Greve dos transportes em França tornou-se a mais longa de sempre
A greve dos transportes em França já chegou ao 28º dia, tornando-se a maior da história da companhia. O protesto é contra a proposta de mudança do sistema de reformas.
A greve contra a mudança do sistema de reformas em França chegaram esta quinta-feira ao 29º dia, ultrapassando aquela que havia sido a mais longa da história da companhia francesa de caminhos-de-ferro, de 28 dias em 1986/87.
Quase metade dos comboios de todo o país foram esta quinta-feira novamente cancelados e, na capital, apenas duas linhas de metropolitano estão a operar normalmente, estando as 13 restantes parcialmente abertas nas horas mais movimentadas.
Na greve realizada em dezembro de 1986, que também se estendeu durante as férias de Natal e até meados de janeiro de 1987, o protesto visava obter melhorias das condições de trabalho.
Anos depois, no inverno de 1995, uma greve contra a reforma das pensões defendida pelo primeiro-ministro Alain Juppé (padrinho político do atual chefe de Governo, Édouard Philippe) durou 22 dias, até o executivo recuar na proposta.
Após uma declaração do Presidente francês, Emmanuel Macron, na terça-feira, assegurando que mantinha uma vontade firme de continuar a reforma, o secretário-geral da CGT (Confederação Geral do Trabalho), Philippe Martinez, convocou na quarta-feira uma greve geral de todos os franceses e manifestações nacionais até que o projeto seja retirado.
“Pedimos a todos os franceses que se mobilizem e entrem em greve, porque o sinal de alarme deve tornar-se mais forte face a um Presidente que acredita que está tudo bem no país”, apelou Martinez.
A CGT também apelou a um bloqueio das refinarias nos dias 7 e 10 de janeiro, um ato que seria “ilegal”, segundo avisou esta quinta-feira a secretária de Estado da Economia, Agnès Pannier-Runacher, em declarações à televisão.
Embora a retoma das negociações entre o Governo e sindicatos esteja prevista para 7 de janeiro, a confiança num acordo parece perdida e as associações sociais esperam que a mobilização de 9 de janeiro, apoiada por sindicatos e por ordens como a dos advogados, mostre que o movimento pode ganhar ainda mais força.
Ao longo deste mês, a CGT arrecadou mais de um milhão de euros para apoio a grevistas, graças a mais de 18.000 doadores, mas o valor continua a aumentar. Esta quinta-feira, na Gare de Lyon, representantes dos sindicatos entregaram um novo cheque de 50.000 euros aos motoristas que estavam a manifestar-se frente à estação.
A proposta de reforma do sistema de pensões tem sido contestada através de greves e manifestações desde o início de dezembro, apesar de já ter levado à demissão do ministro Jean-Paul Delevoye, mentor do projeto e apelidado de “senhor reformas”.
A proposta já levou a greve geral, que fechou escolas, paralisou os transportes e deixou hospitais a meio gás, sendo que as paralisações têm sido particularmente frequentes e fortes no setor dos transportes.
Segundo a proposta, a idade prevista para reforma dos franceses deverá passar dos atuais 62 para os 64 anos a fim de equilibrar o sistema financeiro. A proposta prevê também que os trabalhadores que se aposentarem antes dessa idade sofrerão uma redução nas suas pensões, enquanto os que saírem mais tarde da vida ativa terão um “bónus”.
A proposta é considerada “inaceitável” pelos sindicatos, nomeadamente pelo CFDT, o maior sindicato francês, que, apesar de ser a favor da unificação dos atuais 42 sistemas de pensões, colocou a idade prevista para reforma como “uma linha vermelha”.
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