Economia, dívida e trabalho. É nisto que Portugal está pior que os outros
Portugal está pior na estabilidade macroeconómica, na dimensão do mercado e nas competências da mão-de-obra. Nas áreas onde compara bem, Portugal regista desempenhos maus em alguns subindicadores.
Portugal é o 34.º país mais competitivo do mundo. Mas se há áreas onde Portugal se destaca positivamente como a saúde e as infraestruturas, há outras onde Portugal está entre os piores. Na dimensão do mercado, na estabilidade macroeconómica e nas competências das pessoas no mercado de trabalho, o país tem resultados menos bons. Mas há aspetos onde o desempenho é francamente mau.
O ranking elaborado pelo Fórum Económico Mundial calcula um índice de competitividade para 140 países. Na edição referente a 2018 Portugal ficou colocado na 34.ª posição, um lugar atrás da lista elaborada para o ano anterior. No entanto, o ranking deste ano conta com mais cinco países.
Num conjunto de 12 pilares há três onde Portugal tem maus resultados. São eles a dimensão do mercado (na 52.ª posição), a estabilidade macroeconómica (na 58.ª posição) e as competências da força de trabalho (em 41.º lugar).
E dentro dos pilares onde Portugal está pior, os registos mais fracos acontecem no peso das importações no PIB (onde Portugal está na 71.ª posição), na dinâmica da dívida (onde está na 60.ª posição) e na média de anos de escolaridade da mão-de-obra (onde Portugal está na 75.º: posição). Neste último subindicador, é a Finlândia que vai à frente. Enquanto em Portugal a média de escolarização da população ativa é de 8,9 anos, na Finlândia esta sobe para 14,2.
E o que significam estes indicadores? Mais dependência do exterior, mão-de-obra menos qualificada e uma dívida com uma fraca dinâmica de correção. Aspetos que condicionam a competitividade da economia nacional.
No entanto, um olhar mais fino dentro de cada uma das 12 áreas mostra que há aspetos onde Portugal compara mal, mesmo quando se trata de uma área onde o resultado global até é razoável.
Portugal está na 116.ª posição no ranking dos 140 países quando é avaliada a eficiência do enquadramento legal na resolução de conflitos. Em primeiro lugar neste indicador está Singapura. Isto apesar de na qualidade das instituições — o pilar onde se insere este subindicador — Portugal estar em 30.º lugar em 140 países.
Outra área onde Portugal está mal é na complexidade das tarifas. Neste subindicador Portugal está em 112.º lugar. O Fórum Económico Mundial analisa um conjunto de indicadores para medir a capacidade do mercado de produto (este é outro pilar), porque considera que a concorrência é um indutor de ganhos de produtividade, já que incentiva as empresas a inovar. Neste ponto, em primeiro lugar, está Hong Kong.
A região administrativa da República Popular da China lidera também o ranking noutro subindicador no qual Portugal compara mal. Dentro do pilar mercado de trabalho existe um subindicador que avalia as práticas de contratação e despedimento de pessoal pelas empresas, no qual Portugal está na 121.ª posição, muito perto do fim da tabela.
Na solidez dos bancos, o Fórum Económico Mundial também considera que Portugal se encontra mal colocado. Neste subindicador, Portugal está em 127.º lugar numa lista completa de 140 países. Em primeiro lugar — o país onde a solidez dos bancos é maior — está a Finlândia. No entanto, no conjunto de indicadores para o pilar sistema financeiro Portugal está na 38.ª posição, um ranking liderado pelos EUA.
O que eles têm e nós não?
Portugal podia ser um país mais competitivo? Podia. Como? Se imitasse os melhores. Seríamos os primeiros se tivéssemos a percentagem de utilizadores de Internet da Islândia, um serviço de saúde igual a Espanha, uma oferta de comboios idêntica à da Suíça, o sistema judicial da Finlândia ou uma tolerância ao risco das startups semelhante a Israel. E há mais, muito mais.
Para assinalar os dois anos do ECO, olhamos para Portugal no futuro. Estamos a publicar uma série de artigos, durante três semanas, em que procuramos saber o que o país pode fazer, nas mais diversas áreas, para igualar os melhores do mundo.
Segundo o World Economic Forum, Portugal está em 34.º no ranking da competitividade de 2018. Vamos “visitar” os mais competitivos do mundo, nas mais diversas áreas, e tentar perceber “O que eles têm e nós não?”. Clique aqui para ver todos os artigos da série.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Economia, dívida e trabalho. É nisto que Portugal está pior que os outros
{{ noCommentsLabel }}