BRANDS' TRABALHO Alexandre Fonseca: “Retenção de talento está no topo das preocupações da Altice”
Alexandre Fonseca, o líder que lê Simon Sinek e se inspira em Jack Welch e Nelson Mandela, considera que atitude, acutilância e pragmatismo são fundamentais para o sucesso de qualquer líder.
O CEO da Altice Portugal tem como uma das principais prioridades para a empresa, ainda em 2019, o rejuvenescimento do capital humano, a aposta nas novas gerações e a preparação dos futuros líderes. Prevê mais 200 recrutamentos até final do ano.
Nesta entrevista, antecipa o que vamos poder ouvir na Leadership Summit Portugal, já no dia 1 de outubro, no Casino Estoril, quando pisar o palco do Salão Preto e Prata para nos falar sobre uma nova Era para a Gestão, onde gerir e fixar recursos humanos portugueses qualificados é um desafio que deve ser enfrentado. As expectativas estão ao mais alto nível.
Qual a importância de estar presente na Leadership Summit Portugal?
A Leadership Summit Portugal é um evento internacional que debate temas atuais de liderança e recursos humanos, que considero serem fundamentais para o dia-a-dia de qualquer organização e de qualquer gestor. Aprendermos através do exemplo e das boas práticas são algumas das principais condições para uma boa liderança. A Altice Portugal não poderia deixar de marcar presença neste evento que possibilita o debate sobre as tendências de futuro na liderança a nível mundial e o reafirmar do seu compromisso com a empregabilidade, a gestão responsável de recursos humanos e a visão estratégica para o negócio em que opera. Aliás, não estamos apenas presentes neste evento, fazemos parte dos conselhos setoriais que, ao longo do ano, produzem conteúdo e promovem encontros para discutir case studies das várias empresas.
O título da sua intervenção será: “Uma nova Era para a Gestão: como lidar e fixar RHs portugueses qualificados?”. Sem revelar o que vamos ouvir, pode adiantar alguns aspetos do que vai abordar?
Todos sabemos que os colaboradores são a base de qualquer organização. Estar rodeado de uma equipa motivada, envolvida, com orgulho na empresa onde trabalha e com vontade de chegar mais além, é fundamental para qualquer gestor. Mas como despoletamos o sentimento de confiança e de pertença às pessoas que trabalham nas nossas empresas? Muitas vezes esquecemo-nos que o exemplo deve partir de nós. Um líder deve ter certas características e atributos, pessoais e de gestão, que proporcionem aqueles que orienta, a vontade de serem verdadeiros embaixadores da empresa e de fazerem parte do projeto vencedor e em que acredita.
Na minha intervenção quero refletir sobre estes temas. Quero discutir pontos de vista, quero apresentar a minha perspetiva, mas fundamentalmente a clara e inequívoca aposta da Altice Portugal no seu projeto interno e em todos os que dele fazem parte.
Preocupa-o a questão da captação e retenção de talento? Porquê?
Uma das prioridades da Altice Portugal para o ano de 2019 é o rejuvenescimento do capital humano, a aposta nas novas gerações e a preparação dos futuros líderes. O permanente investimento em recursos humanos de qualidade, cada vez mais capazes de dar respostas às exigências do mercado, é algo fulcral para que a Altice Portugal se continue a impor como a maior e mais capaz empresa de telecomunicações nacional e que tem levado a cabo com o reforço da ligação às Universidades e Centros de Investigação, preferencialmente, nacionais e de referência como alavanca de inovação. É por isso que, neste âmbito, desde o início do ano temos vindo a fazer novas contratações, sobretudo de técnicos especializados para diferentes áreas da empresa – Marketing e Comunicação, Comercial, Jurídica, Engenharia, etc. – prevendo-se mais de 200 recrutamentos até final do ano.
Por outro lado, também a retenção de talento está no topo das preocupações da Altice Portugal, face à realidade do mercado de trabalho nacional e internacional. Acreditamos que uma empresa é feita de pessoas, do seu empenho e do seu know-how, pelo que a Altice Portugal valoriza os seus colaboradores, elegendo a estabilidade dos recursos humanos como uma prioridade.
Que tipo de talento e de pessoas precisa a Altice?
Estamos continuamente à procura de pessoas dotadas de um espírito jovem, empreendedor, dinâmico e ágil, recursos humanos jovens e com formação superior que venham dar resposta à constante evolução do mercado das telecomunicações, das tecnologias de informação e da inovação.
A forte aposta que a Altice Portugal está a realizar nas novas gerações é também uma forma de rejuvenescimento da empresa, através da captação de talento jovem, contando com a sua ambição, talento e conhecimento para ajudar a Altice Portugal e as suas marcas a reforçar a sua liderança nos segmentos onde atuam. Só este ano de 2019, já são perto de duas centenas de novos jovens qualificados para áreas decisivas que a Altice Portugal contratou. Tenho a clara noção que é esta geração a que de forma mais eficiente pode ajudar as empresas e o país à transformação necessária com vista a uma maior e melhor adaptação ao mercado, mas também à nova realidade funcional e organizativa.
A sua intervenção na Leadership Summit Portugal está integrada numa das perguntas da cimeira que pretende saber se estamos a melhorar as condições das pessoas ou a produzir seres humanos condicionados? O que podia dizer-nos sobre isto?
Humanizar a gestão e saber, de facto, que os recursos humanos são o maior ativo de uma empresa. Estes são, sem dúvida, dois dos vetores de liderança em que acredito e sob o qual dirijo a minha gestão. Acredito e defendo que o exercício da liderança não deve ser num só sentido e que conceitos como proximidade e motivação são essenciais. Incentivar os colaboradores a fazer mais e melhor é o ponto de partida para dotá-los de orgulho de fazer parte de um projeto ambicioso e que seja uma referência de desenvolvimento económico e social de qualquer país.
Na Altice Portugal procuramos oferecer as melhores soluções que lhes permitam a melhor flexibilidade operacional e que, simultaneamente, lhes permita serem o mais eficazes possível. Acreditamos que somos um grupo de excelência, que oferece oportunidades de desenvolvimento, crescimento e valorização profissional que não só quer captar, mas quer também, reter o talento, preocupando-nos com a qualidade de vida dos nossos colaboradores bem como em oferecer um bom ambiente de trabalho aliado a desafios profissionais aliciantes que proporcionem crescimento pessoal. A proximidade e a responsabilidade social interna é para mim e para a comissão executiva da Altice Portugal um pilar fundamental pois estes, além da produtividade, melhoram o dia-a-dia de todos nós. O bem-estar e a harmonia são imprescindíveis em qualquer equipa profissional independentemente da área em que esta opere.
E como responderia à grande questão da cimeira: Are We Going Together?
A visão de um gestor deverá ser partilhada pela empresa e pelos seus colaboradores, no meu caso, proximidade, intensidade e confiança na relação com a equipa, mas sempre com o foco na satisfação do cliente e na qualidade do serviço. Acredito que líderes e organização têm de estar em sintonia, que os colaboradores têm de ter um sentimento de pertença e de sentir a estratégia da empresa como sua. Temos de lhes dar provas do nosso compromisso, com a empresa, mas também consigo próprios. Enquanto líderes, devemos apontar a direção certa e dar indicações de como fazer esse caminho, nunca nos esquecendo de pautar a nossa gestão por uma conduta de total respeito pelos colaboradores, bem como pela preocupação com o seu bem-estar e qualidade de vida sua e das suas famílias.
A Altice Portugal procura aproximar as perspetivas e decisões da empresa dos colaboradores e das suas ambições, pelo que, prova deste compromisso da Altice Portugal com os seus colaboradores, numa ótica bidirecional, é a nova medida de envolvimento para colaboradores, anunciada no início do mês de setembro, de conceder tolerância de ponto a todos os colaboradores com filhos até aos 12 anos, para que possam acompanhá-los à escola, no seu primeiro dia do novo ano letivo.
Com esta medida, a Altice Portugal deu mais um passo na concretização do seu compromisso com os princípios inerentes à Igualdade de Género e ao desenvolvimento de práticas familiarmente responsáveis, de benefícios sociais e de apoio aos colaboradores, que considera determinantes para a promoção de uma maior harmonia no exercício das funções profissionais e o tão importante acompanhamento da família em momentos decisivos. Ajudar a estabelecer pontes, ajudar a estabelecer diálogos que possam contribuir para a via da paz social dentro da organização é também uma das principais preocupações da Altice Portugal. Por este motivo, foi criado um Conselho Consultivo para as relações laborais que visa aumentar a eficiência nas relações entre os trabalhadores e a empresa, promover uma maior capacidade de alcançar paz social e estabelecer pontes e geração de consensos.
Com a criação deste órgão, demos um passo inédito nas relações laborais, ao ser um mecanismo único em Portugal com um papel consultivo ativo nas relações entre a empresa, os seus colaboradores e as estruturas que os representam. É um órgão verdadeiramente inovador, com um papel muito relevante e que está, sem dúvida, a cumprir o seu objetivo: reforçar uma política de recursos humanos que se apoia no diálogo e na valorização dos trabalhadores.
O Alexandre disse, anteriormente, que para si a liderança acontece pelo exemplo. Quem são as pessoas que admira e cujo exemplo segue?
“Before you are a leader, success is all about growing yourself. When you become a leader, success is all about growing others”. É uma das máximas com as quais mais me identifico e que me tem acompanhado ao longo do meu percurso. Jack Welch, autor desta frase de referência na minha vida, é para mim uma personalidade cujo exemplo, ao nível da Gestão, tenho presente até hoje. O seu conceito de liderança aporta a qualquer gestor qualidades e atributos como atitude, acutilância e pragmatismo, fundamentais para o sucesso de qualquer líder.
Noutro âmbito, e numa vertente mais pessoal, o exemplo de Nelson Mandela. Um homem que lutou pelos Diretos Humanos, que recusou aceitar a existência de quaisquer diferenças entre seres humanos, fossem elas de raça, credo e estatuto social. Alguém que fez da perseverança, da vontade e da resistência, a base na luta pela igualdade entre o seu povo.
Quais são as grandes competências de liderança de hoje e para o futuro?
Toda e qualquer liderança deve garantir oportunidades de desenvolvimento, crescimento e valorização profissional dos colaboradores. Considero que liderar pelo exemplo, materializando a missão, os valores e os objetivos estratégicos da organização são os pilares distintivos do papel de um líder. Ter foco nas pessoas é essencial para uma liderança que pretende ser próxima, robusta e que tenha os conceitos de respeito e confiança como base da sua atuação. A comunicação tem um papel fundamental neste tema. Comunicar internamente, fazendo questão que os colaboradores sejam os primeiros a ter conhecimento dos temas relevantes e estratégicos para a empresa, antes de serem conhecidos pelo público em geral, é também uma das principais prioridades e características da liderança da Altice Portugal.
Quais são os próximos passos da Altice? Onde está o motor de crescimento da empresa?
A Altice Portugal é líder de mercado, vindo a reforçar a sua liderança histórica nos serviços móveis e de Internet, juntamente com a liderança em todos os pacotes (2P, 3P, 4P/5P). Até ao final do ano queremos atingir a liderança de televisão, assumindo o compromisso de continuar a oferecer a melhor experiência aos seus clientes com o foco, também, na qualidade de serviço. Queremos continuar a construir o futuro digital, transformando e melhorando diariamente a vida de milhões de pessoas, através da inovação ao nível da tecnologia e dos conteúdos patentes nas marcas MEO, MOCHE, PT Empresas e SAPO.
Vamos continuar a investir em inovação. A inovação é um dos nossos principais pilares estratégicos, pelo que vamos continuar a manter a nossa aposta de forma muito significativa neste ponto, não fosse a Altice Portugal a empresa nacional que mais investe em inovação, com 86 milhões de euros investidos o ano passado e mais de 200 milhões nos últimos três anos.
Vamos continuar a investir de forma transversal em todo o território, chegando às regiões mais remotas e com baixa densidade populacional, perseguindo o nosso objetivo de chegarmos à cobertura de 5,3 milhões de lares em fibra ótica, meta estabelecida para 2020 e que torna Portugal no primeiro país da Europa com uma cobertura de fibra ótica próxima dos 100%.
Tal como tem acontecido até este momento, continuaremos a ser parte ativa do Ecossistema de Inovação de Portugal, bem como o parceiro estratégico da Academia em Portugal, seja com Universidades e Institutos Superiores, envolvendo-nos em projetos colaborativos de investigação, desenvolvimento e inovação. Incumbida à Fundação Altice, iremos também a continuar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito da Responsabilidade Social. Com principal enfoque em entidades e instituições de solidariedade social, população em situação de carência ou elevada vulnerabilidade, pretendemos aproximar os nossos valores aos valores de cada comunidade e transformar vidas em mais sorrisos. Através do nosso projeto itinerante, pretendemos levar tecnologia e inovação, deslocando-se num camião TIR, aos 18 distritos e perto de meia centena de concelhos portugueses, proporcionando a igualdade de oportunidades na inclusão digital. Paralelamente, assumimos ainda um compromisso com a sociedade naqueles que são já os seus eixos históricos, como a educação, a ação social, o empreendedorismo, a arte e cultura, como noutras áreas que os complementam, como o combate à iliteracia digital, a promoção da portugalidade e da Língua Portuguesa, e a união entre a educação, saúde, tecnologia e pessoas.
Concluindo, queremos continuar a reforçar o nosso compromisso com a sociedade, numa ótica de proximidade com as populações, tendo a tecnologia e a inovação como base da nossa atuação, permitindo conectividade de elevada qualidade e acesso global.
Para quando vê a divulgação comercial do 5G?
Essa é uma boa pergunta para ser colocada à ANACOM e ao Governo. Apesar de os operadores estarem preparados, nomeadamente a Altice Portugal que tantos marcos tem liderado no 5G, o país ainda carece de uma estratégia e de uma visão clara para o 5G, para continuar a poder assumir-se como líder naquilo que são as tecnologias de informação e da comunicação a nível global. Lamento que por incapacidade do regulador do setor o país venha a ser prejudicado pelos atrasos lamentáveis que estamos a assistir no processo que conduz à implantação da rede. Há mais de seis meses que eu próprio alertei para este facto e hoje continuamos no mesmo sítio, sem que ainda se sinta qualquer sinal relativo ao arranque do processo. Portugal não merece pagar pelos erros, incompetência e prepotência de uma qualquer entidade. Isto tem de acabar no nosso país, está na altura das pessoas serem responsabilizadas pela sua ingerência ou incompetência na gestão porque estas prejudicam as pessoas, as empresas e o país em geral. No entanto, não tenho dúvidas que o 5G terá um papel fundamental ao impulsionar a era da conectividade inteligente, sendo claramente uma oportunidade para Portugal e uma oportunidade que a Altice Portugal não vai deixar passar ao lado.
A Altice Portugal está preparada para o lançamento do 5G, tendo vindo a liderar marcos importantes no roadmap para o 5G, como foi caso da primeira demonstração em ambiente de rede comercial e com terminal pré-comercial 5G em julho do último ano ou da primeira transmissão televisiva em Portugal, utilizando a rede 5G em ambiente real, em parceria com a RTP. Ainda no início de setembro, a Altice Portugal, através da Altice Labs, deu mais um passo na afirmação da sua liderança no caminho para o 5G com a realização de uma demonstração da tecnologia 5G, recorrendo a uma rede experimental instalada em Aveiro, evidenciando as vantagens na utilização do 5G aplicado ao dia-a-dia e a situações da vida real. No entanto, apesar de todas as ações e iniciativas levadas a cabo pela Altice Portugal neste âmbito, e para além de este movimento implicar um avultado investimento, volto a sublinhar que em Portugal ainda se aguarda pela disponibilização de frequências e licenças para se iniciar o lançamento (e posterior distribuição) das redes 5G.
Gosta de ler sobre liderança? O que lê?
Procuro escolher uma leitura que me ajude a melhorar a minha capacidade de gestão e liderança, e que também me ofereça valências contínuas para liderar, mas também entender aqueles que comigo diretamente trabalham. Atualmente, coloco a minha atenção em três títulos que no seu conjunto respondem a questões atuais sobre liderança, nomeadamente, Primeiro Pergunte Porquê, de Simon Sinek, que aborda a forma como as organizações se enganam ao colocar os Quês à frente dos Porquês; O Monge e o Executivo, cujo autor é James C. Hunter, e que fala sobre a essência e a postura do líder; e, por fim, a obra de Ricardo Anselmo, Do Sucesso à Excelência que nos descreve como viver uma vida com otimismo e felicidade como forma de alcançar a excelência e o sucesso na liderança.
Que perguntas acha que os líderes de hoje, nas organizações, devem colocar?
Uma das principais questões com que os líderes de hoje se debatem e um dos desafios que nos são já hoje apresentados, é o de repensar o papel das empresas neste mercado único global. A transformação digital tem vindo a alterar processos e modelos de negócio, acelerando a produção e a circulação de informação, a inovação e a disrupção. No entanto, esta transformação digital não diz apenas respeito a uma transformação ao nível das empresas. É uma transformação social com novas formas de as pessoas se relacionarem, de aprenderem, de trabalharem. A democratização digital faz com que todos tenhamos acesso às tecnologias de igual forma, ou assim deveria ser, e é também esse um desafio. Nesse sentido, devemos questionar se esta transformação tecnológica nos faz pensar nos nossos colaboradores como máquinas, se estamos a dotá-los das ferramentas necessárias para que estes utilizem a tecnologia a seu favor ou, ainda, se estamos a trazer a tecnologia ideal para dentro das nossas organizações.
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