CGD pode ficar com menos balcões do que os rivais
Se os restantes bancos não acompanharem o ritmo de redução de agências, a CGD chegará ao final da década com o menor número de balcões quando comparado com os outros grandes da banca.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está cada vez mais perto de concluir uma mega injeção de cinco mil milhões de euros. Um plano de recapitalização que inclui a redução do número de trabalhadores e de balcões, para que esta ajuda não seja considerada estatal aos olhos de Bruxelas. Mas este corte do número de agências tem criado polémica da esquerda à direita, por considerarem que o banco, por ser público, devia estar presente em todo o país. Um corte que faz com que a CGD se torne no banco mais pequeno entre os grandes.
Nos próximos anos, no âmbito do plano estratégico negociado com Bruxelas, a CGD prevê dispensar 2.200 pessoas, o que o presidente executivo, Paulo Macedo, disse que se fará, através de “pré-reformas e eventualmente rescisões por mútuo acordo”. Em termos de agências, a CGD quer chegar a 2020 com um número entre 470 e 490, em comparação com as atuais 651.
CGD será o banco com menos balcões
Na prática, esta redução faz com que a Caixa se torne no banco mais pequeno entre os grandes. No final de 2016, o BCP tinha 618 balcões e o BPI tinha 545. Depois da fusão com o Banif, o Santander Totta ficou com 650 agências. Até o Novo Banco, que ainda é um banco público, tinha 556 balcões até setembro do ano passado.
Olhando para a banca nacional, o esforço de corte de custos, que inclui a redução do número de balcões, é transversal ao setor. Mas o ritmo a que a Caixa terá de o fazer é muito mais rápido, uma vez que esta é uma das condições impostas pelas autoridades europeias para que a injeção de capital por parte do Governo não seja considerada ajuda estatal.
Se ficasse em todos os sítios onde os outros bancos não querem ficar, “então a CGD não saía dos seis anos de prejuízos que teve”, salientou Paulo Macedo na apresentação de resultados para 2016. Mas esta questão tem criado dúvidas ao PCP, Bloco de Esquerda e “Os Verdes” e conta já com a oposição do PSD. Segundo a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, se se está a pedir um esforço de cinco mil milhões aos portugueses, é de esperar “algum serviço público”. Do lado do PSD, o ex-primeiro-ministro vai mais longe. Pedro Passos Coelho considera o fecho de balcões um “cinismo atroz” do PS, BE e PCP.
Do lado do Governo, Carlos César pediu aos deputados socialistas que defendam o “serviço público” no processo de reestruturação da rede de agências da Caixa, salientando que não se pode “assobiar para o ar” nesta matéria. Já o Bloco pediu uma audição urgente do ministro das Finanças no Parlamento para explicar o processo de reestruturação.
Apesar de a CGD poder ficar muito atrás dos outros em termos de número de balcões, os cortes estão previstos num cenário que vai até 2020. Não se sabe, portanto, o que é que os outros bancos vão fazer durante este período. Por isso, os 470 ou 490 balcões podem até ser um número razoável dentro de três anos, quando comparado com os pares nacionais.
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