Investigação passa fatura. EDP perde 500 milhões em bolsa
A EDP está a ser castigada pelas suspeitas de corrupção. As ações da elétrica liderada por António Mexia têm vindo a perder valor, registando uma desvalorização de mais de 500 milhões de euros.
A Energias de Portugal (EDP), bem como a EDP Renováveis e a REN, foram alvo de buscas. Em causa estão suspeitas em torno dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual, mais conhecidos por CMEC, que levaram António Mexia e Manso Neto a serem constituídos arguidos. Suspeitas que ainda são apenas isso, mas que estão já a passar fatura em bolsa. A elétrica está a perder valor.
Os títulos da EDP, que já tinham terminado a semana com uma queda superior a 1%, acentuaram a tendência negativa, registando uma descida de quase 4,5% que está a condicionar o comportamento da bolsa nacional: o PSI-20 está a perder 1%. É uma queda que se traduz num saldo negativo de 533,8 milhões de euros. Só nesta sessão o valor de mercado encolhe 373 milhões para 11.474 milhões, ainda assim a empresa mais valiosa do PSI-20.
Valor de mercado da EDP em queda
Esta queda traduz os receios dos investidores devido à investigação. Não só pelo impacto em termos reputacionais, como em termos de gestão, já que naturalmente poderá haver uma perda de foco da administração da empresa. Mas também, diz o Haitong, resulta dos receios em torno de eventuais custos associados à investigação aos CMEC.
A “questão-chave para os investidores” é se a EDP será forçada a dar algum tipo de compensação pelos ganhos excessivos com os CMEC no passado ou irão sentir algum impacto no fecho do valor dos CMEC, que ainda está a ser finalizado? São questões levantadas pelo Haitong que ajudam a explicar o comportamento negativo registado pela EDP.
“Em relação à devolução de ganhos passados, consideramos que é improvável já que para que isso aconteça terá de se provar que o aumento dos preços não estava correto (na altura da decisão quanto ao valor, os preços da energia estavam a aumentar) ou que o valor da extensão das concessões hidroelétricas foi feito a um valor injustificadamente baixo para a EDP”, diz o Haitong, salientando que “não será fácil provar-se isso”.
“Onde vemos alguns riscos de curto prazo é na definição do valor final dos CMEC já que a posição negocial da EDP será, agora, mais fraca tendo em conta a probabilidade de uma posição mais dura por parte das entidades envolvidas”, ou seja, a ERSE e o Governo, conclui o analista Jorge Guimarães.
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