Menor stress com Itália afunda juros portugueses, bolsa em máximos
Dia de descompressão entre os investidores, depois de dias de turbulência por causa da indefinição governativa em Itália. Em Lisboa, BCP e papeleiras colocam praça em máximos de três anos.
Dia de descompressão nos mercados, com muitos investidores a assumirem um maior apetite pelo risco, após várias sessões turbulentas por causa de Itália e do novo governo formado pelos partidos 5 Estrelas e Liga Norte. Com isto, os juros portugueses estão a ir ao fundo. E a bolsa portuguesa acelera para máximos de três anos.
Por partes: a yield associada às obrigações portuguesas a dez anos cai mais de dez pontos base para os 1,92%, segundo a Reuters, depois de na sessão desta segunda-feira ter superado os 2%. Interrompe um ciclo de seis sessões de agravamento. Quanto à taxa de juro que os investidores exigem para comprar títulos a cinco anos, a queda é de mais de seis pontos para os 0,735%.
É evidente o regresso dos investidores aos ativos de maior risco. Os mercados acionistas europeus negoceiam em alta esta terça-feira e Lisboa apresentava-se a meio da manhã com um dos melhores desempenhos no Velho Continente. O PSI-20, o principal índice português, valoriza 0,69% para 5.789,53 pontos e alcança máximos de três anos.
O contexto italiano ajuda a acalmar os investidores, depois de Giuseppe Conte ter sido o nome proposto para liderar o Executivo do país. “Conte parece um fantoche dos líderes do 5 Estrelas e Liga Norte, que vão forçar a implementação das suas agendas”, comenta Christoph Rieger, estratego do Commerzbank, notando que o programa de governo não é tão radical como se fazia antever. “Mas é claro que Itália vai abandonar as restrições orçamentais”, frisou ainda. Esta terça-feira, a Comissão Europeia alertou o novo Executivo para a necessidade de controlar a dívida pública.
Ainda na agenda internacional, o acordo entre Washington e Pequim que poderá travar uma guerra comercial que se avizinhava com consequências imprevisíveis para a estabilidade da economia mundial acaba também por ser um tónico positivo para os investidores.
No plano empresarial, se o BCP é quem determina o rumo dos acontecimentos em Lisboa, com um avanço de 1,73% para 0,2821 euros — o banco tinha sido um dos mais penalizados com a incerteza em Itália –, mas é o setor do papel que se destaca. As ações da Altri ganham 3% para os 7,96 euros, naquele que é o melhor desempenho na praça nacional. A Navigator e a holding Semapa também estão a valorizar mais de 1%.
“O setor da pasta de papel continua a dar cartas. A Altri e a Semapa são as empresas que mais valorizam, beneficiando da valorização do dólar face ao euro, uma vez que a pasta de papel é cotada em dólares. Vemos assim a Altri a encaminhar-se para os oito euros”, refere Carla Santos, da XTB.
Depois de ter anunciado que pretende colocar o retalho alimentar e o segmento imobiliário em bolsa, a Sonae vê os seus títulos apresentaram alguma volatilidade: estão a desvalorizar cerca de 0,1%, depois de terem estado a somar quase 1%.
No setor energético, a Galp também dá um contributo positivo para esta sessão, avançando 1,61% para 17,415 euros, num dia em que o barril de petróleo volta a valorizar-se nos mercados internacionais. O Brent aprecia 0,45% para 79,58 euros. A EDP, por seu lado, recua 0,63% para 3,464 euros, corrigindo de máximos de 2014.
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