Justin Trudeau nas boas graças de Donald Trump. E vice-versa

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2017

Trump reuniu esta segunda-feira com Justin Trudeau e tudo aponta para um encontro amigável e conciliatório entre os dois líderes norte-americanos, que falam em reforçar laços apesar das divergências.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reuniu esta segunda-feira com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, naquele que foi o primeiro encontro oficial entre os dois líderes norte-americanos. A conferência de imprensa conjunta na Casa Branca fez eco de um encontro amigável e conciliatório, com o magnata a garantir que os Estados Unidos “têm muita sorte em terem um vizinho como o Canadá”, reproduz o National Post.

Num comunicado conjunto, os dois líderes reafirmam “a importância de estreitar a relação existente no comércio e no investimento e aprofundar a relação entre ambos os países, com o objetivo comum de fortalecer a classe média”, cita o The New York Times. Ambos os países herdaram do mandato de Barack Obama uma estreita relação, cuja manutenção está no topo das prioridades de Trudeau. As declarações, sublinha o jornal nova-iorquino, sugerem que o primeiro-ministro canadiano conseguiu alcançar os objetivos.

Uma das declarações deste comunicado a despertar mais atenção mediática é o ponto relativo à NATO: “Nós somos aliados indispensáveis na defesa da América do Norte e outras partes do mundo, através da NATO e de outros esforços multilaterais”, lê-se no comunicado conjunto. Recorde-se que Trump já referiu que a aliança “está a custar demasiado dinheiro” e que os Estados Unidos deveriam “reconsiderar” o papel na organização.

Imigração, um tema fraturante

De acordo com a CNN, na conferência conjunta dos dois líderes, Trump voltou a justificar a decisão de impedir a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, uma ordem que foi entretanto bloqueada pelo poder judicial. “Não podemos deixar entrar as pessoas erradas”, disse o presidente norte-americano, apelidando a ordem executiva de “senso comum”.

Trudeau, em contrapartida, optou por tornar explícita a posição mais liberal do Canadá no que toca a políticas de imigração, embora tenha referido que não foi ao Estados Unidos para dar “um sermão” ao magnata no que diz respeito a este tema fraturante. De recordar que Trudeau já tinha dito que o Canadá “vai ser sempre fiel aos valores que tornaram este país extraordinário”, apostando na abertura social e cultural ao exterior. Ao contrário do vizinho sulista, que faz os possíveis por fechar as fronteiras e manter lá dentro apenas os nativos, Trudeau abriu as portas de casa a milhares de refugiados.

Uma mão lava a outra

Trump e Trudeau têm entre si uma das maiores fronteiras terrestres do mundo — e não é a única coisa que os separa. O magnata tem um discurso conservador e tendencialmente machista, é protecionista e quer tornar a América “grande outra vez” através do isolamento em relação ao resto do mundo. Justin Trudeau é um liberal que defende a igualdade de género e os direitos da comunidade LGTB e quer a maior abertura possível do Canadá ao exterior, económica, política e culturalmente.

Além disso, ambos têm uma longa e intensa parceira económica. Só em 2015, as trocas comerciais de bens e serviços entre Estados Unidos e Canadá superaram os 670 mil milhões de dólares (cerca de 630 mil milhões de euros), aproximadamente 3,5 vezes o PIB de Portugal. Em 2015, o Canadá importou 338 mil milhões de dólares (ou 317,5 mil milhões de euros) em bens dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos importaram 332 mil milhões dólares (312 mil milhões de euros) em bens do Canadá.

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