Mão-de-obra “desperdiçada” em Portugal superava 19% em 2015
Entre desempregados, situações involuntárias de trabalho a tempo parcial e alguns grupos de inativos, Portugal contava com uma taxa de 19,1% em 2015. É o sexto valor mais elevado da União Europeia.
A taxa de desemprego dá apenas uma imagem parcial da evolução do mercado de trabalho. Juntando trabalhadores em situação involuntária de part-time e alguns grupos de inativos, é possível identificar uma “folga” no mercado de trabalho — aquilo a que a Eurofound chama de labour market slack no seu relatório mais recente — e que atingia, em 2015, uma dimensão significativa em Portugal.
Por cá, a taxa de labour slack, era, em 2015, de 19,1%, acima da média europeia de 14,9%, revela a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (Eurofound). É o sexto valor mais elevado entre 28 estados-membros, numa tabela liderada pela Grécia (28,8%), seguindo-se Espanha (28,4%) e Itália (24%). Já a taxa de desemprego portuguesa ficava em 12,9%, a quinta mais elevada e acima da média europeia de 9,5%.
Em 2015, a União Europeia contava com 22,8 milhões de desempregados, entre 330 milhões de pessoas em idade ativa. Mas existiam ainda 10 milhões de trabalhadores numa situação involuntária de trabalho a tempo parcial e 11 milhões de inativos disponíveis para trabalhar que não procuravam emprego (incluindo os desencorajados) ou que procuravam emprego mas não estavam imediatamente disponíveis para trabalhar, indica a Eurofound baseando-se em dados do Eurostat. Estas pessoas representam assim um grupo adicional de mão-de-obra potencial.
Portugal não é exceção. A taxa de labour slack de 19,1% em 2015 compreende 640 mil desempregados, 23 mil inativos que procuram emprego mas não estão disponíveis para trabalhar, 243 mil inativos disponíveis mas que não procuram emprego e conta ainda com o tempo adicional de trabalho que as pessoas em situação involuntária de part-time gostariam de trabalhar (média por trabalhador equivalente de 114 mil).
Comparando com 2008, o aumento é significativo: os 19,1% comparam com 10,2% em Portugal. Na UE, subiu de 11,8% para 14,9%.
A Eurofound conclui que a taxa de labour slack aumentou “mais lentamente do que a taxa de desemprego logo após a Grande Recessão”, mas também demorou mais a atingir o pico e só começou a recuperar em 2014, um ano mais tarde comparando com a taxa de desemprego.
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