Limites ao CO2 “podem afetar todas as fábricas na Europa, incluindo Mangualde”
Carlos tavares, presidente do Grupo PSA, avisa que “o dogmatismo do governo” na redução das emissões de carbono põe em risco a viabilidade da unidade de Mangualde.
Os limites às emissões de CO2 na União Europeia são boas notícias para o ambiente, mas ameaçam a indústria europeia de automóveis, a PSA, e a fábrica da construtora automóvel em Mangualde, cuja atividade pode estar em risco. O alerta é deixado por Carlos Tavares, o português que conduz há seis anos os destinos do grupo PSA (Peugeot, Citroën, DS e Opel/Vauxhall). Em entrevista ao Expresso (acesso pago), o gestor diz ainda que falou como governo português sobre a ameaça, mas que não foi ouvido.
Questionado sobre as ameaças que a PSA enfrenta e a indústria europeia como um todo, Carlos Tavares não tem dúvidas em apontar para os limites às emissões de CO2 impostas pela União Europeia. “As ameaças vêm da União Europeia e resultam da aprovação a 2 de outubro de 2018 pelo Parlamento Europeu (PE) da redução de 40% emissões de CO2 para 2030 com o apoio extremista de vários países, entre os quais Portugal”.
Esse nível de redução de emissões compara com os 20% que Carlos Tavares diz que a indústria automóvel considera serem viáveis. “Nós, a indústria, dissemos: o que é possível fazer em condições sociais satisfatórias é menos 20%. Eles olharam para nós e disseram: OK, muito bem, então fica menos 40%”, explica o gestor da PSA.
No novo quadro, a indústria europeia terá de proceder a ajustamentos para sobreviver, e nesse contexto e face ao que apelida de “dogmatismo do governo” na redução das emissões de carbono, a viabilidade da unidade de Mangualde pode estar em risco. Pode afetar todas as fábricas na Europa, incluindo Mangualde. E vai afetar, obviamente”, especifica, especifica relativamente ao previsível impacto dos novos limites às emissões de CO2.
A fábrica da PSA em Mangualde produz veículos comerciais ligeiro, onde se incluem a produção dos modelos Citroën Berlingo, Peugeot Partner e Opel/Vauxhall Combo, dando ainda emprego a cerca de 700 trabalhadores.
Relativamente a Mangualde, Carlos Tavares diz que a “unidade continua a progredir bem, como todas as unidades da PSA. Recordo que temos agora fábricas no norte de África, em Marrocos. Se a Europa Ocidental continuar a criar entraves ao desenvolvimento industrial haverá um momento em que eles terão efeitos visíveis”, volta a salientar.
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