Nova injeção no Novo Banco aumenta buraco do Fundo de Resolução
A entidade presidida por Máximo dos Santos teve de fazer uma nova injeção no Novo Banco no final do ano, passando a apresentar uma situação líquida negativa em mais de cinco mil milhões de euros.
O Fundo de Resolução já estava com os capitais próprios negativos, por causa do Novo Banco. Mas ficaram ainda mais negativos no ano passado, mesmo depois da venda da instituição liderada por António Ramalho ao Lone Star. É que a entidade presidida por Máximo dos Santos teve de fazer uma nova injeção no banco, passando a apresentar uma situação líquida negativa em mais de cinco mil milhões de euros.
“No final de 2017, os recursos próprios do Fundo de Resolução apresentavam um saldo negativo de 5.104 milhões de euros, o que representa uma redução de 344 milhões de euros face ao nível de recursos próprios observado no ano anterior”, refere o Relatório e Contas de 2017 do Fundo de Resolução. Os capitais próprios estavam negativos em cerca de 4.800 milhões no final de 2016.
O Fundo de Resolução aponta três razões para essa redução dos recursos próprios:
- As contribuições recebidas pelo Fundo de Resolução, provenientes, direta ou indiretamente, do setor bancário, cujo valor global ascendeu a 219 milhões de euros;
- Os efeitos financeiros ainda decorrentes da aplicação de medidas de resolução, cujo valor global líquido, imputável ao exercício de 2017, ascendeu a -459 milhões de euros, resultante do efeito conjugado da provisão de 792 milhões de euros relacionada com a utilização do mecanismo de capitalização contingente celebrado com o Novo Banco e da valorização, em 333 milhões de euros, da participação emergente após a conclusão
da operação de venda desse banco; - Os encargos relacionados com o financiamento do Fundo de Resolução, cujo valor global ascendeu a 104 milhões de euros e se encontra refletido no resultado líquido do exercício.
Além do Novo Banco, o Fundo de Resolução imputa o aumento do buraco nos seus capitais — que já era avultado — aos resultados negativos registados no ano passado. O resultado líquido do fundo foi negativo em 104 milhões, um valor que, ainda assim, foi menos negativo que os 132 milhões no ano anterior.
“O resultado líquido do exercício reflete, no essencial, o reconhecimento dos juros relativos aos empréstimos obtidos para o financiamento da
medida de resolução aplicada ao BES e das medidas de resolução aplicadas ao Banif (97 milhões de euros, dos quais 83 milhões de euros pagos ao
Estado) e o pagamento de comissões ao Estado, no montante total de 7 milhões de euros, pela contragarantia relativa à emissão de obrigações da
Oitante e pela abertura de crédito (ainda não utilizado) para financiamento do Fundo de Resolução, caso venham a emergir obrigações de pagamento para o Fundo na sequência do processo de venda do Novo Banco”, lê-se no relatório.
“Assim, do resultado líquido negativo de 104 milhões de euros, cerca de 90 milhões de euros correspondem a valores entregues ou a entregar ao Estado”, conclui o Fundo de Resolução, salientando que no final do ano passado “procedeu a pagamentos de juros no montante total de 427 milhões de euros, aproximadamente, dos quais cerca de 365 milhões de euros foram pagos ao Estado“.
(Notícia atualizada às 18h33 com mais informação)
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