Paraíso ambiental em Ponte de Lima
A Quinta de Pentieiros, exploração agropecuária e florestal, detém infra-estruturas e recursos humanos que complementam a oferta da área protegida das lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos.
A Quinta de Pentieiros, exploração agropecuária e florestal com cerca de 30 hectares, detém um conjunto de infraestruturas e recursos humanos que complementam a oferta e atividade da área protegida das lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos.
Criada em 2000, a Área de Paisagem Protegida das lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos está situada no sopé da Serra d´Arga, numa zona que inclui duas lagoas, várias linhas de água, como o rio Estorãos, áreas agrícolas e florestais, de que a Quinta de Pentieiros faz parte e funciona como centro de atração. Está integrada no sítio Rio Lima da Rede Natura 2000 e é, desde 2005, Zona Húmida de Importância Internacional.
Esta área protegida surgiu depois de “um longo e difícil processo de conceção e criação”, como refere a Câmara Municipal de Ponte de Lima, gestora de um “espaço singular”, que permitiu “a implementação de um projeto de conservação da natureza, de (re)construção social e de desenvolvimento rural, cujos equipamentos se encontram distribuídos por dois espaços”. Estende-se ao longo de 350 hectares em território do concelho de Ponte de Lima, incluindo cerca de 22 quilómetros de percursos pedestres. Hoje, anfíbios, aves aquáticas e migratórias convivem numa flora autóctone de onde se destacam o carvalho, o castanheiro, o salgueiro e o amieiro.
Na área protegida concentram-se os equipamentos vocacionados para a interpretação do património em presença no espaço como o Centro de Interpretação Ambiental, rede de percursos pedestres e rotas histórico-culturais.
Quinta dos Pentieiros
Na Quinta de Pentieiros, exploração agropecuária e florestal com cerca de 30 hectares, adquirida para se instalar um conjunto de infraestruturas e recursos humanos que complementam a oferta e atividade da área protegida, concentra vários equipamentos destinados ao alojamento, ao recreio e lazer e à demonstração e experimentação de técnicas e culturas agropecuárias e florestais como a quinta Pedagógica, parque florestal, o parque de campismo e caravanismo de três estrelas, o albergue (antigas cavalariças da quinta), bungalows (unidades de alojamento complementares ao parque de campismo), centro de acolhimento, casa da sidra.
Neste projeto global de que a quinta dos Pentieiros faz parte, um dos principais resultados obtidos é o facto de serem um “uma das mais importantes iniciativas de desenvolvimento rural e de reconstrução social implementadas no concelho de Ponte de Lima, um exemplo no âmbito da conservação da natureza e da biodiversidade e, uma referência em termos de educação e sensibilização ambiental”, como refere a câmara municipal de Ponte de Lima.
Atividade empresarial
A gestão ativa do território é assegurada, dentro dos níveis possíveis, dado que a grande maioria das propriedades são privadas, através da proteção e conservação da natureza e da biodiversidade, com a recuperação de habitats, como por exemplo o rio, unidades de paisagem, como as pastagens, mas, também, através de atividades humanas com o objetivo da produção de melhorias nas condições de alimentação da avifauna e de valorização da paisagem.
Teve ainda impactos socioeconómicos na melhoria da qualidade de vida das populações locais, tanto pela distribuição equitativa de serviços coletivos como pela valorização da diversidade e da articulação territorial.
Um dos aspetos mais relevantes foi a criação para a instalação de empresas e de atividades ligadas aos setores primário e terciário, e, até ao momento, foram criados 38 empregos diretos e 20 indiretos.
Na área protegida instalou-se o Centro de Recria da Raça Minhota, de uma empresa dedicada à instalação e gestão de pastagens e à produção de gado e uma unidade de produção de composto pelo processo de vermicompostagem.
Futuro hotel green
Existem empresas de produção de sidra, de produção de queijo, de desportos de aventura e de natureza e de atividades equestres. Além disso deu-se a criação de condições para o exercício de atividades por várias empresas de turismo de ar livre, turismo de natureza e de turismo cultural, com destaque para as atividades de pedestrianismo, observação de fauna e flora e de descoberta do património etnográfico, e a construção do bikePark de Ponte de Lima.
Em termos de comércio funciona um estabelecimento de restauração e bebidas e vários pontos de venda direto de produtos agrícolas e de artesanato e está em construção um “Eco Green Hotel”, empreendimento turístico que, entre outros serviços, disponibilizará 57 unidades de alojamento.
Em agosto de 2015, 11 dos seus 13 hectares da Quinta de Pentieiros foram devastados por um incêndio florestal que teve início em Cabração, na Serra D’Arga, tendo a reflorestação sido concluída três anos depois.
Este projeto tem implicado não só os investimentos da câmara Municipal de Ponte de Lima como apoios comunitários, como foram os casos como Programa Operacional do Ambiente (POA), cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, e do PRODER.
A fauna e a flora
Em termos biogeográficos, a Área Protegida encontra-se localizada na região noroeste de Portugal Continental, numa zona de interação entre o clima mediterrâneo, atlântico e continental. Este conjunto de fatores biogeográficos traduz-se na presença de ecossistemas como bosques higrófilos, pastagens húmidas, lagoas, rios e pinhais. Funcionam como refúgio, habitat e zona de alimentação para uma grande diversidade de espécies animais e vegetais.
No que respeita à fauna, foram inventariadas, até ao momento, nove espécies de peixes dulciaquícolas ou migradores, 13 espécies de anfíbios, 11 espécies de répteis, 41 espécies de mamíferos e 144 espécies de aves. No que respeita a invertebrados terrestres refira-se que são atualmente conhecidas 28 espécies de odonatos na Área Protegida, cerca de 44% da fauna de odonatos de Portugal Continental. No que concerne a lepidópteros, a existência de 65 espécies de borboletas diurnas e 166 borboletas noturnas. São ainda conhecidas espécies pertencentes a 57 famílias de invertebrados bentónicos.
Foram já contabilizadas 508 espécies vegetais, tendo sido identificada a presença de alguns endemismos ibéricos, espécies raras e espécies ameaçadas.
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