Mais de metade das empresas portuguesas não divulga nem adota planos de prevenção da corrupção
A prevenção da corrupção é a área com a expressão positiva mais reduzida. "Possivelmente, as empresas ainda veem esta responsabilidade como uma obrigação do Estado”, refere o estudo.
Mais de metade das empresas que participaram no primeiro inquérito nacional sobre a responsabilidade social empresarial não divulga nem adota planos de prevenção da corrupção.
Segundo as conclusões do Inquérito Nacional sobre Conduta Empresarial Responsável e Direitos Humanos, no geral, as empresas portuguesas desconhecem algumas das matérias relativas à conduta empresarial responsável e não têm, por isso, um compromisso público em relação a muitas áreas.
“Mais uma vez, a prevenção da corrupção demonstrou ser a área com a expressão positiva mais reduzida. Possivelmente, as empresas ainda veem esta responsabilidade como uma obrigação do Estado”, referem as conclusões do estudo.
Este inquérito resultou de uma iniciativa integrada do Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) e do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-ULISBOA), em colaboração com a Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE).
De acordo com os autores do estudo, a que a Lusa teve acesso, a área da proteção ambiental é aquela em que as empresas mostram uma postura diferente, “possivelmente fruto de uma maior regulamentação por parte do Estado, bem como de uma maior sensibilização das empresas para o tema”.
Segundo as conclusões desta investigação, apesar de, no geral, as 170 empresas que responderam terem assumido ter pouco conhecimento dos diferentes instrumentos de regulamentação internacional em matéria de conduta empresarial responsável, as posições são diferentes quando se analisa o grupo das grandes empresas.
“Quanto maior é a dimensão da empresa, maior é o conhecimento das referidas matérias (v.g., instrumentos de regulamentação, compromisso público quanto à conduta empresarial responsável), verificando-se existir entre quase todas as questões uma relação de dependência com o volume de negócios e com o número de trabalhadores”, referem os autores.
Relativamente à perceção do papel do Estado, no âmbito das quatro áreas da conduta empresarial responsável, uma grande percentagem de empresas mostrou desconhecer ou optou por não responder, manifestando, contudo, muito desagrado com a falta de apoio estatal a iniciativas de promoção dos direitos dos trabalhadores.
Quando olham para a tendência a médio prazo das suas práticas em matéria de conduta empresarial responsável, mais de metade das empresas (62,5%) reconhecem que darão mais importância a estas questões nos próximos três anos e 36% diz que irá manter a sua atuação.
O inquérito contou com a participação de 246 entidades e a amostra envolveu 170 empresas de diversas áreas. Mais de 64% das empresas envolvidas têm um volume de negócios até 8.000.000 euros, 70,4% têm até 50 empregados, 79,2% exercem atividade apenas em Portugal e 23,5% foram constituídas após a entrada de Portugal no Euro. Na amostra existe um conjunto de 12 empresas com um volume de negócios superior a 40 milhões de euros e que têm mais de 500 empregados e, por isso, terão obrigatoriamente de divulgar já este ano uma demonstração não financeira que inclua informação relativa às várias áreas da responsabilidade social empresarial.
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