Arnaut responde ao presidente da TAP. “Resultados mostram quem percebe do setor”
José Luís Arnaut, presidente da ANA, desmente Antonoaldo Neves sobre o financiamento do aeroporto de Lisboa. "Nunca se viu uma empresa pública deficitária a financiar uma empresa privada lucrativa".
Às críticas do presidente executivo da TAP sobre os conhecimentos da Vinci, dona da ANA, sobre o setor da aviação, o chairman da concessionária de aeroportos nacionais é claro: “Relativamente a conhecimento de aviação, nada melhor que os resultados das empresas para avaliar quem percebe do setor”, afirma José Luís Arnaut ao ECO, numa referência explícita aos mais de 100 milhões de euros de prejuízos registados pela companhia aérea em 2019.
Antonoaldo Neves concedeu este fim de semana uma entrevista ao jornal espanhol El País com ataques diretos à Vinci. “Não sabia nada de aeroportos. Portugal foi a sua primeira experiência”, disse o gestor. Para o chairman da ANA, “não é a primeira vez que o CEO da TAP utiliza a ANA como bode expiatório para tentar justificar os resultados da sua gestão, incorrendo em declarações distantes da realidade”.
“A ANA desmente que alguma vez tenha havido qualquer proposta de financiamento das infraestruturas por parte da TAP. Seria, aliás, estranho uma empresa maioritariamente do Estado, ou seja pública e deficitária estar a financiar uma empresa privada lucrativa concessionária do Estado”, afirma José Luís Arnaut. “Mas não será por isso que deixaremos de procurar o melhor para a TAP, mas que também seja o melhor para o interesse geral na operação das infraestruturas”.
"A ANA desmente que alguma vez tenha havido qualquer proposta de financiamento das infraestruturas por parte da TAP. ”
O presidente da TAP tinha afirmado ao El País que projeto da Vinci [ANA] para a expansão do aeroporto “só favorece 20% dos movimentos”. “Oferecemos uma solução que favorecia 100% dos movimentos, mas a Vinci não quis. Propusemos pagar a obra, mas [a Vinci] também não quis”, acrescentou. “É incompreensível a sua posição, quero crer que é um grupo que não sabe nada de aviação quando aqui chegaram e que, no futuro, fará melhor”.
José Luís Arnaut explica o que está em causa no projeto de expansão do atual aeroporto de Lisboa. “Neste sentido, a saída rápida em construção oferecerá aos aviões de tipo A320 ou B737 a possibilidade de sair mais rapidamente da pista 03, contribuindo para uma utilização mais eficiente da pista, reduzindo o tempo de circulação dos aviões, das emissões de CO2, e permitindo uma melhor absorção dos atrasos, sendo por todos estes motivos benéfico para todos. Sendo uma opção, ninguém estará obrigado a utilizar essa saída rápida. Vários operadores, que também conhecem os aviões, já confirmaram a intenção de a utilizarem”.
O presidente do conselho de administração da ANA acrescenta ainda que “a saída rápida da pista 03 comporta duas fases : a fase 1, já em construção, aportará benefícios imediatos à operação no aeroporto de Lisboa. A fase 2 será realizada assim que a ANA tiver a autorização de utilizar uma parte do terreno ocupado pelo AT1 militar, e constituirá uma melhoria da fase 1”.
A entrevista de Antonoaldo Neves ao El País foi mal recebida na ANA, e entendida como uma desculpa da TAP para mais um ano de prejuízos. Desde logo porque a Vinci assume-se como o maior operador privado de aeroportos do mundo, com mais de 45 aeroportos em países como o Brasil, a França, o Japão ou a Suécia. E geriram mais de 255 milhões de passageiros em 2019.
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