Estratégia? À defesa. Mas há empresas com potencial no PSI-20
Após o pior ano desde 2014, o arranque de 2019 está a ser de ganhos no PSI-20. Mas a incerteza é grande nas bolsas, daí que jogar à defesa seja a melhor opção. Mas em que empresas investir?
A incerteza é grande e os maiores riscos são externos, mas os analistas veem potencial de valorização nas empresas portuguesas do PSI-20. A força da travagem da economia global — e consequentemente da nacional — é a principal dúvida, enquanto o Brexit, a política monetária e a guerra comercial poderão dificultar o ano aos investidores em ações portuguesas.
“Depois de ter perdido 12,2% no ano de 2018, a expetativa é de uma taxa de retorno positiva para o PSI-20 no novo ano (antes de considerar o efeito dos dividendos)”, considera a Patris Corretora, apontando para as perdas do índice no ano passado, em linha com as principais pares europeias.
Foi o pior ano para a bolsa de Lisboa desde 2014 (em que caiu 26,83%), entrou em bear market em novembro e apenas três das 18 cotadas conseguiram fechar o acumulado do ano com ganhos: a EDP, a EDP Renováveis e a Altri.
No entanto, a corretora lembra que “2018 terminou com um significativo conjunto de incertezas, o que naturalmente aumenta a indecisão com que se confrontam os investidores no início de um novo ano”. O longo ciclo nas bolsas e de crescimento económico nos EUA observado desde a última recessão “dificulta a visibilidade e cria riscos adicionais para os investidores”, acrescentou.
Lisboa seguiu a tendência de queda na Europa em 2018
Da mesma forma, Maria Dolores Solana, gestora de portefólio de ações do Santander, lembra que o ano passado começou com um tom positivo, mas acabou por ser afetado por diferentes fatores que difíceis de prever, como a guerra comercial entre EUA e China, a batalha do novo governo italiano com a UE sobre o orçamento, a crise nos mercados emergentes do México e da Turquia, as manifestações dos coletes amarelos e os seus impactos orçamentais em França.
“Embora a grande maioria destes fatores nada tenha a ver com o mercado português, numa economia cada vez mais global, não se consegue escapar a esta tendência”, afirmou Solana. “Em 2019 é preciso ter em conta alguns destes fatores e, com o maior nervosismo que domina o mercado, temos um ângulo mais defensivo para os nossos portefólios”, sublinhou, acrescentando que “os riscos para 2019 são principalmente externos e devem continuar, principalmente no início do ano, na mesma trajetória deste final de 2018″. Apesar disso, o banco mantém uma visão “moderadamente positiva” para 2019.
O arranque do ano está a ser positivo para a generalidade das bolsas globais, com o PSI-20 a somar já mais de 5%. As próximas semanas serão determinadas pela época de resultados relativos a 2018, acompanhada pela apresentação de perspetivas para 2019 por parte das empresas. Adicionalmente, os mercados financeiros deverão estar atentos à Reserva Federal norte-americana e momento de paragem no ciclo de subida de taxas de juro, bem como ao Banco Central Europeu (BCE) e ao primeiro aumento dos juros de referência na Zona Euro.
Quanto a fatores específicos de Portugal, os analistas consideram que a economia portuguesa continua sólida — com o Governo a estimar um crescimento do produto interno bruto (PIB) de 2,3% este ano –, mas sublinham que não se pode desvalorizar o risco de uma possível desaceleração da economia mundial com impacto em Portugal. Esperam ainda que a estabilidade política se mantenha, mas lembram que haverá eleições legislativas em Portugal, em outubro.
“Em Portugal, 2019 será ano de eleições legislativas (além das eleições Europeias). Contudo, e tendo em conta os sinais para já recolhidos e aquilo que tem sido a postura do atual governo nacional nomeadamente no que se refere à execução orçamental, estas eleições poderão revelar-se importantes para continuar a distinguir Portugal face aos contextos de maior incerteza observados em Espanha e Itália”, sublinha a Patris Corretora.
Face aos riscos e incerteza que se avizinham ao longo do ano, os analistas consideram que há potencial em algumas setores do PSI-20. Maria Dolores Solana, do Santander, considera que os setores mais expostos à procura doméstica e ao turismo podem continuar a beneficiar do atual ambiente. O outlook do BPI CaixaBank atribui também à única representante do turismo no índice de referência nacional, a Sonae Capital, um dos maiores potenciais de valorização: 67,3%.
A liderar estão, ainda assim, a Semapa e a Mota-Engil, com espaço para subir 78,9% e 71,1%, respetivamente, na perspetiva do banco. Os analistas do BPI CaixaBank mantêm a Jerónimo Martins e a Nos como cotadas preferidas e veem 48,8% e 22,4%.
“É provável que os investidores ainda vejam, neste arranque ano, utilidade numa estratégia mais defensiva e cautelosa. Contudo, se ao longo dos próximos meses surgirem sinais de estabilização no ciclo da economia global, então poderemos ter um período mais favorável aos setores mais cíclicos (onde podemos encontrar, por exemplo, Galp Energia, Altri, Mota-Engil, Sonae ou Semapa) e ao setor financeiro (BCP), áreas do mercado que foram penalizadas de uma forma geral ao longo do último ano”, acrescentou a Patris Corretora.
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