Amazónia: Bruxelas adverte para risco de não ratificação do acordo UE-Mercosul
Bruxelas diz que este acordo é “uma forma de ancorar o Brasil ao Acordo de Paris” e alerta que é "difícil imaginar" a sua ratificação caso o governo brasileiro não tome uma posição sobre a Amazónia.
A Comissão Europeia lembrou esta segunda-feira que o acordo comercial UE-Mercosul contempla diversos compromissos de ordem ambiental e que é “difícil imaginar” a sua ratificação por todos os países europeus “caso o Governo brasileiro permita a destruição da Amazónia”.
Na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, em Bruxelas, a porta-voz Mina Andreeva apontou que o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul é também “uma forma de ancorar o Brasil ao Acordo de Paris” sobre o clima, e determina que as partes não enfraquecerão a legislação ambiental.
A UE irá “monitorizar” de perto se esse é o caso, adiantou a porta-voz, sobretudo face aos incêndios em curso na Amazónia, que muitos atribuem à desflorestação ilegal e à passividade do Governo brasileiro liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro.
“Não são apenas palavras, existem enquanto obrigações no papel, e, uma vez que o acordo comercial entre em vigor, esperamos que o Brasil honre os seus compromissos, e monitorizaremos a situação muito de perto. Claro que é difícil imaginar um processo de ratificação harmonioso pelos países da UE caso o Governo brasileiro permita a destruição da Amazónia”, alertou.
Alguns países da União Europeia, casos de França, Irlanda e Luxemburgo, já ameaçaram bloquear o processo de ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul se o Brasil não começar a cumprir as suas obrigações climáticas de proteção da Amazónia.
Outros Estados-membros, como Portugal e Espanha, manifestaram-se contra o bloqueio do acordo comercial entre UE e Mercosul, argumentando que não se deve “confundir” o “drama” que se vive na maior floresta tropical do mundo com um acordo que levou duas décadas a ser negociado e que abrange um universo de 740 milhões de consumidores, que representam um quarto da riqueza mundial.
A mesma porta-voz destacou, ainda assim, a disponibilidade já manifestada pela União Europeia para ajudar, apontando que já foi, de resto, ativado o serviço europeu de emergência por satélite, para ajudar as autoridades do Brasil, mas também do Peru, Bolívia e Paraguai, a seguir em tempo real a evolução dos incêndios em curso na Amazónia.
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