Mercado mundial de ETF já vale mais de quatro biliões

  • ECO
  • 11 Maio 2017

Mais simples e mais baratos. Os fundos cotados em bolsa, os chamados ETF, continuam a atrair cada vez mais investidores. Indústria já vale mais de quatro bilões de dólares.

A indústria global dos ETF (exchange traded funds) vai de vento em poupa. O mercado destes fundos cotados em bolsa atingiu os quatro biliões de dólares (3,7 biliões de euros) no último mês, numa tendência de crescimento que nem o bom desempenho obtido este ano pelos gestores de ativos está a conseguir contrariar.

De acordo com os dados da ETFGI, citados pelo Financial Times (conteúdo em inglês/acesso pago), existiam quase 7.000 produtos de ETF negociados em bolsa, geridos por 313 entidades, no final de abril. No total, os ETF contavam com ativos avaliados em mais de quatro biliões de dólares.

Só no mês passado, os ETF atraíram um recorde de 38 mil milhões de dólares. Abril marcou mesmo o 39º mês consecutivo de entradas de líquidas, elevando para 235 mil milhões de dólares o investimento arrecadado só em 2017 — bem acima dos 81 mil milhões em 2016.

O ritmo de crescimento destes veículos de investimento continua a preocupar a indústria da gestão de ativos, que tenta conter a saída de fluxos dos mais tradicionais fundos de investimento — sobretudo nas áreas que se estão mais expostos à concorrência dos ETF, como o mercado de ações norte-americano.

“Os ventos adversos para a indústria de gestão de ativos não se estão a abater”, referiu Ben Johnson, diretor de EFT da Morginstar. “Isto já não tem a ver com o desempenho. É algo mais estrutural“, evidenciou aquele responsável ao FT.

"Os ventos adversos para a indústria de gestão de ativos não se estão a abater. Isto já não tem a ver com o desempenho. É algo mais estrutural.”

Ben Johnson

Diretor de EFT da Morginstar

Neste momento, são poucos analistas e gestores de ativos esperam que o ritmo de crescimento dos ETF diminua. Recentemente, a Sanford Bernstein, uma casa de investimento detida pela gestora de ativos AllianceBernstein, previu que em janeiro do próximo ano mais de metade dos ativos no mercado acionista sob gestão nos EUA deverá ser gerida passivamente.

Isto apesar do desempenho mais positivo que os gestores de ativos registam este ano contra os fundos passivos. Os sinais de retoma económica mundial e a nova administração Trump têm atirado os mercados bolsistas americanos para máximos históricos, favorecendo uma estratégia negociação em bolsa mais ativa. Mas nada que vá alterar o rumo dos acontecimentos porque os investidores procuram cada vez mais alternativas mais baratas e passivas, como os ETF.

“Há muita mudança em andamento e está mais por vir”, sublinhou Ron O’Haley, da State Street Global Advisors. “Vivemos num ambiente em que os clientes estão mais sintonizados com as comissões do que nunca. E com razão… nós somos pagos com base nos ativos sob gestão. A forte valorização do S&P 500 fez maravilhas nas receitas com comissões. Mas em algum momento isso vai embora”, frisou ainda.

"Vivemos num ambiente em que os clientes estão mais sintonizados com as comissões do que nunca. E com razão… nós somos pagos com base nos ativos sob gestão. A triplicação do S&P 500 fez maravilhas nas receitas com comissões. Mas em algum momento isso vai embora”

Ron O'Haley

State Street Global Advisors

 

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