Unicer: China “compensa perda do mercado angolano”
A China é o maior destino a nível internacional da Unicer, dona da Super Bock. Empresa diz que mantém liderança em África, com uma quota de 77% no mercado das cervejas portuguesas.
Depois do fracasso do processo de internacionalização para Angola da Unicer — a empresa tem um plano para construir uma fábrica naquele país há mais de dez anos — os planos fora de portas da cervejeira estão agora canalizados para o Oriente e para o resto do continente africano. Mas é o mercado nacional que impulsiona as vendas, sendo responsável por cerca de 3/4 do volume total de negócios da Unicer que, em 2016, se cifrou nos 451 milhões de euros.
A China assumiu-se mesmo em 2016 como o primeiro mercado de exportação da Unicer. A empresa não adianta contudo os valores que este mercado representa nas contas da empresa. A cervejeira adianta no relatório de contas de 2016 que “ao longo dos últimos cinco anos, a nossa cerveja tem tido um crescimento sustentado naquele que é um dos maiores mercados do mundo”.
Aliás, no relatório de gestão de 2016, a Comissão Executiva, liderada por Rui Lopes, dá conta de que “compensámos a perda do mercado angolano com crescimento noutras geografias, nomeadamente na China”.
"Compensámos a perda do mercado angolano com crescimento noutras geografias, nomeadamente na China.”
Ainda no mesmo relatório, a administração da Unicer refere que “na frente internacional continuamos a enfrentar uma conjuntura muito desafiante, dado que o ciclo de baixa dos preços das matérias-primas, especialmente do petróleo, tem afetado significativamente vários mercados relevantes para a Unicer. A situação tornou-se particularmente penalizadora em Angola que foi, durante largo período, o nosso principal destino de exportação“.
Para logo a seguir acrescentar: “crescemos em todas as geografias em que estamos presentes, com exceção de Angola”.
Mas o que fez a Unicer para conquistar a China? “Outdoors gigantes, material de visibilidade premium em pontos de venda, equipas de promoção em diálogo direto com os consumidores, dinamização nas redes sociais — esta é hoje a realidade Super Bock na China”, lê-se no relatório da empresa.
África cresce 6%, apesar de Angola
Já em África, e segundo dados do relatório de contas, a empresa cresceu 6% naquele continente em 2016, com exceção de Angola. Aliás, em Angola, onde a Unicer chegou a registar, em 2014, mais de 60 milhões de euros de vendas, as receitas em 2016 terão sido apenas residuais.
O crescimento das vendas da Unicer em África são de resto imputadas à boa performance de mercados como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
A aposta em Moçambique, pese embora as dificuldades da economia moçambicana, mantém-se. A cervejeira construiu mesmo uma operação própria de comercialização e distribuição naquele mercado com mais de 40 colaboradores. A par disso, e a exemplo do que faz em Portugal com a música, a empresa apostou no Super Bock Super Rock On Tour.
A cervejeira reclama mesmo uma posição de liderança no mercado africano global com 77% de quota de mercado das cervejas portuguesas.
Já na Europa, a Unicer adianta que “continua com uma tendência de crescimento, apesar da estabilidade do mercado”. A empresa adianta mesmo que “o sentimento positivo generalizado dos europeus relativamente a Portugal, a consequente apetência por produtos portugueses e o plano de ativação da marca Super Bock foram fatores favoráveis” e que ajudaram a Super Bock e a Pedras a aumentarem os seus volumes de negócios em mercados como França, Suíça, Alemanha, Inglaterra e Bélgica.
A cervejeira acrescenta que “em França, o nosso maior mercado europeu, reforçámos o volume de vendas e quotas nas duas principais categorias Unicer (cervejas e águas com gás)”. O Europeu de Futebol, o regresso de férias e o Natal produziu aumentos de 2% na cerveja e 11% em Pedras face ao ano de 2015.
A Unicer diz ainda que na Alemanha, o maior mercado cervejeiro da Europa, para além do foco na ativação das marcas, registou um crescimento na marca Pedras de 41%.
Em paralelo, a Unicer está a trabalhar em planos de crescimento noutros países, como é o caso de um novo Route to Market no Luxemburgo.
Crescimento também passa por Espanha
Espanha é o maior mercado da Unicer no que diz respeito à marca Pedras fora de Portugal. E a emprea pretende manter o foco no país vizinho em termo de estratégia de internacionalização.
Ao nível das Pedras, a empresa adianta que “no âmbito da parceria de distribuição com o grupo Leche Pascual, foi possível gerar para a marcar um crescimento de 3% face ao ano de 2015”.
A Unicer é participada em 56% pelo grupo Viacer [Violas 46,5%, Arsopi 28,5% e BPI 25%] e 44% pelo grupo Carlsberg.
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