OPEP: Excesso de petróleo no mercado vai continuar em 2018
Primeira avaliação da OPEP para o próximo ano antecipa que, apesar dos cortes de produção, o cartel irá continuar a bombear petróleo em excesso.
Por mais acordos que sejam celebrados com o objetivo de trazer o mercado petrolífero mundial a um reequilíbrio, os esforços não parecem estar a conseguir ter o desfecho desejado. Dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) antecipam que, em 2018, o cartel irá continuar a bombear petróleo em excesso.
De acordo com o último relatório mensal da OPEP divulgado esta quarta-feira, a produção de “ouro negro” do cartel excedeu a procura no primeiro semestre deste ano, revelando assim o falhanço do acordo celebrado entre os seus países membros no final de novembro do ano passado. Estatísticas da organização sedeada em Viena indicam que, em média, os seus membros produziram cerca de 700 mil barris diários a mais ao longo dos primeiros seis meses do ano.
Se, por um lado, a OPEP conseguiu acordar com os seus parceiros manter a perseverança nos cortes de produção até março do próximo ano, dados divulgados no seu relatório mensal sugerem a necessidade de aprofundar anda mais essas reduções, de modo a conseguir travar o excedente de matéria-prima disponível no mercado em 2018. Segundo diz a Bloomberg, caso o nível de produção atual persista, o cartel irá disponibilizar em excesso cerca de 900 mil barris diários de petróleo nos primeiros três meses do próximo ano.
Já do ponto de vista da procura, esta deverá manter o ritmo de crescimento, na ordem dos 1,26 milhões de barris diários, ou o correspondente a um crescimento de 1,3%. No entanto, a expectativa é de que a subida da oferta de petróleo dos países fora da esfera da OPEP acelere, para 1,1 milhões de barris diários, ou cerca de 2%, com os EUA a serem o principal responsável por esse movimento.
Relativamente a junho, a produção da OPEP atingiu uma média diária de 32,6 milhões de barris, um valor que supera os 32,2 milhões de barris que os responsáveis da organização consideram ser necessários diariamente em 2018. A média de produção diária registada no mês passado corresponde a um aumento de 393,5 mil barris. Esta subida resulta em grande medida da isenção dos cortes de produção permitida à Líbia e à Nigéria, que em junho aumentaram a sua produção. Mas não será alheia também ao comportamento da Arábia saudita que, em junho, terá bombeado 10,07 milhões de barris de petróleo por dia, superando pela primeira vez o teto de produção imposto pelos cortes concertados.
Os sinais que apontam para os falhanços da OPEP no sentido de conseguir conduzir o mercado petrolífero rumo a um equilíbrio não parecem estar a ter um grande impacto sobre o rumo das cotações da matéria-prima na sessão desta quarta-feira. Após um arranque de sessão em que as cotações chegaram a subir perto de 2%, o petróleo mantêm-se em alta. O barril de brent segue a valorizar 1,28%, para os 48,11 dólares, em Londres. Já o crude negoceia nos 45,72 dólares, em Nova Iorque, 1,51% acima da cotação da sessão anterior. O mercado parece estar a valorizar mais os dados que serão conhecidos hoje sobre os stocks de crude nos EUA, que tudo indica terão caído.
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