Investidores não temem o risco, mas apostam na dívida pública
É homem, com 25 a 54 anos e licenciatura. Muitos dos investidores portugueses têm rendimentos elevados, procurando os mercados para os rentabilizar, mas muito do dinheiro ruma à dívida pública.
O investidor português é homem, com 25 a 54 anos, licenciatura (pelo menos) e consideram ter conhecimentos tecnológicos superiores à média da população. Trabalha por conta de outrem, sendo que uma parte substancial tem entre 1.000 e 2.500 euros de rendimento mensal disponível, dinheiro que procura rentabilizar nos mercados. Apesar de admitir maior propensão ao risco, é a dívida que ocupa a maior “fatia” da carteira, nomeadamente a dívida pública.
“Em média, os investidores são menos avessos ao risco” do que os não investidores, revela o Inquérito Online ao Perfil do Investidor realizado pela CMVM que decorreu entre 18 junho 2018 e 6 agosto 2018, inquirindo um total de 2.381 indivíduos, sendo que “pouco mais de metade (52%) dos respondentes eram investidores atuais nos mercados financeiros”. Olhando para aqueles que investem, percebe-se que apesar da menor aversão ao risco, escolhem a segurança da dívida.
De acordo com o inquérito do regulador dos mercados, “o peso médio não ponderado é superior em dívida pública, ações e unidades de participação em fundos de investimento”. Representa 31,4% de uma carteira média de um investidor nacional. As ações surgem em segundo lugar no ranking, com 27,1%, seguidas dos fundos de investimento (25,1%), revela o inquérito.
“Cerca de três em cada cinco investidores efetua alguma diversificação dos seus investimentos, ao deterem em carteira três ou mais tipos de ativos financeiros”, nota a CMVM. “Esta carteira de investimentos representa menos de 25% do património total”, facto revelador de uma boa aplicação das poupanças. “Mas 21,4% aplicam mais de 50% do respetivo património em investimentos financeiros”, alerta o regulador.
Investidores mais autónomos
Os “comportamentos relacionados com o processo de decisão de investimento revelam que os investidores são mais autónomos, valorizando mais a sua própria experiência do que o aconselhamento externo”, revela o inquérito realizado pelo regulador do mercado, liderado por Gabriela Figueiredo Dias.
“Os investidores dão particular importância ao entendimento dos rendimentos, níveis de risco e vantagens associadas a uma decisão de investimento, bem como aos preçários praticados por cada intermediário financeiro, mostrando-se mais propensos do que os não investidores a efetuar a comparação prévia das taxas de juro ou de rentabilidade dos produtos”, acrescenta o comunicado enviado pela CMVM.
Expectativas otimistas
Apesar da relevância atribuída ao entendimento dos rendimentos, o inquérito realizado pela CMVM revela que nem sempre as expectativas de retornos dos investimentos são realistas. Existe, de acordo com o regulador, “algum otimismo no desempenho previsto da carteira e do mercado no próximo ano”.
“Não obstante os respondentes investidores perspetivarem evoluções diferenciadas para a rentabilidade da respetiva carteira e a do mercado, quatro em cada cinco esperam ser mais bem sucedidos que o mercado, números que não parecem ser suportados no sucesso obtido no ano anterior“, conclui.
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