Outlander PHEV: Quando um 4×4 não faz barulho
É um híbrido, mas engana os menos atentos. Com as baterias a assegurarem grande parte da utilização citadina, o Outlander passa por elétrico sem os constrangimentos de autonomia dos verdadeiros.
Quando se pensa na Mitsubishi, a primeira imagem que vem à cabeça são as pick-ups, especialmente a L200 Strakar. Fez sucesso nos Dakar, levando muitos destes 4×4, cheios de força, para as estradas nacionais. Mas a marca japonesa também tem um longo historial em SUV, desde o Pajero até ao Outlander. E se antes a potência vinha dos motores diesel, atualmente a aposta recai nos híbridos. O Outlander PHEV é um bom exemplo disso. 4×4, potente, mas com consumos comedidos. E silencioso.
Rodar a chave? Há muito que deixou de ser comum. Basta carregar num botão e está pronto a andar. Sem ruídos, tal como se de um totalmente elétrico se tratasse. Estranha-se, mas depois entranha-se. Com a caixa na posição Drive, basta um pequeno toque no acelerador e as baterias começam a fazer as rodas rolarem. No modo elétrico, o Outlander é movido apenas pelas baterias de iões de lítio, com 12 kWh de capacidade, que têm autonomia para um total de 52 km (recarregadas em cinco horas numa tomada normal).
Não é uma autonomia por aí além, é certo. Mas é mais do que suficiente para a maioria das deslocações feitas no dia-a-dia, sendo que ao contrário do que acontece num automóvel totalmente elétrico, não há o stress de não saber se chega ao destino — já que, em regra, a autonomia é ainda algo limitada. É que juntamente com os dois motores elétricos (um à frente e outro atrás), o SUV da marca japonesa conta com um motor a gasolina de 2.0 litros com 121 cv disponível para ajudar a manter as baterias carregadas.
Com o botão Charge ativado, o motor trabalha para alimentar as baterias, mas mesmo assim é quase impercetível para quem está ao volante — a insonorização é bastante boa. E, claro, há sempre a possibilidade de carregar as baterias com alguns truques de condução. Nas descidas, basta levantar o pé do acelerador e é ver o ponteiro das rotações — neste caso, dividido entre Charge e Power — passar para o lado azul, aumentando a autonomia do Outlander.
Carregar no travão também permite gerar energia para acumular nas baterias, mas nem sempre é preciso dar uso ao pedal da esquerda. Há duas patilhas no volante que permitem travar de forma eficiente. Passa do Drive para o Brake, sendo que há vários níveis, do zero ao cinco. Pode parecer estranho à primeira utilização, mas depois torna-se quase instintivo recorrer a essas patilhas que permitem aumentar a vida útil das baterias entre recargas.
Zero aos 100 km?
Andando sempre em circuitos citadinos, sem grandes exigências do Outlander, o resultado é zero litros de gasolina. Mas nem sempre é possível. Com o motor de 2.0 litros a trabalhar para dar mais alguma autonomia às baterias, a marca diz que o consumo combinado de combustível será de 1,8 litros, um valor que superámos no teste realizado. E quando se sai da cidade para a autoestrada, o motor de combustão acaba por ser chamado a dar o seu contributo. Ou seja, gasta-se mais gasolina.
O Outlander consegue atingir os 120 km/h só com as baterias, mas antes disso já o motor a gasolina arrancou. Neste modo híbrido, a marca anuncia um consumo médio de 5,5 litros. No percurso realizado, de pouco mais de 100 km, a média ficou um pouco acima dos 6 litros — as subidas não são muito simpáticas para os consumos, especialmente quando as baterias começam a ficar com menos de metade da capacidade. E se ativar o 4×4, também pode esperar consumos mais elevados, embora nestas tarefas o impulso das baterias seja muito interessante.
A combinação dos dois sistemas de propulsão permite ter sempre potência no pedal da direita, embora em situações em que se pretende ultrapassar um veículo com um andamento mais lento, perante o pisar do pedal parece que há ali um momento de indecisão do sistema sobre como vai chegar a potência às rodas. É um ligeiro fosso que requererá habituação, mas quando superado temos carro. Nem parece ter o tamanho que na realidade tem (é grande).
Tudo sob controlo
Uma condução um pouco mais apressada tem potencial para fazer subir os consumos além do desejável. Mas raramente terá a tentação de o fazer. Porquê? Tudo no Outlander está pensado para que adote uma condução ecológica — até há um botão, o Eco Mode, que modera a resposta do carro para reduzir o consumo. Não só tem sempre informação sobre de onde vem e para onde vai a energia, como no ecrã do sistema de entretenimento tem uma série de quadros que o mantêm informado sobre o que está a fazer.
É possível controlar, a cada momento, tudo o que se está a acontecer, mas passar de ecrã em ecrã não é assim tão simpático. Num SUV com tanta tecnologia debaixo do capot, falta-lhe progredir um pouco no interior. A unidade ensaiada, equipada com o sistema de som da Rockford Fosgate, conta com um ecrã que não perdia nada se fosse um pouco maior, mas principalmente se tivesse uma resposta mais imediata (e precisa) ao toque. Destoa um pouco da qualidade global sentida a bordo.
Na versão que o ECO experimentou, o Outlander PHEV vem com estofos e volante em pele aquecidos (uma opção simpática para o tempo frio que se fez sentir em janeiro), sensores de estacionamento com câmaras 360º, muito úteis para estacionar um automóvel de dimensões avantajadas para uma utilização citadina. Um pacote completo, incluindo os sete lugares, que tem um preço de 46.500 euros. É mais barato do que o 2.2 a gasóleo, mas pouco. Será capaz de afastar os portugueses do vício do diesel?
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