Porto de Lisboa a perder quota de mercado enfrenta nova greve
Porto de Lisboa tem vindo a perder competitividade. Ao longo da última década, passou de uma quota de mercado de 17% para 12%.
O Sindicato dos Estivadores decidiu manter a greve parcial com início esta quarta-feira no Porto de Lisboa, após uma reunião com responsáveis da empresa de trabalho portuário, que manifestaram a intenção de passar 34 trabalhadores efetivos a eventuais. O Porto de Lisboa tem vindo a perder competitividade, tendo, ao longo da última década, passado de uma quota de mercado de 17% para 12%, revela esta quarta-feira o Jornal de Negócios (acesso pago).
O porto tem sido confrontado com perda de carga em detrimento de outros portos, nomeadamente Leixões, mas também com uma forte instabilidade social e um aumento dos custos com a mão-de-obra. De acordo com um documento de avaliação da EY, a que o Jornal de Negócios teve acesso, o desempenho financeiro da A-ETPL, Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa “reflete uma situação crítica, com margens operacionais negativas, devido a uma elevada estrutura de custos fixos face aos seu atual nível de atividade”, que em 2019 recuou 4,1%. O reflexo foi “consumo da caixa existente” e “financiamento da atividade através da dilação do prazo de pagamento a fornecedores” — que em 2019 era de 151 dias — “e de consecutivos atrasos no pagamento de remunerações aos seus colaboradores“. O ano passado a dívida aos trabalhadores ascendia a 254 mil euros.
Ora os sindicatos acusam a A-ETPL de não querer negociar e querer “continuar a apostar numa situação de pré-insolvência”, disse à Lusa António Mariano, presidente do SEAL, Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística.
Para o dirigente do SEAL, o que está em causa no Porto de Lisboa é o “incumprimento dos acordos assinados, o não pagamento atempado dos salários, a apresentação de propostas inaceitáveis aos trabalhadores e os sucessivos desvios de cargas para outras portos nacionais”.
“Não sei se o Governo português vai continuar a assistir, impávido e sereno, a estas manobras de desvio de cargas em território nacional, por razões que, provavelmente, visam apenas a destruição da organização do trabalho tal como existe e aumentar ainda mais os níveis de precariedade nos portos nacionais, como hoje nos foi proposto, com a passagem de 34 trabalhadores efetivos a contratos precários”, disse.
O presidente do SEAL admitiu ainda a possibilidade de o grupo turco Yilport, que anunciou a disponibilidade para investir 122 milhões de euros no Porto de Lisboa e que está a em negociações para prorrogação do prazo de concessão do terminal de Lisboa, estar a utilizar o conflito com os trabalhadores para exigir ao Governo taxas mais baratas, alegando que há muitas greves e poucas cargas no porto de Lisboa.
De 19 a 28 de fevereiro, os estivadores só trabalham para a Liscont, Sotagus e Multiterminal (do grupo Yilport) e a TMB (Terminal Multiusos do Beato) no segundo turno e de 29 de fevereiro a 9 de março não haverá qualquer prestação de trabalho para essas empresas.
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