Amorim aposta na cortiça e no design para conquistar os Estados Unidos
O City Cortex 2020 é o mais recente projeto da Corticeira Amorim. A empresa procura levar a cortiça portuguesa a Nova Iorque, com foco na sustentabilidade climática.
“Para combater o problema da poluição sonora em Nova Iorque acredito que a cortiça é o melhor material”, afirma o designer Stefan Sagmeister, em conversa com o ECoolHunter, um dos responsáveis pelo mais recente projeto da Corticeira Amorim na ‘cidade que nunca dorme’.
O City Cortex 2020 pretende colocar a cidade de Nova Iorque e a cortiça lusitana lado a lado, no próximo ano, para reestruturar uma das maiores metrópoles do mundo de maneira sustentável.
Segundo as palavras de Cristina Amorim, administradora e CFO no Grupo Amorim, esta iniciativa quer “explorar o potencial de um dos mais nobres produtos naturais [a cortiça]. Isso através da visão de cincos estúdios internacionais de design e de arquitetura que foram desafiados a criar instalações em cortiça destinadas ao espaço público de Nova Iorque para o usufruto dos cidadãos”. Deste lote de estúdios fazem parte DillerScofidio + Renfro (arquitetura), Gabriel Calatrava (arquitetura), Leong Leong (arquitetura), Sagmeister and Walsh (design gráfico) e, por fim, Phillipe Starck (design).
Além disso, as propostas dos estúdios convidados “poderão materializar-se entre um restaurante, um parque público, a entrada de uma estação de metro, o lobby de um edifício ou uma qualquer intervenção num espaço cultural”, acrescenta. As instalações estarão disponíveis num primeiro momento durante dois ou três meses”, no início de 2020. No entanto, o grande objetivo da empresa “é alargar no tempo e no espaço a intervenção do City Cortex”, procurando atingir “uma versão maximum” que possa ser implementada em “novas cidades, a muitas outras metrópoles espalhadas pelo mundo. Incluindo as cidades portuguesas de Lisboa, Porto, Coimbra, Braga ou Aveiro”.
A administradora prossegue o seu discurso, salientado que o projeto conta com a curadoria da Experimentadesign, e tem “como principal foco temas ligados à sustentabilidade, às alterações climáticas e à paisagem dinâmica das cidades do século XXI” mas também, paralelamente, em “sistematizar conhecimento acerca da utilização da cortiça nos EUA”.
Cortiça portuguesa à procura da sustentabilidade cosmopolita
A escolha da cidade de Nova Iorque e não, por exemplo, de Lisboa deveu-se, segundo Guta Moura Guedes, chairwomen da Experimentadesign, à forte procura de cortiça por parte dos Estados Unidos, ao longo do século XX.
A diretora criativa do projeto destacou também que o ex-libris da Corticeira Amorim pode vir a ter um papel extremamente importante na questão da sustentabilidade das grandes cidades, num futuro próximo.
“Se uma pessoa pensar na quantidade de material não reciclável que foi usada no passado para construir as cidades e que em grande parte dos casos, este tipo de material pode e deve ser substituído por produtos sustentáveis. A cortiça terá um papel fundamental e irá acrescentar novas dimensões, devido às suas qualidades únicas”, referiu Guta Moura Guedes.
Com a mesma linha de pensamento está Stefan Sagmeister, o galardoado designer gráfico e um dos convidados do City Cortex, que ficou conhecido pelos seus trabalhos emblemáticos com os Rolling Stones, Lou Reed ou até mesmo Jay Z. Em conversa com o ECoolHunter, o criativo austríaco falou da importância que a cortiça portuguesa poderá vir a ter em Nova Iorque, nomeadamente para resolver o problema da poluição sonora.
“Penso que o City Cortex surge numa altura pertinente, isto porque em Nova Iorque existe um problema com a poluição sonora que, por mais estranho que pareça, sente-se mais dentro das casas. Isto porque os nova-iorquinos são pessoas que tendem a ser barulhentas e, para piorar, a maioria das casas são isoladas apenas com madeira. Para ter a noção, eu já cheguei a ir a um restaurante com quatro ou cinco pessoas e não conseguimos comunicar uns com os outros devido ao excesso de barulho que havia no local. Para combater este problema da poluição sonora em Nova Iorque acredito que a cortiça é o melhor material, não tenho dúvidas disso”, explicou Sagmeister.
Os resultados do projeto City Cortex serão apresentados no final do primeiro semestre de 2020, em três formatos complementares, com o intuito de explorar as peças que foram desenhadas pelos estúdios convidados, no espaço urbano de Manhattan.
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