Brexit: “Não será possível fazer tudo” para acordo comercial até final de 2020, afirma Barnier
Barnier está preocupado como o "prazo tão limitado" para negociar com o Reino Unido a futura relação comercial entre Bruxelas e Londres, mas reforça que a UE fará "todos os esforços" para o cumprir.
O negociador chefe da União Europeia (UE) para o Brexit, Michel Barnier, disse esta quarta-feira que “não será possível fazer tudo” relativamente ao acordo comercial entre Bruxelas e Londres no prazo estipulado, até final de 2020, admitindo trabalhos posteriores.
“Francamente, com um prazo tão limitado – já ouvimos o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, dizer que não vai querer pedir um prolongamento do período de transição, apesar de ser possível até 31 de julho e poder ser estabelecido por comum acordo – não será possível fazer tudo”, declarou Michel Barnier.
Intervindo na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, o negociador chefe da UE para o processo garantiu: “No entanto, envidaremos todos os esforços nesse sentido”.
Devido a este “prazo apertado”, Michel Barnier admitiu também que “é possível que, no final da transição, se veja que é necessário prosseguir o trabalho e a negociação com os britânicos além do período de transição”.
As declarações foram feitas no âmbito daquela que é “a primeira ocasião em que o Parlamento Europeu debate o Brexit sabendo que, de facto, se vai concretizar já no dia 31 de janeiro”, como observou Michel Barnier.
Optando por “olhar para o futuro” das relações entre Bruxelas e Londres, o responsável garantiu, que “independentemente do que acontecer, a amizade entre os povos deve permanecer indestrutível”.
“É essa a linha que temos de seguir e que nos vai orientar nos nossos trabalhos”, insistiu Michel Barnier, adiantando que “o Reino Unido vai continuar a ser um país amigo, aliado e terceiro”.
“Devemos traduzir essa amizade e parceria nos novos tratados”, concluiu.
Na terça-feira, foi anunciado que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, quer proibir por lei qualquer prolongamento para além de 2020 do período de transição após o ‘Brexit’ em 31 de janeiro, segundo adiantou uma fonte do governo.
A medida deverá ser inserida na legislação que regula o acordo de saída do Reino Unido da UE que o governo quer submeter ao parlamento na sexta-feira.
Já esta quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou que se Bruxelas e Londres não chegarem a acordo comercial até final de 2020, a UE e o Reino Unido entram “num precipício”, mais prejudicial para os britânicos.
Também falando aos eurodeputados, Ursula von der Leyen aproveitou a ocasião para prestar uma homenagem a Michel Barnier, quem, a seu ver, “conseguiu honrar a confiança de todos ao longo destes anos”.
“Muito obrigada, Michel, por toda a tua dedicação ao longo destes anos”, concluiu.
Já o coordenador do grupo diretor da assembleia europeia para o Brexit, o português Pedro Silva Pereira, notou que os resultados das eleições britânicas “deixam claro que há agora uma maioria suficiente para aprovar o acordo de saída” naquele parlamento.
O eurodeputado socialista apontou ainda a necessidade de agora “negociar uma relação política, económica saudável que proteja os interesses comuns”, apesar de falar num “momento triste na história da Europa” com o Brexit.
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