Trabalhadores da Portway começam greve nos aeroportos nacionais. Adesão ronda os 70%
Os trabalhadores da Portway, que prestam assistência em terra aos passageiros dos aeroportos iniciam greve de três dias em protesto pelo que dizem ser um congelamento das progressões na carreira.
Os trabalhadores da Portway, que prestam assistência em terra aos passageiros dos aeroportos, iniciam esta sexta-feira uma greve de três dias em protesto pelo que dizem ser um congelamento das progressões na carreira e em outros direitos. Os efeitos já se fazem sentir e a paralisação provocou uma adesão de 70%, segundo os sindicatos.
“Os primeiros números indicam que os primeiros aviões da easyJet da manhã, em Lisboa e Porto, saíram com atrasos, apesar de os painéis dos aeroportos, para a comunicação social e passageiros, informarem que não saíram com atrasos”, disse à Lusa Fernando Simões, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), acrescentando que em Faro, tal como, em Lisboa e no Porto “cerca de 70% dos trabalhadores que deviam estar a operar na placa estão do lado de fora”.
Com “uma adesão elevada”, a paralisação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) e irá afetar os aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal.
Num comunicado, o SINTAC indicou que decidiu avançar com o referido pré-aviso de greve na empresa porque, “através dos seus administradores pertencentes ao grupo Vinci, respondeu com a denúncia do acordo de empresa em vigor, e não cumpriu o devido descongelamento de carreiras no passado mês de novembro conforme tinha assinado em 2016″.
O SINTAC referiu que, “como se ainda não bastasse”, a empresa “começou a cortar abonos sociais e direitos adquiridos por todos os seus trabalhadores ao longo de 20 anos, não reconhecendo assim todo o esforço dos trabalhadores ao longo dos anos, e tudo isto com um único objetivo, o de não baixar os seus lucros a fim de poder encher ainda mais os cofres do grupo Vinci”.
O sindicato sublinhou que “durante três anos os trabalhadores viram os seus aumentos e progressões de carreira congelados a fim de melhorar a saúde financeira da empresa, e contribuíram imenso” para o seu crescimento.
Entretanto, o SINTAC resolveu avançar com um novo pré-aviso de greve na Portway, desta vez ao trabalho suplementar, banco de horas e fins de semana, entre 1 de janeiro e o final de março.
Em declarações à agência Lusa, Fernando Simões, dirigente do SINTAC, deu conta desta nova paralisação, por entre críticas à atuação da empresa de ‘handling’ em aeroportos (assistência em terra).
“Tivemos contactos de alguns ex-trabalhadores que estiveram este verão ao serviço da Portway e, como sempre, tendo em conta a sazonalidade do verão IATA, foram dispensados entre o final de setembro e início de outubro, e que nos disseram que a Portway está a ligar-lhes na tentativa de fazer contratos de dez dias, a começar por volta de 21, 22 de dezembro”, indicou Fernando Simões.
Para o SINTAC, isto é uma “tentativa clara de substituir grevistas”, sendo que, de acordo com o dirigente sindical, a contratação de trabalhadores em cima da hora pode ter impactos a nível da segurança.
O mesmo dirigente sindical já tinha adiantado que “se a empresa atender à reivindicação e cumprir”, ou seja, apresentar-se junto do “Ministério do Trabalho e assinar um documento em que diz que até ao final do ano regulariza a situação das pessoas que devia ter regularizado em 2019”, assumindo o compromisso de cumprir que “quem tem que progredir na carreira avance em 2020, a greve será desconvocada”.
Por sua vez, a empresa afirmou que “cumpre escrupulosamente a lei e toda a regulamentação aplicável, tanto ao nível da legislação laboral como em termos de acordos e protocolos aplicáveis à empresa”, pelo que “não reconhece fundamentos para esta paralisação”.
“A Portway procedeu em novembro à aplicação das tabelas remuneratórias convencionadas e à aplicação das restantes condições remuneratórias previstas no Acordo de Empresa em vigor, o que representou um aumento médio de cerca de 8% nas remunerações”, assinalou.
Recordou também que foi “desenvolvida a negociação de um novo acordo de empresa, que não foi possível assinar por indisponibilidade do SINTAC após fecho da negociação”, mas a Portway “declarou, desde logo, a disponibilidade para diálogo futuro”, que mantém “com todos os parceiros sociais”, apelando para o “retomar das negociações no sentido de evitar esta paralisação”.
Segundo o SINTAC, a greve não tem serviços mínimos.
Sindicato aguarda turno da manhã para perceber impacto da greve
Dois dos três primeiros aviões da manhã baseados no Porto levantaram voo, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação Civil, que aguarda pelo primeiro turno da manhã para fazer um balanço da greve dos trabalhadores da Portway.
Em declarações à agência Lusa, Fernando Simões, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), disse que o turno da noite tem sempre menos trabalhadores e prevê que apenas quando começarem a movimentar-se os aviões em Faro, com a chegada dos primeiros voos, “é que se vai ter a perceção do impacto da greve” dos trabalhadores de operações em terra.
“Apesar Lisboa e Porto terem aviões baseados, os que ficam durante a noite. Em Faro, a movimentação só começa a partir das 08:00. De qualquer forma, no site da ANA, há vários voos que chegam a partir das 07:00 e em que apenas aparece a descrição do voo e da hora contratada, sem indicação de previsão de saída”, disse o sindicalista.
“A gestão aeroportuária estará à espera de desenvolvimentos, de ver se há gente para assistir o avião, senão terá de divergir. Se aterrar, tendo em conta o atraso, poderá acontecer muita coisa dai para a frente”, acrescentou.
Fernando Simões diz que a partir das 08:00, quando entrou o turno da manhã, é que se poderá ter uma perceção do impacto da greve de três dias (…) que prestam assistência em terra aos passageiros dos aeroportos.
Quanto à tentativa de substituição de grevistas, de que o sindicato tinha dado conta, Fernando Simões diz que as primeiras indicações apontam para que algumas pessoas que tinham dito que sim, “pois não sabiam da greve nem se tinha ou não serviços mínimos”, voltaram atrás.
“Vamos começar a perceber se realmente se efetiva algum desses casos. As últimas informações que tive foi no sentido de pessoas que já tinham dito que sim (…), quando se começou a ter conhecimento público de que havia uma greve a decorrer, muita gente recusou”, contou o sindicalista, sublinhando que “as pessoas sabem que podem ser apanhadas num ilícito que é a substituição de grevistas”.
Fernando Simões diz que falta igualmente confirmar outra informação que chegou ao sindicato e que indica que haveria pessoal a ser desviado da sede, sobretudo auditores internos, “que alegadamente foram avisados de que teriam de estar de prevenção esta sexta-feira caso fosse necessário para descarregarem aviões”.
“Estamos a falar de auditores que tem formação como auditores mas para descarregar aeronaves duvido que tenham as formações necessárias nesse sentido”, afirmou.
(Notícia atualizada às 11h50 com mais informação)
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