Bruxelas corta previsão de crescimento para a Zona Euro em 2020 mas Portugal segura-se

A Comissão reviu em uma décima a previsão de crescimento para o próximo ano na área do euro. Portugal aguenta-se, mas Bruxelas avisa que a probabilidade de o enquadramento económico piorar aumentou.

A Comissão Europeia cortou a previsão de crescimento económico na Zona Euro para 2020 de 1,5% para 1,4% mas manteve a projeção de subida do PIB para Portugal em 1,7%. Os novos números de Bruxelas constam das Previsões de Verão, publicadas esta quarta-feira.

Na Primavera, a Comissão apontava para um crescimento do PIB de 1,7% em 2019 e em 2020 para Portugal. No espaço do euro, o crescimento económico esperado era inferior: 1,2% este ano e 1,5% em 2020.

Na atualização de previsões divulgada esta manhã, o executivo comunitário mantém a previsão para Portugal para cada um dos anos em análise mas revê em ligeira baixa (apenas uma décima) a projeção de crescimento para a Zona Euro em 2020, de 1,5% para 1,4%.

Embora para Portugal, as perspetivas de crescimento se mantenham iguais às que foram apresentadas na Primavera, o enquadramento externo para uma pequena economia aberta deverá piorar. Cerca de três quartos das exportações portuguesas seguem para o espaço do euro para o qual a Comissão vê riscos descendentes a aumentar.

No Programa de Estabilidade que enviou para Bruxelas em abril, o Governo previu uma subida do PIB de 1,9% este ano, repetindo-se a mesma taxa de crescimento económico em 2020.

Fraqueza na indústria do euro pode alastrar-se a outros setores

“Os riscos em torno das previsões económicas permanecem com uma ligação entre si considerada elevada e maioritariamente negativos”, diz a Comissão na nota enviada à imprensa. A tensão entre os EUA e a China, juntamente com a incerteza que rodeia a política comercial nos EUA pode prolongar o momento negativo no comércio mundial e na indústria e afetar outras regiões e setores de atividade”, justifica ao Executivo comunitário.

“Isto pode ter efeitos negativos na economia global incluindo disrupções nos mercados financeiros”, acrescenta Bruxelas. As tensões no Médio Oriente aumentaram e na frente doméstica o Brexit continua a ser a “maior fonte de incerteza”. Além disso, a Comissão Europeia acrescenta que existem riscos significativos em torno dos motores de crescimento do médio prazo e no momento económico na Zona Euro.

“Se a fraqueza no setor industrial no euro se prolongar e afetar a confiança em torno dos negócios baixar, pode alastrar-se a outros setores e penalizar as condições no mercado de trabalho, no consumo privado e em último no crescimento económico”, avisa a Comissão.

Moscovici defende que riscos crescentes exigem reforma ambiciosa da Zona Euro

O comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros afirmou que as previsões macroeconómicas de verão hoje divulgadas pelo executivo comunitário mostram a importância de uma reforma ambiciosa da zona euro, para a tornar mais resistente a riscos crescentes.

Na apresentação das previsões intercalares de verão, Pierre Moscovici sublinhou que “a economia europeia continua a resistir a um ambiente externo menos favorável”, pois cresce, ainda que a um ritmo mais moderado, pelo sétimo ano consecutivo, e em todos os Estados-membros.

No entanto, acrescentou imediatamente, “num contexto de incerteza mundial acentuada, de tensões comerciais importantes, existem riscos significativos” que ameaçam levar a novas revisões em baixa das projeções do executivo comunitário, “e qualquer escalada destes fatores pode prolongar o abrandamento do comércio mundial”.

“Face aos numerosos riscos, que aumentaram claramente, temos de intensificar os nossos esforços para reforçar ainda mais a resiliência das nossas economias e a zona euro como um todo. É por isso que as reformas da zona euro são mais necessárias do que nunca e precisam de ser verdadeiramente ambiciosas”, disse, em conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas.

A reforma da zona euro, no quadro do aprofundamento da União Económica e Monetária, tem dominado o último ano de trabalho do fórum de ministros das Finanças da Zona Euro, o Eurogrupo, liderado por Mário Centeno, que na cimeira de líderes de junho passado viu ‘renovado’ o seu mandato pelos chefes de Estado e de Governo para continuar a trabalhar nessa matéria.

Moscovici lembrou que estas previsões intercalares, que contemplam apenas a evolução do PIB e a inflação, serão ‘atualizadas’ no início de novembro, com as previsões completas de outono, que já deverão ser apresentadas pelo seu sucessor – “não sei quem será, mas fá-lo-á certamente muito bem”, disse -, atendendo a que a ‘Comissão Juncker’ termina o seu mandato em 31 de outubro.

(Notícia atualizada com conferência de imprensa da Comissão Europeia para apresentar as Previsões de Verão)

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