Costa volta a criticar PT: Rede exposta a “fragilidades”
Numa zona com alto risco de incêndios florestais, afirma António Costa, o sistema de comunicações "de uma determinada companhia" não deve assentar em cabos aéreos.
O primeiro-ministro António Costa acusou a PT de ter “fragilidades inadmissíveis” na sua rede, por depender de cabos aéreos em zonas de risco de incêndios florestais, tanto para as comunicações de emergência como para as normais, embora não tenha dito o nome da empresa diretamente, para não ser criticado, acrescentou.
Em declarações transmitidas pela RTP 3, na sequência de mais uma falha do SIRESP, o sistema de comunicações de emergência utilizado pela Proteção Civil, desta vez em Alijó, António Costa afirmou que “temos de ter uma rede que funcione em todas as circunstâncias”. Para o primeiro-ministro, isso aplica-se não só às comunicações de emergência como também às normais.
“É de senso comum que numa zona de grande densidade florestal, onde há elevado risco de incêndio, o sistema de comunicações de uma determinada companhia, que não vou dizer o nome para não me criticarem, assentar em cabos aéreos, e nessa rede circular não só a comunicação normal como as comunicações de emergência, expõe a rede a uma fragilidade inadmissível”, disse o primeiro-ministro, referindo-se à exploração feita pela PT, detida pela multinacional Altice.
"Temos de obrigar quem explora essa rede de emergência a cumprir as suas obrigações em pleno.”
“Temos de obrigar quem explora essa rede de emergência a cumprir as suas obrigações em pleno”, disse ainda, referindo-se às falhas identificadas na rede SIRESP.
O primeiro-ministro garantiu ainda que as falhas no SIRESP serão corrigidas e rejeitou que só agora tenham sido descobertos problemas. “[Se] é necessário corrigir, nós obrigaremos às correções de forma a que tudo funcione a tempo e horas”, garantiu António Costa. A ministra da Administração Interna “já terminou”, disse o primeiro-ministro, a aquisição de equipamentos de comunicação por satélite, o que fez com que o problema registado em Alijó, distrito de Vila Real, pudesse “rapidamente” ser resolvido.
“É um sistema que funciona há onze anos e não foi, com certeza, agora que foram descobertos problemas”, sublinhou António Costa, observando que existem relatórios de 2014 “que apontaram deficiências” ao sistema, que o Governo está agora a corrigir, nomeadamente através da aquisição de antenas móveis de satélite.
As críticas de Costa à PT
No debate do Estado da Nação na semana passada, António Costa já deixara uma crítica forte à PT, indo mais longe do que a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que o questionava sobre os despedimentos na empresa. “Partilho consigo os receios sobre a evolução da PT”, respondeu o primeiro-ministro, criticando a forma “irresponsável” como aconteceu a privatização e comparando a empresa ao caso da Cimpor.
António Costa criticou ainda a gestão do SIRESP, do qual a PT é uma das principais acionistas. “Espero que a autoridade reguladora olhe com atenção para o que aconteceu só nestes incêndios de Pedrógão Grande com as diferentes operadoras, para compreender bem como houve algumas que conseguiram manter sempre as comunicações e como é que houve outra que esteve muito tempo sem conseguir manter comunicações nenhumas”, afirmou. “Eu, cá por mim, já fiz a minha escolha da companhia que utilizo”.
A crítica à empresa, cuja dona Altice iniciou agora um processo de compra da TVI, valeu-lhe uma acusação de Pedro Passos Coelho, que o comparou com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: “Lembro-me de aqui há uns meses do escândalo que foi quando o Presidente dos Estados Unidos ter discriminado negativamente uma cadeia de empresas norte-americanas”. E acrescentou: “Não sei o que é que terá levado o Dr. António Costa a, de certa maneira, fazer uma admoestação pública a uma empresa”, afirmou Passos Coelho, referindo que “nunca” tinha ouvido um primeiro-ministro “a atirar-se assim a uma empresa”.
Notícia atualizada às 16h10 com as declarações sobre a resolução dos problemas do SIRESP.
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