O homem que nos vai levar Marte e pode investir em Portugal

Aos 12 anos criou um jogo que vendeu por 500 dólares. Agora é um dos mais ricos do mundo. Quem é Elon Musk, o dono da Tesla que quer investir em Portugal e enviar o Homem a Marte?

De génio e louco todos temos um pouco. No caso de Elon Musk, o dono da Tesla que pode vir a instalar-se em Portugal, as doses de loucura e genialidade estão bem mais salientes do que a maioria. Explodir bombas nucleares em Marte? É uma boa ideia, disse recentemente o excêntrico empresário norte-americano, que pretende levar a Humanidade onde ela sempre sonhou: ao planeta vermelho. Já mudou de ideias, entretanto.

Tinha apenas 12 anos quando o pequeno Elon criou o videojogo o Blastar (clique no link para jogar), que vendeu mais tarde por 500 dólares a uma revista de tecnologia chamada PC and Office Technology, da África do Sul, de onde é originário. Já nessa altura sabia o que era ser empreendedor. O pequeno negócio abriu-lhe o voraz apetite no mundo empresarial.

Atualmente, Elon Musk é proprietário de várias empresas de forte componente tecnológica. Ele é o fundador e atual presidente da SpaceX, empresa que está a desenvolver um plano com a NASA para colocar o Homem em Marte até 2025. “O futuro da humanidade estará bifurcada em duas direções: ou vai ser multiplanetária ou estará confinada a um planeta e eventualmente à espera da extinção”, diz este self-made man de 45 anos.

A ideia de lançar duas bombas termonucleares nos polos gelados de Marte pode parecer um pouco louca. Mas conforme explicou Musk no The Late Show, de Stephen Colbert, “eventualmente, poderíamos transformar Marte num planeta parecido com a Terra” se a atmosfera fosse aquecida. Salvar a Humanidade da sua própria extinção, perguntou Colbert a Musk. “Estou a tentar fazer coisas boas”, respondeu. O apresentador não perdeu tempo e voltou à carga: “Está a tentar a fazer coisas boas e é bilionário. Parece-me que é como ser um super-herói ou um super-vilão. Tens de escolher um”.

Em junho de 2016, a sua fortuna estava avaliada em 11,4 mil milhões de dólares (10,9 mil milhões de euros), colocando-se na “modesta” 34ª posição do ranking dos mais ricos do mundo elaborado pela Forbes. Formado em Física (Universidade da Pensílvania) e Economia (Wharton School of Business), Elon Musk valeu-se sobretudo da sua criatividade e excentricidade para chegar até aqui.

Depois da venda do videojogo que criou na infância, a veia inventora de Musk nunca mais parou de bombear ideias que se transformaram em negócios milionários. Foi ele quem fundou a X.com, em 1999, uma companhia de serviços financeiros e pagamentos por e-mail, com os 10 milhões de dólares que recebeu da venda de uma outra empresa que fundara anteriormente, a Zip2. Um ano depois, fundiu a X.com com a Confinity, que detinha a plataforma de transferência de dinheiro online Paypal — que deu o nome à empresa a partir de 2001. Em outubro do ano seguinte, mais um negócio milionário: vendeu o Paypal ao eBay por 1,5 mil milhões de dólares. Musk recebeu 165 milhões com esta venda.

"Quando Henry Ford produziu carros baratos e fiáveis, as pessoas dissera; ‘Nah, qual é o problema com os cavalos?’ Isso foi uma grande aposta que Ford fez. E funcionou.”

Elon Musk

Fundador da Tesla

Adicionalmente, ele é um dos fundadores da SolarCity, empresa com a qual pretende revolucionar o mercado energético através da autonomização das casas alimentadas com energia renovável e que foi recentemente adquirida por dois mil milhões de dólares pela Tesla Motors, da qual também é um dos co-fundadores. É esta a fabricante de automóveis elétricos que poderá vir a instalar uma unidade de produção em Portugal. As negociações com o Governo português estão em andamento, mas Portugal não corre sozinho neste concurso.

Musk também é um dos maiores entusiastas de automóveis de condução inteligente. Polémica em torno de carros sem condutores? A história está do seu lado, assume Musk: “Quando Henry Ford produziu carros baratos e fiáveis, as pessoas disseram: ‘Nah, qual é o problema com os cavalos?’ Isso foi uma grande aposta que Ford fez. E funcionou”. E Musk quer o mesmo com os seus Tesla, automóveis que já têm capacidade autónoma total. Modelos que estão agora disponíveis em Portugal. Os preços arrancam nos 76 mil euros, mas os extras são caros.

Mas o impacto de Musk ao nível da mobilidade dos transportes será bastante maior no futuro. E isto sem contar com as viagens humanas a Marte, que podem ainda parecer algo do domínio da ficção científica. Em 2013, apresentou ao mundo o Hyperloop, um novo conceito de transporte que permitirá viajar a 1.200 quilómetros por hora. Já tem um contrato para a construção de uma ligação entre Los Angeles e San Francisco, na ordem dos seis mil milhões de dólares.

Super-herói ou super-vilão? Seja qual for a personagem, Musk escapa à nossa realidade.

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Casa Branca: Mais de 100 detidos nas fronteiras devido a decreto anti-imigração

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2017

A Casa Branca diz que desde sexta-feira 109 pessoas foram detidas nas fronteiras, enquanto cerca de 200 foram impedidas de voarem para os Estados Unidos, devido ao decreto de Trump.

A Casa Branca defendeu hoje a aplicação do decreto de Donald Trump anti-imigração que desde sexta-feira levou à detenção de 109 pessoas nas fronteiras e impediu cerca de 200 de voarem para os Estados Unidos.

A ordem executiva assinada pelo Presidente norte-americano na sexta-feira pouco antes das 17:00 locais (22:00 em Lisboa) proíbe a entrada a todos os refugiados durante 120 dias, assim como a todos os cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Síria, Líbia, Sudão, Irão, Iraque, Somália e Iémen) durante 90 dias.

Os cidadãos daqueles sete países que possuem uma autorização de residência permanente (‘green card’) nos Estados Unidos “não são afetados”, disse hoje ao canal NBC o chefe de gabinete da Casa Branca, Reince Priebus, adiantando, no entanto, que poderão ser questionados aprofundadamente à sua chegada ao país.

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, indicou que dos 325.000 estrangeiros que chegaram aos Estados Unidos no sábado “109 pessoas” passaram por um controlo reforçado. Para “garantir que as pessoas que deixamos entrar no nosso país vêm com intenções pacíficas”, declarou hoje ao canal ABC.

“Não queremos deixar que se infiltre alguém que procure prejudicar-nos. É tudo. Sei que em alguns casos isto vai causar inconvenientes”, adiantou.

Cerca de 200 outras pessoas foram impedidas de embarcar para os Estados Unidos, segundo disse a conselheira de Donald Trump Kellyanne Conway hoje num programa do canal Fox News. Sean Spicer justificou a ausência de um anúncio prévio que conduziu a uma situação caótica nos aeroportos, em particular em Nova Iorque, pela necessidade de “garantir que as pessoas não chegassem em massa antes de ser aplicado (o decreto)”.

Segundo o jornal New York Times, no sábado à noite 81 pessoas tinham obtido autorização para entrar nos Estados Unidos após as “verificações extremas”.

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Ativos geridos por robôs superaram 80 mil milhões de dólares em 2016

O aconselhamento disponibilizado aos investidores por robot advisors é uma realidade em crescimento, apesar de ainda não ter destronado a opinião de especialistas de "carne e osso".

As máquinas substituem cada vez mais o homem nas funções de trabalho. Uma realidade que se tem vindo a instalar em força também no mundo da gestão de ativos. Segundo a Bloomberg, em 2016, o montante de ativos geridos por robot advisors — software que gere portefólios de ativos com base em algoritmos e sem intervenção humana — superou a fasquia dos 80 mil milhões de dólares.

Os quatro maiores operadores norte-americanos desta indústria aumentaram em quase 80% os ativos geridos, em 2016, com dois deles — Charles Schwab Corp e Betterment — a mais do que duplicarem a fatia detida, revelam dados compilados pela agência de notícias. Todos os operadores afirmaram que os robot advisors dos Estados Unidos — que conseguem construir portefólios de investimento por uma fração do custo inerente à atividade de corretores tradicionais — terminaram o ano passado com 83 mil milhões de dólares (cerca de 78 mil milhões de euros) em ativos.

"Já ouvimos muito ruído acerca da possibilidade destas empresas virem a substituir os gestores tradicionais, mas até agora tal não aconteceu.”

Scott Smith

Cerulli

Parece ser um valor muito elevado? Sim pode parecer, apesar de não ser antecipado que as máquinas venham a substituir os humanos nesta área de negócio, nem tão cedo. Os ativos geridos pelas corretoras e gestoras norte-americanas, estavam estimados em 19,2 biliões de dólares (cerca de 18 biliões de euros), no final de 2015, segundo cálculos do Aite Group, uma consultora de Boston. “Já ouvimos muito ruído acerca da possibilidade destas empresas virem a substituir os gestores tradicionais, mas até agora tal não aconteceu”, afirmou Scott Smith, diretor de aconselhamento da Cerulli, que estima que a indústria dos robots advisors atinja 385 mil milhões de dólares (cerca de 360 mil milhões de euros), em 2021.

O grupo Vanguard, o maior participante do mercado de aconselhamento via computadores, detinha 52 mil milhões de dólares sob gestão nesse segmento no final de 2016, o que constitui um crescimento de 68% face ao que se verificava no início daquele ano. A oferta da empresa é um híbrido que combina tecnologia com o aconselhamento humano, que está disponível por telefone ou vídeo chat.

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PS quer diálogo com PCP sobre negócio da Carris

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2017

O PS revela que o PCP já tinha comunicado a intenção de avançar com o pedido de apreciação parlamentar da transferência da Carris para a Câmara de Lisboa. E quer conhecer as razões dos comunistas.

O PS manifestou-se hoje tranquilo e aberto ao diálogo relativamente ao pedido de apreciação parlamentar do PCP sobre a transferência da Carris para a Câmara de Lisboa e sublinhou que os comunistas já tinham anunciado essa intenção.

“Vamos esperar para conhecer as propostas do PCP, mas estamos abertos ao diálogo. Já estávamos à espera, porque o PCP anunciou essa intenção no debate que houve sobre transportes”, afirmou à Lusa o deputado João Paulo Correia, frisando que os socialistas não foram surpreendidos. Desmentindo, assim, as notícias de que o PCP teria tomado esta iniciativa de surpresa.

O PCP deu entrada com um pedido de apreciação parlamentar do diploma que transfere a Carris para a Câmara de Lisboa, conforme avançou hoje o jornal Público, sendo que se trata ainda somente do pedido de apreciação, não se esclarecendo se visará a cessação de vigência ou alterações ao diploma.

“Estamos a encarar o pedido de apreciação parlamentar com tranquilidade e convictos de que a medida de transferência da Carris para o município de Lisboa é a mais racional e a que melhor defende o interesse público, no plano do serviço e no plano da gestão financeira da empresa”, afirmou também João Paulo Correia.

O socialista lembrou que há 14 meses todos os partidos que apoiam o Governo estiveram juntos da luta “para que a empresa não passasse para um consórcio privado”.

Uma das objeções do PCP, expressa no pedido de apreciação parlamentar, é que o princípio segundo o qual “nas áreas metropolitanas os transportes devem ter uma resposta metropolitana”.

“Como o PCP sempre defendeu, a Câmara Municipal de Lisboa deve ter um papel mais ativo na empresa, nomeadamente ao nível da rede e da oferta. Mas a Carris não serve apenas a cidade de Lisboa. Serve diretamente outros concelhos, como Almada, Amadora, Loures, Odivelas e Oeiras. Tem até a sua sede em terrenos de outro concelho”, sustentam.

Estas é uma das críticas partilhadas pelo CDS-PP, que defendia o modelo de concessão a privados, mas estando contra a entrega à câmara votará a favor de uma cessação de vigência, se for essa a proposta comunista.

“O que está em cima da mesa é uma Carris pequenina, suportada na totalidade pelos lisboetas, sem se saber como ficará o financiamento da empresa, os direitos dos trabalhadores, a sua articulação metropolitana”, disse à Lusa o deputado centrista Hélder Amaral.

“Mais uma vez, prova-se que o doutor António Costa não tem a solidariedade dos seus parceiros”, declarou.

No pedido de apreciação parlamentar, o PCP argumenta que é “o Estado Central que tem a capacidade e a responsabilidade de assegurar o financiamento deste serviço público: é o Estado Central que arrecada o grosso dos impostos e o essencial das mais-valias potenciadas pelo transporte público”.

A municipalização da Carris “acabará por transformar-se numa nova oportunidade para impor taxas, tarifas e impostos aos cidadãos – pelas mais diversas vias, desde o aumento do IMI ao pagamento do estacionamento -, quer aos munícipes de Lisboa quer àqueles que à cidade se deslocam por questões de trabalho, escola, lazer ou outras”.

Por outro lado, os comunistas consideram que “é no setor empresarial do Estado que os direitos dos trabalhadores da Carris melhor estão garantidos (não esquecendo que o melhor garante dos direitos dos trabalhadores são os próprios trabalhadores, a sua unidade, a sua determinação e a sua luta)”.

“As transferências de competências para as autarquias sem os devidos recursos financeiros têm sido um primeiro passo preparador de ‘inevitáveis’ privatizações/concessões e da imposição de um caminho de crescente mercantilização dos serviços públicos, com uma pressão constante para arrancar mais receitas aos utentes e pagar menos aos trabalhadores”, lê-se no pedido de apreciação parlamentar.

O PCP lembra o “conjunto de promessas” anunciadas, reconhecendo que “muitas dessas medidas são, naturalmente, de sinal positivo”, como a redução dos passes para reformados, mas salienta a “forma opaca como o processo está a ser conduzido e apresentado”.

A Lusa tentou, sem sucesso, saber junto do PSD qual a sua posição sobre esta apreciação parlamentar apresentada pelo PCP.

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Comissão Europeia analisa efeitos da proibição de entrada de alguns cidadãos nos EUA

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2017

A Comissão Europeia vai analisar os potenciais efeitos para os europeus da decisão do Presidente dos EUA de impedir a entrada no país de cidadãos de vários países de maioria muçulmana.

A Comissão Europeia vai analisar os potenciais efeitos para os europeus da decisão do Presidente dos EUA de impedir a entrada no país de cidadãos de vários países de maioria muçulmana. “Estudaremos qualquer potencial consequência para os cidadãos da União Europeia” (UE) depois do anúncio feito pelos EUA, disseram à agência EFE fontes da Comissão Europeia (CE).

Num artigo de opinião hoje publicado pelo jornal alemão Welt am Sonntag, o presidente da CE, Jean-Claude Juncker, defendia as medidas adotadas pelos 28 Estados-membros respeitantes à ajuda aos refugiados, mas também de reforço da segurança nas fronteiras e de luta contra o terrorismo.

A porta-voz comunitária Annika Bredidhardt recordou as palavras de Juncker no seu discurso sobre o estado da UE de 2015: “A Europa cometeu erros no passado fazendo distinção entre judeus, cristãos e muçulmanos. Não há religião, crença ou dogma em relação aos refugiados”.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a realçar a necessidade de o seu país ter “fronteiras sólidas” e criticou a situação da migração na Europa e no resto do mundo.

O nosso país precisa de fronteiras sólidas e de um escrutínio extremo, agora. Vejam o que está a acontecer em toda a Europa e, certamente, no mundo – uma confusão terrível”, afirmou Donald Trump numa mensagem publicada na sua conta pessoal na rede social Twitter.

Numerosos dirigentes de todo o mundo já criticaram a decisão do Presidente norte-americano de proibir a entrada de cidadãos de sete países maioritariamente muçulmanos.

A companhia aérea Brussels Airlines, que faz a ligação com os EUA, explicou que não houve passageiros afetados pela proibição, já que não registou cidadãos de nacionalidades abrangidas nas suas últimas operações. Ao contrário, na vizinha Holanda, fonte da KLM confirmou à EFE que dois passageiros do Médio Oriente com voos de ligação em Amesterdão, com destino aos EUA, regressaram aos seus países de origem. Em Paris, a AirFrance também recusou embarcar alguns passageiros com destino aos EUA. Os países em causa na ordem executiva de Trump são: Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen.

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Câmara de Lisboa promove Feira Popular para lançar concurso ainda este ano

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2017

O município liderado por Fernando Medina apresenta, em fevereiro, a empresários e investidores, o projeto da Feira Popular de Lisboa. A ideia é avançar com o concurso de exploração ainda este ano.

A Câmara de Lisboa vai promover, no final de fevereiro, uma sessão dirigida a empresas e investidores para apresentar o projeto da nova Feira Popular em Carnide, tendo em vista o lançamento, ainda este ano, do concurso de exploração.

De acordo com uma informação publicada no ‘site’ da autarquia, esta será uma “sessão pública aberta a todos os agentes económicos e investidores interessados para apresentação dos principais objetivos do projeto”.

O município acrescenta que o encontro se enquadra no objetivo de “promover, em 2017, um concurso público internacional para a conceção, financiamento, construção, exploração e manutenção da Nova Feira Popular de Lisboa“. Para participar na sessão, que decorre às 11:00 de 21 de fevereiro nos Paços do Concelho de Lisboa, os interessados devem inscrever-se através do endereço de ‘email’ [email protected].

A Feira Popular de Lisboa foi criada em 1943 para financiar férias de crianças carenciadas e, mais tarde, passou a financiar toda a ação social da fundação O Século. Antes de Entrecampos, onde fechou em 2003, a feira funcionou em Palhavã. No final de 2015, mais de 12 anos depois do encerramento, a autarquia anunciou que a Feira Popular iria voltar, inserida num parque urbano de 20 hectares em Carnide.

Um estudo preliminar datado de outubro de 2015 e divulgado em junho do ano seguinte, encomendando pela autarquia a uma empresa holandesa, refere que a Feira Popular deverá representar um investimento de cerca de 70 milhões de euros. O documento, elaborado pela empresa holandesa Jora Vision – que já fez estudos semelhantes para outros parques temáticos da Europa -, precisa que neste número se inserem as atrações (que representam a maior fatia de investimento, na ordem dos 27 milhões de euros), o trabalho no terreno (20 milhões), a decoração (15 milhões), a construção (5,2 milhões) e o ‘design’ e engenharia (3,2 milhões).

No que toca aos visitantes, a empresa define como dois principais públicos-alvo as famílias e os aventureiros que procuram emoções fortes, ainda que assinale que ali haverá “atrações para entreter um vasto público”. A expectativa é de que os visitantes possam frequentar a nova Feira Popular em 2018, de acordo com o estudo, que aponta um total de 800 mil nesse ano. No ano seguinte, o número deverá subir para 900 mil e atingir um milhão em 2020. Já em 2021 passará para 1,2 milhões de visitantes e em 2022 para 1,4 milhões de visitantes. O estudo preliminar aponta ainda que os bilhetes deverão custar dois euros.

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Imigração: Quase todos contra Trump

O travão à entrada de refugiados nos EUA está a suscitar muitas manifestações mas também críticas por parte dos principais líderes mundiais.

Foi uma simples assinatura num documento, mas o suficiente para suscitar uma onda de contestação a nível global. A assinatura de Donald Trump, na passada sexta-feira, do decreto que coloca um travão à entrada de refugiados nos EUA, já fez com que centenas de pessoas provenientes de países muçulmanos tenham sido detidas à entrada em território norte-americano, durante este fim de semana, apesar de muitas terem autorização legal para o fazer.

Em resultado, avolumam-se multidões junto aos principais aeroportos em contestação, várias organizações de direitos humanos já apresentaram queixas, muitas empresas manifestam solidariedade, os líderes de alguns dos maiores países do mundo, e os próprios tribunais também agiram para colocar um travão às deportações.

Numa audiência de emergência, a juíza juíza Ann M. Donnelly, do Tribunal do Distrito Federal de Brooklyn (Nova Iorque) respondeu a uma ação movida pela União das Liberdades Civis na América (ACLU) contra a ordem executiva assinada na sexta-feira por Donald Trump, cuja constitucionalidade foi questionada. A juíza federal decidiu na noite de sábado que os refugiados e outras pessoas afetadas pela nova medida de imigração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegaram aos aeroportos norte-americanos não podem ser deportados. A decisão impede assim a deportação de cidadãos dos sete países de maioria muçulmana visados pelo decreto de Trump – Irão, Iraque, Iémen, Somália, Líbia, Síria, Sudão – que foram autorizados a entrar e chegaram aos Estados Unidos.

Uma decisão que veio trazer alívio aos muitos estrangeiros que estavam presos nos aeroportos e prestes a receber ordem de marcha de regresso ao ponto de partido. Um alívio que é percetível num vídeo partilhado no Twitter por um utilizador que estava no aeroporto de Dulles, em Washigton, na ocasião em que alguns viajantes eram libertos, após a detenção à entrada no país.

Contudo, são muitas as manifestações que têm surgido um pouco por todo o lado, a contestar o decreto assinado por Donald Trump na passada sexta-feira que dava ordem para suspender por 120 dias a entrada de todos os refugiados, bem como a suspensão por tempo indefinido da entrada de sírios e impedia a entrada de qualquer cidadão de sete países muçulmanos: Síria, Iraque, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen.

Foi o que aconteceu por exemplo, com uma senadora norte-americana. Elizabeth Warren, senadora do Massachusetts, publicou na sua página oficial do Twitter, um vídeo onde aparece no aeroporto de Logan, em Boston, a manifestar-se contra a decisão do presidente norte-americano. “Não vamos permitir a proibição de muçulmanos nos Estados Unidos da América”, escreve Elizabeth Warren.

Mas a decisão do novo presidente dos EUA de travar a entrada a imigrantes nos país já suscitou também criticas por parte de alguns dos principais líderes mundiais. A Comissão Europeia já reagiu, dando voz à União Europeia, depois de Angela Merkel e Theresa May também já terem criticado a medida este domingo. A comissão Europeia afirmou que vai analisar os potenciais efeitos para os europeus da decisão do Presidente dos EUA de impedir a entrada no país de cidadãos de vários países de maioria muçulmana.

“Estudaremos qualquer potencial consequência para os cidadãos da União Europeia” (UE) depois do anúncio feito pelos EUA, disseram à agência EFE fontes da Comissão Europeia (CE). Num artigo de opinião hoje publicado pelo jornal alemão Welt am Sonntag, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também veio defender as medidas adotadas pelos 28 Estados-membros respeitantes à ajuda aos refugiados, mas também de reforço da segurança nas fronteiras e de luta contra o terrorismo.

Angela Merkel foi um dos líderes europeus que também já se manifestou. Fonte oficial da chanceler alemã afirmou que esta considera injustificadas as restrições dos EUA à imigração. “Ela está convencida de que, mesmo no quadro da luta indispensável contra o terrorismo, não é justificável colocar pessoas sob uma suspeita generalizada em função das suas origens ou crenças”, disse o Steffen Seibert, porta-voz de Merkel. “A Chanceler lamenta a proibição de entrada [nos EUA], imposta pelo governo norte-americano contra refugiados e cidadãos de determinados países”, acrescentou Steffen Seibert. Estas preocupações, continuou o porta-voz, foram comunicadas a Donald Trump durante a conversa telefónica de sábado.

Theresa May que se encontrou há poucos dias com Trump, nos EUA, também já veio avolumar o coro de críticas. A primeira-ministra britânica, “não concorda” com a proibição temporária imposta pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à entrada de cidadãos e refugiados de vários países de maioria muçulmana, disse um porta-voz oficial citado pela imprensa.

“A política de imigração nos Estados Unidos é um assunto do governo dos Estados Unidos, tal como a política de imigração do nosso país deve ser estabelecida pelo nosso governo”, disse o porta-voz de Downing Street numa declaração. “Mas não estamos de acordo com este tipo de abordagem e não a vamos adotar”, acrescentou.

Ontem, também o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, escrevia no Twitter que o seu país acolheria sempre as vítimas “de perseguição, terror e guerra, independentemente da sua fé”. Acrescentando que “a diversidade é a nossa força”.

 

O líder do país mais a norte do continente norte-americana, abria assim portas à entrada daqueles que fossem barrados nos EUA, com um hashtag #WelcomeToCanada. Depois de ser eleito, no final de 2015, o primeiro-ministro canadiano, Justin, Trudeau, já supervisionou a chegada de mais de 39 mil refugiados sírios ao Canadá. O governo liberal canadiano tem tentado equilibrar a sua visão do mundo e as relações com a nova administração norte-americana liderada por Donald Trump.

Já neste sábado, os lideres europeus reunidos na cimeira do sul, em Lisboa, também revelaram o seu desconforto com a política anti-imigração de Donald Trump. A partir de Lisboa, Hollande respondeu ao novo presidente dos EUA. “A Europa tem de mostrar que não é protecionista nem fechada, que tem valores e princípios. A Europa é um espaço de liberdade e democracia”, defendeu o presidente francês, que endureceu o discurso no final do encontro: “Temos de enfrentar o populismo. O tipo de discurso seguido nos Estados Unidos encoraja o populismo e até o extremismo.”

 

Trump volta a insistir

Habituado a usar o twitter como ferramenta para comunicar com os norte-americanos e o mundo, Donald trump já veio reagir face às numerosas manifestações e críticas que a sua atuação tem gerado no que que respeita à gestão da imigração de refugiados.

 

O nosso país necessita de fronteiras fortes e veto extremo, AGORA“, escreveu num tweet, recorrendo mais uma vez ao exemplo da Europa. “Vejam o que está a acontecer por toda a Europa e, na realidade, no mundo: uma enorme confusão”, acrescentou na mesma mensagem.

Entretanto, a Casa Branca veio defender a atuação do seu Presidente e revelar que mais de 100 pessoas foram detidas na fronteira ao abrigo do novo decreto anti-imigração. O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, indicou que dos 325.000 estrangeiros que chegaram aos Estados Unidos no sábado “109 pessoas” passaram por um controlo reforçado. Para “garantir que as pessoas que deixamos entrar no nosso país vêm com intenções pacíficas”, declarou hoje ao canal ABC.

Não queremos deixar que se infiltre alguém que procure prejudicar-nos. É tudo. Sei que em alguns casos isto vai causar inconvenientes”, adiantou o mesmo responsável.

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Angela Merkel considera injustificadas restrições à imigração nos EUA

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2017

A chaceler alemã considera injustificadas as restrições dos EUA à imigração com origem em sete países mulçumanos decidida por Trump, diz fonte oficial.

A Chanceler alemã, Angela Merkel, considera injustificadas as restrições dos EUA à imigração com origem em sete países muçulmanos, decididas pelo presidente Donald Trump, afirmou hoje o porta-voz da líder alemã, Steffen Seibert.

“Ela está convencida de que, mesmo no quadro da luta indispensável contra o terrorismo, não é justificável colocar pessoas sob uma suspeita generalizada em função das suas origens ou crenças”, disse o porta-voz, num comunicado citado pela agência de notícias alemã DPA.

“A Chanceler lamenta a proibição de entrada [nos EUA], imposta pelo governo norte-americano contra refugiados e cidadãos de determinados países”, acrescentou Steffen Seibert.

O governo alemão “vai agora examinar as consequências” desta interdição para os cidadãos alemães que tenham dupla nacionalidade e que são atingidos pelas medidas norte-americanas, precisou.

O desacordo alemão acontece na manhã seguinte a uma reunião telefónica entre Donald Trump e Angela Merkel. Os comunicados de imprensa emitidos no final desta reunião, quer nos EUA quer na Alemanha, não fazem qualquer menção às novas restrições à imigração em solo norte-americano.

“A Convenção de Genebra sobre os refugiados apela à comunidade internacional que acolha as pessoas a fugir da guerra de uma forma humanitária” e “a Chanceler apresentou [este] argumento” durante o seu encontro telefónico com Donald Trump, precisou o porta-voz.

O decreto norte-americano sobre a “proteção da nação contra a entrada de terroristas estrangeiros nos EUA”, que entrou em vigor na sexta-feira, proíbe durante 90 dias a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países considerados de risco por Washington: o Iraque, o Irão, o Iémen, a Líbia, o Sudão e a Somália.

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Zero aponta questões críticas na opção Montijo como aeroporto complementar em Lisboa

  • ECO e Lusa
  • 29 Janeiro 2017

A associação defende a realização de estudos de impacte ambiental sobre as alternativas ao aeroporto de Lisboa e alerta para questões como acessibilidades, conservação da natureza, ruído e poluição.

A Zero defendeu hoje a realização de estudos de impacte ambiental sobre as alternativas ao aeroporto de Lisboa e alerta para questões a esclarecer na opção pelo Montijo, como acessibilidades, conservação da natureza, ruído e poluição do ar.

“O estudo de impacte ambiental deve olhar para diferentes alternativas, revendo aquilo que está previsto em relação a Benavente e justificando não avançar com essa opção, o que nos parece positivo do ponto de vista dos recursos envolvidos para a construção de um novo aeroporto de raiz”, disse à agência Lusa o presidente da Zero.

Francisco Ferreira referiu também a necessidade de analisar a gestão combinada do aeroporto Humberto Delgado com o aeroporto do Montijo.

Salientando que a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) “deverá ser inequivocamente obrigatória”, o especialista refere que “tudo indica que a complementaridade feita pelo aeroporto no Montijo é bastante positiva”.

Nos últimos dias, vários órgãos de comunicação social têm avançado que o Governo e a ANA – Aeroportos de Portugal se preparam para assinar o memorando de entendimento para desenvolver os estudos necessários à utilização da base aérea do Montijo como aeroporto complementar ao Humberto Delgado, em Lisboa.

Está previsto que a 15 de fevereiro, o Governo e a ANA assinem um memorando de entendimento onde a concessionária se compromete a desenvolver os estudos necessários à transformação do Montijo numa pista comercial. Uma cerimónia que deverá contar com as presenças do primeiro-ministro, António Costa, e do CEO da Vinci Concessions e “chairman” da Vinci Airports, Nicolas Notebaert. A Vinci é dona da ANA, empresa que gere, entre outros, a aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. A intenção é que esta infraestrutura esteja operacional, o mais tardar, em 2019.

O desenho do novo aeroporto do Montijo não é exclusivo às companhias low cost. Contudo, tendo em conta o baixo valor das taxas aeroportuárias a aplicar à nova infraestrutura do Montijo, torna-a numa solução muito atrativa para as companhia aéreas de baixo preço.

Cinco questões a avaliar

A Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, listou cinco questões “críticas na avaliação da utilização da base aérea do Montijo para fins civis”, alternativa que, no entanto, reconhece poder representar “uma enorme poupança de recursos” relativamente à construção de uma estrutura nova, em Benavente.

A conservação da natureza “é talvez um dos maiores problemas”, explicou Francisco Ferreira, já que se trata do estuário do Tejo, de uma zona de proteção especial e reserva natural, uma área atravessada por várias rotas migratórias de pássaros.

As aves são também “um problema para as próprias aeronaves” pelo aumento de risco de colisão, o que “é sério e tem de ser devidamente equacionado e esclarecido”, alertou.

O ruído é outro assunto que inquieta os ambientalistas pois, a manter-se a orientação predominante das pistas, a zona da Baixa da Banheira, no município da Moita, “é fortemente afetada”.

Os aeroportos são uma preocupação pelos poluentes emitidos, como as partículas e os óxidos de azoto.

A aviação representa 5,2% das emissões nacionais, com um aumento de 28,5%, entre 2000 e 2014, uma tendência, “benéfica para vários setores, como o turismo, [mas que] acaba por ser muito difícil de encaixar” no objetivo de, em 2050, Portugal ser neutro em carbono, meta anunciada pelo primeiro-ministro.

A Zero quer saber como será o acesso ao aeroporto do Montijo e Francisco Ferreira enumerou a possibilidade de ser de barco, utilizando o cais do Seixalinho, no Montijo, por exemplo, de meios rodoviários ou da extensão da linha ferroviária do Pinhal Novo até ao aeroporto do Montijo e do Metro Sul do Tejo, que “estava previsto ligar todo o arco ribeirinho sul”.

A opção pelo Montijo tem igualmente implicações no ordenamento do território, já que “estas infraestruturas criam sempre um grande aumento da pressão imobiliária, não apenas para habitação, mas eventualmente para uma oferta turística que pode potencial a margem sul”, concluiu.

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Isabel Jonet põe em causa aumento do salário mínimo nacional

  • ECO
  • 29 Janeiro 2017

A responsável do Banco Alimentar considera que o aumento do salário mínimo "faz sentido", mas alerta que pode trazer riscos de despedimento.

O aumento do salário mínimo “faz sentido” mas pode trazer risco de despedimentos. Esta é a convicção de Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares. Em entrevista ao Negócios e à Antena 1, Isabel Jonet, diz que a subida do salário mínimo é positiva porque há muita gente a ganhar muito pouco em Portugal, contudo, teme que o reverso da medalha se traduza em mais despedimentos. A economista, considera que aquilo que é urgente são estímulos à criação de emprego dos menos qualificados.

 

A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares diz ver como positiva a subida do salário mínimo (SMN) decidida pelo Governo com o apoio dos partidos à sua esquerda parlamentar, até porque “há muitas pessoas com salários muito baixos”. No entanto, alerta que a sua formação de base de economista a leva a questionar-se sobre se a medida não terá consequências ao nível dos despedimentos.

Para Isabel Jonet, mais importante do que aumentar o salário mínimo são as políticas ativas de emprego, que conduzam à criação de postos de trabalho na população mais velha e menos qualificada que, de repente, viu jovens licenciados a ocuparem os seus lugares.

A responsável do Banco Alimentar diz assim que o ideal seria equilibrar o aumento do salário mínimo nacional (SMN) com estímulos diretos à criação de emprego.

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Juíza norte-americana bloqueia parte da nova medida de imigração de Donald Trump

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2017

Uma juíza federal dos EUA decidiu que os refugiados e outras pessoas afetadas pela nova medida de imigração determinada por Donald Trump não podem ser deportados.

Uma juíza federal norte-americana decidiu na noite de sábado que os refugiados e outras pessoas afetadas pela nova medida de imigração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegaram aos aeroportos norte-americanos não podem ser deportados.

Numa audiência de emergência, a juíza juíza Ann M. Donnelly, do Tribunal do Distrito Federal de Brooklyn (Nova Iorque) respondeu a uma ação movida pela União das Liberdades Civis na América (ACLU) contra a ordem executiva assinada na sexta-feira por Donald Trump, cuja constitucionalidade foi questionada.

A decisão vai no sentido de as autoridades norte-americanas não procederem a nenhuma deportação de cidadãos dos sete países de maioria muçulmana visados pelo decreto de Trump – Irão, Iraque, Iémen, Somália, Líbia, Síria, Sudão – que foram autorizados a entrar e chegaram aos Estados Unidos.

Numa ordem executiva assinada na sexta-feira, Donald Trump suspendeu a entrada de refugiados nos Estados Unidos por pelo menos 120 dias e impôs um controlo mais severo aos viajantes oriundos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Síria e Iémen durante os próximos três meses.

Nos Estados Unidos, no sábado várias pessoas sofreram já o impacto direto das novas medidas de imigração. Só em Nova Iorque, mais de uma dezena de pessoas foram retidas no aeroporto internacional JFK, incluindo dois cidadãos iraquianos que tinham obtido vistos especiais para irem para os Estados Unidos.

Além da indignação, nas primeiras horas desde a aplicação das medidas da Casa Branca provocaram confusão e caos em cidades e aeroportos de todo o mundo devido à falta de clareza sobre alguns detalhes.

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Depois do Brexit, vem um vazio? Ninguém o quer

Há mais dúvidas do que certezas. As empresas estão a aguardar, mas as associações estão preocupadas. A nível fiscal há incertezas, mas as vozes oficiais garantem que não vai haver vazio legal.

Foi anunciada uma saída dura, mas a maioria espera uma transição pacífica. Da embaixadora britânica em Portugal à secretária de Estado dos Assuntos Europeus, passando pelas principais exportadoras portuguesas para o Reino Unido, é unânime que a saída do mercado único europeu será acautelada com um acordo que minimize os impactos. Planos de contingência? Não existem, para já. A aposta é que não haverá um período de vazio.

Cumprindo o seu mandato para retirar os britânicos da União Europeia, Theresa May anunciou que não fica no mercado único. A saída implica, à primeira vista, problemas de tributação, circulação de pessoas, bens, até complicações de diplomacia. Mas isso só acontecerá se houver um buraco negro entre a saída oficial e a entrada de nova legislação e acordo comercial com a UE. E essa situação está afastada: “Esse vazio não pode existir nem para as empresas nem para os cidadãos”, garante, confiante, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, ao ECO.

Esse vazio não pode existir nem para as empresas nem para os cidadãos.

Margarida Marques

Secretária de Estado dos Assuntos Europeus

Margarida Marques garante que se está a tentar garantir que o vazio não exista, “por isso temos insistido com o Reino Unido para haver clarificação”. “Queremos que seja uma transição clara que permita às pessoas e às empresas decidirem sobre o seu futuro”, afirma ao ECO. Em causa está não só o regime fiscal após a saída do mercado único, mas também o futuro da comunidade portuguesa no Reino Unido. “Relativamente à nossa comunidade, temos conversado com as autoridades britânicas e a mensagem é de confiança”, explica Margarida Marques.

Sabe-se, por exemplo, que Portugal já se adiantou para ficar com a Agência Europeia do Medicamento. Quanto à EBA (European Banking Authority, a autoridade bancária europeia) e a possibilidade do novo centro financeiro europeu ser em Espanha, por exemplo, a secretária de Estado tem menos certezas: “É uma questão que se poderá conversar, mas é um equilíbrio que terá de ser definido depois [do Brexit]”, admite ao ECO.

Queremos que seja uma transição clara que permita às pessoas e às empresas decidirem sobre o seu futuro.

Margarida Marques

Secretária de Estado dos Assuntos Europeus

Do lado do investimento já há movimentações. Depois de ter feito um levantamento das implicações do Brexit nas políticas setoriais, a task force do Governo português liderada por João de Vallera, ex-embaixador de Portugal no Reino Unido, está a definir estratégias para atrair investidores. O que está em causa? “O investimento que já está no Reino Unido, mas com a saída do mercado interno pode ter interesse em sair. Ou investidores que tinham a intenção de investir no Reino Unido, mas que tenham perdido esse interesse e prefiram investir noutro país. Estamos a trabalhar e já a agir“, esclarece Margarida Marques.

O que disse Theresa May?

“Aquilo que estou a propor não significa sermos membros do mercado único, mas não sair do bloco europeu totalmente”, afirmou a primeira-ministra inglesa, acrescentando que quer que o Reino Unido possa “negociar os próprios acordos comerciais”. “Saímos da União Europeia, mas não estamos a sair da Europa. Queremos continuar a comprar os vossos bens e serviços”, salientou num discurso perante diplomatas de vários países.

Ao mesmo tempo, May indicou que vão ser evitadas “situações disruptivas para as empresas”, o que poderia ter um forte impacto na economia britânica. “Queremos ser uma Grã-Bretanha global e que sejamos o melhores vizinhos dos nosso parceiros europeus, e um país que vai além das fronteiras da Europa”, garantiu, sendo revelado dias depois um piscar de olhos aos EUA. Antes Theresa May já tinha ido à Índia.

Na opinião de Margarida Marques, o discurso de May para os cidadãos passou pela “ideia de responder a uma expectativa que os britânicos tinham dada a indefinição que havia sobre esta matéria: a ideia da grande potência, do crescimento económico, da industrialização, do investimento na economia, na criação de emprego, na educação, na formação“, refere ao ECO.

Contudo, é preciso relembrar também outras declarações feitas pelo Governo britânico. O ministro da Economia já ameaçou que o Reino Unido pode tornar-se num paraíso. “Podemos vir a ser forçados a mudar o nosso modelo económico e nos vamos ter de mudar o nosso modelo económico para reconquistar competitividade”, referiu Philip Hammond. Ou seja, pode estar a chegar um novo paraíso fiscal na Europa.

É mesmo assim? Ao ECO, o senior advisor da EY explica que é verdade que “o Brexit cria mais graus de liberdade para o Reino Unido adaptar a política fiscal interna sem os constrangimentos das regras da União Europeia“. Isto porque, dentro da UE, os Estados-membros “são obrigados à harmonização fiscal em sede do IVA e em alguns aspetos do IRC, e a não gerar medidas fiscais que resultem numa competição desleal entre as empresas dos vários Estados”.

Contudo, uma maior competitividade fiscal poderá não ser suficiente para compensar a falta do mercado único europeu. “A saída de um país da União Europeia não é predominantemente alicerçada na maior autonomia fiscal resultante. Este é um resultado colateral de um processo, entre outras causas, de natureza institucional e social”, refere Miguel Puim.

Como vai ser o processo do Brexit?

O anúncio do Supremo Tribunal britânico de que o parlamento britânico vai ter de aprovar o início das negociações da saída do Reino Unido da União Europeia pode complicar os timings definidos. Contudo, a embaixadora britânica em Portugal está confiante de que o processo parlamentar não vai impedir que o artigo 50 seja acionado em março, tal como tinha prometido May.

“Não estamos à espera que haja um atraso por causa desse processo”, garantiu ao ECO, relembrando que em dezembro os deputados britânicos aprovaram a agenda definida para o Brexit. Kirsty Hayes explica que o Parlamento vai ter um papel “mais tarde no processo em termos de decidir sobre a forma de novo acordo com a União Europeia”.

As instituições da União Europeia estão a aguardar a chamada do artigo 50. Assim que isso aconteça deverá ser convocado um Conselho Europeu “nas três ou quatro semanas imediatamente a seguir”, explica Margarida Marques ao ECO. Esse encontro dos chefes de Estado da UE servirá para estabelecer as orientações para a negociação, que será liderada pelo francês Michel Barnier.

Não estamos à espera que haja um atraso por causa desse processo.

Kirsty Hayes

Embaixadora britânica em Portugal

A Comissão Europeia terá de trocar informação com o Parlamento Europeu e o processo de negociação será acompanhado pelo conselho de Assuntos Gerais, no qual Portugal é representado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus. “Este apresentará as propostas para decisão do Conselho Europeu. Finalmente, o acordo terá de ser ratificado pelo Parlamento Europeu“, explica Margarida Marques.

O que vem aí então?

Já sabemos que o Reino Unido vai sair do mercado único europeu, mas é incerto em que termos será feito o novo acordo comercial. A incerteza continua do lado do Governo britânico que terá de apresentar uma proposta. Qual será? Não há paralelo que se pode usar como comparação: “Não queremos o modelo canadiano ou um modelo que já exista. Theresa May quer um acordo completamente novo que seja adequado à ligação tão forte que existe com os Estados-membros”, explica a embaixadora britânica.

Theresa May quer um acordo completamente novo que seja adequado à ligação tão forte que existe com os Estados-membros.

Kirsty Hayes

Embaixadora britânica em Portugal

No fundo, Kirsty Hayes diz que o desafio é encontrar “um novo relacionamento com a UE que seja benéfico para ambos os lados e dê as melhores oportunidades para a livre negociação de bens e serviços”. As negociações oficiais só devem começar daqui a uns meses, mas já existiram contactos informais com o Governo português, tal como ocorreu na visita do Presidente da República ao Reino Unido.

Na comitiva estava a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, mas também o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro. Ambos tiveram um encontro com Alan Duncan, o secretário de Estado britânico responsável pelos assuntos europeus mas também com os presidentes da comissão dos assuntos europeus da câmara dos lordes e da câmara dos comuns. A preocupação agora está centrada na situação da comunidade portuguesa no Reino Unido.

É na mobilidade de pessoas que estará a maior indefinição deste acordo futuro, uma vez que o Reino Unido tem muitos cidadãos estrangeiros, mas também porque existem muitos britânicos em Estados-membros. Pelos encontros que teve e pelo discurso de May, Margarida Marques interpreta a ambição britânica: “Não pretende o mercado interno, mas pretende um acordo comercial de livre circulação de bens, serviços e capitais com a UE. Por outro lado, propõe um outro acordo que tem a ver com a mobilidade das pessoas“.

Os Estados-membros exigiram que qualquer acordo relativo à mobilidade das pessoas terá de ser feito numa base de reciprocidade.

Margarida Marques

Secretária de Estado dos Assuntos Europeus

Contudo, a secretária de Estado relembra que “os Estados-membros exigiram que qualquer acordo relativo à mobilidade das pessoas terá de ser feito numa base de reciprocidade”. “A comunidade britânica que vive nos 27 Estados-membros, incluindo Portugal, é uma comunidade grande e, portanto, o Reino Unido estará também interessado em salvaguardar os seus interesses“, argumenta Margarida Marques ao ECO.

O foco está, neste momento, no acordo comercial e na livre circulação de pessoas, mas há outras áreas onde se espera que os britânicos continuem aliados da UE. Como relembra a embaixadora britânica: “Estamos a sair da União Europeia, mas não estamos a sair da Europa. Os laços são para manter”. Exemplos? A luta contra o crime e o terrorismo, assim como a estratégia de defesa. Nesse aspetos, “nenhum Estado-membro pode agir sozinho”, analisa Margarida Marques, referindo que “é natural que o Reino Unido queira a cooperação da UE”.

Estamos a sair da União Europeia, mas não estamos a sair da Europa. Os laços são para manter.

Kirsty Hayes

Embaixadora britânica em Portugal

Mas a colaboração não se esgotará nesses temas. Também na investigação e na inovação há interesse dos dois lados. “As universidades britânicas já se tinham pronunciado nesse sentido. Há uma comunidade portuguesa importante de investigadores no Reino Unido da mesma forma que há muitos projetos europeus com a participação de instituições britânicas, os programas de ciência da UE. Nada impede que o Reino Unido continue a beneficiar desses programas”, esclarece ao ECO a secretária de Estado dos Assuntos Europeus.

Contudo, a pergunta impõe-se: o Reino Unido vai beneficiar do universo UE sem ter de pagar? Margarida Marques é direta a resposta: “A intenção da União Europeia é que o Reino Unido não fique, na relação com a UE, numa situação privilegiada relativamente àquilo que são os atuais Estados-membros”. No entanto, é “prematuro fazer mais observações” dado que ainda não existe uma proposta dos britânicos à UE.

A saída do mercado único europeu, os impostos e a libra

Há muitas questões ainda por responder. O processo, que se prevê que demore dois anos, ainda vai nos primeiros capítulos. Sabe-se apenas que o Reino Unido vai sair do mercado único europeu, mas não se sabe de que forma. Contudo, com esta informação, surgem logo dois problemas: de que forma vão ser tributados os financiamentos provenientes do Reino Unido? E de que forma vai ser feita a tributação aduaneira na entrada e saída de bens?

As duas questões são levantadas por Miguel Puim, senior advisor da EY, ao ECO, dado que as diretivas europeias davam um conjunto de garantias, mas para se aplicarem o país tem de pertencer à UE. Isso vai deixar de acontecer no caso do Reino Unido. Assim, para as empresas, surge um primeiro problema: “Consoante o acordo futuro, as empresas portuguesas que tenham financiamentos junto de entidades do grupo no Reino Unido podem ser prejudicadas porque os juros pagos por entidades portuguesas a entidades associadas no Reino Unido beneficiam [atualmente] de uma ausência de retenção na fonte em Portugal prevista na diretiva juros e royalties“, explica o fiscalista.

Exportações de Portugal para o Reino Unido

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Fonte: INE. Em milhões de euros. O ano referido do mercado único europeu é 1992.

Esta é uma das questões que deve ser salvaguardada nas negociações futuras, mas há outro problema relacionado com a transação de bens que poderá prejudicar as exportações portuguesas. “Atualmente, na União Europeia, um dos princípios fundamentais é a livre circulação de bens, o que se materializa na ausência de tarifas aduaneiras internas. É do interesse do Reino Unido e da União Europeia estabelecer os acordos necessários para que aquelas trocas de bens continuem a não ser oneradas com tarifas aduaneiras”, considera Miguel Puim, referindo que um período de vazio fiscal “teria efeitos lesivos”.

Contudo, isto verifica-se essencialmente no caso dos bens. No caso das exportações de serviços prevê-se que o impacto seja menor. “Não deverá existir um impacto adverso na tributação dos serviços, dado que os princípios para evitar a dupla tributação encontram-se salvaguardados em acordo autónomo. Contudo, de um ponto de vista não fiscal, eventuais limitações à livre circulação de pessoas poderão impactar o setor dos serviços, nomeadamente, o turismo de longa duração“, explica Miguel Puim ao ECO.

E este hard Brexit anunciado vai beneficiar alguém? O resultado dependerá dos pormenores finais do acordo posterior, mas um inquérito feito em novembro às empresas portuguesas presentes no Reino Unido foi claro: nenhum negócio beneficia com a saída do mercado único europeu. Este estudo da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido revela que 19,44% dos inquiridos, sócios da instituição, já suspenderam ou adiaram decisões de investimento ou expansão na sequência do resultado do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia.

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Fonte: Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido

 

A embaixadora britânica garante que as empresas portuguesas no Reino Unido continuarão a ser bem-vindas e que reina a calma. As dúvidas estão a ser respondidas e, segundo Kirsty Hayes, está-se a trabalhar para “encorajar ainda mais o investimento aqui”, em Portugal. Até porque, como a própria recorda, “em termos bilaterais, o Reino Unido é uma das poucas economias europeias com quem Portugal tem um saldo comercial positivo”.

Mesmo no turismo, Hayes acredita que Portugal “vai ficar muito atraente para os britânicos”. “A única coisa que pode ser um risco para Portugal é a interação entre a libra esterlina e o euro, mas continua a ser menos caro do que o Reino Unido. Não será um problema muito grande”, garante ao ECO. Mas será mesmo assim? Contactadas pelo ECO, as principais exportadoras portuguesas para o mercado britânico não responderam ou recusaram-se a elaborar sobre o assunto.

Os bens que o Reino Unido importa de Portugal

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Fonte: The Observatory of Economic Complexity. Dados relativos a 2014.Raquel Martins

 

Os bens que o Reino Unido exporta para Portugal

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Fonte: The Observatory of Economic Complexity. Dados relativos a 2014.Raquel Martins

A Bosch, por exemplo, responde que “até ao momento” não sentiu “qualquer impacto”. “É demasiado cedo para se ver efeitos colaterais quando a primeira-ministra inglesa diz que vai demorar dois anos a sair da CE”, escreve a empresa. No entanto, em Londres, a opinião é diferente. O Presidente da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido e CEO a True Bridge Consultancy avisa que “os sinais para as pessoas não são animadores”, referindo, no entanto, que não se sabe o que será este hard Brexit. “Continuamos sem saber o que vai acontecer. É óbvio que será uma negociação difícil“, admite.

Apesar de beneficiar da desvalorização da libra, já que a True Bridge exporta serviços, Bernardo Ivo Cruz revela que ter uma empresa registada no Reino Unido não é garantia de permanência no país. Mesmo para quem paga impostos há mais de cincos anos, o processo burocrático é complicado, explica ao ECO, isto porque “obriga ao preenchimento de 85 páginas onde é necessário identificar todas as vezes que se saiu do Reino Unido (dia, mês e ano)”.

Os sinais para as pessoas não são animadores.

Bernardo Ivo Cruz

Presidente da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido

“Neste momento, há mais preocupações das associações do que das empresas, com exceção dos efeitos sentidos ao nível da libra. É o caso dos supermercados portugueses que abastecem o “mercado da saudade” que já sentem uma agravamento de 20% a 25% nas suas importações face há seis meses. Já nas empresas de serviços ninguém sente, até são mais competitivos pelo efeito cambial, exceto se tiverem de enviar provimentos”, remata Bernardo Ivo Cruz.

Já o economista João Carvalho das Neves, em declarações ao ECO, é mais cauteloso. “Temos um Governo que tem mostrado capacidade de negociação, não é caso para alarmismos”, argumenta, afirmando que as “dificuldades burocráticas serão temporárias”. O professor do ISEG considera que “especula-se muito”, mas na prática as situações são ultrapassáveis. No máximo, quem pode ser afetado são as “empresas com menor capacidade de recursos humanos para gerir determinados processos”.

Temos um Governo que tem mostrado capacidade de negociação, não é caso para alarmismos.

João Carvalho das Neves

Economista e Professor do ISEG

É de realçar que “há sempre custo de adaptação em tudo”. “Quando se mudam as coisas, obviamente que há um período de ajustamento”, explica ao ECO. Contudo, Carvalho das Neves considera que “teorizamos muito sobre estas questões, mas muitas vezes os particulares desconhecem os direitos que têm por serem membros de determinado país”. Em suma, o economista argumenta que não é por causa desses direitos que as empresas investem em Portugal: “Não vêm para cá por causa disso. Vêm para cá porque Portugal é um país agradável, tem boa temperatura, boa comida, os portugueses são simpáticos… É isso que os atrai”.

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