Costa vê PS a roubar trunfo à direita e a combater corrupção
O líder do PS não quer abrir o debate das legislativas e das europeias mas já marca diretrizes. Combate à corrupção faz parte da história do partido e PS também sabe governar as finanças públicas.
António Costa não quer o congresso a discutir um programa europeu ou de Governo, mas já tira conclusões para os próximos atos eleitorais. “Acabámos com o mito de que, em Portugal, é a direita que sabe governar a economia e as finanças públicas”, disse o líder o PS na abertura do 22.º congresso. O objetivo é distinguir o PS dos partidos à sua esquerda e começar a entrar no eleitorado à direita.
O secretário-geral, que subiu ao palco ao som da música dos Xutos e Pontapés “À minha maneira”, defendeu que a reunião magna do partido acontece numa altura que dá oportunidade ao partido para olhar para o “médio prazo”, para os novos desafios (as alterações climáticas, a demografia, a descentralização e as desigualdades). “Este congresso acontece num momento em que não temos de antecipar um programa de governo nem teremos de antecipar o programa europeu”, avisou o primeiro-ministro, tentando assim marcar o tom do debate que acontece até domingo na Batalha, onde os socialistas estão reunidos.
Mas a um ano das europeias e ano e meio das legislativas, o líder do PS aproveitou a oportunidade para fazer um balanço do trabalho feito até agora em várias áreas. E na economia e nas finanças públicas, para Costa já não há dúvidas. “Acabámos com o mito de que, em Portugal, é a direita que sabe governar a economia e as finanças pública”. Não foi por acaso que escolheu esta como uma das últimas ideias para fechar a sua intervenção. Este é um trunfo que quer usar nas campanhas que se seguirão, que ajuda a distinguir o PS dos seus parceiros no Parlamento e permite ao partido tentar entrar no terreno do eleitorado que vota à direita.
No início do discurso, Costa tinha reclamado para o PS um papel determinante na afirmação de Portugal no contexto europeu. Lembrou a entrada de Portugal para a CEE com Mário Soares, que foi homenageado no início da reunião magna, e a assinatura do Tratado de Lisboa, com José Sócrates. “O PS foi sempre e é o campeão do europeísmo em Portugal”, disse, lembrando que é o ministro português das finanças quem está à frente do Eurogrupo.
Além disso, recordou as conquistas de Portugal na confiança que conquistou junto dos mercados e na melhoria de indicadores orçamentais, como o défice e dúvida. Mas também aqui Costa deixou uma ideia para distinguir entre os que defendem a redução da dívida pública através de uma reestruturação ou renegociação – como, por exemplo, o Bloco de Esquerda e o PCP, e em tempos alguns militantes socialistas como o atual secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos. “Não enfrentámos a dívida com bravatas.”
Num discurso marcado pela definição da identidade do PS, Costa passou em revista o papel do partido na construção da liberdade, da democracia, da igualdade e lembrou bandeiras importantes para o partido, como a criação do Rendimento Social de Inserção e do Complemento de Solidariedade Social. Repetiu ainda os avanços prometidos em áreas sociais: o salário mínimo nacional que volta a “aumentar nos próximos anos” e um “novo passo” para as reformas antecipadas, bem como “alargamento” do Serviço Nacional de Saúde.
Enquanto percorreu as conquistas socialistas, Costa tentou desfazer algumas mensagens mais presentes nos últimos tempos e que têm feito mossa no Governo e no partido. Defendeu que o PS esteve presente no combate à corrupção nos anos seguintes aos mandatos de Cavaco Silva como primeiro-ministro, uma posição que pretende descolar o PS do caso Sócrates e mais recentemente o caso Manuel Pinho. E ainda do investimento que o Governo fez em saúde – mais 8.000 profissionais, mais 332 mil consultas, mais 19 mil cirurgias e mais 200 mil pessoas nas urgências -, números que serviram para apagar a ideia de que a saúde é um setor com problemas.
(Notícia atualizada)
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