Bruxelas dá mais um passo para regular investimentos verdes. Já criou taxonomia
A Comissão Europeia definiu uma lista do que é ou não um produto financeiro verde. Negociações para regular o setor vão continuar e a expectativa é que entrem em vigor em 2021.
A Comissão Europeia deu o primeiro passo para regular o que entra ou não na categoria de produtos de investimento “verdes”. A ideia é criar uma taxonomia que defina claramente quais os produtos financeiros que são ou não sustentáveis, bem como uma linguagem uniformizada.
“Alcançámos um compromisso sobre a ‘lista verde’ — ou taxonomia — para atividades económicas verdes. Um mega sucesso antes do COP25 [Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas a decorrer em Madrid] e para a nossa estratégia de financiamento sustentável”, anunciou o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, no Twitter.
A definição clara poderá ajudar os investidores a escolherem a que tendências ambientais querem ter exposição, numa altura de forte crescimento para o setor: o dinheiro verde já atraiu 30 biliões de dólares. Por outro lado, permite fugir ao greenwashing, ou seja, o “falso verde“.
“Se os fundos de investimento querem dizer que contribuem para objetivos ambientais, terão de explicar como o fazem. Este dever de divulgação será aplicado a qualquer produto de investimento emitido na Europa, incluindo por empresas financeiras domiciliadas fora da Europa“, explicou Nathan Fabian, chief responsible investment officer dos Princípios de Investimento Responsável (PIR) na Comissão Europeia e membro do grupo do grupo de trabalho sobre finanças sustentáveis, em declarações à Bloomberg.
As negociações para fechar a regulação estão agora a decorrer, sendo esperado um resultado no início de 2020. Depois disso, deverá entrar em vigor em 2021 ou 2022, apesar de já existirem critérios de taxonomia recomendados. A Comissão Europeia começou, no início do ano, a publicar as primeiras regras para a incorporação de critérios de investimento com preferências ambientais, sociais e de governance.
O acordo preliminar que já tinha sido alcançado pelos representantes das instituições europeias exige que os investidores institucionais divulguem os procedimentos que criaram para integrar os riscos ambientais e sociais no seu processo de investimento e de aconselhamento e a possibilidade de esses riscos terem um impacto na rentabilidade do investimento.
Mas esta regulação é, para já, ainda uma sugestão e como não há critérios uniformizados. Têm sido as gestoras a criarem os seus próprios parâmetros e a aplicá-los. Em Portugal, o regulador dos mercados também elegeu a promoção da integração de princípios de sustentabilidade no mercado de capitais português como um dos objetivos para este ano e lançou uma consulta pública sobre o tema.
“Temos tido uma excelente e detalhada resposta da indústria”, continuou Fabian sobre o interesse do mercado. “Muitos na indústria querem que a taxonomia reflita a regulação existente sobre eficiência energética e emissões. O problema é que ainda existe pouca regulação alinhada com os objetivos climáticos futuros e, é por isso, que os investidores precisam de uma taxonomia verde”, acrescentou.
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