UE prepara candidatura europeia à sucessão de Lagarde no FMI
Desde a sua criação em 1944, e segundo um acordo informal com os Estados Unidos, o FMI foi liderado por europeus, enquanto o Banco Mundial foi presidido por norte-americanos.
Os ministros das Finanças europeus convergem na ideia de que a União Europeia deve apresentar um candidato europeu para suceder a Christine Lagarde à frente do FMI em defesa do multilateralismo.
O Eurogrupo abordou o assunto na reunião desta segunda-feira. O processo de substituição ainda não está aberto até porque Lagarde ainda não apresentou a sua demissão de diretora-geral do FMI, apenas a suspensão do cargo.
“Isto é um processo que não está aberto. Falámos como um ponto de informação. E foi abordado precisamente para apoiar a ideia de uma convergência em torno de um candidato europeu”, afirmou o presidente do Eurogrupo no final do encontro.
“Isto é muito importante, dadas as tensões geopolíticas e comerciais que observamos hoje. A Europa permanece firme no apoio ao multilateralismo. Isto é bastante importante sobre a forma como vemos o mundo”, explicou Mário Centeno.
A ainda diretora-geral do FMI Christine Lagarde foi escolhida na semana passada pelos líderes dos 28 para substituir Mario Draghi que termina o mandato na presidência do BCE a 31 de outubro. Com a saída da francesa, o FMI precisa de encontrar um substituto nos próximos meses.
Desde a sua criação em 1944, e segundo um acordo informal com os Estados Unidos, o FMI foi liderado por europeus – vários franceses ocuparam o posto –, enquanto o Banco Mundial foi presidido por norte-americanos. Mas esta é uma prática que tem sido contestada por países emergentes.
Serão os 28 que terão que determinar a candidatura europeia – perfil e nome, para o cargo. Cabe à atual presidência semestral do Conselho, a cargo da Finlândia, coordenar o processo, mas isso não impede que as discussões decorram noutros fóruns como o Eurogrupo que permita ir abrindo caminho para apresentar um candidato de um país da União.
O titular das Finanças francês foi o mais assertivo esta segunda-feira no apoio a um candidato europeu. Perante os jornalistas ainda antes da reunião, Bruno Le Maire defendeu a escolha de “um candidato único da União Europeia” para evitar um processo com “rivalidades inúteis” e pediu que a decisão seja rápida. Le Maire disse que França “apoiará o candidato que tenha a experiência e a solidez necessárias”, mas evitou para já pronunciar-se sobre nomes.
Também a ministra espanhola NadiaCalviño sublinhou que a prioridade deve ser a de manter um europeu à frente do FMI. Questionada pelos jornalistas escusou-se a dizer se é candidata considerando prematuro falar do assunto, porque o processo ainda não começou. Já o ministro holandês Wopka Hoekstra afirmou que a Europa pode ter “excelentes candidatos” e escolhas.
“A Europa tem tido sempre o lugar de diretor-geral do Fundo Monetário Internacional. No período em que vivemos de tensões comerciais e de algum retrocesso do multilateralismo, sendo o FMI uma das principais instituições multilaterais à escala global e sendo a Europa defensora do multilateralismo, é importante que a Europa continue a defender esse multilateralismo e que se una em torno de alguém que represente esse multilateralismo e que possa manter esse papel do FMI”, disse por seu turno o secretário de Estado das Finanças Mourinho Félix em nome do Governo.
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