, sublinhando no entanto que “situações como estas se verificavam já desde o anterior regime”.

O Provedor aponta para a situação de trabalhadores que descontam mais do que aquilo que recebem e ainda para os que não conseguem reduzir o seu nível de descontos. A lei permite que os recibos verdes possam descer até dois escalões contributivos, descontando menos, mas há limites. Enquanto um trabalhador independente colocado no terceiro escalão pode fazer a sua contribuição baixar até ao primeiro, outro com rendimento relevante correspondente ao primeiro escalão “não poderá ver reduzida a sua base de incidência, o que os discrimina negativamente nesta matéria“, explicam os ofícios.

O Governo está a rever o regime dos trabalhadores independentes e tudo indica que os escalões contributivos venham a desaparecer, tendo em conta que as contribuições passarão a incidir sobre o rendimento dos últimos meses e não do ano anterior. De acordo com o Bloco de Esquerda, que já indicou ter chegado a acordo com o Governo numa série de alterações, os recibos verdes deverão descontar 20 euros nos meses em que não têm rendimentos, valor que será depois descontando nas contribuições dos meses em que há rendimentos.

Por outro lado, o ministro do Trabalho já criticou a possibilidade conferida pela lei de colocar trabalhadores no escalão mais baixo, descontando menos, já que “desprotege as pessoas no futuro de uma forma dramática”. “Se isso acontecesse, voltaríamos a ter no futuro uma nova geração de pensões mínimas”, salientou o ministro no Parlamento em outubro.

Além desta questão em torno do nível de descontos dos independentes, o Provedor também sugere que a isenção de contribuir produza efeitos à “data da ocorrência dos factos” e não no mês seguinte. A notificação e citação dos trabalhadores independentes por transmissão eletrónica de dados e a qualificação dos sócios ou membros de sociedades de profissionais aos quais é aplicado o regime da transparência fiscal são outros temas abordados.

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Centeno já está a ser ouvido sobre fundos estruturais

  • Margarida Peixoto
  • 8 Novembro 2016

O ministro das Finanças já está a ser ouvido no Parlamento Europeu sobre a possibilidade de congelamento dos fundos estruturais. Centeno tem frisado a injustiça de congelar fundos a Portugal.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, já está a falar no Parlamento Europeu sobre a possibilidade de congelamento dos fundos estruturais a Portugal. Centeno tem argumentado que o país não deve ser sujeito a essa sanção uma vez que se prepara para cumprir a meta do défice fixada para 2016, abrindo a porta à saída do Procedimento por Défices Excessivos.

A possibilidade de congelamento dos fundos surge como consequência de Portugal ter falhado a meta o défice em 2015. Na análise que fez aos resultados da consolidação orçamental portuguesa, a Comissão Europeia concluiu que o Governo, na altura liderado por Pedro Passos Coelho, não tomou as medidas necessárias para cumprir as metas definidas. Esta conclusão abriu a porta à aplicação de sanções pecuniárias, que acabaram por ser canceladas, e ao congelamento dos fundos.

Contudo, a decisão sobre o eventual congelamento dos fundos ficou adiada para o final deste ano, depois de um diálogo estruturado entre a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu. É neste âmbito que Mário Centeno está a ser ouvido, numa reunião conjunta das comissões parlamentares de Assuntos Económicos e Monetários e do Desenvolvimento Regional.

A reunião começou às 17 horas de Bruxelas (16 horas em Portugal), com a intervenção de Luis de Guindos, ministro das Finanças de Espanha, que enfrenta os mesmos riscos de Portugal, seguida de três rondas de questões colocadas pelos eurodeputados, intercaladas pelas respostas do governante.

Centeno começou a falar às 18 horas de Bruxelas (17 horas em Portugal) e a audição seguirá a mesma estrutura.

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Web Summit: PT demonstra rede 4,5G com tecnologia portuguesa

A PT demonstrou pela primeira vez a tecnologia 4,5G, com débito de 350 Mbps. A responsável pela internet no Web Summit garantiu ainda que a rede do evento está a funcionar "acima das expectativas".

A Comissão Europeia quer o 5G, a quinta geração de rede móvel de internet, a funcionar o quanto antes. O prazo é 2020 e o tempo, esse, começa a apertar. Assim, esta terça-feira, a PT e a Huawei demonstraram, no Web Summit e pela primeira vez em Portugal, aquilo que será a geração de transição: o 4,5G.

Em causa, velocidades de ligação que, na demonstração, alcançaram os 375 Mbps (megabits por segundo). “Hoje, a média são 150 [Mbps]”, explicou Alexandre Fonseca, chefe da área tecnológica da empresa. A velocidade foi conseguida com recurso a uma pequena rede emulada pela PT, usando alguma tecnologia portuguesa desenvolvida em Aveiro e terminais ligeiramente maiores do que um computador portátil — ainda só há “cinco ou seis” telemóveis no mercado que suportam essas velocidades, garantiu.

“Dentro de um ano”, será possível ir ainda mais além: chegar a débitos de até 1,7 Gbps (gigabits por segundo), explicou Alexandre Fonseca. Ao mesmo tempo, assumiu ser “perfeitamente possível”, ao nível técnico, chegar à quinta geração em 2020. Alertou, no entanto, que, para isso acontecer, “é preciso é serem criadas as condições regulatórias e do ponto de vista tecnológico e de investimento que permitam que os operadores assim o possam fazer”.

Alexandre Fonseca, da PT, durante a demonstração da tecnologia 4,5GFlávio Nunes/ECO

Internet no Web Summit funciona “acima das expectativas”

A PT é a responsável pela rede de internet do Web Summit. E apesar dos constrangimentos desta segunda-feira, em que Paddy Cosgrave, fundador do evento, não conseguiu aceder à internet perante uma plateia de 15 mil pessoas — diz-se que estava ligado à rede Wi-Fi errada, mas não se sabe ao certo –, Alexandre Fonseca reiterou que a rede do evento “está a funcionar acima das expectativas”.

“[Está] toda a gente a fazer upstream de vídeos para o Facebook , a tirar fotografias com câmaras de 4G, com câmaras de Wi-Fi a funcionar a 30 [Mbps] de débito”, disse. O executivo da PT falava aos jornalistas após a demonstração do 4,5G num dos pavilhões da FIL, em Lisboa. “[A PT] tem uma infraestrutura preparada, [que] montámos nos últimos quatro meses. Uma infraestrutura Wi-Fi e de rede móvel preparada para ter aqui 50 mil pessoas”, garantiu.

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Os momentos mais Trump desta campanha

  • Juliana Nogueira Santos
  • 8 Novembro 2016

Vamos todos recordar esta campanha como uma das mais irreverentes de sempre, principalmente devido aos seus candidatos. Mas o que é que vamos recordar de Trump e da sua "Make America Great Again"?

O melhor de cada viagem não é a chegada, mas os momentos que guardamos dela e com esta viagem presidencial a estender-se desde 2015 não falta memorabilia variada, principalmente aquela que vem do candidato republicano Donald Trump.

Assumindo-se desde o princípio como o candidato contra o politicamente correto, o poder estabelecido e a atual classe política que governa os Estados Unidos, o republicano conseguiu deixar a sua marca neste ciclo eleitoral, principalmente por juntar a isso a sua irreverência e maneira própria de ver o mundo — ainda que por vezes moralmente duvidosa.

Assim, chegando à reta final, resta-nos relembrar o que ficará da campanha “Make America Great Again”. Mas calma, ainda não tire o cinto, o melhor está para vir.

As crianças são o melhor do mundo… até começarem a chorar

Em agosto deste ano, Trump dava um discurso no condado de Loudon, na Virgínia — um swing state. Corria tudo bem até um bebé começar a chorar. Ao princípio, Trump deu o ar da sua graça e da sua presumível humanidade, afirmando que adorava bebés e o seu choro. “What a baby”, dizia ele, “É novo e bonito e saudável!”.

Contudo, o bebé não deu tréguas e o candidato republicano também não: “Estava a brincar, tirem o bebé daqui.” E referindo-se à mãe afirmou: “Acho que ela acreditou mesmo que eu adorava ter um bebé a chorar enquanto falo.”

Discursos há muitos

Outro dos momentos mais caricatos não foi da autoria de Trump, mas sim da sua mulher Melania. A potencial primeira-dama apresentou-se no Congresso Republicano em maio deste ano e fez um discurso poderoso acerca da importância dos valores na vida das crianças e de como isso é uma das suas principais preocupações.

Nada de errado, até os meios de comunicação terem reparado que havia ali muitas semelhanças com outro discurso apresentado na Convenção Democrática de 2008, o de Michelle Obama.

No seguimento do plágio, ninguém da campanha foi despedido. Também não foi admitido nem por Melania Trump, nem por qualquer membro da caravana republicana que tinha havido plágio.

Todos votam, até os doentes terminais

“Não me importa o quão doentes estão!” Foi assim que Trump se dirigiu a um plateia de doentes terminais no Nevada. “Não quero saber se acabaram de chegar do médico e ele vos deu o pior diagnóstico possível, o que significa que acabou.” Será uma mensagem de esperança?

Não, é só o candidato a pedir para que estes se “aguentem” até dia 8 de novembro para poderem votar nele. “Depois, tudo o que vamos dizer que vos amamos e que nos vamos sempre lembrar de vocês.”

“Bad hombres” e “nasty women”

O terceiro debate entre os dois candidatos foi marcado por uma posição bem mais equilibrada do candidato republicano — talvez devido à assertividade do moderador, que não deixou que ambos se afastassem dos tópicos fulcrais.

Ainda assim, Trump conseguiu imprimir um pouco de si no discurso, primeiro quando afirmou que queria construir o muro na fronteira com o México e apertar as leis de imigração porque haviam alguns “hombres” maus que precisavam de sair…

E quando responde a um ataque da sua oponente afirmando que ela é uma mulher “desagradável”.

A última afirmação deu origem a um movimento de apoio a Hillary Clinton que afirmou ser constituído por “mulheres desagradáveis”. O merchandising fala por si.

20 mentiras por dia, 560 no total

O diário canadiano Toronto Star contabilizou todas as mentiras ditas por Donald Trump durante esta campanha e analisou-as caso a caso. Foram 560 mentiras, 20 por cada dia de campanha. Contudo, houve dias em que o candidato rebentou a média, como nos três debates em que foram contabilizadas 104 mentiras, comparando com as 13 de Clinton.

O jornal justificou tal trabalho afirmando que “a quantidade extrema e sem precedentes de mentiras de Trump fez com que começássemos a verificar tudo o que disse.”

Tudo ficará decidido esta noite e, não se esqueça, ECO vai estar em direto com todos os detalhes.

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Hertz derrapa na bolsa. Cai 50%

  • Leonor Rodrigues
  • 8 Novembro 2016

A rent-a-car registou esta terça-feira a maior desvalorização de sempre depois de ter anunciado maus resultados no terceiro trimestre deste ano.

A Hertz está a ter um sessão negra na bolsa. A empresa de rent-a-car está a afundar depois de revelar uma forte quebra nos resultados. As ações registam uma queda de mais de 50%, a maior desvalorização de sempre.

As ações chegaram a perder um máximo de 51,73% para 17,25 dólares na bolsa de Nova Iorque. Arrancaram o dia logo com uma desvalorização de quase 40%. Seguem a perder 51,12% para os 17,47 dólares.

A empresa está a ser castigada nos mercados depois de ter tido de reajustar o montante de depreciação da sua frota. O resultado foi uma desvalorização superior ao que estava previsto, o que levou a uma quebra expressiva nos lucros.

No terceiro trimestre de 2016, a Hertz registou um lucro de apenas 1,58 dólares por ação, abaixo da previsão dos analistas da Bloomberg, que previam lucro de 2,73 dólares. Em termos anuais, a empresa também reviu os lucros em baixa: entre os 51 e os 88 cêntimos por ação, depois de ter anunciado, em agosto, que a previsão encontrava-se entre os 2,75 e os 3,50 dólares. Estes resultados espelham a dificuldade que o CEO, John Tague, tem tido em melhorar o desempenho da empresa.

Ações da Hertz afundam 50%

Fonte: Bloomberg (Valores em dólares)
Fonte: Bloomberg (Valores em dólares)

“Se a Hertz teve um problema com o valor dos seus automóveis significa que a sua depreciação não era a adequada”, afirma Maryann Keller, antigo administrador da Dollar Thrifty, que se juntou à Hertz em 2013. “A depreciação é o maior custo na indústria de aluguer de automóveis. É preciso saber quanto é que é possível recuperar nos veículos”, acrescenta. Já Chris Woronka, do Deutsche Bank afirma que estas últimas notícias são “dececionantes e surpreendentes“.

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ERSE: Conselho tarifário terá nova presidente

O órgão consultivo que define os preços e as tarifas do setor energético vai ter uma nova presidente. Mas as mudanças não ficam por aqui. Em janeiro, deverá haver alterações na presidência da ERSE.

O conselho tarifário da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) vai ter uma nova presidente. Maria Manuela Moniz vai liderar a entidade que define os preços e as tarifas no setor energético.

Maria Manuela Moniz vai ocupar agora a liderança do conselho tarifário. “Integra o conselho tarifário uma personalidade de reconhecido mérito e independência a designar pelo membro do Governo responsável pela área da energia”, lê-se num despacho do secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches. Destaca ainda “o reconhecido mérito, independência, bem como a competência técnica e experiência profissional no setor energético”.

O conselho é o órgão consultivo que reúne os principais agentes do setor, desde comercializadores, até às associações de defesa dos consumidores e que tem necessariamente de se pronunciar antes da fixação definitiva dos preços de eletricidade e gás natural por parte do regulador. No caso da eletricidade, isto vai acontecer até 15 de dezembro. De acordo com uma proposta apresentada pelo regulador, as tarifas devem subir, em média, 1,2% no próximo ano para os consumidores domésticos que ainda estão na tarifa regulada.

Já em maio houve alterações na composição do conselho de administração da ERSE, com a entrada de Cristina Portugal para ocupar o cargo de vogal. Cristina Portugal era então a presidente do conselho tarifário. Em finais de janeiro deverá também haver alterações na presidência da ERSE, uma vez que Vítor Santos já cumpriu o limite de mandatos estipulados pelos estatutos.

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Energia anima Lisboa. BCP cai

A bolsa nacional encerrou em alta, acompanhando a tendência das restantes praças europeias. A energia puxou pelo índice num dia negativo para o BCP.

A bolsa nacional voltou a valorizar, mas não registou uma sessão tão positiva quanto a anterior. Avançou à boleia dos títulos do setor energético, numa sessão marcada pela queda do BCP. Na véspera de apresentar resultados, o banco cedeu mais de 1%.

Depois de ter disparado 1,7% na sessão anterior, com os investidores entusiasmados com a probabilidade de Hillary vencer as eleições nos EUA, o PSI-20 valorizou apenas 0,18% para 4.562,14 pontos. Na Europa, o entusiasmo também se esmoreceu à espera do resultado das eleições. O Stoxx 600 ganhou 0,35%.

A puxar pelos mercados estiveram os títulos do setor energético. Em Lisboa, a EDP e a EDP Renováveis foram as que mais ganharam (0,38% e 0,39%, respetivamente). A Galp também encerrou a sessão no verde, com ganhos de 0,25%.

Já o BCP continua a desvalorizar. Esta terça-feira o banco perdeu 1,62% para os 1,16 pontos, com os investidores a mostrarem-se cautelosos perante os resultados do terceiro trimestre, que serão divulgados esta quarta-feira. O dia ficará também marcado pela assembleia geral em que será votado o aumento do limite dos direitos de voto, essencial para a entrada da Fosun.

Mais uma vez, a Corticeira volta a desvalorizar 1,15%, depois de no final da semana passada ter afundado quase 8%. No vermelho fechou também a Pharol, antiga PT, a perder 1,63%.

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A América de quem agora vive em Portugal

O duelo da década está prestes a ter a sua última ronda: Hillary Clinton vs. Donald Trump. Americanos ligados a Portugal explicam ao ECO as suas visões políticas e económicas que marcam as eleições.

“As pessoas vão ter comigo e perguntam o que se está a passar na América”. E o que se está a passar? Vista da Europa, em particular de Portugal, é uma América em mutação. Porquê? Frustração do impasse em Washington, responde Charles Buchanan, empresário que criou a Systemic Sphere. Foi esse bloqueio do Partido Republicano a Barack Obama durante oito aos e a consequente inércia da política americana que trouxeram Donald Trump: “Radical, extremista, um perigo para a presidência dos EUA”, classifica.

“Se Donald Trump ganhar, ficarei em Portugal até ao resto da minha vida e desisto do meu país [risos]. Já é demasiado”, confessa, ao ECO, o americano que já vive em Portugal há décadas. A explicação de Buchanan fala de ingenuidade para explicar o apoio a Trump: “Isto reflete a ignorância do povo americano por não perceber quais são as implicações das políticas de Trump”.

“Se Donald Trump ganhar, ficarei em Portugal até ao resto da minha vida e desisto do meu país [risos]. Já é demasiado.

Charles Buchanan

Ex-presidente da FLAD

E essas implicações são, em grande parte, económicas e internacionais. Charles Buchanan votou em Obama e já deu o seu voto, antecipadamente, em Hillary Clinton, candidata que, acredita, trará uma política de continuidade, mesmo rejeitando o TTIP: “Ela vai ter equipa capaz de enfrentar os desafios”, considera o ex-presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

Clinton transpira confiança. Mas o mesmo não se pode dizer da imprevisibilidade da estrela de TV: “Donald Trump é um enigma e os mercados odeiam a incerteza, o que a Presidência dele iria certamente trazer”, considera o professor Dana Redford, envolvido no mundo empresarial português. O presidente da Portugal Entrepreneurship Education Platform (PEEP) considera que a nomeação de Trump para candidato republicano já está a afetar a perceção no exterior, “mas será ainda mais afetada se ele ganhar”, afirma ao ECO.

Donald Trump é um enigma e os mercados odeiam a incerteza, o que a Presidência dele iria certamente trazer.

Dana Redford

Presidente da Portugal Entrepreneurship Education Platform

O professor norte-americano refere uma sondagem recente para se perceber a impopularidade de Trump fora dos Estados Unidos: “Em 45 países, Hillary Clinton ganharia as eleições a Donald Trump com a maioria dos votos, exceto na Rússia”, afirma, citando o estudo pela WIN/Gallup que entrevistou 50 mil pessoas. E há um dado curioso: em Portugal, Trump só teria 5% votos face aos 85% de Clinton.

Sondagens à parte, são muitos os desafios que quem chegar à Casa Branca vai ter de enfrentar: os desempregados de longa duração, a dívida dos estudantes do Ensino Superior, as empresas norte-americanas que se deslocam para outros países e até o Obama Care. A nível internacional, os conflitos armados e a intervenção americana não só têm consequências na geopolítica como na economia mundial. Falta saber quem os vai enfrentar como POTUS (President of the United States ou, em português, Presidente dos Estados Unidos).

O Orçamento de quem vê os EUA de Portugal

São mais de sete mil quilómetros. É esta a distância que separa Portugal dos Estados Unidos. No entanto, como em qualquer país do Mundo, esta eleição importa pela forma como afetará o comércio internacional. Mas é ainda mais importante para os americanos à volta do mundo, como os que se instalaram em Portugal para fazer negócios, promover o empreendedorismo ou fortalecer as ligações em os dois países separados pelo Oceano Atlântico.

É o caso de Dana Redford, dedicado à inovação e empreendedorismo, que pede mais dinheiro no Orçamento para a educação e a investigação científica e médica. Ao ECO, Redford explica que no Orçamento americano existem cinco áreas principais: programas de saúde (25%), segurança social (24%), defesa (16%), programas de apoio social (10%) e juros com a dívida (6%).

Ao investir em educação e investigação, os EUA fariam “render o capital humano e a inovação que faz a América crescer”. “É interessante que ambos os candidatos reconheçam que os 2% atualmente gastos em infraestruturas têm de aumentar”, considera. Redford defende que esta é a base para que depois exista mais investimento privado e um retorno económico que faça o PIB crescer.

É interessante que ambos os candidatos reconheçam que os 2% atualmente gastos em infraestruturas têm de aumentar.

Dana Redford

Presidente da Portugal Entrepreneurship Education Platform

A mesma opinião tem o diretor de Wealth Management do banco BiG em Portugal. Peter Rodrigues afirma ao ECO que “as estradas e linhas de comboio são essenciais para melhorar os acessos do país”. Além disso, Rodrigues refere que a estabilidade do regime fiscal é essencial para que as empresas continuem a investir e a contratar pessoas.

Por outro lado, Peter Rodrigues critica a política protecionista de Donald Trump que pode “afetar o crescimento e a balança comercial a nível mundial”, apesar de considerar que “as exportações e importações não tenham uma importância tão expressiva na economia norte-americana como na economia europeia”. “Penso que não é do interesse das empresas perder acesso aos mercados internacionais, pelo que é importante que a postura política e económica não se torne muito protecionista”, explica ao ECO.

Penso que não é do interesse das empresas perder acesso aos mercados internacionais, pelo que é importante que a postura política e económica não se torne muito protecionista.

Peter Rodrigues

Diretor de Wealth Management do banco BiG

Também crítico das políticas protecionistas é Jonathan Hutchison, consultor independente da Hutchison & Associates (empresa de consultadoria), que até há pouco tempo fazia de Portugal a sua casa. O norte-americano afirma ao ECO que esse tipo de políticas não são compatíveis com os tempos modernos. “Apoio no geral a liberalização das políticas de comércio por acreditar que reflete a realidade de interligação global”, explica.

Não tem dúvidas de que existem “ganhadores e perdedores”, mas essa “é a natureza do capitalismo”. No entanto, defende que assuntos relacionados com direitos humanos e gestão dos recursos ambientais devem ser tidos em conta nos novos acordos comerciais que se estabeleçam.

Jonathan Hutchison quer que o Governo gaste menos em defesa para que possa investir mais em infraestruturas que “melhorem a qualidade de vida dos americanos, criem prosperidade e reduzam a tensão social”. Em causa estão investimentos em educação — assim menos dinheiro “será preciso para prisões ou segurança pública”, diz –, transportes energias ou gestão dos recursos hídricos.

O que une Portugal aos Estados Unidos da América?

Portugal tem muito a ganhar com a economia norte-americana. É que o saldo da balança comercial entre os dois países está, este ano, favorável para a economia portuguesa em mais de mil milhões de euros. Os dados do INE revelam que, no entanto, as trocas comerciais caíram mais de 12% entre janeiro e agosto.

Contributo dos EUA para o Crescimento do Comércio Internacional de Bens português

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Fonte: INE/AICEP

Os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que as 2.853 empresas portuguesas presentes no mercado norte-americano, segundo uma compilação feita pela AICEP, vendem principalmente combustíveis e químicos. Estes dois produtos representam quase um terço do total das vendas. Dos EUA chegam a Portugal veículos, máquinas e aparelhos.

Evolução do número de empresas portuguesas que exporta para os EUA

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Fonte: INE/AICEP

Ao ECO, o Embaixador dos EUA em Portugal, não tem dúvidas: a relação comercial entre os dois países continuará igual. “O comércio e o investimento entre Portugal e os Estados Unidos continuarão a ser uma prioridade máxima para o governo norte-americano”, afirma Robert Sherman. Prioridade essa que é bilateral e pode continuar a representar “uma grande oportunidade para empresas americanas e portuguesas que procuram investir ou fazer negócio do outro lado do Atlântico”, considera.

Quota dos EUA no Comércio Internacional de Bens português

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Fonte: INE/AICEP

Independentemente do resultado das eleições desta terça-feira, “a política externa norte-americana deve manter-se de forma constante em relação a Portugal”. A convicção do embaixador é que a “aliança e amizade de longa data” continue, “tal como tem acontecido em eleições passadas, e isto aplica-se também às nossas relações comerciais”.

Quota de Portugal no Comércio Internacional de Bens dos EUA

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Fonte: ITC – International Trade Centre / AICEP

O mesmo se aplica ao “valor estratégico” que os EUA reconhecem a base aérea das Lajes. Robert Sherman diz existir empenho em manter a presença norte-americana “permanente”. “A nossa parceria com Portugal continua a ser robusta em várias áreas, incluindo a paz e a segurança internacional, os direitos humanos, os desafios sociais comuns, a aplicação da lei, a ciência e a tecnologia, e o comércio e o investimento”, elenca ao ECO.

Uma eleição em chamas

As eleições presidenciais nos Estados Unidos não passam despercebidas de ninguém. Na primeira terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro, os americanos já sabem que têm de ir às urnas. A polémica natural numa disputa política inflamou-se este ano com um foco em escândalos, notícias do passado e ataques pessoais entre os candidatos.

“Alguma da retórica da campanha tem sido particularmente intensa e pessoal, e não reflete os objetivos da nossa política externa, nem os nossos próprios valores enquanto Americanos”, considera o Embaixador dos EUA em Portugal. Ao ECO, Robert Sherman, reconhece que “é difícil perceber” essa crispação e que “alguns líderes estrangeiros têm manifestado preocupação em relação ao tom da retórica da campanha nos EUA”.

“As campanhas políticas nos EUA muitas vezes incluem publicidade negativa, usada pelos candidatos para retratar os seus opositores de forma pejorativa, uma estratégica que tem mostrado ter efeitos concretos na influência da opinião pública”, explica Sherman. Essa “forma implacável” de disputar as eleições é reflexo da “liberdade de expressão e a crença inabalável que temos na democracia”, considera. Contudo, Robert Sherman mantém-se “firmemente confiante de que as nossas instituições democráticas irão continuar a prosperar independentemente de qualquer eleição ou concurso político”.

As campanhas políticas nos EUA muitas vezes incluem publicidade negativa, usada pelos candidatos para retratar os seus opositores de forma pejorativa, uma estratégica que tem mostrado ter efeitos concretos na influência da opinião pública.

Robert Sherman

Embaixador dos EUA em Portugal

Apesar do discurso inflamado destas eleições, este é um sistema político com centenas de anos, tal como nos conta a Presidente do American Club of Lisbon, um grupo de americanos que se reúne na capital portuguesa. Mariana Abrantes explica que “o sistema eleitoral é o mesmo há 200 anos praticamente, mesmo as fórmulas de apuramento de vencedores. Os americanos sabem que na terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro é o dia eleitoral de dois em dois anos. Têm isso nas suas agendas”.

A tendência destas eleições tem sido o registo de novos eleitores. “Vai haver uma grande afluência às urnas por eleitores novos. Podem não ser jovens. Podem ser pessoas que nunca tinham votado”, prevê Mariana Abrantes. A portuguesa — que mantém contacto permanente com americanos — avisa que o suspense não está exatamente nestas eleições, mas nos resultados do Congresso e Senado. “Esta eleição é sui generis. Uma das grandes dúvidas que está aqui é o efeito em cadeia [nas outras eleições]”, afirma ao ECO.

Esta eleição expôs o nível de podridão intelectual que existe no eleitorado americano.

Jonathan Hutchison

Consultor independente da Hutchison & Associates

“Verdadeiramente deplorável” – é assim que Jonathan Hutchison classifica o tom da campanha eleitoral. “Pessoalmente, acho que esta eleição expôs o nível de podridão intelectual que existe no eleitorado americano. Só nos faz parecer estúdios e nada sofisticados”, confessa ao ECO. Para Hutchison este é o reflexo do falhanço educacional nos EUA e a “relutância em ter uma visão mais ampla dos assuntos, desafios e soluções”.

Quem partilha desta opinião é Peter Rodrigues que critica a agressividade nos insultos. “A troca de insultos tem tirado o foco de temas muito importantes, como a economia e a defesa nacional, sobretudo num contexto de aparecimento do Estado Islâmico”, argumenta ao ECO.

Este assunto é, aliás, consensual entre os americanos em Portugal. Também o veterano Charles Buchanan refere que os media “são como tubarões, como um tanque de tubarões, que quando cheira sangue numa história vão mais longe porque os escândalo vendem”. Este efeito perverso, defende Buchanan, fez com que “os candidatos não falassem daquilo que é preciso que é a requalificação dos trabalhadores”. “As eleições só dão uma vista rápida da realidade. Apenas aquilo que é sensacionalista, que causa interesse imediato nas pessoas. Há muito mais para além disso”, remata.

Feitas as contas…

Esta terça-feira, quando a votação fechar, feitas as contas, um dos candidatos vai ascender a Presidente dos EUA. Mas quem trará melhores números para a economia? “As propostas do Donald Trump são tão radicais que podem ter um impacto mais negativo a curto prazo. A forma como ele fala dos parceiros, da NATO, entre outros, isso levanta muita incerteza do que a abordagem da Hillary. E a incerteza é sempre um ponto importante para a economia”, explica a também economista Mariana Abrantes.

“As propostas do Donald Trump são tão radicais que podem ter um impacto mais negativo a curto prazo.

Mariana Abrantes

Presidente do American Club of Lisbon

“A título pessoal, como economista, acho que a questão é muito complexa. Com mudanças económicas há perdedores e ganhadores. Não se pode ignorar os eleitores que perdem”, confessa Mariana Abrantes, referindo-se às consequências da globalização e dos acordos comerciais: existem trabalhadores que foram deixados para trás por não conseguirem “reciclar”.

Mais firmes no apoio a Clinton estão Charles Buchanan e Jonathan Hutchison. O consultor independente defende Hillary, apesar de reconhecer que existe uma dependência enorme do Congresso — que está “excessivamente disfuncional”, classifica –, seja quem for o próximo POTUS.

E a crítica a Trump é feroz: “Está a promover uma estratégia económica que favorece os mais ricos e presume que os ganhos dos ricos vão traduzir-se em benefícios para os que estão no espetro económico mais baixo. A história tem-nos mostrado que esta premissa é falsa”, argumenta Jonathan Hutchison.

Está a promover uma estratégia económica que favorece os mais ricos e presume que os ganhos dos ricos vão traduzir-se em benefícios para os que estão no espetro económico mais baixo. A história tem-nos mostrado que esta premissa é falsa.

Jonathan Hutchison

Os mercados acreditam (e preferem, podemos arriscar) na vitória Hillary Clinton [link], algo que se verificou assim que o escândalo dos emails e do FBI foi ressuscitado. De Sillicon Valley, por exemplo, apenas Peter Thiel tem apoiado Donald Trump de forma constante.

E as estrelas de televisão (onde o candidato republicano ganhou fama), cinema e música têm quase todas aparecido ao lado de Clinton em várias iniciativas de campanha. Contudo, existem dois portugueses, com quem o ECO falou [link], que contrariam a ideia de que só há americanos brancos e iliterados a votarem em Trump: são luso-americanos, têm estudos superiores, chegaram acarreiras de topo e apoiam Trump.

Mas quem votam são os americanos. São mais de 300 milhões que têm a decisão final nas suas mãos. Uma decisão que terá impacto nos mais de sete mil milhões habitantes do planeta Terra. Tal como no Brexit, pode haver surpresas e a expectativa permanece até ao último milésimo de segundo. Esta terça-feira de madrugada o Mundo vai dormir com um olho aberto.

Editado por Paulo Moutinho

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Estes dois portugueses apoiam Trump. E explicam ao ECO porquê

Deste lado do Atlântico reina a incompreensão em relação a Donald Trump, com devidas exceções. O ECO falou com dois luso-americanos que apoiam Trump para perceber os seus argumentos.

Foi Portugal quem a viu nascer, mas foram os Estados Unidos que a viram crescer. Agora está a caminho dos 60 anos, mas a vida ainda é em Nova Iorque. No futuro, quem sabe, regressa à calma de Portugal, algo que só saboreia esporadicamente quando vem a Lisboa.

Maria Isabel Rodrigues Mahler fez-se banqueira numa altura em que as mulheres ainda não tinham cargos de topo. Ainda jovem, encarnou o sonho americano: estudou e trabalhou ao mesmo tempo, comprou uma casa antes de chegar às duas décadas de vida e foi do cargo mais baixo do banco até ao segundo mais alto, o de vice-presidente.

É esse passado no setor bancário que marca o seu pensamento atual. A economia esteve e continua a estar no centro da sua vida. É mulher e apoia Trump, sem um “mas” a condicionar. Não gosta de nenhum dos candidatos, mas apoia o republicano por este ser “um homem de negócios”. “A Hillary nunca produziu um produto”, argumenta ao ECO.

O mesmo argumento é dado por Francisco Semião, o fundador e diretor da National Organization for Portuguese Americans. O luso-americano é, a título individual, apoiante de Trump porque o “passado dele nos negócios deu emprego a muitas pessoas”. Acérrimo defensor do mercado livre, acredita a 100% que as melhorias da economia têm de vir do setor privado e não do Estado.

“Infelizmente, Clinton nunca esteve nesse lado. Foi sempre uma funcionária do Governo e não produziu nada. Ela acredita que as melhorias da economia são fruto do Governo, mas isso não é verdade. São fruto do mercado. Eu tenho um mestrado numa escola de negócios, por isso eu percebo essa arte”, explica ao ECO.

Semião é um dos diretores de um grupo hospitalar em Washington. O seu nível de educação, tal como o de Maria Isabel rejeitam um preconceito quanto aos eleitores do republicano: não são só os que têm menos literacia quem vota em Trump.

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Tanto Francisco Semião como Maria Isabel têm formação superior. A banqueira estudou Contabilidade e depois Direito nas universidades nova-iorquinas. Já Semião tem dois mestrados, um em gestão e outro em saúde pública pela Universidade de George Washington e pela Universidade Marymount.

A sua mãe é de El Salvador, mas o pai é português. Francisco, agora de 47 anos, é 100% americano. Sabe um pouco de português e, desde que reatou a relação com o pai antes de chegar aos 30 anos, vem a Portugal todos os anos. Foi nessa transição para se tornar adulto que se relacionou mais com a comunidade portuguesa em Washington D.C. O ponto de conexão foi a Igreja Católica, mas depois alargou-se de tal forma que criou a National Organization for Portuguese Americans em 2009.

Gosta de política, mas tinha deixado de se envolver há alguns anos porque não sentia que podia fazer a diferença. “Os partidos estavam a velejar a América”, critica. Mas continuou a achar que as eleições são muito importantes e cultivou os contactos que tinha criado na política. Recorreu a esses contactos quando se interessou pela campanha de Trump, um interesse comum aos estrategas do republicano que viram em Francisco Semião uma mais-valia para expandir a campanha às minorias.

O que explica que as pessoas apoiem o Trump?

Maria Isabel já vive nos Estados Unidos há 50 anos. Conhece bem o descontentamento existente com as políticas atuais, principalmente porque não acredita nos números do desemprego que são lançados semanalmente.

“Por ter sido bancária percebo mais de números do que a população em geral. Se um americano não estiver a receber o subsídio de desemprego, já não conta. Existem 95 milhões de americanos sem emprego. São 10 ‘Portugais’. O Presidente [Obama] não fala sobre isso porque isso reflete a política dele”, critica.

Assume que Trump é “mau” — até o classifica de “louco” — mas aprecia o seu passado enquanto empresário. “O Donald Trump criou uma indústria fenomenal. E fê-lo mais depressa do que o estimado e a um preço mais baixo do que o esperado. Eu admiro isso”, confessa, ao mesmo tempo que vinca a necessidade de Trump ser mais diplomático.

Existem 95 milhões de americanos sem emprego. São 10 ‘Portugais’.

Maria Isabel, banqueira

Esse fator aliado à noção de que existe um “grande problema económico” nos EUA ajudou a luso-americana a decidir a sua intenção de voto. “Quando a América está com problemas económicos, o mundo está com problemas. Se pararmos de comprar aos chineses, estariam numa alhada. Somos os polícias do mundo. O Trump vai ser o presidente que não se vai querer envolver nos assuntos externos”, clarifica.

Francisco Semião utiliza o mesmo argumento económico. O luso-americano faz parte da Coligação Nacional para a Diversidade da campanha presidencial de Donald Trump e do departamento do Comité Nacional Republicano dedicado à população hispânica. Nunca teve contacto direto com o candidato, só fala com os conselheiros da campanha, mas é realista quando a um ponto: “Eu não acredito em tudo o que Donald Trump diz”.

No futuro, se Trump for Presidente dos EUA, “vai ter de haver um equilíbrio”, avisa, para que o povo americano não seja prejudicado pelo que Trump diz. “O que ele quer fazer é que os acordos estabelecidos sejam benéficos para o país, algo que não tem sido a prática anteriormente pelo establishment“, critica, referindo-se aos acordos comerciais que o candidato republicano promete rever, refazer ou até revogar caso se provem negativos para a economia norte-americana.

O lapso feminino de Trump

O escândalo da gravação de Donald Trump a fazer “conversa de balneário” foi o que teve mais impacto nos seus apoiantes, principalmente os apoios de peso do Partido Republicano. Os comentários xenófobos ou racistas em relação a algumas minorias não tiveram uma reação tão impactante. Isso só é explicado pelo facto dos direitos das mulheres serem, neste momento, um dado adquirido e sagrado nos EUA.

Em 2012, Maria Isabel votou em Obama. “Sentia que as relações entre os pretos e os brancos iam mudar com essa eleição”, confessa ao ECO. O mesmo não pode acontecer na relação das mulheres com os homens na eleição de Hillary? “Como uma mulher, não. Eu vou fazer 60 anos, mas quando comecei no setor bancário as mulheres não tinham cargos de topo. Eu percebo que as mulheres da minha geração votem nesse sentido [em Clinton] porque sentiram essa diferença”, explica, referindo que atualmente essa diferença desvaneceu e que as novas gerações estão imunes a isso.

“Há mais mulheres do que homens a licenciarem-se nos EUA. E os millennials não estão necessariamente a votar em Hillary. Estavam a votar no Bernie Sanders”, argumenta. Além disso, a banqueira identifica um problema que a afasta de Clinton: a investigação do FBI aos emails. “Não gosto quando mentem na minha cara. Não gosto da Fundação Clinton porque não foi criada para ajudar ninguém, a não ser os amigos da política”, acrescenta.

Já Francisco Semião diz não acreditar que “as coisas vão ao extremo” quando é confrontado com as declarações de Trump. Semião defende-se com o papel do Congresso, o principal obstáculo de Barack Obama durante os oito anos que esteve à frente dos Estados Unidos.

Ele diz o que pensa. O problema que tivemos até agora é que os políticos diziam o que nós queríamos ouvir, mas faziam uma coisa diferente.

Francisco Semião, gestor de um hospital

É por isso que existe um Congresso. Ele é político há pouco tempo. Não fez carreira na política como outros mais refinados. Ele diz o que pensa. O problema que tivemos até agora é que os políticos diziam o que nós queríamos ouvir, mas faziam uma coisa diferente”, explica. Honestidade é a palavra de ordem. É o sentimento que domina os eleitores de Trump quando o ouvem.

Além de se defender com o profissionalismo que Trump revelará quando for eleito, o luso-americano diz que muita da culpa dos escândalos é dos media. “Os media tem enviesado as mensagens. Não são imparciais”, critica Francisco Semião, especificando o caso dos defensores dos direitos às armas: “Fazem com que pareçam idiotas”. Semião acusa ainda os media norte-americanos de se focarem nos escândalos de Donald Trump e pouco nos de Hillary Clinton. “Há uma falta de balanço no foco dos media”, remata.

Clinton: um Obama to be continued?

Maria Isabel partilha do sentimento de anti-establisment que domina os apoiantes de Donald Trump. Ele é um estrela de televisão, tem cuidado no aspeto visual mas é desastroso com as palavras, como pede a trash tv americana. É Trump quem os convence, pela inércia, que será um melhor presidente do que Clinton, uma dama de continuação no jogo político americano.

Ao ECO, a bancária fala da desilusão com Obama no Médio Oriente, “algo que afeta mais os europeus do que os americanos”, avisa, referindo-se aos ataques terroristas. “A Europa está a pagar o preço”, diz. E sabe do que fala. A 11 de setembro de 2001 estava a alguns quarteirões do World Trade Center. O andar 106º fazia parte do seu quotidiano: era lá que trabalhava até ter mudado um mês antes do ataque.

Sentiu um estrondo, mas pensou que seria o metro. Avisaram-lhe que um avião tinha batido numa das Torres Gémeas, mas não atingiu a gravidade da situação no momento. Quando abriu a porta do seu novo escritório, em Manhattan, a primeira coisa que os seus olhos viram foi o embate do segundo avião na segunda torre.

Vi pessoas saltarem. Ninguém consegue perceber a não ser quem viu.

Maria Isabel, banqueira

“Vi pessoas saltarem. Ninguém consegue perceber a não ser quem viu. Para quem viu na televisão foi quase como ver um filme. Nunca mais somos os mesmos”, explica ao ECO, revelando que também isso pesa no pensamento que atualmente tem em relação à realidade política e económica norte-americana.

O relato é impressionante: “Eu deixei de trabalhar na banca e nos mercados depois de 30 anos porque não queria estar em Manhattan todos os dias. Estava à espera de alguma coisa explodisse todos os dias. Eu estive em choque durante dois anos por causa da realidade que eu vi. E o cheiro… Não consegui deixar de o sentir durante anos. Eu não conseguia cheirar churrasco (barbecue)”.

É uma situação semelhante que prevê que aconteça na Europa caso ninguém atue no Médio Oriente. “Às vezes é preciso fazer coisas que não são populares para se ser um bom presidente”, defende. Queria que Obama se tivesse envolvido mais. É a favor do lema “fix it or leave it” (resolvam ou deixem em paz). “Não podemos continuar a ter soldados americanos sem braços ou pernas. Parte-me o coração”.

“Eu percebo que as pessoas que não vivem nos EUA não percebam o que o Trump diz”, explica ao ECO. É uma realidade que não conhecem e que Maria Isabel sentiu e sente na pele todos os dias.

Editado por Paulo Moutinho

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