Quantas pessoas desperdiça o mercado de trabalho? 900,9 mil
Desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar mais horas e inativos que não estão disponíveis para trabalhar ou não procuram emprego. O retrato da subutilização do trabalho em Portugal.
Além dos desempregados, há ainda mais de 400 mil pessoas que não estão a ser totalmente aproveitadas pelo mercado de trabalho: ou porque não trabalham tantas horas quanto desejariam, ou porque não procuram emprego ou ainda porque não estão disponíveis.
Este é um indicador que permite ter uma visão mais ampla da subutilização do trabalho, uma vez que não aborda apenas o número de desempregados. Na reta final de 2017, a subutilização do trabalho abrangia 844,4 mil pessoas. Já no conjunto do ano, eram 900,9 mil, avançam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados esta quarta-feira. Quem são?
- 462,8 mil desempregados
- 201,7 mil trabalhadores a tempo parcial que pretendiam, e estavam disponíveis, para trabalhar mais horas
- 23,5 mil inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar
- 213 mil inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuram emprego
De acordo com os dados do INE, entre 2016 e 2017 só aumentou o número de inativos à procura de emprego mas não disponíveis (de 20,5 mil para 23,5 mil).
No conjunto, a subutilização de trabalho registou uma descida de 14,8% (ou 157 mil) comparando com 2016. Em causa está uma taxa de 16,5% — tendo em conta um conceito mais alargado de população ativa — acima da taxa de desemprego de 8,9%. Os números são menos expressivos do que em 2016 (19,5% e 11,1%, respetivamente).
Subemprego de trabalhadores a tempo parcial aumenta em comparação trimestral
Olhando especificamente para o último trimestre de 2017, a subutilização de trabalho abrangia 844,4 mil pessoas, o que corresponde a uma taxa de 15,5%. Também aqui a evolução é positiva, já que a subutilização do trabalho recuou 2,9% em termos trimestrais e 17,2% em termos homólogos — e a taxa também desceu.
Dos 844,4 mil ‘subutilizados’, 422 mil correspondem a desempregados, seguindo-se 201,3 mil inativos disponíveis mas que não procuram emprego, 200,1 mil trabalhadores a tempo parcial que gostariam de laborar mais horas e 20,9 mil inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar.
Entre estes grupos, há dois a registar aumentos. O subemprego de trabalhadores a tempo parcial avançou, em termos trimestrais, 12,7%, ainda que tenha recuado 9,5% em comparação homóloga. E o número de inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar manteve-se praticamente inalterado face ao trimestre anterior mas aumentou 5,5% (1,1 mil) em relação ao quarto trimestre de 2016.
“Desde o 1.º trimestre de 2013, quando a população desempregada e a subutilização do trabalho começaram a descer, até ao 4.º trimestre de 2017, a população desempregada e a subutilização do trabalho têm descrito uma trajetória descendente, com uma diminuição de 54,5% e 42,5%, respetivamente (abrangendo 504,8 mil e 625,2 mil pessoas)”, nota o INE.
O Instituto avisa, contudo, que a medida sobreavalia a subutilização do trabalho. Desde logo, porque “sobrestima o contributo potencial do subemprego de trabalhadores a tempo parcial, pois não considera as horas de trabalho realizadas por estes empregados (tipicamente, as horas trabalhadas correspondem a metade do total desejado)”, diz. Além disso, porque “sobrestima a população ativa alargada, uma vez que os dois subgrupos de inativos considerados têm, em geral, uma menor ligação ao mercado de trabalho do que os desempregados, o que se traduz na existência de uma menor probabilidade de transição para a população ativa, de uma maior proporção de pessoas que nunca trabalharam ou que deixaram de trabalhar há mais de 2 anos e de uma menor proporção de pessoas que se autoclassificam como desempregadas”, adianta ainda o INE.
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