Das desculpas às moções, os 5 pontos mais quentes do debate
Hugo Soares diz que a floresta é a mesma que no Governo PSD-CDS, Costa devolve números da seca. Jerónimo pede margem orçamental para a floresta e Costa abre a porta. O que marcou o debate quinzenal?
Se não viu o debate quinzenal desta quarta-feira, pode reler, intervenção a intervenção, o direto que o ECO redigiu ou, se tiver menos tempo, pode ler aqui sobre os momentos que mais o marcaram, entre aplausos e sobrancelhas erguidas.
1. Se me quer ouvir pedir desculpas, eu peço desculpas
Começou com Hugo Soares que, em nome da bancada do PSD, pediu “desculpa aos portugueses” para assumir “a responsabilidade que cabe a todos”. Depois, o líder parlamentar do PSD dirigiu-se a António Costa e questionou se estava disposto a fazer o mesmo.
“Não vou fazer jogos de palavras. Se quer ouvir-me pedir desculpas, eu peço desculpas”, respondeu António Costa, naquela que foi provavelmente a frase mais memorável do debate quinzenal. “E se não o fiz antes, não é por não sentir um enorme peso na minha consciência”. Na vida política, no entanto, afirmou Costa, preferia o termo ‘responsabilidade’ a ‘desculpas’. “Eu não me escudo nos outros, assumo as minhas responsabilidades, e peço sempre desculpa, como cidadão”, acrescentou.
2. Meta do défice pode mudar pelas florestas?
Quando chegou a vez do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa questionou António Costa sobre se teria coragem de “gastar dinheiro na floresta”, fazendo um Orçamento específico para a reforma deste setor, gastando, por exemplo, “tanto como no Banif”.
“Mesmo considerando as metas de défice pedidas”, o primeiro-ministro estaria disposto a gastar na floresta? “Na nossa opinião, as pessoas têm de estar primeiro que o défice”.
Centrando-se no Orçamento do Estado, António Costa disse que entre o relatório de Pedrógão Grande apresentado no dia 12 e o Orçamento do Estado apresentado no dia 13, não havia condições para introduzir as medidas propostas. Mas agora, no debate, espera “executar ao longo do ano de 2018 aquilo que for possível e desejável”. António Costa aproveitou ainda para citar o que lhe terá sido dito por Mário Centeno numa reunião recente: “Não será seguramente o nosso empenho na consolidação orçamental que frustrará o que é prioritário, que é” a segurança e proteção das florestas.
3. PSD insiste sobre moção de confiança
O deputado Hugo Soares trazia uma grande preocupação para o debate quinzenal: insistir que António Costa convocasse uma moção de confiança, já que, afirmava, tinha perdido a confiança dos portugueses e também da Assembleia da República com a fraca gestão dos incêndios deste verão. “Traga a esta Câmara uma moção de confiança”, começou por desafiar.
Em resposta, António Costa criticou Hugo Soares por falar sobre temas políticos quando outros falavam da reforma da floresta: “Vejo que finalmente chegou ao que realmente o preocupa”. No entanto, quanto à moção de confiança, não se via disposto a fazê-lo: “Na próxima semana a Assembleia decidirá” sobre a moção de censura do CDS-PP, conclui. “Como ontem disse o senhor Presidente da República, o voto é da Assembleia e ditará ou a queda do Governo ou a confirmação da confiança no Governo”.
Sempre insistente, Hugo Soares continuou: “O senhor tem muitos anos de política ativa. Sabe como ninguém que não é a mesma coisa a discussão de uma moção de censura e a apresentação por si da apresentação de uma moção de confiança”, afirma. “Não é com soberba, não é com um sorriso, não é desse tipo de jogo político que os portugueses estão à espera”. António Costa respondeu que a gravidade daquilo que se passou não se coaduna “com debates desta natureza política”. Mas o primeiro-ministro aguarda a moção de censura convocada pelo CDS-PP. “Moções de confiança, só apresenta quem está inseguro. O Governo não está inseguro”, afirmou.
4. Cristas acusa Costa de não ter estado à altura
Assunção Cristas protagonizou um dos momentos mais caricatos do debate ao pedir para falar olhos nos olhos com o chefe de Governo. “Vou dizer-lhe outra coisa olhos nos olhos”, disse. “Teve a oportunidade de mostrar que estava à altura das responsabilidades que são exigidas de um primeiro-ministro, e não foi capaz”. E acrescentou: “A irresponsabilidade que testemunhámos até agora envergonhou-nos e envergonha-nos. Aquilo que acreditávamos ser impossível voltar a acontecer aconteceu de novo”.
Costa respondeu que se Cristas chegasse ao posto um dia ver-se-ia quais as opções que tomaria, mas que acreditava ter agido da melhor forma. “Quando eu disse aos portugueses que não era garantido que não voltasse a acontecer, não era uma fatalidade que eu aceitasse”, respondeu António Costa, garantindo que tentou tudo fazer para não se repetisse a catástrofe de Pedrógão Grande. No entanto, refere, “a primeira medida de prevenção é ter consciência dos riscos”. “Pode ser politicamente errado, pode ser até um erro político”, reconhece, “mas serviu um propósito”, afirma o primeiro-ministro.
5. Costa traz números da seca
Todos os partidos mencionaram a importância das alterações climáticas e das condições específicas deste verão para os incêndios deste outubro, mas a ala direita insistiu que era “a mesma floresta” que durante o seu mandato. Hugo Soares disse mesmo: “O que mudou foi a vossa Proteção Civil!”, enquanto Assunção Cristas insistiu na ideia de que a floresta era a mesma e ardera menos sob o Governo PSD/CDS.
António Costa, tomando a palavra, respondeu com os números de seca severa no país, ano por ano. “No dia 30 de setembro a situação de seca severa no país, em 2008, era 0%”, disse, continuando até chegar aos anos mais recentes: “Em 2014 era 0%, em 2015 era 31%, em 2016 era 0%, e em 2017 infelizmente era 87%”. Terminou a resposta dizendo: “Acha que o clima era o mesmo, que a floresta era a mesma?”
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