O que fazer a 500 mil carros retomados? A Volkswagen não sabe
A fabricante alemã retomou mais de 500 mil carros nos Estados Unidos, mas a solução sobre o que fazer com eles não está à vista.
O escândalo das emissões poluentes da Volkswagen rebentou em finais de 2015, quando se ficou a saber que 11 milhões de veículos da fabricante alemã — incluindo os das suas subsidiárias Audi, Skoda e Seat — estavam equipados com um software que reduzia as emissões de gases poluentes quando estavam a ser testados. Estudos vieram revelar que os automóveis emitiam 40% mais gases nocivos que o que era permitido por lei.
Em território norte-americano, foram 500 milhões os veículos com este software vendidos entre 2009 e 2016. No final do ano passado, a marca alemã concordou com as exigências destes clientes e não só garantiu que a situação ia ser resolvida através do arranjo ou da retoma, como se juntava a isto uma indemnização de 5.100 a 10.000 dólares.
A empresa reservou mais de 10 milhões de dólares para comprar os veículos afetados, uma fatia dos 23,9 milhões de dólares que serão necessários para resolver totalmente o problema. O CEO da empresa, Matthias Mueller, afirmou há um mês que não vai ser preciso mais dinheiro, ao contrário dos rumores que circulam.
São 15 mil os donos a irem semanalmente aos concessionários para venderem os seus carros e receberem em troca um valor que pode ascender até aos 40 mil dólares. Estes são depois levados para um entreposto, onde ficam estacionados. É assim que surge o problema da marca: o que fazer a meio milhão de carros retomados, que continuam com o mesmo problema? As soluções não são muitas…
Arranjar para poder vender
A marca não poderá voltar a pôr estes veículos em estrada sem que sejam intervencionados. A solução nem sequer passa por exportar estes para países onde a legislação seja menos restrita, visto que esta ação foi proibida logo à partida.
O programa é uma parte importante dos esforços da Volkswagen para resolver os problemas dos nossos consumidores e reconstruir a confiança nos Estados Unidos.
Existem dois tipos de motores neste processo: os que foram vendidos entre 2009 e 2014, os chamados “Geração Um” e os vendidos em 2015. Estes últimos estão equipados com uma tecnologia mais atual e são mais fáceis de reparar, sendo precisos apenas dois passos: uma atualização de software que já está disponível e a reparação das peças, assim que estas estiverem disponível.
No caso dos motores de “Geração Um”, o processo é bem mais complicado. A reparação será feita através da aplicação de um spray purificante no catalisador. Contudo, alguns carros, por serem demasiado pequenos, vão ter de ser modificados para aceitarem este spray, o que pode vir a revelar-se um custo demasiado elevado para um carro usado.
Além disto, não está provado que esta solução seja durável e que não afete em nenhum aspeto a performance do carro. Estima-se que 65% dos veículos afetados sejam deste tipo.
A solução europeia tarda
O programa de retomas nos Estados Unidos da América vai continuar a funcionar até 30 de junho deste ano, data imposta pelas autoridades para que pelo menos 85% dos automóveis afetados estejam a ser intervencionados. Em declarações à Bloomberg, Jeannine Ginivan, representante da marca nos EUA, afirmou que o programa “é uma parte importante dos esforços da Volkswagen para resolver os problemas dos nossos consumidores e reconstruir a confiança nos Estados Unidos.”
Deste lado do Atlântico o processo não tem sido assim tão fácil. A Comissão Europeia juntou-se às associações de defesa dos consumidores e tem pressionado a marca para que seja encontrada uma solução parecida à norte-americana num futuro próximo. A comissária europeia responsável pelos consumidores, Vera Jourova, incentivou as associações a “utilizarem todos os meios à disposição para proteger os consumidores europeus”.
Relativamente ao caso português, a SIVA, empresa importadora da marca, afirmou que a “grande ação vai decorrer em 2017”, estimando que até setembro estará o “assunto resolvido” em Portugal. Serão 125 mil os veículos afetados.
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