Centeno: “Devemos discutir se a Zona Euro deve ter capacidade orçamental autónoma”
O ministro das Finanças português inicia este sábado o seu mandato à frente do Eurogrupo. No dia em que recebeu o sino de Dijsselbloem, frisou que há que discutir a capacidade orçamental da Zona Euro.
Mário Centeno, ministro das Finanças e o novo presidente do Eurogrupo, defendeu esta sexta-feira que os países da moeda única devem continuar a discutir se a Zona Euro deve ter uma capacidade orçamental autónoma. Em declarações aos jornalistas em Paris, pouco depois de ter recebido o sino de Jeroen Dijsselbloem que simboliza a transição de pastas, Centeno prometeu que mesmo que o debate seja longo, ele será feito.
“Iniciámos já há bastante tempo uma discussão sobre as regras orçamentais”, disse Centeno, lembrando a questão da transparência das normas e da capacidade de serem percebidas pelos cidadãos europeus, “devemos continuar a discussão no sentido de saber se a união económica e monetária deve ter uma capacidade autónoma”, defendeu. E garantiu: “É um debate longo mas que eu me comprometo a ter com todos.”
Devemos continuar a discussão no sentido de saber se a união económica e monetária deve ter uma capacidade autónoma. É um debate longo mas que eu me comprometo a ter com todos.
Em declarações transmitidas pelas televisões, Mário Centeno voltou a frisar a relevância de, enquanto presidente do Eurogrupo, ser capaz de “criar consensos e que sejam equilibrados face à vontade das partes”. Mas sublinhou a importância da posição do presidente francês, Emmanuel Macron. “Temos que alavancar nessa posição para promover reformas a nível europeu que permitam tornar a zona euro robusta e resiliente a crises”, defendeu.
Ontem o ministro português encontrou-se que com o Presidente francês e com o primeiro-ministro. Para esta tarde tem uma reunião mais longa marcada com o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire. “Foram visitas de trocas de impressões e de trabalho”, onde foram partilhadas as preocupações e a vontade de “desenvolver novas avenidas de debate e negociação”, disse Centeno, adiantando que o encontro desta tarde com Le Maire será para trabalhar “os temas” em cima da mesa do Eurogrupo.
O ministro português reafirmou ainda a ideia que já tinha deixado clara esta manhã, quando foi assinalada a transição de pastas, em Paris — o único ponto em comum na agenda do presidente cessante, Dijsselbloem, e de Centeno. “Estamos numa janela de oportunidade para progredir em duas dimensões: uma é política, com o inicio de ciclo relevantes em vários países”; outra é “económica, pelas boas condições da economia, a posição orçamental equilibrada, com melhorias muito significativa e a posição de poupança líquida e posição externa muito favorável para a Europa,” argumentou.
[Será preciso] concluir marcos muito importantes como a união bancária [e] discutir uma capacidade orçamental que promova o investimento.
Nesse sentido, Centeno defendeu que é preciso “trazer essas poupanças para o investimento no futuro da Europa”, razão pela qual será preciso “concluir marcos muito importantes como a união bancária” e “discutir uma capacidade orçamental que promova o investimento”.
Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, já comentou a transição da presidência do Eurogrupo para Centeno. Esta manhã, em Bruxelas, Juncker disse que nomear um presidente que vem de um país da Europa do sul “foi uma decisão sábia”, mas que “não deve ser confundido o Clube do Mediterranée, como alguns ortodoxos do norte pensam”.
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