O melhor amigo de Costa voa para ser chairman da TAP

Diogo Lacerda Machado, o "melhor amigo" de António Costa, é o nome escolhido pelo Governo para substituir Humberto Pedrosa como chairman da TAP. Gestor garante que não recebeu convite.

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O governo deverá indicar Diogo Lacerda Machado para chairman da TAP, no âmbito do acordo assinado em maio de 2016 entre o Estado e os privados que define a relação de forças na transportadora nacional, apurou o ECO junto de fontes conhecedoras do processo.

Neste momento, o Estado tem 39% da companhia e o consórcio Atlantic Gateway tem 61%, negócio fechado ainda no tempo do governo de Pedro Passos Coelho. Já com António Costa como primeiro-ministro, verificou-se uma renegociação dos termos desta parceria que resultou no reforço do capital do Estado até aos 50%, com um investimento de 1,9 milhões de euros. E, sobretudo, um novo acordo parasocial que define que é o Estado a nomear o presidente do Conselho de Administração da TAP SGPS, hoje liderado por Humberto Pedrosa, o sócio português do consórcio privado. O CEO é nomeado pelos privados e o conselho terá um número paritário de administradores, seis, indicados pelo Estado e pelos privados. Com um pormenor: o presidente do conselho tem voto de qualidade em caso de empate.

Diogo Lacerda Machado — “o melhor amigo” de António Costa nas palavras do próprio primeiro-ministro — foi o negociador deste acordo e tem uma relação antiga com o negócio da aviação e a TAP em particular. Esteve também envolvido na entrada da TAP no Brasil, através da Geocapital, uma sociedade de Stanley Ho que entrou com a TAP na antiga VEM (atual TAP Manutenção e Engenharia Brasil), mas acabou por vender a participação à própria TAP.

Atual consultor de António Costa, com quem, aliás, renovou recentemente o contrato de prestação de serviços por mais seis meses, Diogo Lacerda Machado encaixa como uma luva na descrição que Humberto Pedrosa definiu como necessária para o novo chairman da TAP, em entrevista ao ECO. “Experiência de gestão, não precisa de ser do setor, com provas dadas na gestão, isso é extremamente importante. Que seja uma pessoa que se movimente bem, que tenha facilidade em contactos”.

Pedrosa afirma que não sabe qual é o nome escolhido pelo Governo e, contactado oficialmente sobre a nomeação de Lacerda Machado, o ministério liderado por Pedro Marques, que tutela a TAP, respondeu apenas que “essas designações [do chairman e do CEO, Fernando Pinto] serão realizadas depois do closing do negócio”. Já depois da publicação desta notícia, Diogo Lacerda Machado, citado pelo Observador, afirma apenas que está em Bissau e não recebeu qualquer convite do governo.

O que falta, então, para o ‘closing’? Neste momento, como Humberto Pedrosa afirmou ao ECO, decorrem negociações entre a TAP e o consórcio bancário para a renegociação de parte da dívida da transportadora, cerca de 120 milhões de euros — de um total de 800 milhões de euros — que deveriam ser pagos em novembro de 2017. Este renegociação, revelou Pedrosa, deverá estar concluída nas próximas semanas. A mesma fonte oficial do ministério do Planeamento e Infraestruturas confirma ao ECO que “as negociações intensificaram-se no quarto trimestre e há a expectativa de que estarão concluídas a muito curto prazo (semanas)”. Confirma ainda que “o que está a ser renegociado é o empréstimo de 120 milhões de euros contratado com um conjunto de bancos, entre os quais avultam a CGD, Novo Banco e BCP”.

"Essas designações [do chairman e do CEO, Fernando Pinto] serão realizadas depois do closing do negócio”

Fonte oficial do Ministério do Planeamento

Posteriormente, o Governo vai aprovar uma resolução para a Operação Pública de Venda (OPV) de 5% do capital da TAP, que serão subtraídos aos 50% do consórcio privado, a colocar junto dos trabalhadores (leia-se pilotos, os principais candidatos). Posteriormente, e após o ok do regulador (ANAC), haverá condições para fechar o negócio e pôr o acordo parassocial em vigor, desde logo com a nomeação de Diogo Lacerda Machado. A continuação de Fernando Pinto como presidente executivo, essa, dependerá de David Neelman e de Humberto Pedrosa.

(atualizada às 21h29 com declarações de Diogo Lacerda Machado ao jornal Observador)

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