Quantas vezes deram caso CGD por fechado? Dez vezes
O primeiro-ministro e o Presidente da República têm multiplicado os comentários sobre a CGD, mas para dizer nada mais do que isto: "O assunto está encerrado". Quantas vezes o fizeram? Fomos contar.
Uma semana depois da conferência de imprensa de Mário Centeno, do comunicado de António Costa e da nota de Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo e o Presidente da República têm feitos esforços para colocar um ponto final na polémica da CGD. Uma semana depois, Marcelo e Costa têm recusado falar do caso que envolve as declarações de património e remuneração da administração de António Domingues. Em sete dias só fizeram exceções para dizer que o assunto estava encerrado.
Marcelo Rebelo de Sousa
Sábado, 18 de fevereiro
“Esse assunto está morto. Portanto, como está morto, já não ressuscita”, afirmou à margem de um ciclo de conferências da Ordem dos Médicos, em Coimbra.
Sexta-feira, 17 de fevereiro
“Às vezes, vale a pena ser teimoso, ter a mesma ideia do começo até ao fim ou, dito por outras palavras, ser professor de Direito Constitucional”, referiu o Chefe de Estado à margem do 43º aniversário da Universidade do Minho.
Quinta-feira, 16 de fevereiro
“É muito simples. É um caso encerrado, ponto final, parágrafo. É um caso [CGD] que está encerrado. Agora, olhemos para o futuro, e no futuro temos muito para tratar em relação à recapitalização da Caixa, como já disse”, respondeu quando confrontado com as declarações de João Galamba, porta-voz do PS, no programa “Sem Moderação” do Canal Q e TSF, à margem da visita ao Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica, no Porto.
“Em relação ao passado, terminou. O Presidente, o que tinha a dizer, está dito, não muda uma linha, não muda uma vírgula, não acrescenta uma vírgula, está dito. O Presidente disse aquilo que entendia que devia dizer, está dito! Como não há quem substitua o Presidente no exercício das suas funções, está dito”, completou.
“Os SMS não mudarão a minha posição sobre o ministro”, garantiu ao Expresso.
“Assunto encerrado. Ponto final, parágrafo”, afirmou ao Jornal de Negócios.
“Não me pronuncio sobre a vida interna de outros órgãos de soberania”, disse Marcelo Rebelo de Sousa à saída do V Congresso Nacional de Saúde Pública, no Porto, quando questionado sobre a demissão de Matos Correia enquanto presidente da comissão parlamentar de inquérito à CGD.
Quarta-feira, dia 15 de fevereiro
“Para mim esta questão é uma questão encerrada. E quando fiz a nota, fiz a nota conhecedor de todos os elementos fundamentais, todos os que era possível conhecer na altura em que fiz a nota, todos os dados que eram essenciais para fazer aquela nota”, disse à entrada para a apresentação de um livro, em Lisboa. “Está lá tudo exatamente o que penso sobre a matéria”, garantiu, dizendo que o “Presidente não é comentador, é Presidente. Os comentadores, comentam”.
António Costa
Segunda-feira, 20 de fevereiro
“Nada mais tenho a dizer”, disse à margem da quarta cimeira bilateral entre Portugal e Cabo Verde.
Sexta-feira, 17 de fevereiro
“A nossa relação é boa, como sempre foi”, afirmou ao Jornal de Notícias sobre a relação com o Presidente da República no seguimento deste caso.
Quinta-feira, 16 de fevereiro
“O quê, ainda andam com esse assunto? Ainda não ouviram o senhor Presidente da República? Isso já acabou tudo na segunda-feira”, disse António Costa aos jornalistas, à margem de um evento na Associação Empresarial da região de Lisboa (AERLIS), em Oeiras.
O mesmo foi reiterado pelo PCP e BE. Este domingo, depois da reunião do comité central, Jerónimo de Sousa disse ficar “imensamente preocupado, depois ter procurado dizer coisas sérias – pelos vistos não consegui -, que continue este folhetim da CGD“. Segundo a RTP, os comunistas ponderam até boicotar a nova comissão parlamentar de inquérito que o PSD e CDS já anunciaram que vão formar.
Já o Bloco de Esquerda tinha reagido na passada sexta-feira defendendo que “o problema ficou resolvido no ano passado”. “A polémica, tanto quanto consigo perceber, tem a ver com o facto de o anterior conselho de administração não querer entregar as declarações de rendimentos. É uma polémica que ficou resolvida no ano passado”, argumentou.
O próprio Partido Socialista tem seguido a linha de discurso de António Costa, com exceção no caso da atuação de Marcelo. Na quinta-feira, Carlos César veio dizer, em entrevista ao Público, que “interessa muito mais a CGD do que a vida atual de António Domingues”. Na sexta-feira, na sequência do anúncio de que o PSD e o CDS iam avançar para uma nova comissão — uma sugestão do Presidente do PS — o líder parlamentar dos socialistas acusou a direita: “não descansam enquanto não matarem a CGD”.
No final, fazendo as contas, são pelo menos duas mãos cheias de declarações a tentar, aparentemente com pouco sucesso, colocar um ponto final na polémica.
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