BCP não para de cair. Mercado passa fatura de 500 milhões

  • Rita Atalaia
  • 28 Agosto 2017

O banco liderado por Nuno Amado caiu durante sete sessões, para depois recuperar... e voltar a cair. Correção, mas também receios quanto a uma "aventura" na Polónia, passam fatura ao valor do BCP.

O BCP não para de cair. O banco liderado por Nuno Amado recuou durante sete sessões, o ciclo de quedas mais longo num ano, para depois recuperar… e voltar a cair. Descidas expressivas que já “custaram” mais de 500 milhões de euros ao valor de mercado de instituição num movimento de correção, mas também de receios dos investidores quanto ao impacto financeiro que a eventual compra da unidade polaca do Deutsche Bank possa ter nas contas.

 

Só este mês, o BCP perdeu quase 300 milhões de euros, mas a fatura quase duplica quando se compara o atual valor de mercado do BCP com o registado em meados do mês passado, altura em que chegou a 28 cêntimos: encolheu em 571 milhões de euros para 3.362 milhões. Em pouco mais de um mês cai 14%, sendo que só em agosto lidera as quedas no PSI-20 ao recuar pouco mais de 8%. Os títulos estão a cair 1,77% para 22,18 cêntimos, encaminhando-se para o valor de fecho mais baixo em três meses.

A queda na cotação do BCP poderá refletir uma correção, após a forte subida desde os seus mínimos de fevereiro de 2017. Adicionalmente, esta descida na cotação ocorre num contexto mais difícil para os mercados de ações na área do euro.

Albino Oliveira

Patris Investimentos

Para Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos, a “queda na cotação do BCP poderá refletir uma correção, após a forte subida desde os seus mínimos de fevereiro de 2017”. Mas também por estar a ocorrer “num contexto mais difícil para os mercados de ações na área do euro (Euro Stoxx 50 cai 6,50% desde os máximos de maio), e no qual o setor bancário europeu também tem vindo a apresentar um padrão de consolidação desde máximos de maio”.

BCP desvaloriza quase 14% desde máximos de julho

Mas não só. Há ainda outro fator nesta equação: o BCP mostrou-se interessado na unidade polaca do Deutsche Bank, o que pode estar a “deixar os investidores receosos quanto ao impacto nas contas do banco”, uma vez que a instituição vai desembolsar dinheiro quando “ainda não terminou a fase de estabilização financeira”, explica Paulo Rosa, trader sénior do Banco Carregosa, ao ECO. Uma operação que pode ser “um constrangimento à distribuição de dividendos a partir de 2018/2019, tal como tinha sido sinalizado aquando da realização do aumento de capital”, nota Pedro Lino, da Dif Broker.

Regressar aos ganhos?

Uma recuperação está agora dependente de uma “redução do risco de Portugal e da subida de rating“. É já na sexta-feira que a Moody’s se poderá pronunciar sobre a notação da República, à qual atribui o nível Ba1, considerado lixo e que se mantém desde julho de 2014. O outlook, que mostra a tendência de evolução da notação nos próximos meses, continua estável, o que indica que a agência norte-americana não pondera alterações ao rating para breve.

Logo a seguir, o foco dos investidores vira para a próxima reunião do Banco Central Europeu. Os responsáveis do banco liderado por Mario Draghi reúnem-se no dia 7 de setembro, depois de ter sinalizado que pode começar a reduzir o balanço. “O BCE terá um papel importante na medida que o início da subida dos juros trará um aumento das margens do setor financeiro. Até lá o BCP terá de continuar a focar-se na redução do crédito malparado e no aumento da eficiência operacional para conseguir não desiludir os investidores“, remata o administrador da Dif Broker.

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