Alta tensão nos mercados. Guerra comercial derruba bolsas e atira juros portugueses para mínimo histórico

A escalada da guerra comercial entre EUA e China fez cair as ações na Europa e também penaliza a bolsa nacional. No mercado obrigacionista, a yield da dívida a dez anos caiu para um mínimo histórico.

Alta tensão nos mercados. As bolsas europeias, incluindo a praça portuguesa, estão sob forte pressão após a súbita escalada das tensões comerciais entre EUA e China, depois de Donald Trump ter anunciado novas tarifas sobre as importações chinesas e de Xi Jinping ter contraposto com uma desvalorização do yuan e um corte nas importações de produtos agrícolas norte-americanos.

Estas duas decisões, que surgiram pouco depois de um corte nos juros de referência pelo banco central dos EUA — e seguem a contracorrente com as expectativas dos investidores –, atiraram a yield da dívida pública portuguesa a dez anos para mínimos históricos.

O benchmark das obrigações nacionais está a descer para 0,263%, tendo chegado aos 0,259%, segundo a Bloomberg, um mínimo histórico. As Bunds alemãs com a mesma maturidade tocaram também um novo mínimo de sempre, em terreno ainda mais negativo: -0,537%.

Yield portuguesa volta a negociar abaixo de 0,30%

Fonte: Reuters

Ações afundam e índice de medo dispara

No mercado acionista, o cenário é de maré vermelha. Enquanto o Stoxx 600 recua 1,89%, para 371,02 pontos, o PSI-20 cai 1,02%, pressionado por quedas em praticamente todas as cotadas. A pior performance está a ser registada pela Mota-Engil (devido à forte exposição internacional), que afunda 4,32%, para 1,663 euros, mas são os títulos do BCP os que mais pesam no índice nacional. O banco perde 1,49%, para 21,89 cêntimos.

No plano das commodities, o petróleo segue a negociar em baixa nos mercados internacionais. O preço do barril de Brent, referência para as importações nacionais, está a cair 0,79% em Londres, para 61,40 dólares. Em Nova Iorque, o custo do barril de WTI para entrega em setembro perde 0,70%, para 55,27 dólares.

"[Estas decisões abrem] uma nova frente na guerra comercial entre os dois blocos e irão contribuir para inflamar ainda mais uma situação que ameaça o crescimento da economia global.”

ActivTrades

Apesar da sinalização de descida dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE) e de um corte efetivo da taxa diretora nos EUA, protagonizado pela Fed, os investidores foram surpreendidos na sexta-feira com um tweet de Donald Trump.

O Presidente anunciou novas tarifas sobre as importações de produtos chineses e já esta segunda-feira a China retaliou contra os EUA, numa altura em que os investidores esperavam notícias favoráveis vindas das negociações comerciais entre os dois países. Não aconteceu, até pelo contrário, e as bolsas asiáticas afundaram para mínimos de um mês antes da abertura das praças europeias. Os futuros de Wall Street apontam para perdas entre 1,2% e 1,7%.

Neste contexto, o Vix, um índice que mede a volatilidade dos mercados e costuma ser associado ao medo dos investidores, disparou três pontos para 20,58, um máximo desde 13 de maio. Um sinal de que a guerra comercial sino-americana escalou para um novo patamar: “[Estas decisões abrem] uma nova frente na guerra comercial entre os dois blocos e irão contribuir para inflamar ainda mais uma situação que ameaça o crescimento da economia global”, consideram os analistas da ActivTrades.

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