Governo acredita que todos os recibos verdes têm despesas de 25%. Ou teria existido “fraude”
Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais acredita que todos os recibos verdes têm despesas suficientes para evitar um aumento do imposto. Ou "teríamos vivido uma fraude durante anos".
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais voltou esta terça-feira a garantir que os recibos verdes não vão ter aumento de impostos com as alterações prevista para o regime simplificado.
António Mendonça Mendes recorda que a mudança só tem impacto para trabalhadores com recibos verdes superiores a 1.600 euros, mas acredita que também estes terão despesas que permitam atingir o limiar de dedução que já hoje é aplicável. Caso contrário, “teríamos vivido uma fraude durante anos”, afirmou em entrevista à TSF.
No regime simplificado, o fisco assume que 25% do rendimento dos trabalhadores a recibo verde corresponde a despesas, tributando apenas o resto. Mas o Orçamento do Estado para 2018 vem agora garantir apenas uma dedução de 4.104 euros: caso o limiar de 25% seja superior a este valor, é preciso apresentar faturas. Fonte oficial do Ministério das Finanças já disse ao ECO que a redação pode vir a ser melhorada em sede de especialidade, para garantir que os trabalhadores só têm de apresentar despesas que cubram a diferença entre 4.104 euros e 25% do rendimento.
Fonte oficial já tinha também indicado que a mudança só afeta trabalhadores a recibos verdes com rendimentos acima de 1.600 euros — apontando para apenas 10% –, contando já com as novas tabelas de IRS. António Mendonça Mendes refere o mesmo valor à TSF e reitera: “não há nenhuma penalização dos recibos verdes e não vai haver agravamento de impostos para os trabalhadores a recibos verdes”.
O governante começa por explicar que “em 2001 criou-se o regime simplificado, e não havia a informatização da máquina fiscal” e como “não havia maneira de saber quais eram os custos, criou-se uma regra, uma ficção na lei, que sobreviveu até hoje”. Referia-se à presunção de que 25% do rendimento são custos. “Hoje, com o e-fatura, em que a Autoridade Tributária tem conhecimento de todos os custos que existem de todas as faturas, faz sentido continuar a usar uma presunção se tenho essa informação?”, questiona.
E quanto aos contribuintes que eventualmente não consigam reunir as despesas necessárias? “Volto a dizer que não acredito que os trabalhadores a recibo verde não tenham 25% de despesas. Esta é uma medida de promoção do pedido de fatura”, responde o governante. Mais: se assim não fosse, “teríamos vivido uma fraude durante anos”, nota.
O secretário de Estado diz que não se está a “pedir aos contribuintes que façam mais do que o normal, que é, quando compram algum bem ou serviço, que coloquem o número de contribuinte”. “Estamos a pedir aos recibos verdes de altos rendimentos que apresentem faturas, o que vai ajudar a aumentar o IVA. Não vai fazer as pessoas pagar mais impostos. Vai permitir que haja mais faturas, e havendo mais faturas vai haver mais pagamento de IVA”, continua. E há uma panóplia larga de faturas que podem entrar, incluindo, em certas atividades, contas de supermercado. Para António Mendonça Mendes, “o regime simplificado é uma técnica fiscal, não é um benefício fiscal”.
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