Protecionismo vai trazer consequências negativas para todo o mundo

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2017

Sobre as políticas do novo presidente dos EUA, Roberto Azevedo referiu esta segunda-feira. num colóquio em Paris, que com o encerramento das fronteiras às trocas comerciais "toda a gente perderá".

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, afirmou hoje que o protecionismo terá consequências negativas para todo o mundo e advertiu que “os mais pobres são os que têm mais a perder”.

Em várias alusões às medidas do novo presidente norte-americano, Donald Trump, Roberto Azevedo insistiu que com o encerramento das fronteiras às trocas comerciais “toda a gente perderá”.

O dirigente da OMC reconheceu que a liberalização do comércio internacional também acarreta “um impacto” nem sempre positivo e em particular “nas economias avançadas”, por exemplo pela via de uma maior pressão no mercado de trabalho.

Roberto Azevedo – que falava num colóquio organizado pelo Tesouro francês em Paris sobre a abertura comercial, o crescimento e as desigualdades – sublinhou que 80% dos postos de trabalho desaparecem devido às mudanças tecnológicas e não devido à globalização.

“Se se acusa e atribui toda a responsabilidade ao comércio, não serão encontradas boas soluções”, argumentou o responsável, antes de defender que “com o protecionismo não se vão melhorar as coisas”.

Azevedo avisou ainda que 50% dos empregos nos Estados Unidos “correm o risco de ser substituídos por ‘robots'”, pediu para que se evitem explicações “simplistas” e considerou que perante este panorama um dos desafios é a formação e a readaptação das competências laborais.

Em relação ao aumento das desigualdades que também se atribuem à abertura de fronteiras, o responsável argumentou que “há muitas assimetrias que resultam de políticas nacionais” e aos mecanismos de redistribuição de riqueza ou à ausência destes.

“Não podemos ignorar esses desafios” e “é preciso encontrar soluções”, mas isso não se conseguirá através do encerramento das fronteiras”, sendo “necessário ver como repartir os ganhos, reduzir as assimetrias induzidas”.

Sobre esta questão, o economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, indicou que, entre 1990 e 2010, o índice de desigualdade aumentou significativamente nos Estados Unidos e diminuiu na Dinamarca com as mesmas evoluções tecnológicas, mostrando que políticas diferentes têm consequências diferentes.

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Portugal é um país livre ainda que com corrupção

  • Lusa e ECO
  • 31 Janeiro 2017

Segundo o relatório anual da organização Freedom House, vivemos num "país livre". Mas os perigos da corrupção ainda são latentes, com a organização a destacar os casos BES, José Sócrates e Vistos Gold

O relatório da organização norte-americana Freedom House classifica Portugal como “país livre”, situando-se na 10º posição da lista, mas sublinha que os portugueses enfrentam escândalos de corrupção como os “casos Sócrates e Vistos Gold”.

“Apesar dos esforços para travar a corrupção, Portugal continuou a enfrentar escândalos em 2015, incluindo suspeitas de prevaricação em torno do programa de vistos de residência, os chamados ‘Vistos Gold’, destinados a investidores estrangeiros”, refere o documento da organização governamental fundada durante a II Guerra Mundial nos Estados Unidos.

O relatório mundial que vai ser apresentado hoje em Washington refere que em abril de 2015 os legisladores portugueses fortaleceram as leis anticorrupção, cumprindo as recomendações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) mas, mesmo assim, o país posicionou-se na 28.ª posição da lista da Transparency International 2015 Corruption Perceptions Index.

O texto recorda o caso que envolveu as alegadas atribuições das Autorização de Residência para Atividade de Investimento (Vistos Gold) recordando que o ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, assim como o ex-responsável do Serviço de Estrangeiros de Fronteiras enfrentam acusações de suposto favorecimento e lavagem de capitais.

Além do caso dos “Vistos Gold”, o relatório da Freedom House refere-se ao processo do Banco Espírito Santo que envolve o ex-banqueiro Ricardo Salgado e ao “Caso Sócrates”, que atinge um primeiro-ministro pela “primeira vez na História de Portugal”. “As investigações ao antigo primeiro-ministro, José Sócrates, detido em 2014 por suspeita de fuga aos impostos e lavagem de dinheiro, continuavam em 2015”, indica o relatório. O documento sublinha que as investigações, do BES e de José Sócrates, ainda continuam.

A organização Freedom House, foi criada em 1941 pele advogado do Partido Republicano norte-americano Wendel Wilkie e pela Eleanor Roosevelt, mulher do presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt. O relatório anual sobre “Liberdade no Mundo” é publicado desde 1972.

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Liberto dos direitos, BCP dispara 7%

A volatilidade que tomou conta do BCP durante a negociação dos direitos terminou esta segunda-feira. Sem os direitos, as ações do banco dispararam quase 7%.

O Banco Comercial Português (BCP) destacou-se pela positiva. Naquela que foi a primeira sessão após o fim da negociação em bolsa dos direitos do aumento de capital de 1.300 milhões de euros, as ações do banco dispararam, animadas também pela perspetiva de que não seja necessário acionar a tomada firme da operação pelos bancos colocadores.

Os títulos do banco avançaram 6,98% para 15,64 euros, mas chegaram a disparar durante a manhã 7,18%, depois da forte queda registada na última sessão em que foram transacionados os direitos do aumento de capital. Apesar da recuperação do BCP, o PSI-20, o principal índice português, encerrou a cair 0,14% para os 4.475,03 pontos.

A volatilidade tomou conta das ações do BCP durante o período em que foi permitido aos investidores transacionarem direitos que garantem 15 novas ações ao preço de 9,4 cêntimos. Uma circunstância que potenciou um cenário de arbitragem dado que, em termos teóricos, o preço dos direitos deveria corresponder ao preço das ações existente, deixando o banco ainda mais sensível aos altos e baixos do mercado.

Entretanto, o prazo de negociação destes direitos em bolsa terminou esta segunda-feira, removendo a ligação” entre as ações do banco e os direitos. Os investidores podem continuar a negociar direitos mas fora do mercado regulamentado. Quinta-feira termina o período de subscrição das novas ações que chegam ao mercado no dia 9 de fevereiro.

BCP em destaque esta manhã

Como prova de confiança dos investidores, o Axia Ventures Group explica que o montante de direitos negociados nas últimas sessões mostra que o BCP não irá necessitar da ajuda do sindicato bancário para ficar com novas ações que sobrarem. Foram trocados menos de 300 milhões de direitos do total de 900 milhões emitidos, o que sugere que cerca de dois terços dos acionistas pretendem participar no aumento de capital.

(Notícia atualizada às 17h00 com a cotação de fecho)

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CMVM: Informação falsa para captar investimento passa a ser crime

No âmbito da revisão do regime sancionatório dos valores mobiliários, há uma alteração feita à luz de casos recentes. A venda de produtos com base em informação falsa passa a ser crime de mercado.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) vai ter mais poder de fogo. O Governo avançou com a revisão do regime de sanções que vigora há cerca de 25 anos, introduzindo, entre outros, o crime de “uso de informação falsa ou enganosa na captação de investimento”, que procura evitar a repetição de eventos recentes, como foi o caso do BES.

“Casos recentes ocorridos no sistema financeiro português, alguns relacionados com a prática de ilícitos, além de evidenciarem falhas na supervisão e regulação financeiras, provocaram sérios prejuízos diretos e indiretos para a economia nacional, para as finanças públicas e, sobretudo, para os portugueses”, diz o Governo. Por isso, é feita uma revisão do regime de sanções através, em parte, da transposição de diretivas europeias.

O destaque nesta revisão do regime sancionatório dos valores mobiliários vai para a introdução do crime de uso de informação falsa ou enganosa na captação de investimento, situação verificada já em várias ocasiões, mas que ganhou maior destaque no caso dos investidores do BES, nomeadamente os detentores de papel comercial vendido aos balcões do banco.

Neste caso, os alvos das sanções são os “titulares de cargos de administração ou direção em intermediários financeiros (…) ou de emitentes de valores mobiliários admitidos à negociação em mercado regulamentado, cuja conduta típica consiste na decisão ou deliberação de captação de investimento com uso de informação falsa ou enganosa”.

O Governo explica, na Proposta de Lei 53/XIII, que “este novo tipo incriminador visa criar uma proibição penal adequada aos circuitos do sistema financeiro, tutelando dois bens jurídicos essenciais: por um lado, um bem de natureza pública – a qualidade da informação no contexto da captação de investimento do público; por outro, um bem de natureza individual – o património dos investidores”.

Coimas ajustadas

No que respeita às sanções principais, “é aumentada a moldura das coimas das contraordenações menos graves”, adaptando-a aos mínimos previstos no regulamento abuso de mercado, são aditados dois agravamentos e modificado um já existente, refere a Proposta de Lei 53/XIII publicada na página do Parlamento.

As multas, “quando sejam qualificadas como menos graves”, irão passar a variar entre cinco mil e um milhão de euros, sendo que “o limite máximo da coima aplicável é elevado o triplo do benefício económico obtido, mesmo que total ou parcialmente sob a forma de perdas potencialmente evitadas”, nota o documento.

No caso de contraordenações muito graves, as coimas representarão “10% do volume de negócios, de acordo com as últimas contas consolidadas ou individuais que tenham sido aprovadas pelo órgão de administração, ascendendo a 15% nas contraordenações por uso ou transmissão de informação privilegiada e manipulação de mercado”.

Prescrição alargada

A prescrição do procedimento de contraordenação é também objeto de intervenção. “Por um lado, eleva-se o prazo máximo de prescrição do procedimento nas contraordenações muito graves, efetuando uma distinção dos prazos de prescrição em função da gravidade do ilícito, à semelhança do regime penal e do regime geral do ilícito de mera ordenação social”, diz a Proposta de Lei.

“Por outro lado, consagra-se uma nova causa de suspensão do prazo de prescrição, assente na confirmação judicial, total ou parcial, da decisão administrativa, à semelhança do modelo já acolhido no Código Penal“. Este “novo regime fundamenta-se no facto de, nestes casos, o prolongamento da tramitação processual não se dever a qualquer inércia do Estado no exercício do poder sancionatório”.

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Preços na Zona Euro aceleram 1,8% em janeiro por causa da energia

Energia fez disparar inflação nos últimos meses para níveis que deverão colocar o Banco Central Europeu no centro das atenções por causa do seu plano de estímulos.

A taxa de inflação na Zona Euro acelerou em janeiro e deverá ser mais um ponto de divisão entre os responsáveis do Banco Central Europeu (BCE), que começa a ser questionado sobre a real necessidade de manter o plano de compra de dívida dos governos da região da moeda única.

Os preços terão crescido 1,8% em janeiro, de acordo com uma estimativa publicada esta terça-feira pelo Eurostat, uma evolução que superou a taxa de 1,5% esperada pelos analistas sondados pela Bloomberg.

A dar força aos preços esteve sobretudo a energia. Os preços energéticos terão disparado 8% este mês. O que faz com que a taxa de inflação subjacente — que exclui os preços mais voláteis da energia e alimentação — de janeiro tenha ficado apenas nos 0,9%, abaixo da taxa de 1% verificada há um ano.

Para o BCE, que toma decisões de política monetária em função de uma expectativa futura do mercado em relação à evolução dos preços, estes números deverão intensificar o debate em torno do programa de estímulos monetários da autoridade, que tem em curso até final deste ano o plano de aquisição de dívida pública ao ritmo de 60 mil milhões de euros por mês a partir de abril.

“Draghi continua bastante cauteloso, mas este tipo de dados torna ainda mais difícil para ele defender a sua posição”, referiu Holger Sandte, analista da Nordea Markets, à Bloomberg. “Novas projeções poderão forçá-lo a mudar o seu tom”, acrescentou.

Num relatório separado, o Eurostat revelou que a economia da Zona Euro cresceu 0,5% no quarto trimestre do ano passado, um desempenho que ficou em linha com o esperado pelos analistas.

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Buffett investiu 12 mil milhões na bolsa após eleição de Donald Trump

O multimilionário investidor norte-americano confidenciou em entrevista que a sua Berkshire Hathaway investiu 12 mil milhões de dólares em ações desde que Trump foi eleito.

Warren Buffett terá aproveitado à grande a euforia dos investidores que Donald Trump conferiu às bolsas desde a sua eleição em novembro passado. O multimilionário investiu 12 mil milhões de dólares (cerca de 11,2 mil milhões de euros) em ações com a sua Berkshite Hathaway desde que os americanos elegeram o republicano para a Casa Branca, a 8 de novembro. Com Wall Street a negociar em máximos, Buffett não terá muitas razões de queixa de Trump.

“Em termos líquidos, compramos 12 mil milhões de ações desde as eleições”, revelou Buffett, um apoiante da democrata Hillary Clinton na corrida presidencial, numa entrevista citada pela Bloomberg.

O Oráculo de Omaha não especificou quais as empresas onde colocou parte dos seus investimentos. Mas a magnitude destas aquisições representa um importante sinal quanto à atividade bolsista da Berkshire que, nos primeiros nove meses de 2016, comprou ações no valor de 5,2 mil milhões de dólares e vendeu títulos na valor de 20 mil milhões de dólares. Em 2015, a Berkshire investiu dez mil milhões nos mercados acionistas.

"Em termos líquidos, compramos 12 mil milhões de ações desde as eleições.”

Warren Buffett

Berkshire Hathaway

Desde que Trump foi eleito presidente, as ações norte-americanas têm estado em especial evidência, com o apetite comprador voraz dos investidores a ser alimentado pelas perspetivas de que a sua administração vai introduzir políticas orçamentais com grande impacto na economia, nomeadamente a baixa fiscal às empresas e o aumento da despesa pública em infraestruturas.

Na mesma entrevista, Buffett mostrou-se relativamente cético quanto à possibilidade de os EUA cresceram a um ritmo de 4% ao ano, um objetivo traçado pelo novo Presidente norte-americano. São perspetivas “bastante elevadas”, referiu. “Dois por cento irá produzir milagres”, disse.

Questionado se investiu em ações de companhias aéreas, Buffett apenas respondeu que mantinha na sua carteira as mesmas companhias aéreas que tinha a 30 de setembro. Numa informação prestada ao mercado em novembro, a Berkshire detinha posições na American Airlines, Delta Air Lines e United Continental, além de a participação na Southwest Airlines que tinha comprado em novembro.

As ações das transportadores aéreas estiveram esta segunda-feira sob intensa pressão com a decisão de Trump de proibir a entrada de indivíduos de sete nações predominantemente muçulmanas, que levará a mais restrições na atividade aérea.

A 30 de setembro, a carteira de investimentos da Berkshire Hathaway estava avaliada em 102,5 mil milhões de dólares.

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Banca na mão de estrangeiros? Até pode ajudar, diz a Fitch

  • Margarida Peixoto
  • 31 Janeiro 2017

E se a maior parte das instituições financeiras em Portugal for parar à mão de estrangeiros? Nada contra, diz Roger Turró, responsável da Fitch, defendendo que até pode beneficiar os clientes.

Roger Turró, diretor do departamento de análise de bancos da Fitch, explicou ao ECO qual é o problema central do sistema financeiro português: a fraca qualidade dos ativos. Ou seja, os bancos não são todos iguais nem têm todos os mesmo problemas, mas mesmo que Portugal consiga desatar os nós do Novo Banco e da CGD, não fica tudo resolvido.

Sobre as soluções para o Novo Banco, o responsável defende aquela que tenha “menos custos” para o sistema financeiro. Mas reconhece que uma nacionalização pode acabar por ter um efeito negativo para o rating soberano, com custos para o Estado e para os contribuintes. Esta sexta-feira a Fitch vai-se pronunciar sobre o rating da República, mas os sinais não são positivos.

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Roger Turró avisa que o capital dos bancos em Portugal está vulnerável aos ativos problemáticos.Paula Nunes / ECO 30 janeiro, 2017
Como avalia a robustez do sistema bancário português?

Pensamos que tem alguns desafios, maioritariamente ligados à qualidade dos ativos, que afetam a rentabilidade e colocam pressão no capital. Vemos o balanço como vulnerável à baixa capacidade de geração interna de capital, mas também à elevada exposição aos ativos problemáticos. Não olhamos apenas para o malparado, mas também para os imóveis recebidos em dação e para os fundos de investimento de reestruturação empresarial.

Se resolvermos o problema do Novo Banco, e também da CGD, está tudo resolvido? Ou há mais por resolver no sistema bancário português?

Uma questão chave por abordar é o elevado volume de malparado. É verdade que se resolverem a situação na CGD — que é o maior banco do sistema financeiro, com uma quota de mercado superior a 20% — resolve-se uma grande parte. O Novo Banco também é um banco grande no país, o que seria também boas notícias. O BCP também anunciou no início deste mês um aumento de capital, que é positivo para o banco para aumentar a sua solvência. Mas diria que a fraca qualidade dos ativos é uma das nossas preocupações e é importante que seja abordada.

Quer dizer que as fragilidades estão por todo o sistema bancário?

Temos diferentes níveis de rating para os diferentes bancos. Em termos de viabilidade, que medem a força intrínseca de uma instituição financeira, o mais elevado é o do Santander Totta, com um BB+, que é o mesmo rating que atribuímos à dívida soberana. Depois temos o BPI com BB. Estes dois bancos têm indicadores de qualidade dos seus ativos acima da média. Por isso, isto não é um problema que se verifique de igual modo por todo o sistema bancário. O banco a que atribuímos pior rating é o Montepio, com B. Isto reflete a qualidade dos ativos, mas também as perdas reportadas e a fraca eficiência dos custos e os rácios de capital.

"Os bancos querem emprestar a bons projetos, a boas empresas e a clientes solventes.”

Roger Turró

Diretor do departamento de análise de bancos da Fitch

Concorda com a ideia de que o sistema bancário está à espera que a retoma económica o ajude a resolver alguns dos seus problemas, ao mesmo tempo que a economia espera pela ajuda do sistema bancário?

Há certamente laços entre os dois. Mas penso que não há dificuldades de financiamento e de liquidez para os bancos portugueses. Os bancos conseguem emprestar a boas empresas e a particulares. E vão fazê-lo, porque no final das contas, é a forma como fazem negócio. Penso que se a economia recuperar, isso vai suportar certamente uma redução mais rápida do malparado. Mas os bancos querem emprestar a bons projetos, a boas empresas e a clientes solventes.

Como é que interpretaria uma nacionalização do Novo Banco?

O mais importante é que a solução seja a que mais reduz os custos para o sistema bancário. Porque no final, é o sistema bancário que contribui para o fundo de resolução. Se o valor que têm de pagar ao fundo de resolução for mais elevado, levarão mais tempo a pagar a dívida.

Sob esse ponto de vista, uma nacionalização não seria uma má opção... Assumindo que o valor da nacionalização seria o melhor, quando comparado com as opções de venda.

Se esse for o caso, sim. Mas ao mesmo tempo, isto teria um custo para o Estado e para os contribuintes, o que teria de ser analisado pela nossa equipa de risco soberano para avaliar se teria um efeito no rating e na solvência do país.

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O diretor da análise de bancos da Fitch defende que a nacionalidade do capital dos bancos é indiferente. Se tornar os bancos mais competitivos, até pode fazer baixar os preços aos clientes, diz.Paula Nunes / ECO 30 janeiro, 2017
Os atrasos na definição da administração da Caixa podem ter prejudicado todo o sistema bancário?

Diria que não terá afetado todo o sistema bancário, mas é verdade que as alterações na gestão atrasam a implementação do plano de reestruturação do banco. Isto não são boas notícias para a entidade financeira. Mas esperamos que a nova gestão implemente o plano de reestruturação que estava desenhado no segundo semestre de 2016 e que seja capaz de o fazer.

Se a maior parte do sistema bancário português for parar às mãos de estrangeiros, pode ser negativo para as pequenas e médias empresas?

Penso que não faria diferença. Se estar em mãos estrangeiras significar que as entidades financeiras podem ser ainda mais solventes — como por exemplo, o Caixabank quer implementar algumas medidas de reestruturação para melhorar a eficiência do banco [BPI]. Se isto for feito, pode beneficiar os clientes, oferendo-lhes melhores preços. Aumenta a concorrência e quanto maior concorrência houver no país, menores serão os spreads e melhor para os clientes.

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Zona Euro cresceu 0,5% no quarto trimestre

A economia da Zona Euro acelerou ligeiramente no final do ano passado mas crescimento foi tímido, o que deverá dividir ainda mais os responsáveis monetários quanto ao fim dos estímulos na região.

A economia da Zona Euro cresceu 0,5% no quarto trimestre do ano passado, um desempenho que ficou em linha com o esperado pelos analistas, segundo o Eurostat nas estimativas rápidas que publicou esta terça-feira.

No trimestre anterior, o Produto Interno Bruto (PIB) da região da moeda única havia crescido em cadeia (face ao trimestre anterior) de 0,3%, pelo que a evolução observada no final de 2016 representa uma ligeira melhoria na atividade económica. E isto, numa altura em que o Banco Central Europeu (BCE) começa a ser questionado sobre a necessidade de prolongar os estímulos monetários na região.

Em relação ao desemprego, a taxa caiu para 9,6% em dezembro do ano passado, valor que representa uma queda de 0,1 pontos percentuais em relação a novembro para o nível mais baixo desde maio de 2009, segundo revelou o Eurostat num relatório separado.

A autoridade monetária estendeu até final do ano o plano de compra de ativos no setor público como forma de dar força à inflação através de incentivos à economia. Mas com a subida dos preços a encaminhar-se para um ritmo que o BCE considera adequado para assegurar a estabilidade económica, muitos responsáveis começam a discutir se não será melhor ideia terminar mais cedo o quantitative easing.

Em termos homólogos (face ao mesmo período do ano anterior), a taxa de crescimento económico do bloco foi de 1,8%, a mesma taxa verificada no terceiro trimestre.

Esta manhã, as autoridades franceses revelaram que a economia do país cresceu 1,1% em 2016, um desempenho que ficou claramente aquém dos 1,4% esperados pelo Governo francês. Os ataques terroristas, que tiveram forte impacto no desempenho do setor do turismo, foram uma das razões pelas quais a segunda maior economia desiludiu o ano passado.

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Beta-i junta-se à espanhola Tetuan Valley e quer liderar mercado ibérico

Associação de aceleração portuguesa associa-se numa joint venture à Tetuan Valley para se tornarem a "referência ibérica" em programas de inovação e empreendedorismo.

A portuguesa Beta-i, responsável por programas de aceleração como o Lisbon Challenge, acaba de construir uma joint venture com a espanhola Tetuan Valley, para criarem juntas a maior referência ibérica em programas de inovação e empreendedorismo, avança o Observador (conteúdo gratuito) esta terça-feira.

“Trata-se de uma joint venture criada para o mercado espanhol, de maneira a aproveitar, não só as sinergias em cidades como Madrid como também alguns contactos já feitos pela Tetuan Valley na América latina, explica Pedro Rocha Vieira, CEO e cofundador da Beta-i, em entrevista ao ECO.

Confirmada por Ricardo Marvão, co-fundador da Beta-i, a parceira das duas instituições deverá dar origem a projetos conjuntos a nível europeu, muitos dos quais já aconteciam pela mão da Beta-i. O primeiro será o acelerador da EDP para startups na área da energia, cujas candidaturas terminam a 28 de fevereiro.

“Já estávamos muito presentes no mercado espanhol e tínhamos muitos clientes pedirem-nos para fazer programas, tanto nas empresas em Portugal como nas sedes, muitas vezes em Espanha”, conta Ricardo Marvão, em declarações ao ECO.

“A Beta-i e a Tetuan Valley pretendem desenvolver uma estratégia ibérica. Sendo cada um uma referência nos seus países de origem, juntos podem conseguir muito mais, e a Tetuan vai crescer muito com este input. Tanto a Beta-i como a Tetuan Valley englobam já enormes comunidades de empreendedores, e logo aqui há imensas sinergias”, explica Karel Escobar, CEO da Tetuan Valley, em comunicado.

A parceria, segundo adiantou Marvão, será feita “por fases”. Pedro Rocha Vieira acredita que, se tudo correr bem, a joint venture poderá mesmo “terminar numa fusão” entre as duas instituições. A Beta-i irá agora ter “casa” espanhola, no Google Campus, em Madrid.

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Desemprego na Zona Euro cai para mínimos de 2009

No final do ano passado, havia à volta de 15,5 milhões de pessoas desempregadas na zona euro.

A taxa de desemprego na Zona Euro caiu para 9,6% em dezembro do ano passado, valor que representa uma queda de 0,1 pontos percentuais em relação a novembro do mesmo ano e de 0,9 pontos percentuais face à taxa de dezembro de 2015. Esta é a taxa de desemprego mais baixa desde maio de 2009, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo Eurostat.

Considerando o conjunto dos 28 países da União Europeia, o desemprego manteve-se inalterado nos 8,2%, o valor mais baixo desde fevereiro de 2009.

Ao todo, havia, no final do ano passado, pouco mais de 20 milhões de pessoas desempregadas na União Europeia, das quais 15,5 milhões apenas na zona euro. Houve assim uma redução, em cadeia, de 0,7% no número de pessoas desempregadas em ambas as regiões. Já em termos homólogos, o número de pessoas desempregadas caiu 8,3% e 7,4%, respetivamente, na União Europeia e na zona euro.

Alemanha tem a taxa mais baixa, Grécia a mais alta

A Alemanha manteve-se como o país da zona euro com a taxa de desemprego mais baixa, nos 3,9%, e com um total de 1,679 milhões de pessoas desempregadas. Seguem-se os Países Baixos e Áustria, com taxas de 5,4% e 5,7%, respetivamente.

Do lado oposto estão a Grécia, com a taxa de desemprego mais elevada, nos 23% (dados de outubro, o último mês para o qual o país disponibilizou dados), e Espanha, com 18,4%.

Portugal, com 10,2%, ficou acima da média da zona euro e foi o país com a quinta taxa de desemprego mais elevada da região. Mas foi também, a par de Espanha, o país que conseguiu a maior redução da taxa de desemprego de novembro para dezembro, em 0,3 pontos percentuais.

(Notícia atualizada pela última vez às 10h28)

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Trump demite procuradora-geral que o desafiou

  • Marta Santos Silva
  • 31 Janeiro 2017

Sally Yates decidiu recomendar aos juristas do Governo que não defendessem a ordem "ilegal" de impedir a entrada de imigrantes. Donald Trump substituiu-a horas depois.

A procuradora-geral dos Estados Unidos foi demitida por Donald Trump por ter “traído” o departamento de Justiça da Casa Branca ao recusar-se a defender a ordem executiva do Presidente que barra a entrada no país a pessoas com uma de sete nacionalidades agora proibidas, mesmo que tenham um título válido de residência.

Sally Yates, que fora nomeada por Barack Obama, permanecia no cargo enquanto a escolha de Trump, o conservador anti-imigração Jeff Sessions, não recebia a aprovação do Senado, o que deverá acontecer ainda esta semana. No entanto, a procuradora-geral não ficou para cumprir os últimos dias do seu mandato, ao ser substituída pelo procurador de uma província do estado da Virgínia, Dana Boente.

A procuradora-geral de Justiça opôs-se à ordem executiva de Donald Trump dizendo ao departamento jurídico que tem estado a gerir os processos contra a proibição de entrada no país para não a defender. “Sou responsável por assegurar-me de que as posições que mantemos em tribunal são consistentes com a obrigação solene desta instituição de procurar sempre a justiça e defender o que está correto”, escreveu Yates na carta enviada aos advogados do Estado, citada pelo jornal britânico The Guardian (acesso gratuito). “Neste momento não estou convencida de que a defesa da ordem executiva seja consistente com estas responsabilidades, nem estou convencida de que a ordem em si seja legal“.

Foi uma posição que lhe valeu o despedimento poucas horas depois, com a Casa Branca a justificar a sua decisão com a “traição” de Yates ao recusar-se a aplicar uma ordem executiva que estava “desenhada para proteger os cidadãos dos Estados Unidos”. Yates é “fraca em fronteiras e muito fraca em relação à imigração ilegal”, lia-se na declaração do porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.

Um vídeo da sessão de confirmação de Sally Yates mostra-a a ser interrogada, em 2015, por Jeff Sessions, agora o escolhido por Donald Trump para o lugar de procurador-geral de Justiça. Perante uma pergunta de Jeff Sessions sobre se Yates se oporia a uma ordem do Presidente que considerasse ilegal, a jurista não hesita: “Senador, acredito que o procurador-geral, como o procurador-geral adjunto, tem a obrigação de seguir a lei e a Constituição, e de dar o seu conselho legal independente ao Presidente”.

A proibição de entrada nos Estados Unidos de cidadãos do Irão, Iraque, Iémen, Somália, Líbia, Sudão e Síria está a causar revolta tanto entre a sociedade civil — com manifestações nos aeroportos onde têm sido detidos refugiados, imigrantes ou mesmo residentes legais dos Estados Unidos destas nacionalidades — como no mundo político, onde mesmo alguns apoiantes de Donald Trump condenaram a decisão do Presidente. Também a Comissão Europeia já reagiu contra a proibição, e mesmo as empresas, entre elas o Starbucks, a Uber, a Google e a Virgin Airlines, condenam a decisão e apresentam as medidas que tencionam aplicar para tentar aplacá-la.

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França fica aquém das previsões e cresce 1,1% em 2016

O crescimento de França ficou aquém das previsões, mas o Governo considera que é o reflexo de uma atividade dinâmica, que está a contribuir para reduzir o desemprego e o défice.

A economia francesa cresceu 1,1% no ano passado, valor que fica aquém da previsão de 1,4% do Governo francês. O crescimento representa também uma desaceleração face aos valores de 2015, ano em que França cresceu 1,2%. Considerando apenas o quarto trimestre de 2016, o produto interno bruto (PIB) de França aumentou 0,4%, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo instituto de estatística do país.

A contribuir para esta desaceleração, refere a Bloomberg, estiveram os múltiplos ataques terroristas ao país, que afetaram o turismo. Ainda assim, na parte final do ano passado, o setor do turismo conseguiu recuperar.

O ministro da Economia e Finanças francês, Michel Sapin, considera que os dados divulgados esta manhã são o reflexo de uma atividade “dinâmica”, que tem permitido reduzir o desemprego e o défice público, cita o Le Monde. “É um sinal de uma recuperação que se está a instalar de forma sustentável e, sobretudo, que está a aumentar”, disse ainda.

Os serviços de estatística franceses divulgaram ainda que a inflação acelerou para 1,6% em janeiro, o valor mais alto desde novembro de 2012. Uma evolução que deixa o Governo francês otimista para este ano. “Apesar dos riscos políticos globais, 2017 começa com boas condições económicas”.

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